sábado, 17 de dezembro de 2011

NEM ÀS PAREDES CONFESSO



Não queiras gostar de mim
Sem que eu te peça
Nem me dês nada que ao fim
Eu não mereça

Vê se me deitas depois
Culpas no rosto
Isto é sincero
Porque não quero
Dar-te um desgosto

De quem eu gosto
Nem às paredes confesso
E até aposto
Que não gosto de ninguém

Podes sorrir
Podes mentir
Podes chorar também
De quem eu gosto
Nem às paredes confesso

Quem sabe se te esqueci
Ou se te quero
Quem sabe até se é por ti
Por quem eu espero

Se eu gosto ou não afinal
Isso é comigo
Mesmo que penses
Que me convences
Nada te digo

De quem eu gosto
Nem às paredes confesso
E até aposto
Que não gosto de ninguém

Podes sorrir
Podes mentir
Podes chorar também
De quem eu gosto
Nem às paredes confesso

Podes sorrir
Podes mentir
Podes chorar também
De quem eu gosto
Nem às paredes confesso

(Max/Ferrer Trindade/Artur Ribeiro)

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A POSSE DE DIDEUS SALES NA ABLC

A Academia Brasileira de Literatura de Cordel, estará recebendo sábado dia 17 de dezembro de 2011, às 16hs, o poeta e escritor Antonio Dideus Pereira Sales que tomará posse como o mais novo membro da ABLC.

Dideus Sales ocupará a cadeira de nº 33 que tem como patrono Rodolfo Coelho Cavalcante e já foi ocupada pela saudosa Wanda Brauer.

Dideus Sales dirige e edita a revista GENTE DE AÇÃO.

Pertence a União Brasileira de Escritores, UBE-SP; Casa do poeta Lampião de Gás – SP; União Brasileira de Trovadores UBT – RJ; Sindicato dos radialistas do Ceará; Associação Cearense de Jornalistas do Interior, ACEJI.

É membro fundador da Academia de Letras de Crateús cadeira, cadeira 22 que tem como patrono Gerardo Mello Mourão.

O que diz Gilmar de Carvalho, escritor e jornalista, sobre Dideus Sales:
“Dideus continua a cantar seu canto, a encantar seus leitores com suas rimas, sua métrica,
Sua melodia, que tem o lugar para colocar as sílabas tônicas e átonas, e seu universo, que é o público-alvo que almeja e que atinge com seu cantar de aboios, com sua viola imaginária, cruzando o arco da rabeca, falando dos temas eternos, como o amor, a morte, e a terra castigada pelo sol.”

Dideus no poema Auto-Retrato, inicia com os seguintes versos:

“Pra quem não gosto não faço
Visita de Cortesia,
Não sei fingir o sorriso
Quando não tenho alegria,
Nem há em meu coração
Lugar para hipocrisia.”

Dideus com sua rica bagagem cultural, com certeza, virá para acrescentar e enriquecer o nosso quadro acadêmico.


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(Dalinha Catunda)

QUEM ANIVERSARIA HOJE É TASSO JEREISSATI - UM POLÍTICO QUE MARCOU PROFUNDAMENTE O CEARÁ!

Esse pequeno documentário retrata os anos da Era Tasso Jereissati, período político-administrativo que transformou a história recente do Ceará. O vídeo relata as primeiras reuniões no CIC (Centro Industrial do Ceará), passando pela eleição de Tasso Ribeiro Jereissati como governador do Estado, em 15 de Novembro de 1986, seguindo pelos vinte anos seguintes. Tasso seria eleito por três vezes ao governo e ainda elegeria mais dois governadores, Ciro Gomes e Lúcio Alcântara. A eleição de 1986 foi o histórico divisor de águas para o surgimento do novo Ceará.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

ANTIGOS NATAIS


Dezembro chega e me faz

Lembrar os velhos natais

Vividos lá no sertão

Com meus irmãos e meus pais.

Nas terras alencarinas,

Vivi festas natalinas,

Que não esqueço jamais.

*

Um peru bem gordo tinha,

Pra véspera de Natal.

Na cozinha o movimento

Era fora do normal.

A galinha recheada,

Com farofa e costurada

Era um prato especial.

*

Uma árvore de garrancho,

Enfeitada com algodão.

