sábado, 20 de agosto de 2011

DIA DO MAÇOM




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A MISSÃO DA MAÇONARIA NO SÉCULO XXI

Saudações Protocolares:

Excelentíssimo Senhor Senador Mozarildo Calvalcante;

Excelentíssimo Senhor Senador Cristovam Buarque;

Excelentíssimo Senhor Deputado Federal Izalci Lucas;

Soberano Irmão Marcos José da Silva, Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil;

Irmão Vanderlei Freitas Valente, Secretário-Geral da CMSB;

Irmão Rubens Ricardo Franz, Secretário-Geral da COMAB;

Eminente Irmão Mário José Ribeiro Chaves, Grão-Mestre Adjunto da Grande Loja Maçônica do Distrito Federal;

Autoridades Civis, Militares e Maçônicas presentes;

Representantes de entidades paramaçônicas;

Senhoras, Senhores;

Minhas cunhadas, sobrinhos, meus Irmãos,

Já se tornou uma rotina prazerosa a comemoração do Dia do Maçom no Senado da República, sempre a convite do Senador Mozarildo Cavalcanti, maçom filiado a Loja Maçônica “20 de Agosto” nº. 1818, Federada ao Grande Oriente do Brasil, na capital Boa Vista (RR). Nesta data Magna venho, hoje, representar o Grande Oriente do Distrito Federal e consequentemente, o Eminente Ir. Jafé Torres nosso Grão-Mestre que, por motivos particulares, encontra-se licenciado do cargo. Sou Lucas Francisco Galdeano, Grão-Mestre Distrital em exercício.

Irmão e amigo Senador Mozarildo receba, por meu intermédio, o carinho agradecido de todas as Lojas Maçônicas da nossa jurisdição, por essa Sessão Solene em homenagem ao Maçom brasileiro.

Minha alegria hoje é dupla: a comemoração desta data magna e por estar presente no Senado da República.

A Maçonaria Brasileira sempre esteve presente nesta Casa desde a Independência, o Segundo Reinado, a República (da Proclamação até a presente data). Por esta Instituição vários maçons, no passado e no presente, deram a sua contribuição à construção do Brasil.

Para se entender o Brasil atual é de bom alvitre recordar os quatro vetores da formação da Nação Brasileira: a Coroa, a Cruz, a Espada e o Esquadro e o Compasso. A Coroa nos unificou enquanto a América Espanhola se esvaía em guerras civis; a Cruz era a religião do Estado até a Proclamação da República; a Espada era a garantidora da integridade nacional; qual seria então o papel do Esquadro e do Compasso?

Não é demais recordar que a Maçonaria ajudou o Brasil a se tornar uma monarquia constitucional, desde a sua independência (1822) até a proclamação da República (1889). Envidamos esforços à formação do Estado-Nação brasileiro.

Ao contrário dos outros países da América Hispânica que tiveram um processo de independência extremamente cruento, pois lutaram contra a Coroa espanhola, contra a Igreja Católica, tentaram abolir a escravidão e implantar uma reforma agrária, ou seja, um processo de ruptura na acepção da palavra, infelizmente incompleto. O processo brasileiro foi bem diferente: o filho do Rei de Portugal – D. Pedro – proclamou a independência, manteve-se a religião católica como religião de Estado, não se tocou no estatuto da escravidão e as relações jurídicas da grande propriedade rural ficaram intactas, ou seja, um processo de transição e não de ruptura.

Em seus 67 anos de monarquia constitucional o Brasil construiu e fortaleceu o Estado-Nação enquanto a América Hispânica estava mergulhada em guerras civis republicanas. A Coroa Imperial Brasileira foi o grande fator aglutinador que manteve a unidade territorial brasileira, e estivemos presentes desde o início.

A Maçonaria brasileira ajudou, e muito, à Coroa manter a unidade territorial brasileira e criar as instituições que nos regem até os dias atuais. Tanto que o plano secreto maçônico no Segundo Império (1840-1889), segundo nosso Ir. Davi Gueiros rezava o seguinte:

- conservar a Nação unida a qualquer preço usando o Trono como seu ponto de apoio;

- controlar a Igreja Católica no Brasil, conservando-a liberal, dominada pela Coroa, com um clero não educado e, sobretudo, não ultramontano;

- lutar pelo “progresso” do Brasil por meio do desenvolvimento da educação leiga, da expansão do conhecimento científico e técnico (não estorvado pela teologia) e da importação de imigrantes “progressistas” e tecnicamente educados, dos estados germânicos, da Inglaterra e de outras Nações protestantes.

