sábado, 11 de maio de 2013

MÃE



"A PALAVRA MAIS SUAVE QUE
OS LÁBIOS HUMANOS PODEM
PRONUNCIAR É A PALAVRA MÃE.

E A MAIS BELA INVOCAÇÃO É:
MAMÃE!

UMA PALAVRA
AO MESMO TEMPO PEQUENA E
IMENSA, CHEIA DE ESPERANÇA,
DE AMOR E DE TERNURA.

A MÃE É TUDO NESTA VIDA:
O CONSOLO NA AFLIÇÃO,
A LUZ NA DESESPERANÇA,
A FORÇA NA DERROTA.

É A FONTE DA PIEDADE,
DA COMPAIXÃO E DO AFETO.

QUEM PERDE SUA MÃE,
PERDE UM PEITO ONDE RECLINAR A CABEÇA,
E UMA MÃO QUE O ABENÇOA
E UM OLHO QUE O PROTEGE."

(KHALIL GIBRAN)

sexta-feira, 10 de maio de 2013

ÁGUA - DICAS IMPORTANTES



Cerca de 90% dos ataques de coração ocorre de manhã cedo e podem ser minimizados se tomarmos um ou dois copos de água (NÃO bebida alcoólica ou cerveja) antes do repouso da noite.

Eu sabia que a água é importante, mas nunca soube sobre as horas especiais para bebê-la.

Bebendo água na hora correta, maximizas a sua efetividade no corpo humano:

- 1 copo de água depois de acordar - ajuda a ativar os órgãos internos.

- 1 copo de água 30 minutos antes de uma refeição - ajuda a digestão.

- 1 copo de água antes de tomar um banho - ajuda a baixar a pressão sanguínea.

- 1 copo de água antes de ir para a cama - evita um derrame cerebral ou
ataque de coração.

Por favor, passa isto para as pessoas com as quais te preocupas...

(Enviado por Helena Romcy)

quarta-feira, 8 de maio de 2013

CONJUNTURA NACIONAL

Chapa e perereca

Abro a coluna com mais um "causo" narrado pelo potiguar Carlos Santos em Só Rindo, um de seus livros.

A campanha rola e o velho costume do assistencialismo é posto em prática. Entre outras ferramentas, a doação de "pererecas", ou seja, próteses dentárias, não perde o seu "charme". Um ancião, banguelo, assediado para trocar o seu voto por uma perereca, resolve fazer o negócio. No dia da eleição ainda com uso de chapa impressa, ele aparece para votar, com a perereca no bolso. Vota e vai saindo com a cédula na mão, quando alguém da mesa receptora lhe avisa: "Ei, o senhor tem que deixar a chapa aqui", apontando para a urna. Pensando tratar-se da perereca, o velhinho a retira do bolso e desabafa:

- Eu sabia que isso tinha enrolada!

Equação BO+BA+CO+CA

As interrogações se multiplicam na esfera político-eleitoral? O que ocorrerá em 2014? Quem tem mais chances? A campanha terá um segundo turno? Dilma segurará no mesmo território os partidos que hoje lhe dão sustentação? Diante das nuvens cinzentas, este consultor, mais uma vez, tira o espanador do baú na tentativa de aclarar um pouco os horizontes. Este exercício começa com a equação que dá o título à nota: bolso (BO) com grana significa geladeira cheia; que gera barriga (BA) satisfeita; o coração (CO) fica comovido e agradecido e, dessa forma, a cabeça (CA) acaba decidindo recompensar os autores da façanha (bolsas e bolsos supridos) com o voto. Pano de fundo dessa equação: economia estável, inflação sob controle e baixa taxa de desemprego. A biruta aponta: Dilma, franca favorita.

Equação IA+DM+VE+IS

Vamos ao segundo cenário. Nesse caso, os horizontes espanados deixam ver a inflação muito alta (IA); o desemprego em massa (DM, estourando a boca do balão; a violência extremada (VE), com expansão de latrocínios e assassinatos e, por consequência, a insegurança social (IS) formando ambientes de medo e indignação. Esse panorama favorece os candidatos oposicionistas, particularmente aqueles que se identificarem com a moldura de mudanças. A biruta aponta para uma batalha de segundo turno, entre a candidata Dilma e um opositor - Aécio Neves ou Eduardo Campos.

Pibinho e inflação a 5%?

Mas há um cenário intermediário. E se o Brasil continuar registrando um baixo crescimento e a inflação continuar no patamar entre 5% a 6%? Esse quadro favorece a situação ou a oposição? Resposta: quem leva a melhor é a situação. Pois o Pibinho não chega às margens sob uma moldura de economia estável, mesmo sob baixo crescimento. As Bolsas do governo e as compensações oferecidas a setores produtivos conseguirão empurrar com a barriga as questões centrais. E a inflação nas taxas acima descritas continuará a ser suportada pelo consumo. Significa que este cenário ainda é bastante favorável à reeleição da presidente Dilma.