Uma estrela prateada

Bem feita de papelão,

Coberta com purpurina

Na árvore nordestina

Enfeitava a ocasião.

*

O sapatinho me lembro

Não poderia faltar.

Debaixo de minha rede

Nunca deixei de botar,

Confesso que achava belo

O presentinho singelo

Que não deixei de ganhar.

*

E melhor do que os presentes

Era a nossa animação,

Porque na simplicidade

Que reinava no sertão,

Só em receber presente

A criançada contente

Mostrava satisfação.

*

Pros meninos caminhão,

Feito de lata e madeira.

Um pião feito de pau

Tudo comprado na feira.

E a bonequinha de pano

As meninas todo ano,

Ganhavam pra brincadeira.

*

Contudo o que mais recordo,

Daqueles natais que eu tinha

Era o presépio montado,

Que se chamava lapinha.

Ver o Jesus com seus pais

Cercado por animais,

Encantava esta Dalinha.

(Dalinha Catunda)

CONJUNTURA NACIONAL

A água tá se acabando

Da verve do grande intérprete da alma brasileira, Leonardo Mota, pinço a historinha.

Botão de rosa entreaberto, "menina e moça", Chiquinha era nas redondezas serranas de Campo Grande a mais linda promessa de mulher bonita, a mais perigosa ameaça para os corações adolescentes dos que se faziam homens. Seu pai, o velho Galdino Silva, antevia os cuidados que a filha lhe havia de dar às vezes, quando a sós com a esposa, dizia:

- Biluca, minha velha, se prepare que nós temos de amargar com a Chiquinha... Essa menina, essa menina!

A mãe, envaidecida, achava era graça em tais apreensões. Noite de São João, houve um arrasta-pé na casa de Galdino. As danças iam muito animadas, quando Chiquinha sentiu súbita indisposição: dois ou três cálices de licor de tangerina lhe tinham subido à cabeça. Desculpando-se de não poder dançar aquela "figurada", ela tratou de ir repousar um pouco. No quarto, cuja porta aberta dava para o corredor que levava à sala de jantar, estirou-se a fio comprido numa rede. Mas, naquele estado de torpor, e quase inconsciência, não cuidou de ajeitar as saias curtas, resultando disso ficar meio desnuda. Um rapaz viu-a assim e saiu bisbilhoteiramente a avisar os companheiros. Daí a pouco, sob o pretexto da procura de água na sala de jantar, havia intenso trânsito no corredor... O velho Galdino observou a coisa e acabou descobrindo a razão de tanta sede. Mas, não deu nenhum escândalo. Chamou a mulher e ordenou-lhe calmamente:

- Biluca, vá dizer a Chiquinha que se deite direito; a rapaziada acaba secando todos os potes.

Dilma, primeiro ano

O primeiro ano do governo Dilma certamente será avaliado sob abordagens as mais diversas. A maior parte das análises deve destacar o controle dos eixos macroeconômicos e a relativa tranquilidade no ambiente econômico. Não significa, porém, aplausos entusiasmados dos setores produtivos. Há fortes críticas de segmentos industriais que apontam para a estagnação da economia no último trimestre do ano, para a desaceleração da indústria e a inação na frente das reformas. O governo chega ao final do ano com uma taxa de juros um pouquinho mais alta do que a que se registrava no início do ano. O baixo desempenho do Brasil este ano - crescimento do PIB em torno de 3% - só é comparável ao da Índia. As metas não foram plenamente alcançadas. Para o próximo ano, a expectativa é de crescimento de 5%, prevendo-se crescimento de 4% já no primeiro trimestre de 2012.

Gestão e controles

O estilo Dilma difere muito do modo Lula de governar. A presidente veste o figurino técnico, com o qual procura expressar a identidade do governo. Esta identidade reveste-se de alguns valores, dentre os quais sobressaem os controles de metas, a eficácia da estrutura governamental, as cobranças constantes aos ministros, não raro resvalando pelo terreno da rispidez. Economista, Dilma começa seu dia no Palácio da Alvorada, lendo, em um iPad, as principais publicações estrangeiras especializadas em economia. Sonha em realizar a convergência entre as taxas de juros brasileiras e as internacionais. Argumenta que, após 17 anos de estabilização, chegou o momento de avançar na normalização financeira do país.

