quarta-feira, 6 de junho de 2012

CONJUNTURA NACIONAL

Esselentíssimo juiz

Abro a coluna de hoje com uma engraçada historinha envolvendo advogados e juízes.

Ao transitar pelos corredores do fórum, o advogado, que também era professor, foi chamado por um dos juízes:

- Olha só que erro ortográfico grosseiro temos nesta petição. Que coisa vergonhosa!

Estampado logo na primeira linha do petitório lia-se:

"Esselentíssimo juiz".

Gargalhando, o magistrado perguntou ao advogado:

- Por acaso, professor, esse advogado foi seu aluno na faculdade?

- Foi sim - reconheceu o mestre. Mas onde está o erro ortográfico a que o senhor se refere?

O juiz pareceu surpreso:

- Ora, meu caro, acaso você não sabe como se escreve a palavra Excelentíssimo?

Então explicou o professor:

- Doutor juiz, acredito que a expressão pode significar duas coisas diferentes.

Se o colega desejava se referir a excelência dos seus serviços, o erro ortográfico efetivamente é grosseiro. Entretanto, se fazia alusão à morosidade da prestação jurisdicional, o equívoco reside apenas na junção inapropriada de duas palavras.

O certo então seria dizer:

"Esse lentíssimo juiz".

....Silêncio geral!

Depois desse episódio, aquele magistrado nunca mais aceitou o tratamento de "Excelentíssimo juiz", sem antes perguntar:

- Devo receber a expressão como extremo de excelência ou como superlativo de lento?

Ressentimentos

O que significa uma montanha de emendas sobre uma MP? Pode significar participação maciça do corpo político sobre as medidas provenientes do Executivo; pode significar tentativa de ajuste, melhoria, aperfeiçoamento do instrumento normativo. Mas grande quantidade de emendas a uma MP também pode ser considerada um sinal explícito de insatisfação dos parlamentares com o andar da carruagem movida pelo governo. É o que se infere das 620 emendas apresentadas para alterar o novo Código Florestal. A Comissão mista vai analisar a admissibilidade da MP e o senador Luiz Henrique (PMDB/SC) vai apresentar um cronograma de trabalho.

Mágoas acumuladas

É sabido que o poço de mágoas aberto na Câmara Federal em decorrência do trato que o Executivo vem dando às demandas parlamentares se aprofunda. A presidente Dilma Rousseff tem tratado a base governista a pão seco e água salobra. Os ressentimentos se acumulam. Os partidos não abrem críticas porque temem puxão de orelhas da presidente. Que tem, de maneira lenta e gradual, expurgado espaços, limpado áreas até então ocupadas pelos partidos da base. No território da Petrobras, os partidos ficaram a ver navios. Fala-se que o sistema Eletrobrás está na mira. Esse processo culminaria com a saída do ministro Edison Lobão do Ministério das Minas e Energia. Saindo, o ministro deixaria livre o caminho para uma drenagem no entorno. Para compensá-lo, a presidente quer vê-lo na presidência do Senado na próxima legislatura.

Combinar com os russos

Mas a presidente precisaria combinar essa jogada com os russos. Não apenas com os ursos do PT. Combinar com os russos quer significar fazer uma eficiente articulação junto ao PMDB, que tem o maior número de jogadores no plenário da Casa senatorial. Também tem o significado: combinar com os técnicos dos russos, a partir dos senadores José Sarney e Renan Calheiros. Especula-se que Sarney gostaria de patrocinar essa jogada por considerar Lobão um jogador de seu time. Mas Sarney deve ter suas restrições. No Senado, o técnico Renan Calheiros, que lidera a bancada do PMDB, tem voz ativa. E Renan não vai desistir com facilidade da presidência da Casa.

Governo de Alagoas?

A presidente Dilma já sinalizou a Renan que gostaria de vê-lo no governo de Alagoas. E teria se comprometido a apoiá-lo. Mas esse apoio mais parece abraço de urso. Mais apertado que afetuoso, mais estrangulador que amaciador. Sarney, por seu lado, sabe que o deslocamento de Lobão para a presidência do Senado implica ver espaços da Eletrobrás, onde teria alguma influência, desocupados. Neles a presidente fincaria estacas impermeáveis às pressões políticas. E assim, de grão em grão, de cargo a cargo, Dilma plasma o governo à sua imagem e semelhança.

Bumerangue

Sob o prisma estratégico, que leva em conta a necessidade de a presidente dotar o governo de todos os meios e recursos para atingir as metas que pretende, substituir gestores políticos por administradores técnicos é uma medida não apenas compreensível mas recomendável. Estamos falando dos cargos nas empresas governamentais. Ocorre que os partidos que perdem posições precisam ser recompensados. Sob pena de partirem para uma retaliação. Que pode ser no médio prazo. Já nos espaços políticos - presidências das Casas Legislativas - o risco da presidente é bem maior. Ali os interesses de partidos e blocos se cruzam. A cartilha do Executivo não é bem digerida quando dá receitas fortes. Por isso, a intenção de Dilma de querer eleger presidentes nas duas Casas que rezem pelo seu missal causa muita contrariedade.