Segundo turno

O segundo turno vai depender do número de candidatos. Com dois grandes candidatos apenas, e sob um cenário de estabilidade, o quadro favorece Dilma Rousseff. O eleitorado esbarrará na dúvida: se a situação é estável por que mudar? A tendência é de apertar a tecla do status quo. Com quatro candidatos, a possibilidade de um segundo turno é bem maior. Quem seriam os candidatos? Dilma, Aécio, Marina e Eduardo Campos. Lembre-se que Marina teve quase 20 milhões de votos no último pleito presidencial. Que Aécio contaria com o apoio dos governos de SP e MG, os dois maiores colégios eleitorais do país. Que Eduardo Campos poderia se identificar com o fator "novidade". Tem boa estampa.

Marina

Em qualquer pesquisa, Marina Silva aparece com cerca de 15% dos votos. Mais que Aécio e Eduardo Campos.

Dudu

Eduardo Campos aparece com cerca de 5%. E tem um bloco de correligionários contrários à candidatura: os Gomes (Cid e Ciro), do CE; o governador Casagrande, do ES; o prefeito Alexandre Cardoso, de Duque de Caxias; e todos sabem que o prefeito de BH, Márcio Lacerda, reza pela bíblia de Aécio Neves; e o governador do PI, Wilson Martins, também seria favorável à reeleição da presidente Dilma. Será por isso que, nos últimos dias, Dudu desapareceu do mapa? Não aceitou nenhum convite para participar de eventos importantes mais recentes. Joga seus olhos azuis na paisagem árida do sertão pernambucano. Contemplando a devastação da maior seca dos últimos 50 anos.

Dilma

A presidente começou a circular nos espaços centrais e periféricos. Começa a frequentar de maneira assídua o palco paulista. SP tem 32 milhões de eleitores. Lula é quem estaria por trás da agenda mais cheia da presidente.

E Serra, hein?

Há quem enxergue um quinto candidato: José Serra. Como? Saindo do PSDB e ingressando no MD, partido criado com a fusão do PPS e PMN. Serra tem dito que continuará a ocupar cargos. O que significa menos nomeação e mais disputas. Cargos disputados. Deputado ? Já foi. Senador? Já foi. Governador? Já foi. Prefeito? Já foi. Sobra o cargo presidencial. Sairia do PSDB? É difícil, mas não impossível. Os tucanos em SP se bicam há tempos. Mesmo com a eleição do deputado Duarte Nogueira para chefiar o tucanato paulista, as rixas continuarão. E Serra não engole o Aécio. Logo, as especulações de que pode sair do PSDB têm sentido. Até princípio de outubro, essa alternativa será uma espada de Dâmocles na cabeça dos tucanos.

E um quinto candidato?

Se Serra for candidato, a moldura do segundo turno ganha mais firmeza. Seria quase impossível Dilma vencer Aécio, Marina, Eduardo Campos e Serra logo no primeiro turno. Suas chances de levar a melhor em um segundo turno com algum desses são boas. Quem garante que Eduardo Campos e Marina, por exemplo, fechem com Aécio (por exemplo) ou com Serra em um segundo turno? Em qualquer circunstância, urge enxergar o pano de fundo econômico. Ele será o senhor da razão.

Milagre

O prefeito de Fernandópolis, na audiência aos prefeitos do interior, solicitou de Jânio providências urgentes para solucionar o problema da eletricidade do seu município, "ameaçado a ficar às escuras dentro de sessenta dias". O governador tinha de arranjar a luz.

- "O amigo me pede um milagre! - respondeu Jânio. Ninguém pode dar luz em sessenta dias...".

Após os sorrisos, o governador declarou que iria tentar o milagre.

(Do livro Bilhetinhos de Jânio, de J. Pereira)

Alckmin x PT - copo cheio

Em SP, a clássica polarização entre tucanos e petistas poderá ceder lugar a outros pólos de poder. Celso Russomanno, que teve um bom desempenho como candidato a prefeito, poderá entrar no jogo. Paulo Skaf, o mais forte perfil do PMDB, tem boas condições de atrair o eleitorado. O PT e o PSDB, por sua vez, esgotaram seu estoque de disputas. Lula pensa em Alexandre Padilha, ministro da Saúde, e em Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo. O primeiro não tem o que mostrar, a não ser o desastre na saúde; o segundo não escapa à rejeição de uma forte classe média, que o identifica com o sindicalismo petista. E Alckmin vai esbarrar na corrosão de material. Há 20 anos, os dutos do PSDB foram instalados em SP. Estão carcomidos.

E Lula, hein?

