sábado, 4 de fevereiro de 2012

AINDA SOBRE O HARLEY

Caro Junior,
através de seu blog, quero transmitir à familia do Harley, em especial a Neide e Luiz, meus sinceros pêsames pela terrível tragédia que tirou a vida de alguém que só queria fazer os outros felizes.

Que a Justiça seja feita e puna merecidamente os assassinos.

Abraços,

Sergio Moraes e família



***********************************************

Bem próximo... sou amigo de Haline e conheço Sunshine, 2 dos 8 filhos do artista da minha terra Cratéus que me deixa na memória sorrisos e invencionices fora do comum.
Lembro do palhaço-pessoa... recordo muito bem das bicicletas retorcidas e altas que ele pedalava orgulhoso, imponente, consciente de que sua ousadia era única nas ruas da pacata cidade.

Adoçava com sorriso e brincadeira quem estava nas ruas e na Praça dos Pirulitos.

O palhaço tinha cara melada, também por vezes desprezada... como a de todos artistas do circo.

Controverso, escolheu sorrir como meio para viver. Abdicou do que não lhe faria feliz. Despojou o viver.

Juntou retalhos e destes fez um circo.

Dos retalhos fez história...

Dessa história, fica o amor ao sorriso =D


Em 2011 o artista Harley Melo Crateuense conquistou o prêmio Funarte "Carequinha" de Estímulo ao Circo do Ministério da Cultura. Premiação concedida aos grandes artistas circenses do Brasil, e com reconhecimento pela escola tradicional do circo.

Rafael Motafer


***********************************************

Nossa Felicidade, Papai, Era Te Ver Sorrir, Pois Teu Sorriso Nos Faz Sorrir.

Estamos sem palavras, sem noção de tamanha pervesiidade com um simples criança de 53 aninhos.

Meu Pai. Minha Felicidade, ou seja, nossa felicidade. No meu peito só me resta saudade de tudo aquilo que me lembra você meu Herói, Meu Rei, Meu Pai, Minha Alegria.

"Papai: Só sabe quem sente a dor da perca de um pai.

Papai, te amo, papai, te adoro*
Vou te dar muiito orgulho.
Te amamos".

Sua Filha

Lana Melo

*******************************************************


Estamos todos de luto pois esse homem fez a alegria de muita gente durante gerações,ainda lembro o circo que a anos atas ficava no campo do cruzeiro,hoje Caic,eternas saudades.

Marcela Batista

*******************************************************


Crateús está de luto pois perde-se uma pessoa muito querida que vivia para trazer felicidades aos outros, deixa-nos com a alma pesada e triste por não poder lhe dar o nosso muito obrigado enquanto era vivo, mas deixa sua obra para aqueles que um dia como eu no campo do cruzeiro(hoje CAIC)nos trouxe o sorriso verdadeiro...descanse em paz.

Marcela Sánchez

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

SONHOS DE UM PALHAÇO

IMPEDIRAM O PALHAÇO HARLEY DE FAZER GRAÇA AQUI NA TERRA


Um homicídio foi registrado no início da tarde desta quinta-feira, 03, na Localidade de Lagoa de Pedra, no Distrito de Carrapateiras em Tauá. Por volta das 13h, o palhaço e proprietário do Circo Retalho Show Circus, Francisco Harley Araújo Melo, 53 anos, residente no Bairro Cohab, em Crateús, foi agredido a socos, pontapés e chicotadas e em seguida lesionado a golpe de faca, na estrada que liga a Vila de Poço da Onça à Mutuca. A vítima andava em companhia do filho de nome Netinho, que só não foi morto porque ajoelhou-se aos pés dos assassinos, identificados pelos nomes de Luis Luzimar Cavalcante de Araújo e Luis Wlendresson Alves Araújo, pai e filho, respectivamente, residentes na Localidade de Lagoa de Pedra.

O motivo do crime pode ter sido o furto de um cachorro pertencente à vítima. O circo passou alguns dias na Localidade de Poço da Onça, onde animal desapareceu. Ao passar próximo à residência dos acusados, em direção a Localidade de Iapí-Independência, o palhaço Harley teria comentado em voz alta que ” a casa do ladrão de seu cachorro, era ali”. Uma mulher que estava na calçada da residência, ouviu a conversa e deve ter repassado para os acusados, que pegaram uma moto e saíram em perseguição. As vítimas foram alcançadas e agredidas.

Harley foi socorrido ainda com vida pela equipe do PSF do Carrapateiras, mas não resistiu. Ao chegar no Hospital já estava morto. O corpo foi levado para o IML de Iguatu. Equipes das Polícias, Civil e Militar fizeram várias diligências, mas não conseguiram prender os assassinos.

O sepultamento do proprietário do Circo será às 16h desta sexta-feira, 03, no Cemitério São Miguel, em Crateús.

(Fonte: Difusora Tauá)

**********************************************
MULTIDÃO SE DESPEDIU DO PALHAÇO DO POVO


Por todo o dia, já que o corpo do palhaço Harley chegou por volta das 12:45, houve uma intensa movimentação na residencia de seus pais, que ainda não acreditavam no que tinha acontecido. "Calou-se a alegria", assim falou a mãe do artista, que esteve em uma vista há alguns dias atras na casa da mãe.

"Ele me deu um beijo na testa e saiu, depois voltou de novo para me dar outro beijo, um filho amado" - disse a mãe do Palhaço Harley.

Uma despedida emocionante e merecida ao grande Palhaço Caramelada.

Uma multidão de pessoas ocupou a Rua Carlos Rolim, “o Beco do Velho Leônidas”. Todos seus 8 filhos, em prantos inconsoláveis, sucumbiam à mais profunda tristeza entre todos que seguiam o cortejo fúnebre.

O palhaço Lengo Lengo (Let the Sunshine) prestou sua homenagem, a essência da estrela do artista. O fim de mais um espetáculo e as palmas exaltaram sobre a jazida.