Auge da popularidade

A presidente arrisca-se a operações políticas mais complicadas porque atingiu o pico da popularidade. Conta com quase 80% de aprovação. Logo, tem respaldo da comunidade nacional para adentrar em territórios dominados por interesses políticos. Se, daqui a pouco, sua popularidade começar a cair, será mais difícil tomar atitudes duras na frente política. O momento é esse. Ela age sob a crença de que "ou vai ou racha". Os partidos, por sua vez, aguardam o momento para o contra-ataque. Que, mais cedo ou mais tarde, virá. Na forma de desaprovação de pautas e nomes indicados pelo Executivo e que tenham de passar, necessariamente, pelo crivo do Parlamento.

Presidência do Senado

Quanto à presidência do Senado, está muito cedo para se projetar cenários mais claros. Lobão até pode querer enxergar esse horizonte, sob a indicação de que seu ciclo nas Minas e Energia está com os dias contados. Renan, por sua vez, administra o tempo observando, examinando, avaliando, conversando aqui e ali, falando pouco e agindo muito nos bastidores. No momento certo, tomará a decisão : colocar a bagagem no plenário e tomar o pulso dos senadores ou fazer as malas e correr para as Alagoas.

Câmara

Já na Câmara dos Deputados, o nome mais evidente para assumir o lugar de Marcos Maia (PT/RS) é o do deputado Henrique Alves. Por sinal, o mais antigo parlamentar, o que carrega nas costas o maior número de mandatos: 11. Henrique é o nome do PMDB e de confiança do vice-presidente da República, Michel Temer. Querer colocar alguém no lugar de Henrique, por parte de quem quer que seja, seria uma operação de alto risco. Há um compromisso formal do PT com o PMDB para que este indique o nome para dirigir a Casa na próxima legislatura. É claro que todos esses cenários ficarão mais aclarados após as eleições de outubro. Se o PMDB continuar com o maior núcleo de prefeitos, certamente reforçará seu cacife. A conferir!

Mais turistas estrangeiros

Com o câmbio desfavorável, a conta de gastos de turistas no exterior tende a arrefecer. É um bom momento para inverter essa matemática, inclusive facilitando a entrada de turistas vindos de além-mar. As divisas dos estrangeiros são alvo de cobiça de toda a cadeia econômica do turismo. Tramita no congresso uma matéria que flexibiliza os processos para turistas estrangeiros. Trata-se do Estatuto do Estrangeiro, cujo relator é o deputado Cadoca, de Pernambuco. O parlamentar é uma das referências no legislativo nas questões afetas ao turismo nacional.

Mare nostro

O setor de Cruzeiros Marítimos realizou em São Paulo o seu evento maior. Voltado aos agentes de viagens, o Cruise Day/Fórum Abremar contou com a presença do deputado Jonas Donizette que mostrou conhecimento da causa e citou números positivos sobre a atividade. Jonas, que lidera a corrida para a prefeitura campinense, sabe do que fala. Já presidiu a Comissão de Turismo e Desporto da Câmara no ano passado e desempenhou importante papel frente àquele colegiado arregimentando simpatia do trade em sua estreia no legislativo Federal.

Brasil menos competitivo

No debate entre agentes, autoridades e demais players do setor de cruzeiros marítimos, no Cruise Day 2012, os participantes puderam compreender melhor os gargalos da atividade. Entre eles, os altos custos operacionais e a limitada infraestrutura portuária que, pela primeira vez, devem causar redução de 15% na oferta da próxima temporada. "As discussões ganharam muito com o interesse do trade, em especial, dos agentes de viagens que agora entendem o motivo pelo qual a temporada será menor", revela o presidente da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos, Ricardo Amaral.

Destino em alta

Durante sua participação na Aliança das Civilizações, o vice-presidente Michel Temer foi informado de que os turistas brasileiros estão em alta na Turquia. Istambul era o destino escolhido por cinco mil brasileiros por ano, segundo a imigração turca. Em 2011, esse número saltou para 91 mil. E deve crescer ainda mais: a Globo está desembarcando para filmar a novela Salve Jorge naquele país a ser exibida no horário das nove horas.

Vice em alta

O primeiro-ministro da Turquia, Tayyip Erdogan, prestou muitas homenagens ao vice-presidente brasileiro, Michel Temer. Erdogan o recebeu na entrada do palácio do governo em Istambul, elogiou o Brasil, falou dos laços de proximidade com o ex-presidente Lula, chamou a presidente Dilma de "irmã" e mostrou boa vontade de aumentar o intercâmbio comercial com o Brasil. A começar pela Embraer, cujo possível negócio com a Turkish Airlines pode chegar a U$ 600 milhões. Temer também mostrou suas credenciais, relatando que conseguiu a aprovação de decreto legislativo que acaba com a bitributação entre os dois países. Isso atrapalhava muito exportadores e importadores.