Fizemos a nossa parte no passado. Trata-se agora de ajudar a preparar o Brasil para ser a quinta economia mundial dentro de alguns anos.

Qual deverá ser então a nossa missão no presente? No meu modesto entender seria o de ajudar a finalizar o processo de implantação das idéias republicanas em termos político-institucionais e contribuir para extirparmos a pobreza absoluta no nosso país.

O Brasil proclamou a República, mas os nossos valores ainda não são plenamente republicanos. Se não são plenamente republicanos, o que seriam então? Nossos valores ainda são eivados de patrimonialismo e corporativismo.

O patrimonialismo é a característica de um Estado que não possui distinções entre os limites do público e os limites do privado. Herança comum de nossa formação do absolutismo português.

O monarca gastava as rendas pessoais e as rendas obtidas pelo governo de forma indistinta, ora para assuntos que interessassem apenas a seu uso pessoal (tais como compra de roupas ou itens de despesa da Casa Real), ora para assuntos de governo (como a construção de uma estrada). Como o termo sugere, o Estado acaba se tornando um patrimônio de seu governante.

Os estudiosos do patrimonialismo revelam que a moral social desenvolvida no Brasil foi verticalmente formulada. Não importa se elaborada pela Igreja Católica ou pelo Estado Centralizador, em ambos os casos ficaram fora de sua elaboração as forças sociais vivas da Nação.

A maçonaria atua de modo a fortalecer a moral social nacional, tornando-a robusta e participativa em todos os segmentos da sociedade brasileira, removendo tais vícios históricos de maneira a elevar o conceito de cidadania.

O segundo ponto que a Maçonaria poderá auxiliar, será no de ajudar o governo e as forças vivas da Nação a extinguir a pobreza absoluta. Se conseguirmos formar um mutirão entre governo e sociedade poderemos acabar com a miséria absoluta antes de dez anos.

Do mesmo modo que hoje se pergunta como o Brasil pode conviver com a escravidão durante tanto tempo, sendo um dos últimos países a abolí-la: daqui a alguns anos os nossos pósteros se perguntarão como pudemos conviver com esse mal em pleno século XXI.

Em suma, senhor Presidente Senador Mozarildo, a Grande Obra da Maçonaria Brasileira para este século XXI será a de nos próximos anos auxiliar a Nação na sua reforma político-institucional para que tenhamos um encontro marcado com os valores republicanos e contribuir para que antes de 10 anos façamos todos, Estado e sociedade, a extirpação do câncer da miséria absoluta.

Que o GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO nos ilumine e guarde nesta empreitada. Muito obrigado.


(Lucas Francisco Galdeano - DISCURSO proferido na Sessão Solene em Homenagem ao Dia do Maçom NO SENADO FEDERAL em 19/Agosto/2011)

SOBRE O DR. LUIZ CHAVES

"Nossa felicidade será naturalmente proporcional à felicidade que fizermos para os outros".

(Dr. Luiz Chaves e Mello, médico, estudioso do espiritismo, filho de Crateús)


Caro amigo Júnior Bonfim,

Acabo de ler, em seu Blog, parte da biografia do Dr. Luiz Chaves, médico de Crateús, belamente escrita pelo estimado amigo, poeta e escritor Raimundo Cândido, filho de nossa não menos querida Professora, Dona Delite.

Fiquei deveras emocionado. Confesso que o Raimundinho me fez refluir a uma infância linda, tão linda que mesmo longe continua em mim ainda.

Morei, além de outras, na rua da Pimenta e, depois, na rua do Barrocão, em Crateús. Ambas me ofertaram a alegria de passar diariamente em frente ao casarão do Dr. Luiz Chaves, ao dirigir-me ao centro da cidade.

Ouvi muitas histórias bonitas sobre a exacerbada bondade do Dr. Luiz Chaves, homem culto e de uma humildade extremada. "Passou praticando o bem" (Pertransit beneficiendo).