O cemitério ficou pequeno para tanta emoção.

(Do site http://www.crateusnoticias.com.br)


**********************************************

Conheci o Harley.

Era um palhaço por vocação, amor e paixão.

Poderia ter seguido uma carreira que o cobrisse com os tesouros deste mundo.

Optou por seguir a vereda da alma, a trilha do coração, o pedregoso porém florido caminho do convite interior.

Viveu feliz com a felicidade dos outros. Distribui sorriso. Amou o despojamento.

Erguia a cada dia, com lona antiga e novos cacarecos, um templo à alegria de viver, que ele chamava de circo.


Júnior Bonfim
*******************************************

Harley era um menino grande, assim minha mãe falava sobre ele, que desde criança já sonhava em ser palhaço.

Com certeza o grande sonho de criança, ele realizou intensamente, enquanto tantas pessoas passam a vida buscando sonhos impossíveis.

É linda a história desse palhaço, que se confunde com nossos sonhos de criança. Que Harley seja recebido por anjos cantarolando, todos de cara pintada de palhaço.

Deus sempre tem um propósito para cada um de nós, seja nesse plano, ou do outro lado. Chegou o momento de uma nova etapa na existência de Harley. Que ele seja abençoado e receba todas as orações com à alegria que sempre esbanjou.

Pena que não podemos sorrir para ti neste momento, pois a tristeza é grande demais. Luz para vc, palhaço Marmelada.


Eliete Gomes

CHORANDO E CANTANDO - PELA VOZ DE ELBA

Já que Fevereiro chegou...

ANDANDO PELO SERTÃO


Eu voltei ao Ceará
Fui rever o meu rincão.
Passeei pelas caatingas
Pisei com gosto em meu chão
Coloquei o meu chapéu
O sol ardia no céu
No calor do meu sertão
*
Subi no pé de caju
Como fazia em menina.
Peguei no pé de angico
Um pouquinho de resina
Abracei carnaubeira
A conhecida palmeira
Desta terra alencarina.
*
No caneco de alumínio
Água de pote bebi.
Tinha pedras no caminho
Em cima duma subi
Fiz uma farra danada
Andando pela estrada
Da terra em que eu nasci.
*
O tempo passou bem rápido,
Achei que passou ligeiro,
Pois já estou novamente
É no Rio de Janeiro!
Terra de são Sebastião
Distante do meu sertão
Ô destino aventureiro!

--

Dalinha Catunda

STF VOTA PELA INDEPENDÊNCIA DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ)


Por seis votos a cinco, ontem quinta-feira (02), o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) negou referendo à liminar parcialmente concedida em dezembro passado pelo ministro Marco Aurélio, que suspendeu a vigência do artigo 12 da Resolução 135 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que atribui ao Conselho competência originária e concorrente com os Tribunais de todo o país para instaurar processos administrativo-disciplinares contra magistrados.

A decisão foi tomada no julgamento do referendo à liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4638, ajuizada pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) contra a mencionada Resolução, e iniciado nesta quarta-feira (1º) pela Suprema Corte. Na decisão quanto a esse ponto questionado na ADI, prevaleceu o entendimento segundo o qual o Conselho, ao editar a resolução, agiu dentro das competências conferidas a este órgão pelo artigo 103-B, parágrafo 4º, da Constituição Federal (CF).

Impugnação
A cabeça do artigo 12 da Resolução 135 dispõe que “para os processos administrativos disciplinares e para a aplicação de quaisquer penalidades previstas em lei, é competente o Tribunal a que pertença ou esteja subordinado o magistrado, sem prejuízo da atuação do Conselho Nacional de Justiça”.

A AMB se insurge contra a ressalva “sem prejuízo da atuação do Conselho Nacional de Justiça” que, em seu entendimento, abre a possibilidade de o CNJ atuar originariamente em processos administrativo-disciplinares no âmbito dos tribunais, ou agindo concomitantemente com eles.

Decisão
Entretanto, na decisão de ontem do Plenário, prevaleceu a opinião da maioria dos ministros no sentido de que o CNJ tem, constitucionalmente, competência originária (primária) e concorrente com os tribunais, na sua incumbência de zelar pela autonomia e pelo bom funcionamento do Poder Judiciário.

Foram mencionados exemplos, sobretudo, de tribunais de justiça, cujas corregedorias teriam dificuldade para atuar disciplinarmente, sobretudo em relação aos desembargadores e a determinados juízes. “Até as pedras sabem que as corregedorias não funcionam quando se cuida de investigar os próprios pares”, afirmou o ministro Gilmar Mendes, integrante da corrente majoritária.

Ele lembrou que a Emenda Constitucional (EC) 45/2004 foi editada justamente para suprir essa e outras dificuldades, criando um órgão nacional, isento, para zelar pelo Judiciário de uma forma uniforme em todo o país.

Justificativa
Os cinco ministros que referendaram a liminar concedida parcialmente em dezembro pelo relator da ADI, ministro Marco Aurélio, suspendendo dispositivos da Resolução 135, não se manifestaram contra o poder do CNJ de agir e investigar, quando detectar situações anômalas nos tribunais. Entendem, entretanto que, ao fazê-lo, somente em tais casos, deve justificar essa intervenção.

Já a corrente majoritária entendeu que a competência outorgada pela CF ao Conselho é autoaplicável e que justificar sua atuação em caráter originário nos tribunais teria como consequência a impugnação de tal ato e, por conseguinte, poderia resultar na ineficiência de sua atuação.

O ministro Gilmar Mendes advertiu para o risco de se criar insegurança jurídica, se a liminar fosse referendada nesse ponto. Segundo ele, isso poderia inviabilizar boa parte da atuação do CNJ em termos administrativo-disciplinares.

Por seu turno, o presidente do STF, ministro Cezar Peluso, entende que abrir a possibilidade de o CNJ atuar sem prévia motivação nos tribunais pode desmotivar a atuação das corregedorias, deixando questões disciplinares “nas mãos do CNJ”.