Presos

Apesar de ter apenas 5% dos habitantes do planeta, os EUA abrigam hoje 25% da população carcerária do mundo.

Tempo de TV

José Serra, PSDB, lidera, por enquanto, o palanque eletrônico em São Paulo. Pelo número de partidos que lhe darão apoio, já conquistou 8min e 14s de TV e rádio; Haddad, do PT, tem 6min e 3s e Chalita, PMDB, dispõe de 4min e 3s. Esses tempos deverão mudar até a definição de alguns partidos.

PT e PSB

PSB e PT se esforçam para fazer alianças em Recife e em São Paulo. Em Recife, o PT está detonando a candidatura do prefeito João da Costa. Em seu lugar, indica o senador petista Humberto Costa. Aceito pelo governador e presidente do PSB, Eduardo Campos. Em São Paulo, o PSB está caminhando para ingressar na campanha de Haddad. Mas há um grupo que gostaria de ver o partido saindo com um candidato próprio, forma de não se envergonhar de mudar tão rapidamente de estrada. O presidente do PSB estadual, que está saindo da secretaria de Turismo do governo de São Paulo, é o deputado Márcio França. Portanto, trabalhou na floresta tucana até esses dias.

Tomando ônibus

"Gostaria de dividir minha experiência com você que bebe e mesmo assim dirige. No último sábado à noite bebi não sei quantas taças de vinho. Bebi tanto que fiz uma coisa que nunca havia feito antes : deixei meu carro no estacionamento e peguei um ônibus. Resultado : cheguei em casa são e salvo, sem nenhum incidente. Fiquei muito orgulhoso de mim mesmo, sobretudo porque nunca antes na minha vida tinha dirigido um ônibus". (Enviado pelo amigo Álvaro Lopes)

Conselho à presidente Dilma

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos membros da CPI. Hoje, sua atenção se volta à presidente Dilma Rousseff:

1. Todo cuidado é pouco, presidente. O crescimento de 0,2% no PIB, no último trimestre, recomenda urgentes e densas medidas de incentivo à economia. Urge verificar se a receita de 2008 - impulso ao consumo e acesso ao crédito - basta para estancar a queda. E os investimentos na infraestrutura, presidente?

2. Seria oportuno radiografar todos os setores que enfrentam estrangulamentos. Ouvir suas lideranças, mapear suas demandas.

3. Imagine, presidente, juntar crise econômica com caldeirão político do mensalão. Vossa Excelência, se isso ocorrer, poderá ter uma indigestão no segundo semestre deste ano.

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(Gaudêncio Torquato)

terça-feira, 5 de junho de 2012

POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

PIB: Riscos e oportunidades (I)

Não foi totalmente inesperado, mas teve uma dose relevante de surpresa a divulgação do crescimento de apenas 0,2% no primeiro trimestre deste ano, comparado ao mesmo período do ano passado. Neste ritmo, o PIB anual cresceria ao redor de 2%. Deixemos de lado o resultado (excepcionalmente ruim) do setor agrícola. O crescimento da indústria foi de 1,7% e do setor de serviços foi 1,3%. Ambos continuam com desempenho mensal muito fraco - o crescimento da indústria foi levemente negativo em abril (-0,2%). A análise dos segmentos da indústria e de serviços indica que o país tende à estagnação de vez que o consumo das famílias está positivo, mas está caindo em função da estabilização do mercado laboral e, principalmente, em função do endividamento pessoal. Ou seja, enquanto a indústria patina, o resultado do PIB flutuará em função do consumo. A agricultura permanece como a "incógnita" da equação.

PIB: Riscos e oportunidades (II)

O resultado do PIB no primeiro trimestre deste ano indica que não há espaço para o governo repetir a estratégia de 2008/09 para que o PIB do país cresça. O estímulo ao investimento e seus correspondentes reflexos sobre a competitividade brasileira são aspectos necessários, muito embora não suficientes para que o PIB retorne ao patamar de pelo menos 5% de crescimento. O estímulo ao investimento privado dependerá, do lado do empresário, da taxa de juros, mas especialmente da desoneração fiscal. Do lado do mercado é preciso alimentar o consumo doméstico. No que tange ao investimento público a coisa é mais complicada : há um "nó" que mistura problemas de regulação, eficiência de execução e problemas de litígio intra e extra no Estado.