E esse praticar o bem teve continuidade com seu filho, Dr. Elpídio, farmacêutico dos pobres, que proporcionou muita felicidade aos alijados do processo social, máxime quando prorrompia em escrachadas e sonoras gargalhadas.

Em verdade, o Professor Raimundinho está de parabéns, pois foi imensamente feliz ao encantar seus leitores com a poesia biográfica sobre o Dr. Luiz Chaves e Mello.
As palavras do Raimundo Cândido vieram complementar o pouco que sabíamos do grande humanista e humanitário médico, Dr. Luiz Chaves.

Saúde e Paz,


Boaventura Bonfim.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

DR. LUIZ, ALÉM DE TUDO, HUMANO!


Nunca achei decente começar uma narrativa parafraseando uma citação de efeito de algum outro escriba, principalmente quando nem se sabe que admirável índole a produziu. Louvo quem a gerou e alço-me de uma coragem, como a de quem furta, mas peço desculpas por descerrá-la, adulterada assim: “Se quiseres fazer alguma coisa para durar uma estação, plante flores. Se quiseres fazer alguma coisa para durar uma vida, plante árvores. Se quiseres fazer alguma coisa para durar uma eternidade, se propale, você mesmo, como uma semente do bem, no coração do um povo e sua obra será ressoada nos ecos do tempo, como uma agradável recordação, num perfumado hálito benfazejo em todas as dobras ferruginosas das longínquas eras!”

Na comunidade em que vivemos, não somos obrigados a ser médico, a ser professor, político, mestre de obra, ou exercer qualquer outra atividade vantajosa, mas somos obrigados, sim, a ser cidadão! E antes de nos tornamos cidadão, a natureza nos faz homens, e antes de sermos feitos homens, já éramos, como somos e seremos, sempre, espíritos à luz de uma Força Maior!

Hoje, nesta diminuta área delimitada por uma simples e branca folha de papel, numa tarefa demasiadamente difícil, tento derramar algumas singelas palavras, de modo fiel e convincente, na esperança de que elas sejam suficientes para traduzir numa linguagem cordial e real uma figura ímpar na história de Crateús, que carregava a autêntica humildade sobre uma grandiosa capacidade humana e espiritual.

No final década de 30, o mundo se agitava num período de intranquilidade e violência. Na Europa, tinha começado o horrendo genocídio chamado holocausto e iniciava-se a sangrenta Segunda Grande Guerra Mundial. Nesta época, assim conturbada, se um casual forasteiro, displicentemente caminhasse pela rua Cel. Zezé e chegasse na esquina da João Tomé, seria compelido a olhar, inevitavelmente, para um imenso casarão amarelado, com uma larga alameda na frente e um tapete pavimentado, margeado por terrenos ajardinados que dava para um imponente alpendre de grossas colunas, como a dizer: Isto aqui é uma fortaleza, tome cuidado! Mas o viajante estranharia aquele vai-e-vem, num entra e sai diuturno de gente com uma felicidade estampada no rosto e para sua surpresa perceberia que aquele castelo, com fama de mal-assombrado, era a casa da humildade, a senhorial residência da bondade. Um edifício com altas e largas portas abertas para atender o que quer que fosse de necessidade. Era o lar de um cidadão formado em medicina pela Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, uma aventura impensável para a época, mas o que ele realmente ostentava era um título de Nobreza de Espírito. Também dependurado na parede de sua sala, como se já não bastasse o de doutor, outro Diploma de Farmacêutico, pela antiga Escola de Farmácia do Estado do Pará, mas a honraria principal surgia de sua alma como um invisível sustentáculo de benevolência, confirmando a asserção de Alan Kardec “Fora da caridade não há salvação!”

Quantas vezes Dona Sancha, sua esposa, ia buscá-lo, na linha do trem, depois que ele tinha distribuído para uma enfileirada pobreza, quase todo o dinheiro apurado com suas receitas, quando recebia por estas consultas, pois na realidade, a maioria dos pacientes levava até os remédios, de graça. Dizia: - Não reclame não, minha querida, o nosso ficou lá! Vamos para casa, baixinha! A nossa felicidade será naturalmente proporcional em relação à felicidade que fizermos para os outros. Repetia esta frase como base para os dois livros espíritas que logo viria a escrever.