Luiz Inácio Lula da Silva continua dando vazão às mais estrambóticas especulações. Uma diz respeito à sua candidatura ao... Governo de SP. Todos sabem que o sonho dos sonhos de Lula é tomar o Estado de SP para o PT. Nunca o partido conseguiu este feito. Se não encontrar o perfil ideal para vencer os tucanos, dizem, o próprio Lula poria seu nome à disposição. Este consultor acha a ideia pouco plausível. Depois de atingir os píncaros da glória, Lula aceitaria descer os degraus da fama ? Inacreditável. Hoje, ele é o mandachuva do PT, o guru da presidente, o orientador de todos os grupos petistas. Está acima de tudo e de todos. Por que descer na escada do poder?

Cabral no senado?

Sérgio Cabral começa a aplainar os caminhos do futuro. Quer ser ministro da Dilma. Espera por mais espaço do PMDB no governo. Enquanto isso, abre caminho para voltar ao Senado em 2014. Sem cargo não fica. Senador, teria mais condições de barganhar altos postos.

Afif no ministério

Guilherme Afif é, reconhecidamente, o mais adequado perfil para assumir uma pasta com escopo para organizar as políticas das micro e pequenas empresas. Dedicou quase toda sua vida pública a esta causa. Sua entrada na administração Federal significa o compromisso do PSD de Kassab com a reeleição da presidente Dilma. Por mais que o ex-prefeito Kassab diga que a escolha de Guilherme está na conta pessoal da presidente. Kassab já cumpriu todos os compromissos com José Serra e o tucanato. Quer, agora, consolidar seu partido.

Telefones e versos

A Sra. Dahyl de Marsilac Fontes, da família do poeta Martins Fontes, dirigiu, em versos, uma petição a Jânio, reclamando contra a espera, na fila, há 15 anos, um aparelho telefônico da CTB. Na parte final, diz:

"E me perdoem se esta petição
Lhe chega às mãos à última hora
E no apagar das luzes...
Embora!
Que importa, se outras acenderão?"

Jânio respondeu, também em verso, despachando num "bilhetinho" :

"Prezada Senhora.
Vencendo terras e montes;
- assim é a burocracia,
Chegou-me, Sra. Fontes,
Descrita na poesia, a história do telefone,
E o mais que a história continha...
- Li, Sra., e exausto e insone,
Saiba que a culpa não é minha!"

(Do livro Bilhetinhos de Jânio, de J. Pereira)

PSD

PSD de Kassab já contabiliza 12 diretórios regionais a favor da presidente Dilma.

PEC 37

O MP tem importante papel na construção de uma sociedade ética e do Estado Democrático de Direito. Nos últimos tempos, porém, alguns de seus quadros têm se mostrado como organizadores de uma nova ordem social. Espetacularizam suas ações, abrem as baterias midiáticas, chamam a si as luzes fosforescentes das TVs. Não tem sentido fazer investigações criminais como se fossem comandos especiais da polícia. Devem deixar essas operações para as forças policiais. Cada macaco no seu galho. A PEC 37 faz sentido.

PEC 33

Já a PEC 33, que limita o poder do STF, é fruto de uma tensão contínua entre os Poderes Legislativo e Judiciário. Somos uma democracia em processo de consolidação. Por isso mesmo, os pesos e contrapesos do nosso sistema democrático não estão plenamente regulados. O desbalanceamento gera interpenetração de fronteiras institucionais. A judicialização da política e a politização da Justiça são as duas faces dessa moldura. Daí a importância do debate.

O valor da pontuação

Um homem rico, sentindo-se morrer, pediu papel e caneta e escreveu assim: "Deixo os meus bens à minha irmã não ao meu sobrinho jamais será paga a conta do alfaiate nada aos pobres". Não teve tempo de pontuar e morreu. A quem deixava ele a riqueza? Eram quatro os concorrentes. Chegou o sobrinho e fez estas pontuações numa cópia do bilhete: "Deixo os meus bens à minha irmã? Não. Ao meu sobrinho. Jamais será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres". A irmã do morto chegou em seguida, com outra cópia do escrito, e pontuou deste modo: "Deixo os meus bens à minha irmã. Não ao meu sobrinho. Jamais será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres". Surgiu o alfaiate que, pedindo a cópia do original, fez estas pontuações: "Deixo os meus bens à minha irmã? Não! Ao meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres". O juiz estudava o caso, quando chegaram os pobres da cidade; e um deles, mais sabido, tomando outra cópia, pontuou-a assim: "Deixo os meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do alfaiate? Nada! Aos pobres!".

(Do almanaque O Pensamento, de 1958)

Conselho aos chefes dos poderes

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes, membros dos Poderes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos Poderes Legislativo e Judiciário. Que continuam a merecer atenção:

1. As tensões que energizam os ambientes institucionais precisam ser contidas e administradas. Os ânimos devem ser acalmados. Diálogo e compreensão, nesse momento, se fazem absolutamente necessários.

2. Urge aprofundar a agenda do momento -as PECs 33 e 37 - e dar a elas o destino mais conveniente: modificações/alterações, arquivamento ou aproveitamento parcial de seus escopos. Se trazem alguma contribuição para elevar o debate nacional e aperfeiçoar a ordem, não podem simplesmente ser deixadas de lado.

