quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

O HOMEM E A MULHER

O homem é a mais elevada das criaturas. A mulher é o mais sublime dos ideais.

Deus fez para o homem um trono; para a mulher, um altar. O trono exalta; o altar santifica.

O homem é o cérebro; a mulher o coração. O cérebro produz luz; o coração, o amor. A luz fecunda; o amor ressuscita.

O homem é o gênio; a mulher o anjo. O gênio é imensurável; o anjo indefinível.

A aspiração do homem é a suprema glória; a aspiração da mulher, a virtude extrema. A glória traduz grandeza; a virtude traduz divindade.

O homem tem supremacia; a mulher, a preferência. A supremacia representa a força; a preferência o direito.

O homem é forte pela razão; a mulher é invencível pela lágrima. A razão convence; a lágrima comove.

O homem é capaz de todos os heroísmos; a mulher, de todos os martírios. O heroísmo enobrece; o martírio sublima.

O homem é o código; a mulher, o Evangelho. O código corrige, o Evangelho aperfeiçoa.

O homem é um templo; a mulher um sacrário. Ante o templo, nos descobrimos; ante o sacrário, ajoelhamo-nos.

O homem pensa; a mulher sonha. Pensar é ter cérebro; sonhar é ter na fronte uma auréola.

O homem é um oceano; a mulher, um lago. O oceano tem a pérola que o embeleza, o lago tem a poesia que o deslumbra.

O homem é a águia que voa; a mulher, o rouxinol que canta. Voar é dominar o espaço; cantar é conquistar a alma.

O homem tem um farol: a consciência; a mulher tem uma estrela: a esperança. O farol guia, a esperança salva.

Enfim, o homem está colocado onde termina a Terra; a mulher, onde começa o Céu.

* * *

(VITOR HUGO)

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

FELIZ DIA NOVO!

Todo ritual de passagem – e o conjunto de gestos e decodificações simbólicos na travessia de um ano para outro é exatamente isso – tem um forte apelo à transformação. É um mergulho nas águas batismais do Jordão. O incenso que exala do ciclo de alteração anual é um convite a um passeio pelos labirintos da memória e ao êxtase do sonho da projeção. Daí o mantra “Feliz Ano Novo!”.

Repisando o gramado do itinerário pessoal, fiquei relembrando algumas lições que solidifiquei ao longo dos últimos anos. Quero compartilhar três delas.

A primeira é a tradução daquele longevo ensinamento dos nossos ascendentes: “fazer o bem sem olhar a quem”. No que pertine a esse mandamento, somos sempre estimulados a distinguir quem é merecedor e quem não o é. Evite isso. Faça o bem sem olhar a quem. Faça o bem! E não espere atitudes de retorno ou gestos de gratidão de quem, naturalmente, deveria prestá-los. A vida nos surpreende. Quantas vezes, sem explicação plausível, recebemos recompensas incomensuráveis de pessoas que nenhum débito têm para conosco?! Quase sempre a bondade retorna para nós por vias desconhecidas, surpreendentes e inimagináveis!... Por isso, faça o bem sem olhar a quem!

A segunda: alimente esse vulcão indomável, essa cachoeira silenciosamente rumorosa, essa árvore singela de raízes colossais chamada fé. Descobriu-se que o átomo, a menor partícula de um elemento químico, é pura energia. O maior fenômeno da evolução tecnológica, a transmissão de dados por via digital, que aparentemente parece fruto de ímpeto materialista, só se concretiza porque as pessoas crêem. Crêem que, instantaneamente, imagens podem ser enviadas de um extremo para outro do planeta. Tudo é energia, inclusive nós. Ironicamente, é preciso se ter muita fé para não acreditar em Deus...

A terceira é: renove. Inove: renove-se continuamente. Alguns gênios do nosso cancioneiro conseguiram a façanha de revestir melodias bonitas com conteúdos de linho filosófico. São profetas da composição. Suas músicas se incorporaram às partituras de nossas almas. Gonzaguinha – oh! quão cedo se foi! - quedou-se imortalizado em pérolas compositivas carregadas de interrogação e exclamação. Em uma delas, O Que É, O Que É?, com a singeleza de um infante, traduziu esse espasmo mágico de quem ainda mantém acesa a brasa da infância: “Eu fico/ Com a pureza/ Da resposta das crianças/ É a vida, é bonita/ E é bonita.../ Viver!/ E não ter a vergonha/ De ser feliz/ Cantar e cantar e cantar/ A beleza de ser/ Um eterno aprendiz...”

Chico Buarque, no hino filosofal intitulado Todo o Sentimento, fala-nos do encantamento com o tempo da delicadeza. A delicadeza é encantadora. Dilata a mente, desobstrui artérias do corpo e da alma, cura feridas, revitaliza o ser. Eis o desafio para 2014: inaugurar o tempo da delicadeza! Tornar diário o mantra anual. Ao invés do voto de um ano novo, fazer a cada manhã os votos de um dia novo. Construir e desejar Feliz Dia Novo!

Júnior Bonfim