Numa certa tarde, em que lia um de seus livros favoritos, sentado numa
cadeira de balanço, entra um molecote com um anzol enfiado na perna, e ele logo o tranquiliza: - Não chore não, Prego Dourado, não vai doer nada, não! Era o Elias Vieira, um menino traquina, que chegou chorando da pescaria do rio, mas logo saiu contente e ainda com umas moedas de tostões no Bolso. Hoje, Elias relembra quando sua mãe, Dona Maria Vieira, gravemente enferma, procurou Dr. Luiz. Este apertou firmemente sua barriga com as mãos e detectou uma criança que estava lá, há mais de 10 anos, por causa de um trabalho mal feito por uma parteira. Sua influência com o Dr. Cesar Cals , presidente do Centro Médico Cearense, foi primordial para que conseguisse uma das primeiras cirurgias para extração deste esqueleto fetal no Ceará, a qual o Jornal fortalezense Gazeta de Noticias , do dia 4 de abril de 1939, estampava em primeira página esta notícia fenomenal.

De outra feita, atendendo ao clamor do povo, se candidata a prefeito, pelo Partido Social Democrático para fazer frente ao forte udenista João Afonso. Não o elegeram, mas se divertiram muito cantando pelas ruas: Eu vou votar é no Dr. Luiz/ é o que o povo diz/ ele é um médico popular/ ele receita o rico e o pobre/ e o remédio ainda dá.

Do casarão amarelo só um cacimbão restou, um poço como a sabedoria do Dr. e que nunca esgotou, nem na seca de 42, quando uma sequidão invadiu o mundo. O povo chegava com suas latas na cabeça para retirar água de lá, e ainda tinha o direito a tomar um cafezinho com pão que ficavam expostos numa grande mesa. Um de seus herdeiros, material e moral, o bonachão Elpídio ou o moderado Cornélio, ia comprar o saco grande de pão na padaria de seu Norberto, pai de nosso querido Ferreirinha que trabalhava no balcão.

Quem passa por aquela esquina, agora ouve um longo silêncio. É o som mais doce que há, pois é o som da alma, no limiar da grandiosidade entre a vida e morte, neste universo que é obra de Deus... ou será o próprio Deus? Com certeza o Dr. Luiz Chaves e Mello, nos diria! Ou nos dirá?


(Raimundo Candido)

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Caro Raimundinho:

Fiquei encantado com o seu pergaminho telúrico e tomei a liberdade de postá-lo no meu blog.

Quando comecei a escrever crônicas exaltando pessoas que, no seu micro ou macro universo, salpicaram luz na nossa urbe, fui às vezes incompreendido. Por isso, fico feliz em ver essa cultura da difusão das sílabas do bem ganhar força e vigor. Parabéns!

Fraternalmente, faço apenas uma ponderação em relação ao juízo emitido no parágrafo inicial. Jamais se melindre de citar outros lavradores da escrita. Começar uma narrativa citando outro escriba é bom sinal, de sabedoria, de agregação e de humildade, qualidades que você mansamente ostenta.

Paz!

Júnior Bonfim

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A HUMILDADE E O EQUILÍBRIO


A verdadeira humildade é o equilíbrio. Haverá alguém capaz de concordar comigo nessa constatação? A humildade como habitualmente concebida, representa o pólo oposto da soberba. E o que é pólo oposto pertence ao mesmo eixo.

Como pode o pólo oposto de um eixo deixar de contaminar-se com o sistema ao qual pertence? Mesmo quando algo se opõe, por isso mesmo, faz parte do sistema dentro do qual de alguma forma é oposição. A humildade como anulação do ego sempre pretende o reconhecimento ou o mérito. Destarte, "humildade" entendida como ausência de vontade, humildade não é.

Ela é "nobre" por contrariar a soberba e assim se afirma, mas tudo o que se afirma e se destaca, por ser elevado, nobre, etc. de algum modo exalta-se, logo não é humildade plena.

Já o equilíbrio, este não visa o reconhecimento nem o aplauso oriundo da humildade entendida no sentido acima: o de oposto da soberba pela ablação da vontade. Nem, por outro lado, adota as táticas vitoriosas provenientes da sensação de onipotência, superioridade, arrogância ou soberba.