Votos
Votaram pelo referendo da liminar em relação ao artigo 12 o próprio relator, ministro Marco Aurélio, e os ministros Ricardo Lewandowski, Cezar Peluso, Luiz Fux e Celso de Mello. Divergiram, formando a corrente vencedora que negou o referendo à liminar, os ministros Joaquim Barbosa, Cármen Lúcia, Ayres Britto, Rosa Weber, Gilmar Mendes e Dias Toffoli.

(Fonte: STF)

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

MEMÓRIA FLUVIAL



(Ao rio da Dona Delite)


Refletia tanta água
no sábio facho de luz,
por onde seu riso lacrimal
e ríspido, fluía obsequioso.

E se alagava, pelos baixios,
lívida num liquido rosto,
imagem a se perder de vista
grudada nas águas do poço.

Num imprescindível fluir
dissipou-se, gota a gota,
até seu último anseio
pela sedenta calha do rio.

Das águas, antes perenes,
a confluir em magistral dança
só remanesce um jorrar escasso
de uma intermitente lembrança.

Raimundo Candido

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

CONJUNTURA NACIONAL

Abro a coluna com uma historinha engraçada da semana. A realidade é, frequentemente, mais interessante/impactante que a ficção.

Cadê meu dente?

Cena hilária: faxineiros pacientes fazendo uma varredura no campo de futebol para ver se encontram... um dente. Um dente? Pois é: foi o que aconteceu. Marcelinho Paraíba perdeu um dente no clássico em que o Sport venceu o Náutico por 4 a 3. Marcelinho prometeu R$ 1 mil a quem achasse seu dente. Piada? Não. Ocorre que o jogador investiu R$ 4 mil naquele dente implantado. Perderia R$ 1 mil, mas livraria R$ 3 mil. Detalhe: Marcelinho deixou de sorrir. O dente, um centroavante, jogava bem na frente da boca do atleta. "Contundido", escondeu-se no gramado após trombada com Siloé, do Náutico. A jogada violenta ocorreu aos 29 minutos do segundo tempo. O goleador ainda não foi encontrado!

Plasmando a criatura

A presidente Dilma Rousseff - é visível - começa a plasmar um governo com a sua cara. Forma "um governo pra chamar de seu". Cumpriu o compromisso com Lula, de segurar alguns perfis durante um ano, e substitui peças no tabuleiro. A decisão mais difícil foi a de tirar o petista Sérgio Gabrielli do comando da Petrobras. A presidente nunca aceitou o flagrante de Gabrielli naquele hotel de Brasília, sendo recebido por José Dirceu. O governador da Bahia, Jaques Wagner, abriu uma vaga no secretariado para abrigar o ex-presidente da Companhia, que começa a vestir o figurino de candidato a governador em 2014. As mudanças na Petrobras, dizem, irão além da ascensão de Maria das Graças Foster à presidência. Deverão abrir arestas em alguns partidos, principalmente o PMDB e o próprio PT.

Outras áreas

Mudanças ocorrerão nos escalões inferiores de toda a estrutura. Além do DNOCS, mudanças ocorrem na Casa da Moeda, no Banco do Brasil (alterações em 13 Diretorias), e em alguns Ministérios. No Ministério das Minas e Energia, as tensões começam a energizar os espíritos.

A nova identidade

A identidade do governo tem como vértice a gestão eficaz. Técnica, focada em resultados, a presidente quer ver uma estrutura mais ágil e comprometida com os parâmetros da gestão moderna. Conta, para essa missão, com a valiosa colaboração de um Grupo de Gestão, coordenado pelo megaempresário Jorge Gerdau, um ícone da revolução de métodos e sistemas administrativos. Dilma parte de uma correta visão: a nova classe média (classe média C) - cerca de 30 milhões de brasileiros - não dispõe de recursos para implantar todos os padrões usados por estratos médios superiores (B e A), devendo, assim, continuar a usar os serviços essenciais do Estado, particularmente nas áreas da Educação e da Saúde. Portanto, exigirá serviços cada vez mais qualificados.

Leitura geral

Atenção para estas questões, hipóteses e inferências. Pela ordem: a) perfil técnico da presidente pode acirrar tensões com o Congresso; b) insatisfação de aliados, nesse momento de alto prestígio da presidente, não gera efeitos de impacto; c) PMDB e PT enfrentam dilema de não terem perfis novos em suas cúpulas; d) Dilma tem forças, hoje, para promover o choque de gestão que a inspira; quanto mais demorar, mais difícil será implantar seu modelo; e) o partido que fizer a maior bancada de prefeitos e vereadores terá melhores condições para eleger o maior número de deputados estaduais e federais em 2014, consequentemente, será parceiro preferencial; f) a campanha paulistana será questão de honra de Lula. Se Haddad ganhar, PT terá condições de esticar projeto de poder. A recíproca é verdadeira.

Negromonte

Quem ficará no lugar do ministro Mário Negromonte (PP)? A presidente enfrenta o desafio de achar um perfil com traços mais técnicos. Não quer fazer apenas a troca de 6 por meia dúzia. Questão é: onde estão os políticos com formação técnica?

PSD E PT juntos?

No final de semana, em conversa com o prefeito Gilberto Kassab, a moldura da política paulistana ficou mais nítida: 1) O PSDB não aceita a indicação do nome do vice-governador Guilherme Afif (PSD) como cabeça de chapa para a prefeitura em eventual aliança com os tucanos. 2) O PT dá demonstrações de topar a indicação do PSD para vice na chapa encabeçada por Fernando Haddad. No caso, o atual secretário de Educação da prefeitura, Alexandre Schneider. 3) Lula é o grande articulador da aliança com o PSD de Kassab, por parte do PT. 4) O PT tem históricos 30% de votos na capital paulista. Somada aos votos do prefeito Kassab, hoje em torno de 15% a 20%, essa votação confere ao candidato Haddad ótimo posicionamento. 5) Kassab espera, mais adiante, ter o apoio do PT para seu projeto político. Esse é o busílis.