Autoridade

A presidente inclina-se por um uso rígido do conceito de autoridade, fato observável quando despreza certas declarações e posições de subordinados. Exemplo disso teria sido o torpedo usado contra o presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrielli, com um comentário considerado impróprio. Dilma teria retrucado nesses termos: "primeiro, ele deve achar 53 milhões de votos, depois ele pode vir aqui e achar o que quiser".

Defasagem

O Programa de Aceleração do Crescimento derrapou na pista, não tendo alcançado as metas projetadas. O programa Minha Casa Minha Vida, um dos carros-chefes da campanha eleitoral de Dilma, é exemplo. Dos 12,7 bilhões de reais reservados para ele no Orçamento de 2011, apenas 0,05% (6,8 milhões de reais) foram desembolsados até agora. Ao mesmo tempo, foram quitados 5,6 bilhões de reais em restos a pagar do programa. Qual a explicação para essa defasagem ? Necessidade de conter a inflação é uma das causas apontadas para a baixa execução do PAC e outros investimentos do governo.

Fechar as contas públicas

Tem mais: a contenção dos gastos ocorre também pela opção de fechar as contas públicas com saldo positivo este ano, uma medida de prudência diante da crise. O mesmo ocorreu com uma obra-símbolo do governo Lula, a transposição do São Francisco. Registra atrasos em alguns trechos. Rachaduras no concreto denunciam a paralisação de uma das obras mais alardeadas do governo Lula. O custo previsto do conjunto de obras em 2010 era de R$ 5,04 bilhões, mas em agosto o ministério anunciou que o processo ficaria 36% mais caro, saltando para R$ 6,85 bilhões. Problemas gerenciais nos ministérios se acumulam. A pasta dos Transportes, responsável pelo segundo maior Orçamento do PAC, passou meses mergulhado em crise. E outras pastas não tiveram autorização para gastar o que está no Orçamento.

A política no rolo compressor

O governo Dilma saiu-se muito bem na frente política. Montou-se formidável rolo compressor. Cerca de 350 parlamentares integram a base governista. E as matérias de interesse central do governo foram aprovadas com relativa facilidade, como a DRU. O Código Florestal, apesar do caráter polêmico, acabou incorporando emendas de interesse do Executivo. Em muitas oportunidades, a presidente teve de se valer da experiência e habilidade do vice-presidente Michel Temer.

Fazendo faxina?

O termo faxina foi usado para definir o estilo Dilma. Ora, a troca de nomes no Ministério se deu em função das pesadas críticas e denúncias feitas por alguns veículos de comunicação. A presidente, em todos os episódios, deu um tempo para que o ministro implicado fornecesse as explicações necessárias. Com a planilha das respostas, a presidente passou a fazer a sua avaliação e a sugerir as saídas dos ministros, evitando a demissão sumária. Seis ministros caíram sob o tiroteio midiático. O sétimo, Fernando Pimentel, ganha um diferencial pelo fato do apoio explícito da presidente, de quem é amigo desde os tempos da ditadura, quando se conheceram e militaram juntos. Apesar de ter incorporado o conceito de faxina - no sentido de depuração ética, assepsia - a série de substituições ministeriais deixa a imagem do governo bastante arranhada. O governo, afinal, tem responsabilidade sobre todos eles.

Receita de crise?

O Brasil enfrentou a crise de 2008 com políticas de acesso ao crédito e fomento ao consumo. Há quem defenda a ideia de que essa abordagem não convém, agora. Alega-se que os estímulos ao consumo fariam efeito menor que em 2010, porque a população está sendo suprida por muitos produtos importados em detrimento da produção industrial. E há, até, economistas que só apostam em crescimento de 3% ou um pouco mais (e não 5%) em 2012 caso o país lance mão de diversos instrumentos de estimulo à economia. Eis algumas : ampliação dos depósitos compulsórios, fortalecimento dos bancos e agências públicas de fomento e novas rodadas de redução de juros pelo BC e investimentos mais pesados em infraestrutura. Deixo a polêmica com os economistas.

