sábado, 3 de outubro de 2009

TOCANDO EM FRENTE

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

DIA DO VEREADOR



Etimologia


Conquanto trazem os dicionários a origem do vocábulo como derivado do antigo termo verea - que significaria "administrar" - alguns autores apontam sua origem para uma significação diversa: seria, sim, a contração de "verificador".

A figura do Vereador hoje

Sendo o município um dos entes integrantes da Federação Brasileira, conforme define a Constituição de 1988, delegou a Carta Magna maiores poderes a este. Os artigos 29 a 31 prescrevem, para os vereadores, dentre outros:

1-Mandato de quatro anos, por voto direto e simultâneo em todo o país;

2-Elaboração da Lei Orgânica do Município;

3-Número de integrantes nas câmaras proporcional à população do município (variando de 9 a 55);

4-Fiscalização e julgamento das contas do Executivo;

5-Inviolabilidade por suas opiniões, palavras e votos - no exercício do mandato e na circunscrição do município;

6-Legislar sobre assuntos de interesse local;

Para concorrer ao mandato de vereador a idade legal mínima é de dezoito anos.

Para anotar ...

a) A primeira eleição para vereador, no Brasil, ocorreu em 1.532, na vila São Vicente;

b) Em toda a história do país, as casas legislativas somente deixaram de existir em dois momentos, ambos com Getúlio Vargas: de 1.930,com o golpe, até quando foi promulgada a nova Constituição; e de 1.937, quando foi instituído o Estado Novo, até 1.946, quando voltou o regime democrático;

c) Até meados dos anos 60, do século XX a função não era remunerada, no Brasil.

d)A Lei Federal 7.212/84 instituiu o dia 1 de outubro, como o "dia do vereador" em rodo território nacional;

e) Pero Vaz de Caminha, escrivão famoso por sua carta ser o único documento a registrar a chegada da armada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil, foi "vereador" na cidade do Porto, encarregado de redigir os Capítulos da Câmara Municipal a ser enviados às Cortes.

http://pt.wikipedia.org

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

CIRCULANDO LIVROS






“O maior acontecimento de minha vida foi, sem sombra de dúvida, a biblioteca de meu pai”. Essa frase, comoventemente impactante e fascinantemente grandiosa, nasceu da boca do mais extraordinário poeta argentino, Jorge Luis Borges. Esse contagiante amor pelos livros acompanhou o escritor até os últimos dias de sua existência, quando já estava cego e dependente de amigos ou familiares que diariamente o realimentavam e rejuvenesciam através da leitura.

Em 1978, Borges completara vinte anos que havia perdido a visão. Fora convidado para proferir uma conferência na Universidade de Belgrano, em Buenos Aires. O tema? O LIVRO.

Cego – e só quem é privado da vista sabe a dimensão e a profundidade dessa experiência - Borges articulou ali uma das mais belas orações que conhecemos sobre o assunto. Ele, em pleno vôo de inventividade, espargindo a fertilidade imaginativa, recorre a figuras que sintetizam a sondagem do infinito e a captação das minúsculas partículas. Principia assim sua sinfonia reflexiva: “Dos diversos instrumentos do homem, o mais assombroso é, sem dúvida, o livro. Os outros são extensões do corpo. O microscópio, o telescópio, são extensões da vista; o telefone é extensão da voz; temos o arado e a espada, extensões do braço. Mas o livro é outra coisa: o livro é uma extensão da memória e da imaginação”.

Em verdade, o livro liberta. Quem experienciou o gáudio de se relacionar com um bom enfeixe de folhas, sabe o olor revolucionário que dali exala.

Só capta o perfume libertário de um livro quem se deixa por ele envolver, num enlace de flerte, num lampejo de namoro, numa relação amorosa. Se, através da viagem singular e intima da leitura, descobrirmos o minério de paixão que o livro esconde, seremos capazes de rapidamente nos tornarmos ricos. Ricos, sim! Detentores daquele invejável patrimônio que sobrevive à corrosão das traças e ao desgaste do tempo.

Foi por isso que meu coração palpitou de alegria e minha alma se inebriou de satisfação quando o amigo Lourival Veras me enviou uma correspondência avisando que, em Crateús, a SABi (Sociedade Amigos da Biblioteca Norberto Ferreira Filho) estava a desenvolver um Projeto batizado de “Circulando Livros”, uma inédita feira de livros combinada com a oferta de brindes culturais ao ar livre, tendo como lócus a área do anfiteatro da Praça da Matriz.

Além de disponibilizar bons livros a baixo custo (preço máximo: R$ 5,00), o Projeto corteja os presentes com animações culturais, barracas de comidas típicas, contação de histórias, exibição da companhia de teatro Os Cara da Arte e show. Outras etapas serão desenvolvidas nos meses de outubro, novembro e dezembro.