Chances de Chalita

O projeto do PMDB para o Estado de São Paulo será ambicioso. O partido quer eleger uns 200 prefeitos. E espera boa performance de Gabriel Chalita, na capital. Chalita tem boa penetração em alguns núcleos, terá bom tempo de rádio e TV, e poderá crescer bem. Na capital, se a campanha for para o 2º turno, descortina-se um cenário entre Haddad, sob o escudo de Lula/PT, e Chalita, sob o abrigo do PMDB e a maioria de outras legendas, que poderão se unir contra o PT. Seria um embate histórico.

O trunfo do PTB

Já o PTB confia na expressão fácil e fluente de seu candidato, Luiz Flávio Borges D'Urso. Que é bastante convincente em debates.

Russomanno cairá

É pouco provável que Celso Russomanno (PRB), hoje com 19% das intenções de voto, segure sua atual posição. Terá mínimo tempo de TV. Será inevitável sua queda.

Netinho de Paula, idem

O mesmo pode ser dito sobre o cantor e vereador Netinho de Paula (PC do B). Ganha a segunda maior rejeição. Tende a cair na campanha.

Que tucano?

Só com muita boa vontade e fechando os olhos, dá para acreditar no triunfo do candidato tucano. Serra desistiu. Aliás, quem será vitorioso nas prévias ? Não dá para fazer previsões. Vou ter de consultar o amigo José Henrique Lobo, que sabe das coisas.

Aécio, ganhando força

Aécio Neves, senador tucano das Minas Gerais, ganha força nas hostes tucanas. Já se ouve abertamente na cúpula do PSDB que será ele o candidato à presidente da República pelo partido em 2014. Há tempos, essa era mera especulação. Hoje, Fernando Henrique, o cacique maior, diz que Aécio será o nome. O presidente da sigla, deputado Sérgio Guerra, também vai nessa linha. Alckmin, apesar de calado, não teria dúvidas.

Tempo de falar e de calar

"Há tempo de falar e tempo de calar, e quem mede este tempo é a prudência, que é regra prática do nosso obrar". Padre Manuel Bernardes.

Ciro, senador?

Ciro Gomes planeja reingressar na política pela porta mais generosa do Senado. O irmão governador, Cid, quer vê-lo senador no final de 2014.

INA cai

O INA - Indicador de Nível de Atividade da indústria paulista divulgado ontem pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) registrou queda de 0,4% em dezembro ante novembro, descontados os efeitos sazonais. Em novembro, o indicador havia caído 0,6% (dado também divulgado ontem pela instituição), após queda de 0,9% em outubro. Na comparação interanual, o INA caiu 5% em dezembro, fechando 2011 com crescimento de 0,6% em relação a 2010. Já o NUCI - Nível de Utilização da Capacidade Instalada em dezembro caiu para 80,9% (ajustando a sazonalidade), ante 81,5% em novembro e 83,4% em dezembro de 2010.

Segurança em jogo

A bola começa a rolar no campo da segurança da Copa 2014. É que ontem, (31/1), representantes de entidades de classe e de sindicatos de empresas de segurança privada, de 12 cidades sedes, fizeram a 1ª reunião com a Gerência Geral de Segurança do Comitê Organizador da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014, no Rio de Janeiro/RJ. "Foi um primeiro encontro nacional com o segmento para discutir o modelo de segurança a ser implantado na Copa das Confederações 2013 e na Copa 2014, alinhar as exigências com os interesses do setor e esclarecer como se dará a contratação das empresas", explica o presidente do Sesvesp - Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado de São Paulo, José Adir Loiola. A intenção é que as empresas privadas atuem na parte interna dos estádios, com vigilantes desarmados.

Beleza em apuros

Explodem bueiros. Um atrás do outro. Caem prédios. Um ao lado do outro. Mortos e feridos. Despencam-se mecanismos de teatro, vitimando atores, atrizes e pessoas da plateia. Buracos por todos os lados. Ruas sem vagas para deficientes e idosos. Rio de Janeiro é uma Beleza em Apuros. Que desolação!

A forca mais alta

"Canuto, Rei dos Vândalos, mandando justiçar uma quadrilha, e pondo um deles embargos de que era parente del-Rei, respondeu: Pois se provar ser nosso parente razão é que lhe façam a forca mais alta." Padre Manuel Bernardes

Pinheirinho e Cracolândia

Comentários a boca pequena: o episódio do Pinheirinho será usado na campanha eleitoral. Contra os tucanos. Que poderão fazer o contraponto: operação na Cracolândia é aprovada por mais de 80% dos paulistanos. A percepção social sobre operações violentas é relativa. Essa é, infelizmente, a constatação. A violência é inadmissível.

Direção das casas

Por acordo com PT, PMDB deverá presidir a Câmara dos Deputados em 2013/2014. Se o PT não cumprir acordo, a parceria se desfaz e o trunfo será paus. No Senado, a tradição é a de que a maior bancada tenha o comando da Casa. Portanto, o PMDB deverá comandar as duas cúpulas. Para a Câmara, o nome do PMDB é o do deputado Henrique Eduardo Alves. Para o Senado, o nome é o do senador Renan Calheiros.

Coisas de Jânio

Historinhas selecionadas pelo jornalista e escritor Nelson Valente. Primeira: o Prefeito Jânio Quadros, em 1987, dava entrevistas para os jornalistas sobre a sua administração (sobre a polêmica dos homossexuais do Teatro Municipal), quando uma jovem jornalista o interrompeu:

- Você é contra os homossexuais? Você vai exonerá-los?

O ex-presidente não gostou de ser tratado de "você" e deu o troco:

- Intimidade gera aborrecimentos e filhos. Com a senhora não quero ter aborrecimentos e, muito menos filhos. Portanto, exijo que me respeite.

