sexta-feira, 26 de outubro de 2012

MAIOR COMERCIAL DO MUNDO




Ticuá - RJ deixou um novo comentário sobre a postagem "MAIOR COMERCIAL DO MUNDO":

O Prezado e Douto Amigo Boaventura Bomfim, é impressionante a sua desenvoltura ao escrever. Êle não escreve, simplesmente, “surfa nas palavras”, assim como, obviamente, um “surfista” faz sobres às ondas do mar! Ticuá - RJ

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Meu caro amigo Júnior Bonfim,

Ao fazer a costumeira visita ao seu BLOG, deparei com um comentário elogioso a mim, extraído da pena do nosso estimado amigo e conterrâneo Ticuá - RJ.

Trata-se de palavras, untadas com o óleo da generosidade, de um velho amigo cujo coração alberga sentimentos nobres. Obrigado, Ticuá.

Um forte abraço, Júnior.

Saúde e Paz,

Boaventura Bonfim

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

CONJUNTURA NACIONAL

Abro a coluna com rápida passagem por um teste feito com candidatos a estagiários em um grande jornal de SP.

Estagiários, sim, senhor

Uma das questões: No dia 22 de novembro de 1963 houve um crime de repercussão internacional em Dallas, EUA. Descreva, utilizando no máximo cinco linhas, como foi aquele crime. Algumas respostas:

- Morte de Matter Luther King.

- O caso Wart Gate.

- Este crime foi com mortes por fuzilamento de pessoas, que muitas delas sem causa.

- O presidente John Kennedy visitava a cidade de Dallas com sua esposa Jaqueline, quando, em desfile em carro aberto, ele foi alvejado a tiros, vindo a falecer.

- O presidente dos Estados Unidos deu um grande rombo nos cofres públicos.

- Foi a Revolução do Texas. Infelizmente não tenho referenciais consistentes para comentar a respeito.

- John Kennedy foi assassinado quando passeava em carro aberto na companhia de sua esposa Jackeline Onassis Keneddy.

(Esse último aluno, incrível, até conseguiu enxergar o futuro da primeira dama com o Aristóteles Onassis)

E o Titanic, hein? Afundou-se

Em cinco linhas, deveriam escrever o que sabiam sobre o naufrágio do Titanic em 1912. Eis alguns relatos:

a) Fato ocorrido com seus tripulantes gentes famosas que estavam a bordo desse magnífico navio, na busca onde conseguiram algumas relíquias de grande valor a pouco tempo.

b) O navio Titanic bateu contra uma rocha ou um iceberg, não me recordo.

c) Várias pessoas estavam a bordo do navio quando ele afundou levando consigo entre crianças e adultos, jóias em prata e ouro, deixando perplexos tantos os familiares, quanto autoridades competentes.

d) Para mim, foi mais uma vez coisa do destino, com provas já comprovadas e muitos dos tripulantes do Titanic vinham sendo avisados com sonhos e alucinações. Ele batendo sem mais nem menos, como foi o acidente não era dúvidas, que o destino vinha acontecendo.

e) O navio Titanic afundou-se.

f) Uma enorme onda veio em direção ao navio que se encontrava atravessando no oceano.

g) Não havia botes para todos os passageiros, por isso muitos homens foram obrigados a morrer.

(Que o destino vinha acontecendo é um achado glorioso)

Na reta final

A campanha eleitoral chega à reta final levantando algumas dúvidas: 1) Qual será o futuro de José Serra em caso de derrota em SP? 2) Qual o futuro de Eduardo Campos que preside o PSB, partido que integra, hoje, a base governista? 3) Qual o futuro do prefeito Kassab que dirige o PSD? 4) O que o PT fará caso ganhe em SP e confirme sua posição de maior vitorioso em número de votos? 5) Quais os caminhos que se apresentam ao PMDB, que continua a ser o partido com o maior número de prefeitos e vereadores do país? Estas são algumas das grandes interrogações que chamarão a atenção dos analistas políticos nos próximos meses? Vamos tentar mirar na bola de cristal.