Convidado, juntamente com o historiador Norberto Ferreira Filho (Ferreirinha), para a noite de autógrafos de sábado (26/09), fiz uso da palavra para ressaltar três coisas:

1. A importância de valorizarmos os idosos, simbolizados na pessoa de Ferreirinha, o maior memorialista vivo da nossa terra;

2. Mencionar minha última obra, Amores e Clamores da Cidade e

3. Pronunciar algumas sílabas de estímulo aos presentes sobre o culto ao livro e aos escritores, imortais seres que fundam as civilizações.

Conclui relembrando o Condor Baiano Castro Alves:

“Por isso na impaciência
Dessa sede de saber,
Como as aves do deserto -
As almas buscam beber...
Oh! Bendito o que semeia
Livros... livros à mão-cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n`alma
É gérmen - que faz a palma,
É chuva - que faz o mar”.


Por isso, saúdo com emocionado contentamento os idealizadores e realizadores desse projeto de circulação de livros. Oxalá sejam semeadores de uma nova safra de escritores para a nossa terra!

Viva o livro, prumo da alma, máquina de tear sonho, metamorfose estática, emancipador da consciência, berço de um novo homem!

Viva o livro, fonte de luz!

Viva o livro!

O livro, ser vivo!

Oh! Livro, viva!

(Por Júnior Bonfim)

terça-feira, 29 de setembro de 2009

OBSERVATÓRIO



Dois fatos. Domingo passado, feira livre de Crateús. Encontro o meu parente Olavo Leitão. De pronto, me indaga sobre o que acho da política. Respondo que vejo a política como uma das mais privilegiadas formas de se efetivar algo de significativo para a coletividade. Infelizmente, por ser teia melindrosa, muita gente se enrosca, às vezes sucumbe e termina decepcionando. Nem por isso devemos abdicar da esperança e batalhar para que os homens livres e de bons costumes nela se insiram.

Setembro de 2008. No prédio de uma instituição bancária da cidade uma senhora, em voz alta, faz uma pregação fustigando os vereadores e sobre a vida nova que a cidade experimentaria com a vitória de Carlos Felipe.


A REALIDADE

Já registramos nesta coluna, em edições passadas, que o prefeito de Crateús haveria de muito realizar na esfera material (obras físicas). Seu grande desafio se situava no campo imaterial (valores consagrados, princípios cultuados): democracia nas relações, transparência nas ações. Essa assertiva vem se confirmando. O prefeito anunciou obras como construção de praça, recuperação asfáltica das ruas etc. Parabéns! Mas, e a revolução nos costumes? A vida nova prometida? O fim da política do toma-lá-dá-cá? Era prá valer ou peça de retórica?... A relação com os edis é um exemplo de que tudo continua como dantes. Só que, destarte, com um ingrediente novo.

EDIS


O Congresso Nacional promulgou na última quarta-feira, 23/9, a Emenda Constitucional 58/08, a chamada PEC dos Vereadores. Essa Lei contempla dois efeitos práticos: de um lado, aumenta o número de vereadores do país; do outro, reduz os percentuais máximos de receita que os municípios podem gastar com suas Câmaras de Vereadores. Em que pese o debate jurídico, a Lei é clara, no artigo 3º, em relação aos seus efeitos: o aumento de Vereadores é retroativo a 2008, ou seja, assumem os suplentes eleitos no pleito passado; a diminuição do repasse ocorrerá apenas a partir de janeiro de 2010. Embora incompreendida, e às vezes repudiada sem maiores discussões, essa alteração normativa é benéfica e positiva. Primeiro, porque amplia a representação popular nos parlamentos municipais; segundo, porque diminui despesa. No caso de Crateús, teremos cinco novos vereadores, que obviamente vão impactar sobre a composição de forças entre situação e oposição.

PROJETO

Por falar em Vereadores, a Câmara Municipal de Crateús deverá apreciar importante Projeto de Lei oriundo do Executivo e que vai afetar os trabalhadores que litigam ou haverão de litigar com o Município. O prefeito pleiteia a aprovação de um projeto que altera o valor dos chamados Requisitórios de Pequeno Valor (RPV). Pelo regramento atual, quando uma pessoa ganha uma causa trabalhista cujo valor é igual ou inferior a trinta salários mínimos, ao invés de inscrever em precatório (que demora a ser pago), o Município é intimado a pagar em sessenta dias. Pois bem. O Executivo quer baixar o teto de trinta para cerca de dez salários. Ou seja, pretende reduzir em 70% o valor do RPV. Se passar esse projeto, qualquer humilde operário que ganhar uma causa acima de R$ 5.000,00 vai esperar anos para receber o que lhe é devido. Trata-se de um duro golpe nos trabalhadores. Sobretudo porque oriundo de uma administração comunista e que se diz do lado dos trabalhadores.