Adão

O agricultor Antenor Vieira Borges, residente em Santa Catarina e que mandou ao presidente Jânio Quadros uma maçã de 850 gramas, colhida em sua plantação, recebeu o seguinte bilhete do presidente da República:

"Prezado Antenor:

Abraços. Recebi a maçã de 850 gramas, que você enviou, produto da técnica e das terras catarinenses. Um colosso! Não há Adão que resista a essa fruta".

Colega

O próprio presidente Jânio Quadros, às vezes transmitia seus bilhetinhos para os ministros por meio do aparelho de Telex que mandou instalar em seu gabinete, ligado diretamente com os Ministérios em Brasília e no Rio de Janeiro. Ele mesmo datilografava os "memorandos". Transmitiu ele um bilhete para um ministro e na mesma hora recebeu a seguinte resposta, pelo telex:

"Prezado colega. Não há mais ninguém aqui".

Ao que o presidente respondeu:

"Obrigado, colega. Jânio Quadros".

Do outro lado do fio, porém, o outro não se perturbou:

"De nada. Ás ordens, John Kennedy...".

(Nelson Valente, jornalista e escritor, em seu livro "Jânio Quadros - O Estadista")

Conselho aos líderes e partidos

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos ministros do STF. Hoje, sua atenção se volta aos partidos e seus líderes:

1. O momento é de muita tensão. A presidente Dilma Rousseff não admite questionamentos em matéria de trocas ministeriais. Por isso, todo cuidado deve ser tomado para evitar querelas e polêmica.

2. Como ensina o Padre Manuel Bernardes, um clássico da literatura portuguesa, há tempo de falar e há tempo de calar. Passarinho na muda não pia. Fechem o bico nesse momento, senhores líderes e dirigentes partidários.

3. Não adianta insistir com pressões ou contrapressões. Cautela e caldo de galinha, ensinam os mineiros, não fazem mal a ninguém. Se a presidente pedir um nome para algum Ministério ou cargos de segundo escalão, ofereçam três ou mais nomes. Para que não tenham decepção com a rejeição do perfil indicado. E Boa Sorte!

____________

(Gaudêncio Torquato)

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

Estados Unidos: a política em crise

A eleição nos EUA está revestida de substancial simbolismo, não apenas para o Império, mas para todo o mundo civilizado e democrático. Do lado republicano, os dois candidatos têm situação notoriamente inquietante. Newt Gingrich faz um discurso que beira o reacionarismo. Isso para não falar de sua vida privada, recheada de histórias de adultérios e sinais de mau-caratismo. Mitt Romney, por seu turno, faz apologia do livre mercado, o que parece lhe favorecer de forma espetacular: o candidato milionário com seus investimentos no mercado financeiro americano e em paraísos fiscais paga 1/3 dos impostos que o trabalhador médio paga. Do lado democrata, a sustentação de Obama se dará entre os latinos, negros e os mais ricos que crêem em reformas sociais. Todos estas classes são aquelas que o próprio presidente não assistiu em sua primeira administração em função da ausência de coragem para enfrentar Wall Street. O Império tropeça não apenas na economia, mas especialmente na política.

Sarkozy e a sua salvação

O lançamento do plano de estabilização da economia francesa neste fim de semana foi revestido por uma apatia particular. Os franceses viram no plano um político emparedado pelas eleições de poucas semanas à frente. Além disso, o eleitorado está acomodado num padrão de vida no qual o empregado de uma casa não está dando à mínima para o desempregado da casa ao lado. Políticas verdadeiramente republicanas são difíceis de serem implementadas num contexto em que os políticos têm de convencer os súditos sobre perdas e quase nenhum ganho no curto prazo. A aliança com os alemães põe em evidência a crescente fragilidade francesa perante seus pares europeus. Os eleitores não se encantam com nada que veem à direita e esquerda. Querem mesmo é o que se vê no retrovisor. Isso eles não haverão de ter nos próximos longos anos.

Europa: crise amainada e longa

Na Europa, a despeito dos problemas de rolagem da dívida grega, há indicações concretas de que o risco de crédito do sistema financeiro pode ser paulatinamente afastado. O tratamento fiscalista, recomendado pela chanceler alemã Angela Merkel, há de estabilizar as piores expectativas, mesmo que imponha ao Velho Continente uma recuperação da demanda muito lenta e gradual. Ou seja, a estabilização está a ocorrer num patamar elevadíssimo de desemprego e de desesperança social para as classes mais pobres. Os traços de "estadista" da líder alemã estão associados a este deplorável contexto. Uma situação bem diversa de Margaret Thatcher nos anos 1980, quando a "Dama de Ferro" fez um ajuste modernizante em termos de produtividade num contexto de desemprego conjuntural e não estrutural. As feições de enfermeira da Primeira Guerra Mundial de Angela Merkel combinam com o cenário letárgico e sofrido da Europa.

Brasil, coalizão estável?

É "chover no molhado" dizer que vivemos uma situação de estabilidade. De fato, nada parece incomodar a sociedade brasileira de forma dramática neste momento. Todavia, o que importa mesmo e é pouco comentado é o fato de que as políticas públicas emanadas do governo estão calcadas numa coalizão de partidos que instalam célere e profundamente seus interesses particulares dentro do Estado. A corrupção e o desempenho frágil dos resultados em termos de modernização e reformas são os sinais exteriores deste cenário desalentador. Se houve maior mobilidade da renda nos últimos anos, aspecto inegável, de outro lado não existem transformações estruturais e permanentes, tais como na educação, saúde, infraestrutura, tecnologia, etc. A excepcional popularidade da presidente Dilma, que coleta índices de aprovação absoluta ao redor de 50% da população, deve ser analisada sob a perspectiva de que os interesses estão acomodados e estabilizados, mesmo que não exista progresso evidente. Os conflitos mediados pela política engendram o progresso econômico e social. No Brasil de hoje há estagnação nas reformas e, sem pressões sociais organizadas, o cenário de negociatas políticas se espalha.