PIB: Riscos e oportunidades (III)

Pelas razões acima relacionadas a questão do crescimento se tornou mais complexa que em 2008. Além disso, o contexto internacional indica um quadro de piora e não de melhora. Estes são os riscos. A oportunidade consiste em aproveitar a atual conjuntura e organizar o governo para exercer o seu papel de estimulador do crescimento. Não há no âmbito do governo "centros de planejamento e execução" de políticas públicas voltadas para o investimento. O próprio ministério do Desenvolvimento carece de mais poder para propor políticas. Ademais, o PAC necessita de uma gestão mais ativa, seja na fiscalização, seja na concepção e na implementação de investimentos públicos. O Brasil não pode confirmar a percepção de que o seu crescimento é débil e insustentável. É preciso reverter este quadro. Com paciência e gradualismo, porque não será uma tarefa fácil.

Investimentos: alguns dados

Para ficar num eufemismo, o governo continua demonstrando um extraordinário déficit de execução. Até abril, os gastos do PAC foram inferiores aos realizados no mesmo período em 2010 e 2011. Obras prioritárias como a transposição do rio São Francisco e a Ferrovia Norte Sul estão com seus cronogramas totalmente estourados - em anos, não simplesmente em dias ou meses. O DNIT acaba de confessar que 30 mil quilômetros de estradas dos poucos mais de 50 mil sob sua responsabilidade estão sem contratos de manutenção - e a maioria em frangalhos. Mais uma vez foi adiada a assinatura dos contratos de concessão dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília.

O PIB e o capital político do governo

O PIB é conceito incompreensível para a imensa maioria da população brasileira, uma abstração que não entra no seu estômago nem no seu bolso, assim como outros conceitos tais como superávit primário, metas de inflação... O que interessa, popularmente, é a conta final, o que vai para sua algibeira para pagar suas contas. Portanto, na frigideira de tantas discussões sobre o que se quer saber é o seguinte : qual o efeito de tudo isso no emprego e na renda do brasileiro ? É possível manter os dois em alta, com o horizonte que se tem pela frente ? O capital político a presidente Dilma é este : a paz social que isto proporciona.

Crescer pelo consumo?
Pensem nesses números...


1. A classe média no Brasil, segundo os últimos estudos da Secretaria de Assuntos Estratégicos da presidência da República, é formada pelas famílias com renda per capita de R$ 291 a R$ 1.019.

2. O PIB per capita dos brasileiros é de US$ 11,6 mil.

3. Cerca de 10 milhões de famílias no Brasil já estão com mais de 30% de sua renda comprometida com pagamento de dívidas.

Agora respondam: ainda é possível sustentar o crescimento da economia brasileira por muito mais tempo com simples estímulos ao consumo?

Medidas adicionais de estímulo

É questão de dias - muito mais para poucos dias - o governo anunciar que vai reduzir a meta de superávit primário deste ano, estabelecida na lei de Diretrizes Orçamentárias em cerca de 3,1% (o valor real é R$ 139 bilhões) para permitir mais investimentos públicos na luta para elevar o PIB. Vai utilizar-se da facilidade concedida pela própria LDO de abater do superávit parte dos gastos com obras do PAC. Vale tudo para não deixar o PIB ficar abaixo dos 3%. Aliás, desde a revelação do PIBinho de 0,2% no primeiro trimestre, passou-se a especular em Brasília, em informações de "cocheira" ou balões de ensaio, sobre o "arsenal" que o ministro Mantega tem para elevar o ritmo de crescimento da economia: (1) mais desonerações da contribuição patronal para a Previdência Social; (2) unificação na cobrança do PIS e da Cofins; (3) ampliação dos investimentos das estatais; (4) liberação da Petrobras da obrigação de compras com um mínimo de 65% de conteúdo nacional; (5) queda da Selic em agosto para menos de 8%; (6) redução dos juros do BNDES; (7) redução dos impostos para diminuir as tarifas de energia e transporte; (8) aceleração das concessões de serviços públicos; (9) novos incentivos pontuais, com os recentemente dados a setores como o automobilístico, de motos, de ar condicionado; (10) mais liberação de crédito e novos recursos para os bancos públicos; (11) eliminação de alguns entraves à entrada de capitais externos aplicados tempos atrás. É pagar para ver.

A crise é latente. E permanente

A ação de bombeiros poderosos abafou a crise instalada com a revelação do encontro "secreto" entre o ex-presidente Lula e o ministro do Supremo, Gilmar Mendes, sob os auspícios, a vigilância e, inicialmente, os aplausos do ex-ministro Nelson Jobim. Jogou para a catacumba sem que o deprimente - e indecente para todos os seus personagens - episódio ficasse devidamente esclarecido. Não elimina, porém, o mal estar vigente nas relações entre os três poderes da República, especialmente entre o mundo político representado pelo Legislativo e o Executivo, de um lado e o Judiciário. Há uma tensão latente, insatisfações e queixas mútuas. Sem conciliadores à vista, num momento de descuido alguma coisa pode explodir. Por pouco não foi agora, na trêfega ação Lula-Gilmar-Jobim.

É com eles também

O mesmo desamor Executivo e o Legislativo dedicam ao MP - incomoda-os o trabalho investigatório dos promotores.