3. O Estado Democrático de Direito e a Construção da Sociedade Cidadã estão a exigir permanente diálogo e esforço para aperfeiçoamento do sistema normativo.

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(Gaudêncio Torquato)

terça-feira, 7 de maio de 2013

DIVULGAR O BEM!



Sempre evitei tocar trombeta sobre ações vinculadas à caridade, em respeito ao ensinamento evangélico: quando fizerdes o bem, que não saiba a vossa mão esquerda o que faz a direita. Até bem pouco tempo julgava que a discrição e o anonimato eram a melhor forma de relacionamento com as práticas caritativas.

Minha consorte tem ponderado que essa peroração precisa ser temperada nos tempos atuais. Sacudidos pela sobrecarga de informação automática (informática), somos bombardeados a cada segundo por um turbilhão de notícias, a esmagadora maioria desairosas. Por que se divulga com tanto desassombro informações nocivas – que influenciam negativamente a população - e se teme em divulgar boas ações?

Um momento gratificante que comoveu a mim e à minha família aconteceu e acontece em um recanto. Mas não é um recanto qualquer. É um recanto sagrado. Desses do coração. (O coração, se considerarmos o corpo humano como um templo, é indiscutivelmente o seu sacrário).

Pois bem. Recanto do Sagrado Coração. Esse o nome, o espaço, a instituição, o local da nossa agradável iluminação. Ali cheguei a convite de dois companheiros de clube de serviço. Ali me vinculei por um desses inexplicáveis apelos da emoção.
O Recanto do Sagrado Coração é uma ampla e acolhedora casa, oficina de múltiplas atividades de afeto, porto seguro de idosos que aprendem a arte de envelhecer, salão de banquete para dezenas de moradores de rua... Tudo sob a inspirada animação de mulheres consorciadas pela fé!

Por enquanto, nossos laços relacionais se fortalecem com as Irmãs Inês, Coordenadora, e Rita, Chefe da Cozinha. Com elas descobrimos a bondade sem ingenuidade, o amor com militante fervor. Aliás, bondade e amor que não se descolam da severidade e do rigor. Conseguem a rara proeza de aliar a gentileza fina à férrea disciplina.

Com uma frequência diária ali é oferecido um almoço para mais de cem moradores de rua. Cada pessoa que conhecemos naquela Casa exibe uma saga, uma biografia de sofrimento e paciência, de heroísmo e resistência. Sempre voltamos de lá com uma sensação de que recebemos algum presente para o espírito.

Comoveu-nos a história do Luciano, um jovem que foi jogado na rua aos doze anos de idade, quando ficou sem pai, sem mãe, parente ou aderente. Disse que, dos seus contemporâneos, só ele estava vivo. Mostrou as cicatrizes de vários balaços que recebeu. Falou dos diversos processos que respondeu. Ensinou o código secreto que regula a selva de pedra da vida no céu aberto da rua, em que ninguém pode ser muito valente ou muito fraco. É uma permanente luta de equilibrista, na qual se exige uma rara habilidade para se manter vivo. Falou da sua rendição às drogas e da ação redentora da Irmã Inês, que o resgatou e o acompanhou no processo de recuperação.

Hoje, com família constituída, labora transformando pedaços de vidro em obras de arte ou vendendo lanches em uma bicicleta toda azul.

O emocionado depoimento de vida do Luciano mexeu com todos nós, especialmente com os adolescentes que vivem nadando nas ondas da internet, esse oceano virtual que geralmente nos afasta da terra firme do contato pessoal.

Muitos Lucianos e Lucianas encontram naquele sagrado recanto o refúgio salvador, o túnel iluminado, o córrego cristalino, a fonte de água pura que lhes devolve a esperança de recuperação da dignidade.

Outro dia, conversando com minha esposa, nos indagávamos como aquele monumento à caridade e ao enobrecimento humanos conseguia se manter. Segundo ela, Deus só quer de nós a boa vontade, o justo desejo, a decidida intenção, o propósito sincero. O resto ele providencia, transformando-nos em instrumentos da edificante realização.

Penso que a fraternidade brota em qualquer recanto. O nosso desafio é divulgá-la!

(Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste, Crateús, Ceará)

OBSERVATÓRIO

O dia era véspera de feriado, 06 de setembro, ano 2012, mas a tensão e o frenesi tomavam conta da atmosfera ambiental. Eu estava lá. Na sede do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará. Em pauta o processo da candidata a Prefeita de Aquiraz, Ritelza Cabral Demétrio, do PCdoB. Divergindo do doutor Castelo Branco Camurça, Relator original, o Juiz João Luis Nogueira trouxe um voto vista contundente pelo indeferimento do registro da candidata. Motivo: à época em que fora Prefeita, Ritelza havia contratado, sem concurso, os servidores Zelito Soares Guedes, Amauri de Freitas Ramos, Ailson Gadelha de Freitas, Maria de Lourdes Queiroz Lima e Francisco Jorge de Lima. Alguém ponderou: “foram apenas cinco pessoas!” e João Luis refutou: “esses são os que foram apurados, pode ter sido muito mais”. Ao final, sentenciou: “não há como deixar de reconhecer que houve a prática de ato doloso de improbidade, como esta Corte tem entendido, apto a configurar a hipótese de inelegibilidade. A situação é de indeferimento do registro”. Sem perspectiva de reversão da adversa situação, Ritelza tentou um processo de substituição. Em vão. Perdeu a eleição.