O equilíbrio não busca os louros nem os aplausos de qualquer dos dois pólos dessa complexa relação: ele aceita as energias necessárias à vitória e quando a obtém não comemora nem se sente superior pelo fato e - ao mesmo tempo - o equilíbrio sabe incorporar os elementos de modéstia inerentes à humildade. Em síntese: não se vangloria nem se anula. Vive a necessidade de compreender suas limitações, falhas e pequenezas em silêncio e introspecção sem alardear.

O verdadeiro equilíbrio passa despercebido. Nem recebe os louros soberbos da vitória nem o aplauso e reconhecimento do mérito que vem quando há a humildade, no sentido tradicional de anulação do "ego". O equilíbrio é silencioso, não é comemorado e (aqui a humildade verdadeira): não é compreendido.

Seu labor de buscar os aspectos positivos da energia necessária ao êxito e as virtudes de contenção indispensáveis à humildade, leva-o a ser um agente integrador dos dois pólos, desagradando, até, a ambos mas propiciando a fusão salvadora. É atitude bem mais complexa e profunda. Quem a compreenderá?


Artur da Távola

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

MONSENHOR MORAES: CURA CENTENÁRIO!




Monsenhor Francisco de Moraes neste agosto completaria 100 anos de idade, se não tivesse ido há dois anos. Foi quando se encontrava na terceira margem do rio da vida, como dizia Guimarães Rosa.

Nasceu em Crateús que seria elevada à condição de cidade quatro meses depois. Não nasceu na sede do município. Preferiu o murmúrio do campo. O esplendor e a calma que esverdinhavam a mata. Escolheu agosto. Quando a lua merencória se desfaz em beleza. De um céu pincelado de azul, quase em desmaio. Lá longe já se escutava o balido das ovelhas. Os eflúvios do verde pincelavam a aurora que já se anunciava.

Foi assim que a natureza recebeu este homem prodigioso que escreveria uma história de vida notável. Trilhou o caminho do sacerdócio. Foi o evangelizador robusto. O semeador competente. O pregador convincente. Tomou o arado e partiu para trabalhar na vinha do Senhor.

Ancorou-se na cidade do Ipu. Lá, escreveu seu apostolado. Homem de profunda fé erigiu torres vivas e inquebrantáveis. Partiu de Crateús como um profeta. Foi praticamente o construtor do Ipu. Lá, deixou a marca do seu imenso destemor. Construiu o Patronato, o Colégio Ipuense, o Salão Paroquial, maternidades, hospitais, estradas de rodagens, capelas e casas do menor abandonado. Porém, foi no recôndito dos templos que se fez arauto de Deus. Pregação profunda e profícua. Foi um mensageiro de uma intensa fé. No altar, nas ruas e nos recônditos mais distantes vivia envasado de Deus. Deixou uma lacuna impreenchível. Mesmo ao ir se já com uma vida tão longeva.

Pranteamos hoje a sua memória. Dissecamos sua vida tão cheia de luz. Rememoramos que Moraes passou por esta vida, mas não passou em vão. Deixou marcas indeléveis de trabalhador incansável. Foi promotor de dignidade e de libertação. Não se conteve nas prédicas dos tabernáculos, foi à procura do seu rebanho, para elevá-lo, tirá-lo da miséria. Trouxe-lhe uma centelha de luz. Exerceu esta sua missão embriagado de Deus. Eivado dos princípios maiores de respeitabilidade a todos, inclusive os mais carentes. Deixou saudades. Mas plantou, naquela bela cidade, sementes que frutificarão para sempre.


(José Maria Bonfim de Morais - médico cardiologista, no Diário do Nordeste, 16/08/2011)

OBSERVATÓRIO


Na legislatura de 1989 a 1992 Joaquim de Sousa Braz exerceu mandato de vereador por Crateús representando a região de Lagoa das Pedras dos Braz. Eleito na coligação que enfrentou o Prefeito eleito, José Almir, integrava a bancada oposicionista. Um dia Joaquim surpreende os colegas ao dizer que iria se inscrever para usar a tribuna e elogiar o Prefeito. Motivo: o alcaide havia inaugurado um calçamento em Lagoa das Pedras e o povo estava muito satisfeito. Como representante daquela população iria ecoar o sentimento popular... E se inscreveu. Ao se dirigir à tribuna, o edil Chico Prudêncio, seu correligionário, o interrompe: - Joaquim, é verdade que você vai elogiar o Prefeito? Ao receber a confirmação do interlocutor, Chico Prudêncio o adverte: - Deixe disso, Joaquim, vereador de oposição nunca elogia Prefeito. Invente outro assunto. Meio atabalhoado, Joaquim Braz usou a tribuna e, para o deleite bem humorado dos presentes, narrou uma partida de futebol entre o CELP de Lagoa das Pedras e o Palmeiras de Rosário...