O Supremo e o mensalão

Não há mais dúvidas: a CPI Cachoeira-Delta e o "convescote" Lula-Gilmar empurraram o STF para um impasse: ou julga logo ou julga logo o processo do mensalão. E sem se render a qualquer tipo de chicana. Por isso, como se dizia na imprensa de antigamente, há "mensaleiros", petistas ou não, infelizes com o ex-presidente Lula.

Jobim sim, Jobim não

Nota ferina do jornalista Carlos Brickman em sua excelente coluna:

"O excelente colunista político Jorge Bastos Moreno, de O Globo, conversou com Jobim logo que Veja publicou a notícia. Jobim, disse Moreno, afirmou-lhe que o encontro tinha sido casual, que Gilmar costuma ir a seu escritório e apareceu sem saber que Lula estava lá. Depois, disse aos jornais que Lula lhe havia pedido para chamar Gilmar. Em qual Jobim acreditar? Este colunista, que viu Jobim gabar-se introduzir itens não votados na Constituição, que o viu militando entusiástico nos Governos Fernando Henrique, Lula e Dilma, que sendo ministro de Lula votou em Serra, dá uma sugestão a Moreno: em nenhum deles. Jobim seria o nome ideal para uma Comissão da Inverdade".

Dilma-Lula: gratidão e dívida

Como fez ainda na semana passada em cerimônia no Palácio do Planalto, na qual arrancou aplausos calorosos para Lula, a presidente Dilma faz questão de registrar publicamente sempre que pode a gratidão que tem pelo companheiro por tê-la, praticamente sozinho, elevado até onde a elevou. É gratidão eterna. Porém, Lula, aos poucos, vai acumulando passivos para com a presidente, com custos que podem pesar para ele no futuro. Na contabilidade negativa está ter jogado o governo dentro de uma CPI que nunca interessou à presidente, e na qual, está provado, o governo não tinha nada a ganhar. A abertura das contas da empreiteira Delta nacionalmente é pura dinamite pronta para explodir nas cercanias do PAC. Já se fala em Brasília que a CPI Cachoeira-Delta pode virar a CPI do PAC. Esta semana podem vir as desagradáveis convocações da ministra Miriam Belchior e de Erenice Guerra, segunda de Dilma na Casa Civil (e depois a primeira), para explicarem as relações PAC-Delta. Lula deu uma declaração - gratuita ou marota? - num programa popularesco de televisão, dizendo que poderá ser candidato à presidência da República caso ela não concorra, para não deixar um tucano voltar ao Palácio do Planalto. Ele despertou nos aliados "descontentes" com Dilma um comichão de outra "alternativa de poder" além de Dilma. Os aliados com birra do Palácio do Planalto não são poucos.

PT versus PMDB

Está cada vez menos "amigável" a relação do PT com seu principal parceiro na aliança governista. A pouca confiança existente entre os dois esvaiu-se de vez. A "ajuda" peemedebista para a convocação de Agnelo Queiroz para depor na CPI e para a quebra do sigilo da matriz da Delta é fruto desse desentendimento. O PT em nome de Dilma e das alianças municipais teve de engolir mais ou menos calado. Depois das eleições será outra coisa.

Congresso desobediente

Por falta de acertos entre o Palácio do Planalto e suas bases, duas MPs editadas pelo governo no fim do ano passado não foram votadas a tempo e perderam validade. Uma delas continha pelo menos um ponto considerado crucial para agilizar os investimentos públicos: estendia às obras do PAC o Regime Diferenciado de Contratação adotado nos projetos para a Copa de 2014. O RDC permite queimar etapas nas exigências da lei de licitações. Os parceiros continuam insatisfeitos com o tratamento do Palácio - nem nomeações, nem o dinheiro de verbas no ritmo que desejam, nem açúcar e afeto. O mesmo desgosto contribuiu para puxar votos aliados a favor da quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico da empreiteira Delta em todo o país.

Dando corda ao adversário

Mesmo contra a vontade deles, como mostra a confusão em que se meteram no caso do governador Marconi Perillo, os aliados, em especial o PT, têm se metido em tantas trapalhadas, que vão acabar acordando os oposicionistas e dando a eles um fôlego que não esperavam conquistar tão cedo. É o milagre da ressurreição de Lázaro.

(por Francisco Petros e José Marcio Mendonça)

segunda-feira, 4 de junho de 2012

POLÍTICA E MEIOS DE COMUNICAÇÃO

Escrevo esta crônica nas vésperas de partir para o Japão e a China, de onde só regressarei depois de publicado o texto, daqui a duas semanas. É sempre arriscado, nessas condições, falar sobre a agenda política.

Será mesmo? O marasmo é tão grande que possivelmente, ao voltar e reler os jornais, encontrarei os mesmos temas: a CPI, a corrupção com suas teias enredadas, os candidatos às prefeituras já conhecidos e suas previsíveis alianças, o PIB que cresce pouco, os juros que finalmente começam a cair, a inadimplência dos devedores, as demandas por reformas tributárias, as soluções caso a caso para diminuir os estoques das empresas (principalmente automobilísticas) e assim por diante.