Abrem-se a cortinas do ano político-eleitoral

O ano político-partidário brasileiro começa para valer a partir desta semana com a reabertura, depois de amanhã, dos trabalhos do Congresso. Registre-se que, do ponto de vista legislativo, será um ano mais curto e menos "produtivo" que 2011, por tratar-se de um ano eleitoral. Os anos eleitorais já são naturalmente capengas no Legislativo e, até mesmo, em parte do Executivo, mas este 2012 deverá ser um pouco mais pois está marcado como prévia decisiva para 2014, tanto pelo governismo quanto pelo oposicionismo. Cada passo terá os dois olhos nas urnas antes de qualquer coisa.

Dilma e os aliados

Para a presidente o ano começa com os aliados insatisfeitos, como sempre com as ameaças de cortes de verbas e com a distribuição de cargos. A mini reforma ministerial em curso e as trocas anunciadas e especuladas no segundo escalão desagradaram gregos, troianos e baianos de um modo geral. E podem desagradar mais ainda os parceiros presidenciais. Especialmente a dupla do barulho PT/PMDB, dois adversários nada cordiais. Mas Dilma, montada em alta avaliação popular, nem tem nada a temer nesses primeiros momentos. O PT arrulha, chora pelos cantos, mas não morde. Aprendeu a ser obediente, até porque sabe que aconteça o que acontecer, ele ainda será o primeiro. Se não por nada, porque tem Lula. Já o PMDB estrebucha, faz ameaças, insinua chantagens, mas é um balofo sem muitas prendas. Não tem para onde correr a não ser para o poder Federal. Dilma, não tem nenhum projeto inadiável no Congresso este ano para ser submetida ao "toma lá dá cá" que marcam essas votações. Para a administração do dia a dia, o Congresso é desnecessário para o Planalto.

Com quem ele está?

De um peemedebista independente, nem governista nem oposicionista, pouco chegado também ao fisiologismo de sua legenda : "A quem realmente serve Temer : ao governo do qual é vice ou ao partido do qual é presidente licenciado ? Não dá para tentar ter dois patrões o tempo inteiro, uma hora o telhado desmonta".

Férias prolongadas

A política volta à ativa. Mas a oposição tudo indica vai prolongar suas férias. De preferência no Exterior. No Brasil, só para brigar entre si.

Dilma, gerência e eficiência

Como saída do nada, começou a pipocar nos meios de comunicação, a partir da primeira reunião ministerial de Dilma, informações sobre as cobranças que a presidente está fazendo a seus auxiliares, as exigências de mais eficiência, reforçando a imagem de "gerentona intransigente" com que sempre foi apresentada aos brasileiros, intolerante com erros, desvios e malfeitos. De fato, há que pôr os auxiliares na linha, uma vez que na prática a imagem de que Dilma é de mandar e não aceitar falhas está ficando comprometida pelo mundo real. Algumas dessas falhas registradas nas últimas semanas :

1. Mais uma vez, no ano passado os investimentos em saneamento básico previstos não foram integralmente cumpridos.

2. O projeto mais vistoso do ex-presidente Lula, a transposição do Rio São Francisco, está tão atrasado a ponto de talvez não ser concluído nem até o fim deste mandado de Dilma, sem contar que vários trechos dados como concluídos precisam ser refeitos.

3. Para cumprir a promessa de inundar o país de creches até 2014 o governo precisará a partir de agora inaugurar cinco creches por dia nas cidades brasileiras.

4. Uma das "meninas dos olhos de Lula e Dilma", a parte de construção de moradias populares no programa Minha Casa, Minha Vida, sete em cada dez contratos não saem do papel como constatou reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo".

Aposte se quiser

Os dados ainda não estão contabilizados, mas o governo Federal investiu no ano passado cerca de R$ 43 bi. Este ano está prevendo gastar em investimentos quase o dobro - R$ 80 bi. E ainda fazer um superávit fiscal robusto, sem subterfúgios e sem prejudicar a política social.

Copa e Olimpíada: sinais exteriores de deterioração

É preciso que prédios tombem no centro da Cidade Maravilhosa para que apareçam, com certa discrição, análises que questionem os caminhos que estão sendo tomados relativamente à Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016. Falta liderança competente e honesta para tocar tantas obras e a supervisão política de onde estão indo os recursos públicos é, para dizer o mínimo, frouxa. Os problemas de infraestrutura são gigantescos nas principais sedes da Copa do Mundo e as soluções não parecem atacar problemas básicos de mobilidade urbana, rede hoteleira, disponibilidade de mão de obra educada, assistência médica e assim vai. Basta verificarmos como está a situação de aeroportos e o deslocamento destes para os centros das principais cidades. No Estado, em qualquer nível, são poucas as informações disponíveis e os interesses comerciais ao redor dos eventos contribuem para que não exista debate sobre o tema.

Rio+20 ilustra os problemas

A Conferência da ONU sobre sustentabilidade que ocorrerá no Rio de Janeiro em meados do ano trará um impacto significativo para a cidade, mas bastante inferior à Olimpíada e à Copa do Mundo. Pois bem : as autoridades estão com enormes problemas apenas para acomodar os participantes deste evento, inclusos aí os mais de 150 chefes de Estados que virão. Será que podemos ter tanta convicção que em poucos anos tudo irá mudar?

Câmbio, turismo, Copa e Olimpíada

Bem fez o presidente da Embratur, Flávio Dino, em levantar a questão do câmbio em entrevista à Folha de S.Paulo publicada ontem. O turismo é setor estratégico para o Brasil, mas falta organicidade às políticas públicas voltadas para o setor. Ademais, o fluxo turístico no Brasil está na direção do exterior: no ano passado os gastos de estrangeiros no país foram da ordem de US$ 7 bi e os brasileiros gastaram cerca de US$ 22 bi lá fora. O déficit de turismo de US$ 15 bi equivale às exportações do setor de soja. Dados do BC e do ministério do Desenvolvimento. Eis um evidente sinal de que temos um problema cambial a resolver. Se a situação permanecer como está é bem provável que os gigantescos investimentos em eventos esportivos não sejam remunerados. Alguém vai pagar a conta, não é mesmo?