Câmbio e juros

O governo trabalha com um dólar entre R$ 1,70 e R$ 1,80 em 2012 e um juro real (descontado o IPCA) menor que 4% em 2014. A taxa pode atingir 2,8%, segundo a Austin Rating. Se a projeção se confirmar, terá alcançado a meta da presidente Dilma de ter juros entre 2% e 3%. Pano de fundo : os juros pagos pelas famílias chegaram a 150 bilhões de reais no primeiro semestre de 2011. Os juros pagos pelas famílias refletem a taxa Selic estipulada pelo governo. A propósito, a FIESP acaba de instalar o jurômetro, sistema que permite acompanhar a escalada dos juros no Brasil e o que eles representam em muitas frentes da sociedade.

Quatro ou três cortes

O economista chefe do Itaú BBA, Ilan Goldfajn, aposta em quatro cortes na Selic em 2012, chegando a 9%, o que resultará em taxa real entre 3% e 4% (perto da estimativa da Austin), já que a expectativa de IPCA em 2012 é de 5,2%. "Toda vez que a taxa real se aproxima de 4% a atividade econômica acelera", diz ele. Goldfajn espera um primeiro semestre mais fraco, mas com aceleração no segundo. Já Gustavo Loyola, ex-presidente do BC, vê Selic a 9,5% em 2012, com três quedas. "Se o ambiente externo se agravar pode ir a 8,5%," avalia.

Pré-candidatos paulistanos

A pesquisa Datafolha mostrou a primeira tomada de posição dos eleitores paulistanos com os nomes que frequentam a planilha de pré-candidatos. Serra é o tucano com melhor pontuação, 18%. Mas tem a maior rejeição, 35%. Bruno Covas, com 6%, está mais adiante que Zé Aníbal, com 3%. Andrea Matarazzo e Ricardo Trípoli, com 2%. Celso Russomanno aparece bem com 20%, Netinho de Paula, com 15%, Paulinho da Força com 9% e Soninha, com 11%. Mas esses traduzem o recall da última campanha. Não é razoável apostar em Russomanno, por exemplo. Gabriel Chalita, do PMDB, passou de 3% para 6%. E Fernando Haddad, ministro da Educação, exibe 4%. Mas poderá subir sob o empuxo do carismático Lula. Guilherme Afif aparece com 3%, mas é um perfil que poderia crescer bem, caso seja candidato. É bom de expressão televisiva.

João Doria

O governador Geraldo Alckmin, por sua vez, guarda a sete chaves pesquisa que também encomendou sobre a avaliação dos pré-candidatos tucanos. Inseriu o nome de João Doria, a quem motiva ingressar na política. Até por curiosidade, João topou entrar na lista. E hoje à noite, tomará conhecimento dos resultados.

E Kassab, hein?

O prefeito Gilberto Kassab é constantemente dado como morto na política. Depois que alguns colunistas fazem festas em seu velório, eis que ele ressuscita e reaparece em cena com toda a força. Tem sido assim em sua trajetória. Criou um partido que tem, hoje, 56 deputados. Começou sua campanha para prefeito com 4% e venceu as eleições. Este colunista considera o prefeito de São Paulo um dos mais hábeis articuladores do país. A conferir em 2012.

Prévias ou trevas?

Os tucanos vivem novos tempos. O PSDB não dispõe de nomes de peso para a prefeitura de São Paulo. Por isso, decidiu fazer prévias. A base tucana parece eufórica, o nome será decidido nas urnas e não mais pelos caciques que antes, em reuniões muito fechadas, decidiam o candidato a ser "ungido" pela sigla. Hoje, há uma pergunta no ar: se o Serra decidir ser candidato, participará das prévias ou simplesmente os outros declinarão? E se o ex-governador se dispuser ao sacrifício, os outros entrarão em trevas, cruzando os braços?

Fundo dos servidores

A reforma da Previdência, sob o comando do ministro Garibaldi Alves Filho, toma corpo com a aprovação do Fundo de Previdência complementar dos servidores públicos. Hoje, deve passar pela Câmara. No Senado, apenas no início do próximo ano. No novo modelo, os servidores teriam uma aposentadoria complementar garantida até o teto de R$ 3.691,00. O Fundo, que absorveria os servidores concursados, corrigiria, ao longo do tempo, as injustiças e disparidades hoje existentes entre os aposentados dos sistemas privado e público.