A REPETIÇÃO

É lamentável, mas ainda predomina essa idéia equivocada. Há muito tempo venho alertando que um dos nossos males políticos da nossa terra reside no fato de que todos ou quase todos, indistintamente, se acomodam nessa arena inflamável e inflamada da defesa e agressão (me defendo agredindo e vice versa). Defini-a como política do amor e ódio. Chamo política do amor e ódio essa prática crônica e irracional de, nos correligionários, só enxergar virtudes; nos adversários, apenas defeitos. Um dia, coligados, juras de amor; outro dia, rompidos, larvas de ódio. Esse itinerário irascível leva a outra vereda perigosa: a da agressão pessoal, pavimentada pela injúria, calúnia e difamação. Nossa gente é naturalmente pacata, hospitaleira, agradável, aberta e generosa. Essa virtuosa habilidade relacional precisa se expandir para o campo das relações políticas. Por que as diferenças ideológicas ou políticas precisam ser vistas como um obstáculo à pavimentação de relações respeitosas e sadias?

ENCONTRO

Semana passada, em um restaurante de Fortaleza, encontrei-me casualmente com o Prefeito Carlos Felipe e seus dois principais secretários, Mauro Soares e Elder Leitão. De cara, procurei quebrar o gelo e exclamei: - Olhem, a eleição está ganha! E, após um rápido suspense, completei: - Não sei para qual lado... Todos riram. Após os cumprimentos, conversamos rapidamente sobre o centenário da cidade e uma revista que a Prefeitura quer lançar, a definição de candidaturas para o ano que vem e a linha dos blogs locais.

CENTENÁRIO

Disse para eles que lamentava a Prefeitura não ter fechado com a Academia de Letras de Crateús uma proposta comum para tratar de uma produção literária específica do centenário. Adiantei que estava fazendo, a pedido da ALC, um levantamento sobre os Prefeitos da cidade centenária. Disse que Felipe é o nosso 40º (quadragésimo) alcaide, o que permite deduzir que tivemos neste século de urbe, em média, um prefeito a cada dois anos e meio. Olhei para o Mauro e Elder e disse: - Tenham cuidado, homens fortes do governo. Descobri outro detalhe: nunca um secretário poderoso conseguiu virar Prefeito. Citei o exemplo de Toinho Contábil, o nome forte de Leandro Martins. Mauro olhou para o Elder e brincou: - Prefeito, demita logo a gente para ver se chegamos lá...

CANDIDATO

Indaguei Felipe se ele era mesmo o candidato. Ele olhou para os dois secretários como quem não queria ferir susceptibilidades... Ante sua hesitação, aparei: - acho que você é o candidato, mas se for um destes dois anuncie logo. A demora pode lhe ser prejudicial. E citei exemplos de conduções em que a definição antecipada se revelou exitosa. Externei-lhes que, hoje, vejo essa história de candidatura a prefeito sem o véu da empolgação. Ser Prefeito, no contexto atual, é ação de alto risco. Quem se propõe a encará-la, deve deixar de lado o êxtase com o status ou os arroubos da aventura. Ser homem público é missão. Séria, delicada, exigente. Acompanho ex-gestores que sofrem profundamente. Há cidadãos que, embora tenham agido sob o pálio da boa intenção, despendem enormes sacrifícios e realizam uma verdadeira peregrinação jurídica para provar sua correção. Os órgãos de fiscalização agem integradamente e com o beneplácito da internet, essa fantástica ferramenta de disponibilização de informações. Cresce, a cada dia, o rigor fiscalizatório e a pressão da opinião pública. Tudo isso é positivo e nos deixa uma certeza: quem deseja ser candidato sem pagar um alto preço, deve encarar a coisa pública como um sacrifício – que, no latim é sacro oficium, ou seja, tornar sagrado o ofício.