O plano de voo da economia

Os leitores desta coluna não devem ter ficado surpreendidos com as revelações da última ata do Copom do BC que confirmam tudo que se negou oficialmente durante o ano passado inteiro : a meta principal do governo, com o amplo beneplácito do BC, é o crescimento do PIB (para Dilma, repita-se, ao ritmo de 5% no fim do ano) mesmo que ao custo de mais inflação. Dilma tem o ano para firmar sua própria popularidade, ainda dependente dos fluidos da boa economia do passado e tem pela frente o ano eleitoral que vai determinar os passos decisivos das sucessões estaduais e Federal de 2014. Esses planos não combinam com qualquer fato econômico negativo, especialmente na seara do emprego. O futuro? Ora, o futuro é outra coisa. Como ensina o conselheiro Acácio, hilariante personagem de Eça de Queiroz, o problema é que as consequências vêm sempre depois. E nos cálculos políticos, o depois nunca é medido. Depois, arranja-se.

O BC de Dilma

Apesar de certos analistas estarem boquiabertos com o fato de que Alexandre Tombini está alinhado com a política econômica da presidente Dilma, na realidade não há surpresas. Tombini faz o que promete o governo. A independência da política monetária nunca foi verdadeira no Brasil. No passado recente, na era FHC, o BC serviu juros elevados para bancar a política de câmbio fixo do governo e ajustar o balanço de pagamentos nas temporadas de crise. Agora, serve às ambições "desenvolvimentistas" do governo. O problema disso tudo é que se nas safras boas o BC contribui para o sucesso, nos momentos ruins o BC não é anteparo para que se chegue ao pior cenário. O tema sobre a independência da autoridade monetária está em pauta no mundo inteiro. Veja-se o caso do BC dos EUA e da Europa, ambos sob fogo cerrado de investidores e "formadores de opinião". O problema adicional que o Brasil tem é que a supervisão política sob o BC é absolutamente irrelevante. Quando o chefão do BC é forte, per se isto parece ao "mercado" uma "garantia". Quando é fraco como Tombini, o tal do "mercado" fica com a pulga atrás da orelha.

Juros de um dígito

É legítimo o debate, dentro e fora do governo, sobre a necessidade de juros básicos mais baixos. O erário não deve pagar juros altos e injustificados para os investidores em títulos públicos. Todavia, há limites para que isto ocorra. O principal é a inflação. No caso do Brasil, a inflação está ainda elevada e se a demanda mais forte vier é provável que ela não caia muito abaixo do nível de 6%. Este patamar impõe uma deterioração no poder de compra da moeda inaceitável no médio prazo. Portanto, o momento de transição atual, possivelmente de uma demanda cadente para algo mais elevado, é muito sensível para a política monetária. Se o governo forçar a mão, a inflação pode não cair e, até mesmo, subir. Outro ponto sensível : a taxa de câmbio da moeda brasileira é incompatível com exportações mais elevadas e com a atração de investimentos externos. Se a taxa de câmbio for desvalorizada a inflação vai sofrer dupla pressão de demanda e custos. Neste momento saberemos os custos da intervenção do governo sobre a autoridade do BC.

O lado "bom da inflação"

Cálculos publicados segunda-feira pelo "Valor Econômico", da lavra da própria Receita Federal, indicam que o fato da inflação no ano passado ter sido de 6,5% cravados, um pouco mais de 0,5% acima da de 2010, propiciou um aumento de R$ 50 bi na arrecadação de impostos da União em 2011. O que também pode explicar uma parte da "boa vontade" de certas autoridades com alguns pontinhos mais de inflação.

Para consumo dos mais crédulos

Jacta-se o ministério da Fazenda de ter alcançado com folga de R$ 1,7 bi a sua parcela do superávit primário em 2011, isto sobre a meta corrigida, que havia sido aumentada em mais R$ 10 bi em meados do segundo semestre do ano passado. A economia para pagar juros, de parte da União, teria sido de cerca de R$ 12 bi, uma garantia de que o compromisso de guardar R$ 139,8 bi em 2012 irá ser cumprido. Sucesso total da política de austeridade fiscal do ministro Guido Mantega, avalia-se oficialmente. Mas será mesmo ? Vamos aos fatos : além de parte da sobra ter sido garantida por um aumento de arrecadação de mais de 10% em 2011 na comparação com 2010 e com uma diminuição nos investimentos de também cerca de 10%, foram deixados R$ 24 bi de obras concluídas no ano passado e serviços já prestados para serem quitados este ano - os famosos restos a pagar. Ou seja, se o governo pagasse seus compromissos em dia, a promessa de superávit teria sido descumprida inteiramente.

Vai pra casa, Padilha!

Em Brasília, o ministro da Saúde é apresentado como um dos mais bem avaliados pelo dito exigentíssimo termômetro da "gerentona" Dilma. E não há mesmo semana em que Alexandre Padilha na apareça nos meios de comunicação anunciando algum programa e um providência de sua pasta ou de avental branco como um médico em plena ação visitando hospitais, unidades de saúde, postos de vacinação, a Cracolândia em São Paulo, locais onde, naturalmente por mera coincidência, encontrará a postos máquinas fotográficas, câmeras de televisão e microfones à espreita. No entanto, tal azáfama ainda não chegou ao grande público usuário dos serviços que Padilha comanda. O dever de casa do ministro parece não ter surtido efeito real. Recente pesquisa do DataFolha mostra que, apesar de ter encerrado o primeiro ano de governo com aprovação recorde de 59%, Dilma obteve um resultado negativo na pesquisa : aumentou em 11% o número de brasileiros que consideram a saúde como o principal problema do país. A comparação é entre o último ano da gestão Lula para o primeiro da governança Dilma.