Conta não fecha

A conta não fecha. Em 2011, com quase 30 milhões de aposentados, o déficit da iniciativa privada será de R$ 35,5 bilhões, enquanto o rombo provocado pelos 960 mil aposentados do serviço público Federal vai ser de R$ 57 bilhões. São necessários, hoje, quatro servidores na ativa para bancar um aposentado, mas a proporção é de 1 para 1. Daí o déficit que vem crescendo 10% ao ano. O Fundo é a chave da solução. O projeto está há 4 anos no Congresso e atingirá futuros servidores públicos Federais. Para o Fundo, o servidor pode contribuir com quanto quiser e a União, até o limite de 7,5%. Os deputados querem 8,5%.

Partícula de Deus

A ciência está prestes a fazer a maior descoberta dos últimos 100 anos: comprovar a existência da partícula de Deus, o bóson de Higgs, que garante massa a todas as demais partículas e é considerada ponto central para a explicação do Universo. Há 93% de chances de que a partícula foi achada. Por que Higgs? Nos anos 60, Peter Higgs desenvolveu uma teoria para tentar explicar o vácuo na ciência que tentava entender os átomos. Sua partícula hipotética (o bóson de Higgs) jamais foi encontrada. A ser confirmada sua existência, abrirá o caminho para detalhar o funcionamento de átomos e até mesmo de como o Universo funciona. Provocará enorme impacto nas religiões e credos. Mas não se acredita que fenecerá a crença em Deus.

Canos furados

Perilo Teixeira, chefe político de Itapipocas, foi ao governador Faustino de Albuquerque pedir para instalar o serviço de água da cidade.

- Mas não há verba.

- Não quero verba, governador. Quero que o senhor me autorize a levar para Itapipocas uns canos furados que estão ao lado da prefeitura de Fortaleza.

- Se estão furados, leve.

Levou e fez o serviço de água. Na semana seguinte, veio o escândalo. Os canos eram para o serviço de água de Fortaleza e tinham sido adquiridos com muita dificuldade pela prefeitura. Faustino Albuquerque mandou chamar Perilo Teixeira:

- Que papel, heim! O senhor me enganou. Disse que os canos eram furados, eu dei, e depois fico sabendo que os canos eram novinhos, para a água aqui de Fortaleza. O senhor mentiu, coronel.

- Menti como, governador? O senhor já viu cano que não seja furado?

Da verve do amigo Sebastião Nery

Conselho aos deputados

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos pré-candidatos. Hoje, sua atenção se volta aos deputados:

1. Analisem e aprovem o projeto que cria o Fundo de Previdência dos Servidores Públicos. O Brasil precisa fazer a Reforma da Previdência. Que começa por uma grande ideia que visa a tapar os buracos do sistema previdenciário.

2. Senhores parlamentares da oposição : nesse momento, urge olhar para os interesses mais altos e nobres da Nação. Vejam, com esse olhar, o Fundo de Previdência dos Servidores Públicos.

3. Claro, se emendas se fizerem necessárias para aperfeiçoar o Projeto, devem ser encaminhadas e defendidas com vigor. E o Executivo, por sua vez, deverá compreender e aceitar emendas lastreadas pelo bom senso.

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(Gaudêncio Torquato)

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

por Francisco Petros e José Marcio Mendonça

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Terça-feira, 13 de dezembro de 2011 - nº 181

Da crise aguda à crise crônica I

Não existe nada mais terrível em economia que a crise cambial somada à de crédito. Eis uma combinação demoníaca. As crises cambiais normalmente são agudas e, após certo tempo, tem um desfecho evidente : ou cessam ou provocam o colapso de um modelo. O Brasil cessou sua mais recente crise cambial no governo FHC quando saiu da taxa fixa. Por sua vez, a Argentina entrou em colapso quando extinguiu o seu currency board latino-americano. Eis dois exemplos ilustrativos. Os europeus estão fazendo suas escolhas nestes últimos meses. Neste último fim de semana decidiram ampliar o papel do Banco Central Europeu (BCE) provendo-lhe o papel de "emprestador de última instância". O que isto significa ? Expandir a liquidez e o crédito quando o setor privado não o faz. A despeito da análise de uma enorme parcela da mídia local e internacional, este passo foi relevante. Retirou os europeus do imobilismo, sobretudo a Alemanha e sua líder, as marcas registradas da incompetência para lidar com crises como a atual.