MV

Repercutiu a postagem, na edição passada, da informação dando conta da especulação em torno da possível candidatura de Manoel Veras à Prefeitura de Crateús. A grande maioria apoiando entusiasticamente a idéia. Porém, houve quem censurasse este escriba porque atua no Tribunal onde Veras é Conselheiro. Ora, qualquer pessoa minimamente informada sabe que, por força de lei, Manoel Veras é impedido de apreciar, dar parecer e votar nos processos onde figuram como parte os gestores dos municípios onde ele, quando Deputado, foi votado.


OAB


Sexta-feira passada (25/09), os advogados de Crateús almoçaram com Valdetário Monteiro, candidato a Presidente da OAB/CE. Concorre com Erinaldo Dantas e Edson Santana. Nas eleições de novembro vindouro, além de escolher o comando estadual, os causídicos elegerão também as diretorias das subseções regionais. No âmbito local, tudo se encaminha para um consenso em torno do doutor Ismael Pedrosa Machado, jovem e bem articulado operador do direito. Em se tratando de estado, nossa opinião é de que o candidato que exibe melhor trajetória pessoal, folha de serviços prestados à Ordem, arrojo empreendedor e desenvoltura operacional é Valdetário.


CULTURA


Maior gravador do Ceará na atualidade, o artista crateuense Francisco de Almeida estará marcando presença na VII Bienal do Mercosul, a ser realizada entre os dias 16 de outubro e 29 de novembro, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Almeidinha, mais uma vez, surpreende pelo ineditismo: vai exibir um trabalho com 20 metros de comprimento. Inexistem notícias de outra gravura com essas dimensões no País. No painel, é tratada a temática religiosa nordestina, enfatizando a chuva, o sol, o vento e a terra. Parte da obra é colorida e contém a utilização de grafite. Sobre esse artista plástico extraordinário, que deveria ser mais festejado e celebrado em sua terra natal, escrevemos uma crônica cuja reprodução segue ao lado.


SABi

Ainda bem que a cidade dispõe, desde 23 de outubro de 2004, de uma entidade do terceiro setor cuja motivação é o desenvolvimento de ações culturais voltadas prioritariamente para crianças e adolescentes. É a SABi: Sociedade Amigos da Biblioteca Norberto Ferreira Filho. No final de semana passado, no entorno do anfiteatro da Praça da Matriz, promoveu a primeira etapa do Projeto Circulando Livros. Além de disponibilizar bons livros a baixo custo (preço máximo: R$ 5,00), o Projeto brindou os presentes com animações culturais, barracas de comidas típicas, Contação de histórias, exibição da companhia de teatro Os Cara da Arte e show. Outras etapas serão desenvolvidas nos meses de outubro, novembro e dezembro. Vale a pena conferir!


PARA REFLETIR

“Aquele que tem por vício a leitura, droga alucinógena das mais leves, acabará cada vez mais dependente dela. E o pior, passará para drogas mais pesadas, como a escrita. Nesta fase crítica, o leitor, agora escritor, tende a fugir regularmente da realidade e ter devaneios de que, assim como Deus, é criador de Universos inteiros”. (Jeferson Luis Maleski)


(Por Júnior Bonfim – publicado na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste, Crateús, Ceará)

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

JOÃOZINHO



Ano 2000. Empolgado por ter retirado da fornalha o meu primeiro pão literário, o livro Poesias Adolescentes e Maduras, marchei para lançá-lo em Brasília, onde havia residido nos anos de 1997 e 1998. (Apesar daquele Planalto Central, no cumprimento da rogativa visionária de Juscelino Kubitschek, ter se transformado no poderoso cérebro das mais altas decisões nacionais, sempre consegui vislumbrar poesia naquele palpitar sinuoso de racionalidade). Se “companheiro”, ao gosto do mel que escorre do seu caule etimológico, é alguém com quem se “compartilha o pão” - naquela viagem desfrutei da agradável companhia de quatro deles: o poeta Dideus Sales, o compositor e sanfoneiro Edilson Vieira, o prefeito Paulo Nazareno e o deputado Manoel Veras.

Na empreitada de mobilização para o evento, Dideus me convida para fazer um périplo por alguns crateuenses. Invariavelmente, antes de chegarmos à residência ou ao local de trabalho onde encontraríamos o conterrâneo, ele fazia uma peroração sobre a trajetória da pessoa a ser visitada.