CONCURSO

A Constituição Federal é por demais explícita quanto ao assunto em seu artigo 37, II: “a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração”. Pela Lei Maior do nosso País a regra para ingresso no serviço público é o concurso, exceto para os que exercem cargos em comissão. E os “contratos temporários”? Estes, segundo o mesmo texto constitucional, só “por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público” (artigo 37, IX). Essa excepcionalidade não está sendo observada.

CONCURSO II

Com tintas de indignação, o tema concurso público em Crateús foi lançado semana passada pelo candidato a Prefeito do PMDB em 2012, Ivan Monte Claudino. Em postagem nas redes sociais, Ivan esclareceu à população “que o Prefeito celebrou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho n.º 798 no ano de 2011, em que se comprometeu, entre outras obrigações, a: ● não admitir a partir da celebração do TAC novos servidores sem concurso público; ● apresentar, até o dia 02/09/2011, cronograma para realização de concurso público para provimento dos cargos indispensáveis à Administração Pública; ● substituir todos os servidores que lhe prestam serviços, contratados sem o prévio concurso público, pelos novos contratados até 31 de janeiro de 2012”.

CONCURSO III

Como o Termo de Ajustamento de Conduta 798 está sendo descumprido, os tranquilos ventos da razão migram no rumo de Ivan. Noutro giro, se não tomar providências rápidas, o Chefe do Executivo Municipal pode enfrentar um temporal. (É óbvio que nem de longe a situação de Carlos Felipe parece com a que, há oito anos, Zé Almir enfrentou, quando havia uma vigilância feroz do Ministério Público e uma celeridade implacável do Judiciário local. Por muito menos Secretários foram parar atrás das grades e o Prefeito foi surpreendido com o afastamento do cargo). Mas não é bom brincar com o tempo. Ou com fogo. Felipe – que, segundo se anuncia, deverá ser candidato a Deputado – sabe que a Justiça Eleitoral vem se tornando mais rigorosa a cada eleição. Ritelza que o diga!

REGIME JURÍDICO

O debate sobre a mudança de regime jurídico dos servidores municipais de Crateús reacendeu antigas feridas. Os servidores, rememorando episódios de truculência do passado, manifestam-se pela rejeição da proposta do Executivo.

ENERGIA LIMPA

Boa notícia. Vi na internet que a Prefeitura de Crateús estuda a possibilidade de instalação de painéis de energia solar nos prédios da administração municipal. O potencial econômico do município, e as condições climáticas favoráveis da cidade, atraíram o interesse de empresários do setor.

ESCOLA SANTA INÊS

Um grupo de pessoas que dedicou por muitos anos sua força de trabalho em favor da Escola de Primeiro Grau Santa Inês – hoje, sede da Sociedade Pestalozzi de Crateús – estará, no próximo dia 08 de junho, realizando um grande encontro festivo com o intuito de resgatar momentos significativos daquela importante Casa de Ensino. A grande estrela será a professora Maria do Carmo de Sousa Lima, a primeira diretora da Escola e idealizadora do evento.

CURTAS LITERÁRIAS

... A Academia de Letras de Crateús (ALC) elegerá, no próximo dia 1º de junho, a sua nova Diretoria. A posse deverá ocorrer durante o II Encontro Cearense de Escritores – que este ano se realizará em Crateús - nos dias 13, 14 e 15 de junho.
... Também durante o evento que congregará escritores de todo o Ceará o médico, poeta e escritor José Maria Bonfim de Morais lançará o livro que escreveu em homenagem ao eterno cura do Ipu, Monsenhor Morais.
... Em missiva carregada de emoção, o Ministro Valmir Campelo agradeceu a aprovação do seu nome para o quadro honorário da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza – AMLEF. A prestigiada solenidade marcou, também, o ingresso de Gonzaga Mota e Mônica Tassigny como sócios efetivos da Arcádia.
PARA REFLETIR
“Nada denuncia mais o grau de civilidade de um país e de um povo do que o modo de tratar a coisa pública e a coletividade”. (Gloria Kalil - Consultora de Moda)

(Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste, Crateús, Ceará)





segunda-feira, 6 de maio de 2013

O TELVÍDIO E AS PROEZAS DE UM ESPÍRITA



Na primeira página do livro O Telvídio, editado há 74 anos, estampa-se a foto do Dr. Luiz Chaves de Melo, descendente dos poderosos coronéis da cidade de Santa Filomena, no Estado do Piauí. No rodapé, bem abaixo do retrato, lê-se: Doutor em Medicina pela Universidade de Chicago, Estados Unidos e Farmacêutico pela antiga Escola de Farmácia do Pará. Na apresentação da obra é o próprio autor quem nos informa, “Jesus Cristo disse: - Tempo virá em que no mundo habitará um só rebanho governado por um só pastor.” Dr. Luiz, o benfeitor dos pobres, nos esclarece o que significa esta afirmação bíblica: Chegará o dia em que, no mundo, só haverá uma religião e os fiéis serão guiados pelo único pastor que será o nosso amado Mestre. O benemérito Médico e Enfermeiro confirma ser um profundo conhecedor do espiritismo de Alan Kardec.

Telvídio é um termo grego-latino que significa aquele que vê de longe e no livro é um dos personagens, o arcanjo da corte divina enviado pelo Eterno, que aconselha e orienta a inexperiente Consciência Brasil. Quando o Dr. Luiz Chaves de Melo não encontra-se, caridosamente, receitando o povo pobre de Crateús ou exercendo entusiasticamente o direito de cidadania nos embates políticos com Coronel Jerônimo de Sousa Lima, o famoso Cel. Jiló, com certeza está escrevendo os diálogos entre Telvídio e um desatento Brasil, um povoamento simples e ingênuo, naquela época. No dia em que o iluminado espírita se foi, o arcanjo protetor o acompanhou e nunca mais voltou para nos recomendar nas boas doutrinas e nos bons preceitos. Dr. Luiz escreve notas criticando os adversários no Jornal o “Unitário”, enquanto seus oponentes, o Cel Jiló, o Juiz Apolônio Perga Bandeira Barros e o Cincinato Rodrigues defendem-se no Jornalzinho “A Republica”, os dois periódicos crateuenses da época.

Quando jovem, possuidor de um ávido espírito aventureiro, andou lá pelo lado da Amazônia, um território desbravado pelos crateuenses desde a Guerra da Borracha. Ele relata, no livro espírita raríssimo: “Uma tarde eu andava nas matas dos Solimões e me perdi.” Começa assim, a narrativa de uma saborosíssima aventura!

“Eram três horas da tarde e pareciam seis da noite devido às enormes árvores, entrelaçadas e tenebrosas. Eu me sentia como que afogado naquele imenso mar de verdura. No desespero, procurava a estrada e um anoitecer, o manto assustador da floresta, é o que eu ia avistando. Subi em um colossal Jequitibá ficando cheio de espinhos, repleto de lianas silvestres, ferroado pelos carapanãs e pelas formiguinhas miúdas e vermelhas que produzem uma dor insuportável. Equilibrei-me num dos seus ramos mais altos. Na escuridão úmida só ouvia a pulsação do meu coração.

À noite, um vento fortíssimo começou a soprar. Plantas altaneiras caiam e arrastavam outras árvores, em sua pesada queda. O Jequitibá, em que estava, balançava-se como as jangadas que singram os mares bravios das terras de Iracema. Assovios, gritos indígenas, uivos de feras sintonizavam com a fúria dos elementos. Um rifle, cinquenta balas, uma caixa de fósforos, era tudo que eu possuía naquela hora de infortúnio. A chuva prosseguiu até alta hora da noite. Dormente e apavorado, sentia o coração parar nas diástoles. Passada a chuva, todos os animais daquela pavorosa selva, excitaram-se farejando as presas, e vinham ululando, gritando, tornando mais lúgubre a hediondez das matas. Avistei luzes que pareciam pirilampos, mas à medida que o clarão se aproximava, distingui, apavorado, índios com fachos de luzes acesas. Na certa eram caçadores de tatus, para os festins guerreiros. Os índios passaram sem dá por mim.

Distingo duas onças perseguindo uma enorme anta, que foi logo devorada pelos felinos. Quando já me dispunha a cerrar os olhos e tirar um cochilo, vejo um vulto vestido de branco, em baixo da árvore. O vulto me diz: - Desça! Desça daí e não me dê trabalho!
Eu, amedrontado, tomei do rifle e me dispus a atirar, mas desisti e principiei a rezar, mentalmente. Desci e ao aparecer mais dois vultos, criei coragem para perguntar:

- Em nome de Deus, como você se chama?

- Eu sou o Capitão Pereira, bicho pesado, dono destes seringais. Matei muito para roubar e enriquecer. Um dia os índios mataram-me com flechas envenenadas. Ando vagando, sempre perseguido por essa mulher e por esse negro. Peço-te que rezes por mim. Que me liberte deste sofrimento! Os vultos desaparecem, tão logo termina de falar.”

A aventura do Dr. Luiz pela floresta amazônica continua, cada vez mais emocionante.