Da crise aguda à crise crônica II

De outro lado, é preciso reconhecer que a possibilidade concreta de que não haja no Velho Continente um colapso de crédito e da moeda, não implicará uma mudança substancial no quadro recessivo de lá. Por duas razões básicas : (i) a "operação" estruturada pela França e Alemanha que resultou num papel mais ativo do BCE do ponto de vista monetário (que permite a assistência de liquidez) prevê uma contenção fiscal de curto, médio e longo prazo. Em outras palavras, o que a dupla Merkel-Sarkozy fez foi pagar o papagaio dos países endividados no banco e depois pedir para que eles vendessem suas roupas para pagá-los. Retiraram demanda futura em troca de recursos no curto prazo. Basta dar uma espiada nos números de emprego do continente para verificar que o pedido franco-alemão vai estimular a recessão e não a atividade econômica. De outro lado, (ii) a dinâmica política da Europa continuará confusa, pois os países em recessão vão se tornar mais instáveis politicamente. Em alguma hora, os "burocratas" que estão instalados em Roma, Madri e Atenas hão de ser contestados pelas hordas de desempregados que rodeiam os parlamentos.

Da crise aguda à crise crônica III

Considerando que o pior já passou em termos de liquidez e que a recessão vai continuar, talvez por muito tempo, forma-se um cenário cheio de paradoxos, no qual haverá um certo otimismo no curto prazo, onde haverá recuperação do valor dos ativos reais e financeiros, das ações aos títulos de crédito privados e públicos, e no médio prazo a velha Europa vai ficar cambaleando em termos de consistência da atividade econômica. Para o Brasil e o mundo, este cenário será mais razoável que o atual e, ao mesmo tempo, não permitirá que a expansão seja muito elevada. Será modesta e consistente com a modéstia das soluções políticas da crise. Assim sendo, 2012 será, a nosso ver, um ano bem melhor que este que se finda, mas será muito distante a mínima ideia da abundância que prevaleceu entre meados dos anos 90 e o final de 2007. Sejamos, portanto, otimistas, mas limitados pela realidade do poder fático da recessão que há de continuar contaminando os negócios e as sociedades dos países centrais e periféricos.

EUA : a demanda mostra-se crescente

Os americanos continuam amargurados, especialmente os mais pobres (que são muitos) daquele império. Todavia, a leitura "técnica" dos números de consumo do país permite que se fale em uma emergente recuperação. A massa salarial mostra-se estabilizada, ou melhor, levemente crescente, as vendas de carros crescem com certa consistência, o consumo de energia está se elevando, as vendas de bens básicos e de não-duráveis cresceu bem (uma surpresa !) e a demanda de crédito melhorou muito. Não à toa, os lucros corporativos estão em bons patamares e as ações estão mais demandadas pelos investidores. A decisão do Fed e do Governo de permitir que a inflação suba é sábia. É deste processo que nasce a recuperação, no melhor estilo de Keynes. É lógico que processos como este geram desequilíbrios, mas governar é uma tarefa que exige escolhas e, no caso, a escolha foi correta : o maior risco é a deflação e o desemprego e é preciso cuidar disso primeiramente. Depois, calçado em suporte político originado das urnas do ano que vem, a sociedade vai demandar novas soluções. Resultado : do nosso ponto de vista os EUA entraram num ciclo positivo, mesmo que inicial, e o melhor sinal de que isso deve ser verdade é que as ações estão em alta e assim deverão permanecer por um bom tempo. Quem viver (ou comprar), verá (ou lucrará).

Brasil : cenário estranho, não é mesmo ?

A estagnação do PIB no terceiro trimestre não é, como disse o ministro da Fazenda Guido Mantega, uma "surpresa". As restrições do crédito, a alta dos juros básicos no final de 2010 e, obviamente, a crise externa, foram fatores de monta para reduzir o consumo por estes lados. Quanto ao investimento, este mantém-se modesto, por razões estruturais, para não dizer "históricas". Neste contexto, a ação do governo ao expandir o crédito (de novo) e reduzir os juros básicos faz todo o sentido. Todavia, convenhamos que a inflação está elevada (6,5%) e a indexação (sim ela existe !) ainda há de mantê-la incômoda em 2012, além de outros fatores sazonais (preços dos serviços, educação e alimentos). Este cenário, portanto, poderia ser simplificadamente denominado de "estagflação". Isto ocorre pelas razões que elencamos logo acima, mas também pela incapacidade da atual administração de estruturar um plano de gestão de investimentos que mova a demanda para cima, sem que se force muito o consumo para o alto. Assim, a inflação poderia ficar contida pela modesta demanda por bens de consumo e a atividade ganharia força por meio dos investimentos em infraestrutura e aumento de produção, com efeitos positivos sobre a produtividade do país. O que não registramos, porém, é uma dinâmica governamental que crie as condições para isso. Em outras palavras : falta consistência na administração da economia e liderança política para criar fatos e gerar expectativas positivas.