Dá até preguiça passar os olhos pelas colunas e notícias da mídia, sem falar das TVs que repetem tudo isso com sabor de press release, emitido seja pelo governo, seja por empresas.

Ainda recentemente, um sociólogo mexicano falando na Fundação iFHC e referindo-se a outro aspecto da mesma questão disse que o resultado das eleições em seu país independe das campanhas eleitorais. Isso porque, quando a propaganda partidária tem vez na mídia, a “opinião” já está enraizada nos eleitores, pois nos anos anteriores se elegeram os heróis e os vilões cujas virtudes e defeitos foram repetidos todo o tempo, sem contestação crítica.

Será muito diferente entre nós? É desta maneira que se exerce nas modernas sociedades de massa o controle ideológico da opinião, seja pelos governos, seja pelos grupos dominantes na sociedade, econômicos ou políticos.

A sensação do já visto que alimenta a modorra e leva ao tédio e ao descaso com a política é, entretanto, enganadora e perigosa. A despeito de tudo, nem só de manipulação da opinião vive uma sociedade. De repente, quando menos se espera, não são as “forças do mercado”, nem o “pensamento único” (que em nosso caso, menos do que neoliberal, é de esquerda desenvolvimentista-autoritária) que comandam a vontade popular.

É o que vemos agora na Grécia e na França, onde a vitória de Hollande, a despeito do irrealismo de algumas de suas promessas, ecoa até na alma de Obama e o rígido dogmatismo tedesco, fantasiado de racionalidade de mercado, vê-se cerceado por aspirações de outra natureza.

Convém, portanto, não sobrestimar a força das verdades preestabelecidas. Mormente em nossos dias, quando a internet permite que um sem número de opiniões divergentes circule sem que os leitores ou ouvintes da grande mídia se deem conta.

Não digo isso para aceitar o conformismo vigente em muitos meios de comunicação, mesmo porque, para fazer frente a ele, o desconcerto causado pela variabilidade de opiniões das mídias sociais e mesmo pela mistura entre lixo eletrônico e real opinião é insuficiente.

Digo para alertar: a despeito de parecer que a política, principalmente a partidária, é mais enganação do que afirmação de interesses e valores que podem enfrentar a luz do sol, no final das contas, o que decide nossa vida em sociedade é a política mesmo. Portanto, sensaborona ou não, repetitiva ou não, controlada pelos que mandam ou não, dependemos dela.

Nos dias que correm, sobretudo nos regimes democráticos, não há política sem comunicação; logo, é melhor tomar coragem para ler e ouvir tudo que se diz, mesmo quando partindo de fontes suspeitas.

A precondição para que haja alternativas ao que aí está é manter a liberdade de expressão, mesmo que haja distorções. Isso não exclui uma luta constante contra estas, não para censurá-las, mas para confrontá-las com outras versões. Afastando por inaceitável qualquer tentativa de “controle social da mídia”, o acesso de opiniões divergentes aos meios de comunicação poderia criar um ambiente mais favorável à veracidade das informações.

Por exemplo: será que é democrático deixar que os governos abusem nas verbas publicitárias ou que as empresas estatais, sub-repticiamente, façam coro à mesma publicidade sob pretexto de estarem concorrendo em mercados que, muitas vezes, são quase monopólicos?

E que dizer do tom invariavelmente otimista das declarações sobre a superação da crise financeira global oriundas de setores empresariais interessados ou, em nosso caso, da marcha contínua para o êxito econômico reiterada pelos governos?

O efeito deletério desse tipo de propaganda disfarçada não é tão sentido na grande mídia, pois nesta há sempre a concorrência de mercado que a leva a pesar o interesse e mesmo a voz do consumidor e do cidadão eleitor. Mas nas mídias locais e regionais o pensamento único impera sem contraponto.

A autenticidade das informações escapa das deformações advindas da influência das forças estatais (inclusive do setor produtivo estatal) e das empresas privadas precisamente pela voz crítica dos setores da mídia independente, por meio de seus repórteres, editorialistas e mesmo dos proprietários que têm coragem de expor opiniões.

Não por acaso, é contra estes que os donos do poder político e os partidos que os sustentam se movem: denunciam que é a imprensa quem faz o papel da oposição. Até certo ponto isso é verdade. Mais por deficiência dos partidos de oposição, cujas vozes se perdem nos corredores dos parlamentos, do que por desejo de protagonismo da mídia crítica.

Nos países europeus ou nos Estados Unidos, por mais que haja partidarismo nos meios de comunicação ou que por lá prevaleça o mesmismo das notícias que refletem o status quo, sempre há espaço para o outro lado, para o contraponto. Mal termina de falar o primeiro-ministro da Inglaterra e já a voz da oposição, como tal, é transmitida. O mesmo ocorre quando o presidente dos Estados Unidos faz sua apresentação anual ao Congresso.