CONCLUSÃO

Qual a conclusão a que se chega? O atual Prefeito foi vitorioso no embalo de uma grande onda de esperança. Houve um verdadeiro movimento de massa em favor da inauguração de um novo ciclo, de uma era diferente, de uma nova vida. Poderia ter feito uma gestão modelar e agregadora. Entrou na Prefeitura sem qualquer amarra. Poderia ter convocado o povo para o exercício da grande política. Higienizado as relações da Prefeitura com os partidos políticos e os segmentos organizados. Governar sem fazer concessões à barganha. Sem demonizar o passado ou estimular rivalidades inúteis. Porém, a despeito de ter mostrado serviço e viabilizado muitas obras, Felipe cedeu às velhas práticas que houvera condenado em campanha. Isto decepcionou muita gente, sobretudo os segmentos mais exigentes e livres que o apoiaram. Einstein ensinou, há muitos anos atrás, que ninguém pode obter um resultado diferente se repete o que sempre foi feito. Eis o senão: reproduziu, na sua prática política, a mesma conduta dos outros.

ALC

Todos os povos que galgaram posição de superioridade no concerto das nações guardam um ponto em comum: o apoio à ciência e tecnologia, o investimento certeiro na educação e na cultura. A fundação da Academia de Letras de Crateús é tento relevante na vida cultural de Crateús. No último dia 30 de julho, em solenidade no Teatro Rosa Morais, a Academia recepcionou oito novos membros: Ana Cristina, Cheyla Mota, José Maria B. de Moraes, José Rodrigues Neto, Juarez Leitão, Karla Gomes, Paulo Nazareno e Silas Falcão. Foi uma festa bonita, de emoção e gala. Porém, poderia ter sido mais prestigiada, sobretudo pelas autoridades maiores da nossa cidade e pelos dirigentes dos setores de educação e cultura.

PARA REFLETIR

"Sou, na verdade, um viajante solitário, e os ideais que iluminaram meu caminho e que proporcionaram uma vez ou outra novo valor para enfrentar a vida foram a beleza, a bondade e a verdade". (Albert Einstein)



(Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste, Crateús, Ceará)

terça-feira, 16 de agosto de 2011

O QUE SEI DE LULA - UM RETRATO DO EX-PRESIDENTE por José Nêumanne Pinto

O TEMPO

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.

Quando se vê, já são seis horas!

Quando se vê, já é sexta-feira!

Quando se vê, já é natal...

Quando se vê, já terminou o ano...

Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.

Quando se vê passaram 50 anos!

Agora é tarde demais para ser reprovado...

Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.

Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...

Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...

E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.

Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.

A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.



(Mário Quintana)

domingo, 14 de agosto de 2011

A GRANDE REFLEXÃO DO DIA DOS PAIS: "É PRECISO AMAR AS PESSOAS COMO SE NÃO HOUVESSE AMANHÃ"



Pais E Filhos

Legião Urbana
Composição: Dado Villa-Lobos / Renato Russo / Marcelo Bonfá


Estátuas e cofres e paredes pintadas
Ninguém sabe o que aconteceu.
Ela se jogou da janela do quinto andar
Nada é fácil de entender.

Dorme agora,
é só o vento lá fora.

Quero colo! Vou fugir de casa!
Posso dormir aqui com vocês?
Estou com medo, tive um pesadelo
Só vou voltar depois das três.

Meu filho vai ter nome de santo
Quero o nome mais bonito.

É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã
Porque se você parar pra pensar
Na verdade não há.

Me diz, por que que o céu é azul?
Explica a grande fúria do mundo
São meus filhos
Que tomam conta de mim.

Eu moro com a minha mãe
Mas meu pai vem me visitar
Eu moro na rua, não tenho ninguém
Eu moro em qualquer lugar.

Já morei em tanta casa
Que nem me lembro mais
Eu moro com os meus pais.

É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã
Porque se você parar pra pensar
Na verdade não há.

Sou uma gota d'água,
sou um grão de areia
Você me diz que seus pais não te entendem,
Mas você não entende seus pais.

Você culpa seus pais por tudo, isso é absurdo
São crianças como você
O que você vai ser
Quando você crescer?