Certa manhã, Dideus me falou: - “Hoje vamos ao Guará, visitar uma pessoa especial. É o Joãozinho, um sujeito fantástico...” e começou a discorrer sobre a modelar história de vida do cidadão.

Ao chegarmos ao prédio comercial do cidadão, tive o primeiro e desconcertante impacto: o homem que Dideus me apresenta como o “dono” do negócio é o que aparenta ser o mais humilde dentre todos. Roupa de balconista, estilo receptivo, jeito centrado, conversa leve, Joãozinho começa a indagar sobre o que mais gosta: Crateús – sua terra e sua gente!

A partir daí passei a ser, também, um admirador de João Alves Lopes, o Joãozinho, crateuense nascido na Tapera do Canto dos Pintos aos doze dias do Augusto mês do ano em que Juscelino Kubitschek, o construtor de Brasília, foi eleito Presidente da República.

Último homem dos treze filhos do casal Belarmino Rodrigues Sousa (Mestre Belo) e Maria Alves Lopes, Joãozinho desde cedo, certamente por herança dos pais, aprendeu a fazer do labor um ato de amor. (Seu pai pontificou, na terra do Senhor do Bonfim, a mais famosa barbearia da cidade. Batizado com sua alcunha, o “Salão do Mestre Belo” – ainda hoje mantido à Rua Coronel Zezé – é um estabelecimento comercial onde se conserva a tradição de aparar os cabelos e apanhar as principais notícias da urbe).

Joãozinho parece ter nascido predestinado ao ofício de remediar. Seu primeiro emprego, no árido ano de 1970, foi na farmácia Seiva, do senhor Deusdeth Cavalcante, espaço onde desenvolveu a habilidade de oferecer lenitivo às pessoas que precisavam.

Sete anos depois se processaria a maior alquimia da sua existência: troca alianças com Lucília Araujo Soares e passa a residir na Capital da República.


Da mulher, companheira de fé e luta, recebe a força amorosa para os desafios da vida. Da cidade, em plena explosão desenvolvimentista, extrai a seiva para erigir, naquela selva de pedra urbana, o frutífero canteiro do progresso pessoal.

No ano de 1982 adquire a primeira farmácia, no Guará, uma das principais cidades satélite de Brasília. Hoje, controla uma ampla rede comercial no Distrito Federal, que soma cerca de vinte espaços negociais entre drogarias, lojas de cosméticos e restaurantes, disponibilizando oportunidade de trabalho para várias dezenas de crateuenses.

Cumprindo a assertiva superior de ‘crescer e multiplicar’, comprovando também que “filhos, melhor tê-los”, João e Lucília fecundaram três descendentes: Jorge (farmacêutico), Nádia (psicóloga) e Nayara (advogada).

Além da ampla casa no Guará, João mantém um paradisíaco sítio em Valparaíso, nos arredores de Brasília. Cercado por um primoroso pomar, com piscina de água natural e frondosas árvores, o local o remete ao torrão natal, de onde nunca se desvencilhou.

O erudito Gerardo Mello Mourão, citando Comenius, sustenta que “a natureza produz tudo a partir da raiz” e ensina: — “na árvore, tudo o que virá a ser a madeira, a tasca, as folhas, as flores e os frutos, não provém senão da raiz”. E conclui, dizendo que o ser do homem não se mantém e não floresce, se não estiver permanentemente plantado em suas raízes.

Visceralmente vinculado às raízes vitais, e para manter de pé a invisível ponte que liga o seu peito à terra onde enterrou o umbigo, João adquiriu uma propriedade, a Grota da Onça, localizada a poucos quilômetros do centro de Crateús - onde mantém, na Rua Moreira da Rocha, uma loja de artigos campestres chamada “Coisas do Campo”. Essas aquisições são o motivo para visitar, pelo menos duas vezes por ano, o chão que tanto ama.

Porém, o que mais chama atenção no fenótipo singular de João é a sua genuína humildade. O progressivo aumento do acervo patrimonial jamais interferiu na serenidade dos seus neurônios. Permanece manso como as pequenas e anônimas lagoas do nosso sertão. Lembra a majestosa generosidade de uma velha oiticica à beira do rio. É um vigoroso e despretensioso pau d’arco, desprovido de ambição predatória.

Que assim permaneças, João, semeador de bem-aventuranças, vaqueiro do comboio do progresso, homem moldado pela argila do trabalho, alfaiate da vestimenta da simplicidade. És a prova de que, à inspiração do evangelho, há um reino virtuoso para os mansos de alma e humildes de coração!


(Por Júnior Bonfim - publicado na Coluna Gente Que Brilha, da Revista Gente de Ação)