Dilma : ministérios, mistérios e ação I

Quando disse que a parada da economia brasileira no terceiro trimestre foi um "serviço" brasileiro, para justificar o argumento de que "nos fizemos e agora podemos" desfazer, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, esqueceu o essencial : o BC desaqueceu a economia até levá-la ao ponto zero, para segurar a inflação, que vinha aquecida pela festa fiscal eleitoral de 2010. Também contribuiu para esse esfriamento o enxugamento dos gastos que Mantega, contrariando seus naturais pendores - e também o de Dilma no passado - passou a promover este ano. Agora, que a dose pareceu excessiva, corre-se para combater o prejuízo. Mas com o agravante de a inflação ter voltado a incomodar. A dúvida é : o governo está com armas totalmente afiadas entre o BC e o ministério da Fazenda ?

Dilma : ministérios, mistérios e ação II

Um dos pontos nevrálgicos desta questão continua sendo a disciplina fiscal do setor público, necessária para que o BC possa cortar os juros e as amarras ao crédito sem medo da persistência da inflação. Pelos dados disponíveis, o propósito - um superávit fiscal de 3,1% do PIB será alcançado. Sem necessidade das mágicas de 2010 que acabaram ajudando a empurrar a inflação de 2011 para perto dos 6,5% do limite superior da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. Porém, como havia sido apontado aqui neste espaço em outras ocasiões, este superávit, se não teve mágicas, está sendo alcançado de uma forma, digamos, não muito religiosa. Vem especialmente de um crescimento de cerca de 12% reais da arrecadação tributária e de uma substancial redução dos investimentos. Até novembro, os investimentos Federais caíram R$ 16,5 bilhões até novembro em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo levantamento do site "Contas Abertas" as inversões Federais caíram em todos os níveis, enquanto as despesas de pessoal e de custeio subiram em termos em relação a 2010. Para reativar a economia até chegar em 2012 a um crescimento próximo de 5%, o governo terá de inverter esse mix de sua política fiscal. Há condições para tal ?

Dilma : ministérios, mistérios e ações III

É nesse ponto que entram as conversas, agora mais em surdina em Brasília, também aqui comentadas, de que a presidente Dilma pretende ir em janeiro um pouco além de uma simples reforma ministerial. Daria um pontapé numa reforma administrativa para reduzir paulatinamente o custo da máquina Federal e liberar recursos para investimentos. Faria parte dessa política as pressões sobre o Congresso para votar um Orçamento - até o dia 22, mais apertado em gastos supérfluos e sem aumentos salariais para servidores públicos nem correção das aposentadorias para quem recebe do INSS acima do salário mínimo. Surgem então novas dúvidas, a seguir.

Dilma : ministérios, mistérios e ação IV

Em ano eleitoral, com uma base ávida e pantagruélica, com seu próprio partido com projetos de expansão nas urnas, parece difícil que a presidente, sem pôr em risco o que aqui se chama falsamente de governabilidade, consiga promover um enxugamento real da máquina que deixe sobras substanciais para aumentar os investimentos do governo. Por isso mesmo, depois de ter alimentado a mídia de informações sobre diminuição do número de ministérios e que tais, os porta-vozes oficiais fecharam-se, tudo começou a virar um mistério. A cada informação nesse sentido, os aliados entravam em pânico e abriam suas panelas de pressão. Há indicações seguras de que até Lula entrou em campo e não foi para incentivar a limpeza.