(por Francisco Petros e José Marcio Mendonça)

domingo, 29 de janeiro de 2012

ALIANÇAS CRUZADAS

Eleição no Brasil deixou de ser aula de civismo para se transformar em luta encarniçada pelo poder. E a razão ultrapassa a observação de que a política substituiu o escopo aristotélico de missão a serviço do polis pela meta de servir de escada de ascensão pessoal. O fato é que o acervo da política se esgarçou na névoa do tempo.

Ademais, a economia é que dá hoje o rumo das coisas, trazendo a política para sua esfera e, por conseguinte, motivando os representantes do povo a usá-la como investimento. O bem-estar coletivo continua a enfeitar um discurso matizado por meia dúzia de conceitos, entre eles, a inserção das massas à mesa do consumo, o resgate de direitos individuais, a justa distribuição de renda e a maior aproximação entre as classes sociais, situações que incorporam padrões de vida consentâneos com a dignidade humana. Esse é o tônus ideológico da atualidade.

Por mais que a pletora de partidos brasileiros - quase 30 - se esforce para expressar especificidades, o sumo que se extrai do liquidificador partidário aponta para esse composto, mescla dos ideários da social-democracia e do liberalismo social. Siglas que defendem o socialismo nos moldes que antecederam a queda do Muro de Berlim o fazem mais por retórica que por convicção. Por aqui há forte dose de consenso sobre o que se pode chamar de sistema liberal-capitalista sob controle do Estado. Os admiradores do "capitalismo à moda chinesa", com intervenção rigorosa do Estado, não chegam a ameaçar.

Essa é a essência do nosso discurso político. Que não frequentará o palco eleitoral porque o eleitor não se motiva com abstrações. Portanto, veremos uma pregação mais adjetiva e menos substantiva, uma expressão menos ideológica e mais centrada em perfis. Os atores, claro, deverão fazer pontuações em certas áreas, ressaltando aspectos de programas, tentando colar o seu ideário às diretrizes que marcam o estágio de desenvolvimento do País. Mas é pouco provável vermos a federalização dos pleitos, a tentativa de puxar a força da administração federal para o palanque local. No tabuleiro municipal são mais adequadas as peças da micropolítica, coisas que dizem respeito ao cotidiano: transporte, educação, saúde, saneamento, moradia...

Nas capitais e nas grandes e médias cidades se pode até prever a abordagem mais generalista, amplificada pela tuba de ressonância de mídia mais poderosa. Se o País andar tranquilo até as margens eleitorais, ou seja, preservando o animus animandi dos contingentes periféricos, a partir de dinheiro no bolso, acesso ao consumo, colchões sociais, inflação controlada, etc., os candidatos patrocinados pelo rolo compressor governista poderão ser beneficiados. Massas carentes prezam o status quo e demonstram gratidão escolhendo candidatos com elas identificados. Há, porém, o outro lado: em Estados como São Paulo e Minas Gerais, que têm os dois maiores contingentes eleitorais do País e são governados por tucanos, os largos estratos médios tendem a ser mais críticos em relação ao governo federal. Com administrações bem avaliadas, esses governos estaduais poderão contrapor-se à onda situacionista que puxará as candidaturas da aliança federal.

Dito isto, convém arrematar: o pleito de outubro juntará grupos contrários e aproximará clássicos contendores. No palanque do blá-blá-blá assemelhado subirão candidatos de alianças exóticas jamais vistas por estas plagas. Traduzindo: o partido A apoia o governo federal, é contrário ao governo estadual, mas se unirá na eleição municipal ao partido B, que é contrário à administração federal; este partido B, em outros municípios, poderá trocar de samba do crioulo doido, fazendo parcerias com candidatos de outras siglas, algumas contra, outras a favor dos governos federal e estadual; já o partido C terá apetite para comer metade dessa salada mista, fechando com o A de um jeito, com o B de outro e até reciclando a mistura com o D, ao qual caberá inverter os papéis de acordo com suas conveniências. Em suma, o País verá uma campanha de conveniências. Os entes partidários farão extraordinário esforço para turbinar suas máquinas, preparando-as para a decolagem de 2014, que será emblemática: concessão de um ciclo de 16 anos de mando petista, retomada do poder pelos tucanos ou ascensão de um terceiro ator ao pódio

Vejamos as primeiras cenas. O PT abre um leque de articulações sob a batuta do maestro Lula, que se desdobra para atrair o maior número de aliados para a campanha de seu pupilo Fernando Haddad, em São Paulo. A retomada da capital paulista parece ser questão de honra (e esforço extraordinário) para o ex-presidente. A estratégia petista é ceder a cabeça de chapa aos candidatos favoritos de partidos parceiros, mantendo, contudo, a meta de fazer o mais gordo plantel de prefeitos (projeta 1.500) e alcançar a posição de maior ilha no arquipélago político.

Essa operação, todavia, não depende apenas de sua vontade. O PMDB, o aliado principal, não abdica da condição de maior partido brasileiro, o que lhe permitiria ser o fiador do situacionismo. Mas não descarta a hipótese de candidatura própria em 2014. Um olho no norte, outro no sul. O PSB, por sua vez, sonha alto e abre três alternativas: candidatura própria em 2014, continuação da aliança com o PT (reivindicando pedaço maior do bolo) e união com o PSDB de Aécio Neves. O governador Eduardo Campos (PE), que preside a sigla, já confessou o sonho de reunir o grupo pós-64 no comando do País. Ele e Aécio, juntos, liderariam essa estratégia. Já o PSDB alimenta o sonho de retomar o cetro, mas faltam-lhe discurso e bases populares. E o PSD de Gilberto Kassab, ao formar uma bancada expressiva na Câmara dos Deputados, deverá ser um núcleo de aglutinação de contrariados em outros grupamentos.

Uma coisa parece certa: os atores sairão do ensaio de outubro sem muitos aplausos das plateias. A política a cada dia perde vigor.

(Gaudêncio Torquato, no Estadão de hoje)

JARDIM DOS ANIMAIS - por WALDONYS