Obviamente, não basta haver uma mudança na oferta de espaço pela mídia, é preciso que haja vozes de oposição com peso suficiente para serem ouvidas e se fazerem respeitar.

Sem esquecer que nas democracias a voz que pesa politicamente é a de quem busca o voto para se tornar poder.

(Fernando Henrique Cardoso é ex-presidente da República)

domingo, 3 de junho de 2012

"A SAÚDE É O ESPELHO DO QUE PENSAMOS"



Antes de perguntar ao médico o que fazer para viver mais e com melhor qualidade de vida, faça essa pergunta ao seu próprio corpo. Descobrir como ele se sente antes da tomada de decisões é um dos segredos para conseguir adotar hábitos saudáveis e chegar a um estado de perfeita saúde. Essa é uma das principais posições do médico indiano Deepak Chopra, 65 anos, autor de livros como “As Sete Leis Espirituais do Sucesso” e “Conexão Saúde” e admirado por celebridades como a cantora Madonna e a apresentadora Oprah Winfrey.

O endocrinologista radicado nos Estados Unidos usa como base de seus tratamentos os princípios da medicina ayurvédica, criada há mais de cinco mil anos na Índia. Ela preconiza a prevenção das doenças por meio de uma sintonia entre o corpo e a mente que poderia ser obtida, por exemplo, com a prática da ioga e da meditação.

Em sua clínica na Califórnia, no entanto, o médico também se utiliza dos instrumentos da medicina ocidental quando acha necessário. É, por excelência, um defensor da medicina integrativa, uma corrente cada vez mais forte que prega a união entre os conhecimentos da medicina praticada no Ocidente com os recursos oferecidos por terapias como a acupuntura. “É preciso caminhar para uma integração de tratamentos”, defende. No sábado 26, Chopra é esperado para ser um dos principais palestrantes da primeira edição do Fórum da Saúde e Bem-Estar, evento organizado pelo Lide, Grupo de Líderes Empresariais, realizado em São Paulo. Antes de desembarcar no Brasil, o médico falou à ISTOÉ:


Istoé - Embora o sr. tenha nascido na Índia, aprendeu a meditar em Boston, nos Estados Unidos. Também foi médico em tempo integral em um hospital de Massachusetts. Como foi sua transição da medicina convencional para a ayurvédica?

Deepak Chopra - Por meio da meditação, percebi que havia muitos mecanismos que a medicina não explicava porque olhava na direção errada. Ela, às vezes de modo eficaz, se concentra em um estado de doença, e não de saúde. Mas cheguei à conclusão de que a experiência da Ayurveda é simples, integrada. É um caminho de volta para o pleno funcionamento biológico.

Istoé - Mas seus princípios podem ser aplicados hoje, para o homem ocidental, com os mesmos efeitos?

Deepak Chopra - Não só podem como estão sendo usados para isso. Os meus pacientes seguem as recomendações, são capazes de analisar a própria vida, ouvir o próprio corpo, controlar a hipertensão, a diabetes. Eles aprendem a prestar atenção no funcionamento do organismo. E hoje temos aparelhos de biofeedback que dão uma medida do quanto um pensamento e uma atitude podem determinar uma resposta fisiológica e controlar uma doença. Essa tecnologia comprova o que o corpo já sabia e que pode ser percebido em um estado de atenção.

Istoé - De que maneira isso melhora a saúde?

Deepak Chopra - A saúde é o espelho da nossa consciência, do que pensamos. Atualmente, estudos comprovam que pensamentos geram respostas fisiológicas correspondentes, que podem ser positivas ou negativas. Cada estado de humor fica impresso em nossas células. Mas temos a capacidade de controlar algumas reações do organismo por meio do domínio dos pensamentos.

Istoé - Como fazer isso?

Deepak Chopra - Pode-se voltar a atenção para si mesmo, pensar na qualidade dos relacionamentos, questionar o próprio corpo e relacionar o bem-estar com as escolhas diárias. Tudo isso não é feito de uma maneira estritamente racional, mas com o pensamento que passa pela intuição do organismo sobre o que é a saúde ou simplesmente nos perguntando se estamos bem ou não.

Istoé - O que significa não pensar de uma maneira racional? O que é esse pensamento? Intuitivo?

Deepak Chopra - É um processo que nos livra dos condicionamentos. É preciso alguma inocência para ouvir o corpo.

Istoé - Uma técnica descrita em um dos seus livros para auxiliar a prática de uma vida saudável é justamente perguntar ao corpo, antes de uma tomada de decisão, se ele se sente confortável com aquela escolha. De que modo isso é benéfico?

Deepak Chopra - A resposta de conforto é uma medida do que nos é caro, do que nos é saudável, do que irá produzir uma sensação de bem-estar. Ela nos livra da dúvida, de um peso e nos coloca na direção da saúde.