“Fiquei ali até o dia aparecer. Com os primeiros raios de sol, volto a procurar a estrada e a encontro depois de muito andar. Chego nas margens de um rio e vejo uns canoeiros que passam remando uma ubá. Dou-lhe sinal e eles me levam rio acima. Conto todo meu sofrimento e me dizem que foi uma felicidade escapar daquelas matas assombradas, onde há muitos anos corre a história do capitão Pereira. Chegando ao seringal tratei de procurar um meio de partir para Manaus.
Na capital amazonense fui convidado a uma reunião espirita na casa de um engenheiro, homem que se dizia de grandes conhecimentos. Na sessão foi lido o Evangelho na passagem relativa a Lázaro e antes disso terminar um espirito atuou numa das moças presentes. Manifestou-se com essas palavras: - O Dr. C. M. esteve perdido nas matas às margens do Rio Solimões e viu-se, frente a frente, com o Capitão Pereira, antigo dono dos seringais daquela região. Fiquei surpreso e perguntei ao espirito a causa daqueles acontecimento. Dele recebi essa resposta: - Em séculos passados foste um capitão de piratas, prendia ricaços e potentados, mas se te pagavam bem, soltavas os presos sem demoras. Em passadas eras, expiando os crimes da tua pirataria foste mendigo, noutras foste curandeiro, médico, rico e miserável, e assim será até que teus crimes sejam punidos.”

No Telvídio, um alfarrábio amarelado, já se esfarelando pelo tempo, lemos esse parágrafo: Deus, na sua infinita bondade, dá sempre aos seus filhos o meios de progredirem e de se santificarem pelos próprios esforços. Dá-lhe, ao mesmo tempo, mestres e amigos para ensinar-lhes a distinguirem o bem e o mal e a conhecerem as leis que formam o que se chama – Ciência.
Em Crateús, na décadas de 30 e de 40, ao fim de um dia de labuta, saindo do descorado casarão da Rua Cel. Zezé com a Rua João Tomé, o Dr. Luiz Chaves se dirige para linha férrea no intuito de distribuir parte do apurado diário para com os pobres, e a Dona Sancha de Melo Barbosa, que vem atrás do marido, queixando-se de seu excesso de caridade, só se acalma quando ouve as explicações do doutor: — Não reclame, minha querida, o que é nosso ficou em casa! A nossa ventura é proporcional à felicidade que fizermos os outros. Quem planta colhe, Sancha! E voltavam abraçados, para se sentarem nas cadeiras de balanço, debaixo de um frondoso tamarinheiro de uma florida alameda.

No final do livro o Dr. Luiz nos aconselha: - O espiritismo também acha que nenhum povo deve entregar mansamente sua cabeça ao cutelo, mas deve respeitar, acima de tudo, a moral e os mandamentos do Evangelho, a suprema lei de Deus.

Há uma passagem bíblica que diz: “Aos filhos dos filhos, o homem de bem sempre deixa uma herança.” Às vezes, esta herança de sabedoria, como transmissão de habilidade ou legando de espiritualidade, vem embutida no DNA e nas fibras morais da alma. Na mesma Rua Dr. João Tomé, em que o Dr. Luiz distribuía o apurado do dia com o povo, um trineto, o menino Pitágoras Feitosa Teixeira, acorda assustado numa sonolenta hora da madrugada. Dormia na casa de seu Padrinho. Bate na porta do quarto do mesmo e dá um recado:

- Padrinho, o seu tio, aquele que mora na Praia das Fontes, mandou-lhe dizer que você não abandone seus primos!

O padrinho em reflexiva surpresa, indaga:

- Mas Pitágoras, como ele mandou esse recado, se você esteve dormindo aqui em casa, e o meu tio já é falecido?! Mas, de imediato, compreende e mais que depressa procura levar ajuda ao distantes primos, executando a preciosa regra que resume todas as questões ético-morais da humanidade, a lei do Karma, ensinada há mais de 2000 anos por Jesus Cristo: - A cada um segundo as suas obras!

Raimundo Cândido

domingo, 5 de maio de 2013

MAIS OU MELHOR?

O governador Eduardo Campos, que se move como pré-candidato no tabuleiro eleitoral, dá sinais de que já escolheu a biruta do discurso de 2014: “é preciso fazer mais”.A presidente Dilma burilou a mensagem com o adendo: “fazer cada vez mais”.

Assim, o advérbio de intensidade senta praça, mais uma vez, nos palanques eleitorais, confirmando que na esfera da criatividade expressiva o axioma do pai da Química, Antoine Lavoisier, também se aplica: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.

Basta verificar o uso (e abuso) do “mais” e seus correlatos na história das campanhas brasileiras, a começar pelo famoso slogan de Juscelino Kubitschek em 1955 - “50 anos em 5” -, a expressar a ideia de que faria bem mais que os mandatários da República em todos os tempos.