Dilma : ministérios, mistérios e ação - V

Outro empecilho ao crescimento dos investimentos (tido por bons observadores como responsável também pelo fraco desempenho dos gastos oficiais deste ano) está nomodus operandi do governo sob Dilma. Centralizadora, detalhista, de temperamento irascível quando algo não está exatamente como ela quer que esteja, a presidente, diz um observador privilegiado, inibe seus auxiliares. Não há quem se atreva levar para ela propostas mais audaciosas, toca-se, mesmo assim com muito cuidado, o burocrático, o que é sabido e acertado. Os temas - e as opções de gastos - só entram na agenda governamental depois que passam no radar da presidente. Por isso, os planos demoram, os investimentos param e quando os projetos surgem, saem capengas porque são analisados na correria. Esta semana mesmo teremos uma amostra disso : até depois de amanhã, o governo deveria apresentar os detalhes de uma mal chamada "política automotiva", anunciada há mais de três meses quando foi aumentado o IPI dos carros importados. Não sairá mais nesta data. Ou muda Dilma ou fica a economia com uma perna capenga ?

Os oferecidos

Do Padre Antonio Vieira no "Sermão da terceira dominga do Advento" :

"... em todo o reino bem governado não devem os homens pretender os ofícios, senão os ofícios pretender os homens".

Na sua reforma Dilma quase só se depara com multidões de oferecidos.

Pergunta econômica

Permitirá o governo que a taxa de câmbio se valorize novamente com o objetivo de controlar a inflação alta ? É difícil responder a esta pergunta, mesmo porque a formação da taxa cambial é endógena (feita pelo mercado), e muito dependente dos preços externos das commodities e da taxa de juros interna comparada a externa (que é negativa em termos reais, descontando-se a inflação internacional). Há que se notar que, independente de como o governo agirá no curto prazo, a taxa de câmbio atual é estruturalmente insuficiente para viabilizar a competitividade industrial do país. A taxa de câmbio é desindustrializante. Não há produtividade possível que possa generalizadamente ser praticada na economia brasileira, que nos torne um player industrial competitivo frente aos nossos pares, ditos "emergentes", e os países industrializados. A discussão é grande sobre o tema, mas quem está ganhando o jogo é quem mantém a taxa de câmbio desvalorizada. São os casos da China e da Índia.

Radar NA REAL

9/12/11 TENDÊNCIA
SEGMENTOCotaçãoCurto prazoMédio Prazo
Juros ¹
- Pré-fixadosNAbaixabaixa
- Pós-FixadosNAbaixabaixa
Câmbio ²
- EURO1,3241estávelalta
- REAL1,8205baixaestável/baixa
Mercado Acionário
- Ibovespa58.236,46estável/altaestável
- S&P 5001.255,19estável/altaalta
- NASDAQ2.646,85estável/altaalta

(1) Títulos públicos e privados com prazo de vencimento de 1 ano (em reais).
(2) Em relação ao dólar norte-americano
NA - Não aplicável

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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

LOUVAÇÃO A CRATEÚS



O lugar, cujo sol ilumina o ano inteiro

E o rio Poty banha toda sua extensão

É para todos nós o terreno primeiro,

Pois nascemos no cerne de seu coração


Em casas, na Policlínica ou no Hospital Geral,

Revelamos o nosso rosto à Princesa do Oeste

Que, há tempos, fora Vila Príncipe Imperial

E, atualmente, é Crateús, Ceará, Nordeste.


Já vimos o tempo decorrer na Coluna da Hora

E a Coluna Prestes lembrar a passagem dos Revoltosos

Agora, que cem anos de fundação se comemora,

Guardamos lembranças de seus momentos gloriosos.


Quantos heróis anônimos venceram em suas estradas!

Quantas bênçãos desceram sobre os seus rincões!

Quantos amigos se reuniram em suas calçadas!

Quanta beleza na tolerância de várias religiões!


Somos filhos da teimosia do sertão

E fazemos festa, até na dificuldade,

Nas Praças da Matriz e da Estação

Ou no Caça e Pesca, palcos da cidade.


Produzimos artistas em nossas escolas;

Há quem fique e quem nos leve na bagagem,

Por muitos campos, rolaram nossas bolas;

Por muitas páginas, gravaram nossa imagem.


Na política, além de sermos ferrenhos eleitores,

Já fomos representados nos cenários nacionais;

Na música, temos excelentes compositores

E, na literatura, uma bela casa de imortais.


Amo o berço que meus pais me embalaram

Como sendo a terra que me ofertou o Criador;

Este árido solo em que minhas raízes fincaram

Tem para minha vida um inestimável valor.


(Silvia Melo)