Istoé - Para o tratamento de muitas doenças crônicas, como a diabetes e a hipertensão, os médicos frisam a importância de adotar hábitos mais saudáveis. Mas muitos não conseguem. O que poderia ajudá-los?

Deepak Chopra - Posso dar alguns mecanismos: atenção, repetição, foco no presente e o entendimento de que o novo hábito a ser instaurado é bom. Quando ele se instaura, a consciência consegue encontrar um canal para se sentir bem. Sem o hábito, o corpo se esforça para atender a consciência e, numa mente voltada para o cigarro e o álcool, por exemplo, vai se flexibilizar ao máximo até chegar à exaustão, dando espaço a doenças.

Istoé - Qual a sua opinião sobre a medicina ocidental?

Deepak Chopra - Há muitos tratamentos válidos que ajudam o corpo físico a combater uma enfermidade já instaurada, mas eles obtêm comprovadamente mais sucesso quando integrados a outras terapias. É preciso caminhar para uma integração de terapias. O problema é que algumas vezes a ciência do Ocidente se pauta em modelos reducionistas e a natureza não funciona dessa maneira. É preciso entender quando há outros mecanismos relacionados que, de algum modo, também podem intervir no processo de uma cura. É o que a medicina integrativa, na tentativa de unir essas terapias, está querendo mudar.

Istoé - Pode citar exemplos de comprovação científica de bons resultados dessa integração?

Deepak Chopra - Um estudo publicado na revista científica “The Lancet Oncology” mostrou que técnicas de meditação e ioga podem aumentar a quantidade de telomerase, enzima associada à proteção contra o envelhecimento precoce. Ela é responsável pelo aumento do comprimento dos telômeros, estruturas presentes nos extremos dos cromossomos cujo encurtamento está ligado ao envelhecimento e ao surgimento de males como o câncer. Em um outro extremo, uma pesquisa divulgada no “The New England Journal of Medicine” mostrou que a cirurgia de ponte de safena feita apenas como um recurso de prevenção em pacientes estáveis só conseguiu aumentar a expectativa de vida em 3% dos indivíduos que passaram pelo procedimento.

Istoé - Qual seria o tratamento indicado para doenças crônicas?

Deepak Chopra - Hoje, sabe-se que 95% dessas enfermidades são motivadas por fatores que envolvem um estresse sobre o organismo. A medicina ocidental é capaz de dar uma resposta positiva imediata para médicos e pacientes com drogas e tratamentos comprovadamente capazes de reduzir um tumor, por exemplo. Essa intervenção mais urgente é necessária em alguns casos, mas em outros ela é dispensável porque é preciso fazer uma análise mais profunda sobre as origens da doença e ter uma atitude de cura, de saúde, com alimentação adequada e bons relacionamentos.

Istoé - No seu livro “Cura Quântica”, o sr. descreve o caso de uma paciente com câncer de mama que acabou curada submetendo-se à quimioterapia e às técnicas da medicina ayurvédica. E, embora o câncer dela tenha tido remissão, ela continuou com a quimioterapia. Por que isso aconteceu?

Deepak Chopra - As pessoas tomam decisões baseadas naquilo que confiam, no que acreditam ser válido para a situação que enfrentam. É uma avaliação difícil. Eu faria uma análise diferente.

Istoé - O sr. não teme que seus pacientes deixem de seguir os tratamentos convencionais, abandonando os remédios, por exemplo?

Deepak Chopra - Não é essa a minha orientação.

Istoé - Em “As Leis Espirituais do Sucesso”, o sr. descreve a necessidade de não darmos importância aos resultados. Este seria o caminho para que eles, os resultados, de fato sejam obtidos. Pode explicar isso?

Deepak Chopra - É o que chamo de lei do desprendimento. O desprendimento dá espaço para a fé enquanto o apego aos resultados abre caminho ao medo e à insegurança. Quando você se prende ao resultado, opta por um símbolo que limita a natureza. A ordem natural tem uma ação que vai muito além de variáveis usadas para quantificar o efeito de um tratamento, por exemplo. O desprendimento dá espaço para uma busca profunda pelo bem-estar.

Istoé - Hoje a medicina sabe sobre o peso das emoções na nossa saúde. Mas, de alguma maneira, não estamos conseguindo chegar a uma vida sem estresse. Onde estamos falhando?

Deepak Chopra - É um caminho que cada um precisa trilhar, questionar de que modo algumas escolhas se refletem na saúde. Há pessoas conseguindo fazer isso com muito sucesso.

Istoé - Para alguns de seus pacientes que sofrem de insônia, o sr. recomenda, como tratamento, permanecer acordado de 48 a 56 horas. Como isso funciona?

Deepak Chopra - Essas pessoas estão em desequilíbrio biológico. Ficar em vigília por mais tempo comprovadamente renova o organismo e proporciona um recomeço.

(Publicada na Revista ISTOÉ da semana passada)