O termo conecta-se invariavelmente ao território da “fazeção”, maneira de alertar o eleitorado que os fulanos e os sicranos que o adotam serão capazes de cumprir promessas e implantar programas e projetos idealizados.

Nada muito diferente do que dizia Quinto Cícero ao irmão, Marco Túlio Cícero, por carta, quando o político e orador se candidatava ao Consulado de Roma, nos idos de 64 a. C: “as pessoas querem não somente ouvir promessas, mas promessas amplas e respeitosas; tudo o que vier a fazer, realce que está fazendo com empenho e otimismo”.

O discurso do “fazer mais” ganhou ênfase nas últimas décadas, na esteira de expansão da sociedade da abundância, marcada pelos fenômenos da despolitização e desideologização e seus efeitos, como o fenecimento das doutrinas, a glorificação do crescimento econômico, a prevalência das leis do mercado, a irrupção dos problemas técnicos.

Quem, entre os mais longevos, não se recorda da peroração regada a princípios morais, como a do presidente Kennedy ao tomar posse: “não pergunte o que seu país pode fazer por você; pergunte o que você pode fazer por seu país”? Ou a célebre assertiva de Churchill, em 1940, ao mostrar determinação de lutar com todas as forças contra Hitler: “nada tenho a oferecer, senão sangue, esforço, suor e lágrimas”? Essa era a expressão de um passado pleno de civismo.

Hoje, o discurso superlativo se expande por todos os lados. Nos EUA, se faz presente nos Partidos Democrata e Republicano, cada qual trombeteando avanços em suas propostas e ideários.

Dick Morris, que prestou assessoria a candidatos à Casa Branca, mostra a disputa na conjugação do verbo “fazer”, a partir da criação da estratégia que ele designa de “triangulação”. Explica: “se você for um democrata, equilibre o orçamento, reforme a previdência, reduza a criminalidade e veja como os eleitores abandonarão o Partido Republicano; se você for um republicano, melhore a educação, reduza a miséria e veja como suas próprias fileiras vão crescer”. Querem ambos consertar o carro do outro.

Se nas democracias evoluídas, o discurso eleitoral impregna-se de elementos quantitativos, na onda do “fazer mais que o adversário”, imagine-se a importância que adquire em nossos não tão tristes trópicos, onde o caráter da política amalgama traços que apontam para desorganização, improvisação, leniência, acomodação, imprecisão.

“Quantas horas você trabalha por semana? Mais ou menos 40 horas. É religioso? Sou ateu, graças a Deus. Ou: sou católico, mas não praticante”. Sob esse traçado sócio-psicológico, qualquer conceito que aponte para a objetividade tende a ganhar credibilidade.

A promessa de aumentar a oferta de serviços, sob o empuxo de assertivas, coisa comum no discurso racional anglo-saxão (sim,não), apresenta-se como contraponto à tibieza de nossa cultura (talvez, depende).

Quem não se recorda das campanhas de Maluf com o recorrente bordão “Paulo fez, Paulo faz” e seu obreirismo faraônico focado na ideia de que todos os feitos no Estado e na capital tinham o seu dedo? Dessa forma, a exaustiva utilização do advérbio “mais” procura demonstrar a receita de perfis preparados, experientes e em sintonia com as demandas da população.

Deixa também transparecer uma faceta do nosso enviesado discurso político. O mais lógico seria usar o superlativo “melhor”, no entendimento de que a gestão no Brasil é uma colcha de retalhos, uma teia de fios que se desprega facilmente, decorrência das mazelas da administração pública, como desleixo, incúria, descontrole, falta de disciplina e controle.

O país seria mais avançado, caso escolas, estabelecimentos hospitalares, modais de transportes, enfim, a ampla estrutura que move os serviços públicos recebesse cuidados necessários para alcançar eficiência. O aparato físico e instrumental de muitos setores, sob tratamento zeloso, atenderia as demandas. Fazer funcionar o que existe é mais lógico que duplicar sistemas e multiplicar o descontrole.

Melhor fariam os atores políticos se inserissem na agenda o compromisso com propostas que viessem contribuir para a melhoria dos serviços, sem deixar de lado ações que não captam voto, como planos de prevenção, obras escondidas sob a terra (saneamento básico), códigos de controle etc. Lembre-se, a propósito, que não há no país um plano para administração de catástrofes.

O rosário de promessas com o selo “mais” poderá descambar na perigosa equação da anulação recíproca de propostas. A banalização pelo uso do termo ameaça chegar a um limite em que os contrários (o bom e o ruim) acabarão se fundindo, como se constata na tresloucada peroração do vereador de Ipu, Ceará, Cícero do Carmo Lima, Ciço Rico, semianalfabeto com autoestima de intelectual. Certa feita, em 1960, sob ovações continuadas, o candidato, assustado, enrolou-se na conclusão da fala de palanque. Até que desembuchou: “Ipuenses, para terminar concluo que tudo, tudo é nada; e nada, amigos, nada é tudo”.


(Gaudêncio Torquato)