O futuro de Serra

Caso se confirme a derrota de José Serra, em SP, sua vida não estará enterrada como se ouve de bocas plurais. O ciclo de vida na política é de altos e baixos. É bem verdade que Serra tem descido muitas ladeiras. E a idade consome formidável parcela de energias. A ele apresentam-se as seguintes alternativas: a) disputar um posto majoritário em 2014, o de senador, por exemplo. Haverá uma vaga apenas. O mandato que se encerra é o de Eduardo Suplicy, do PT. Este partido continuará a colocá-lo no páreo ? Ou buscará nome que encarne o conceito de mudança? b) Serra poderá disputar uma vaga na Câmara Federal. É pouco para a vaidade dele, dizem. Mas é uma alternativa; c) Tomará o lugar do deputado pernambucano, Sérgio Guerra, na presidência do PSDB. Correria o país nessa condição para fortalecer os tucanos. Entregar o partido nas mãos de um derrotado ? É uma alternativa; d) ser secretário do governo Alckmin, para continuar a ter visibilidade política. Lembre-se: Alckmin foi secretário do governo Serra; e) Ser candidato a presidente da República em 2014. Nesse caso, teria de vencer o senador Aécio Neves em convenção. Ao leitor, deixo a escolha da alternativa.

O futuro de Campos

Em termos comparativos com 2008, o PSB de Eduardo Campos foi o partido que mais cresceu. Eduardo Campos trabalha com perspectiva de ser protagonista de primeira linha nas lutas políticas dos próximos anos. Vejamos, então, alternativas para sua trajetória : a) Ser candidato à presidente da República pelo PSB em 2014. A alternativa ganha fôlego sob um pano de fundo de descalabro econômico, país em crise, governo de Dilma navegando na borrasca, PT com imagem despedaçada; b) Ser candidato à vice-presidente na chapa de Dilma, candidata à reeleição. Nesse caso, o PSB teria de desbancar o PMDB. Tarefa mais que complexa, tendo em vista a continuidade do PMDB como partido mais capilar e com o maior número de prefeitos, vereadores e deputados estaduais; c) Ser candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Aécio Neves. A alternativa se fundamenta na tese de má avaliação do governo Dilma e consequente fortalecimento do PSDB; d) Não ser candidato em 2014, tornar-se ministro do governo Dilma e tentar viabilizar seu nome para 2018 como candidato a presidente da República.

O futuro de Aécio

Aécio Neves confirma, a cada dia, sua condição de candidato tucano à presidência da República em 2014. O senador mineiro corre o país, abraça correligionários, procura atrair parcerias desde já, na tentativa de adensar a base oposicionista. Portanto, suas alternativas são : a) Ser candidato tucano em 2014 em oposição à presidente Dilma; b) Presidir o PSDB e procurar viabilizar sua candidatura presidencial para 2018; c) Continuar como senador e ajudar outro candidato do PSDB à presidência. Difícil. A alternativa adequada é mesmo a primeira.

O futuro de Kassab

O prefeito Kassab criou o PSD, que tem hoje cerca de 50 deputados. Ficará sem mandato a partir de 2013. Vejamos quais as alternativas que a ele se apresentam : a) Transferir o partido, com toda a sua bagagem, para a esfera governista. Apoiar, portanto, o governo Dilma. Presidente do partido, Kassab correrá o país articulando ingressos e fortalecendo a sigla; b) Tornar-se ministro do governo Dilma, ganhar visibilidade e habilitar-se a um cargo majoritário em SP, em 2014; c) Ser candidato ao governo do Estado. Nesse caso, teria de enfrentar Geraldo Alckmin, candidato à reeleição, o candidato do PMDB (a indicação mais forte é Paulo Skaf), o candidato do PT (possivelmente Alexandre Padilha), além de outros nomes; d) Ser candidato a senador. Disputaria com nomes fortes de outros partidos; e) Ser candidato a vice-presidente numa chapa encabeçada por Eduardo Campos ou Aécio Neves. A condição implicaria não ingressar na base do governo Dilma.

O futuro de Alckmin

Geraldo Alckmin poderá ver parcela ponderável do poder tucano transferir-se para o habitat mineiro de Aécio Neves. Com quem, aliás, tem boa articulação. Por isso, eventual derrota de José Serra não o impactará tanto. Aliás, a tendência é a de que o eleitor decida dar uma no cravo e outra na ferradura. Conceder parcela do poder ao PT, com a prefeitura, e, em 2014, oferecer outra parcela a outros partidos como o próprio PSDB. Eis as alternativas de Alckmin: a) Ser candidato à reeleição em 2014; b) Ceder o lugar para José Serra na candidatura ao governo e disputar a senatoria. Alternativa de baixíssima chance. A mais lógica é sua candidatura à reeleição.

O futuro do PT

Com o maior número de votos alcançados nas urnas e com o domínio político e administrativo da maior capital do país (caso Haddad seja o vitorioso), ao PT abrem-se as seguintes alternativas: a) alargar o caminho para permitir reeleição tranquila da presidente Dilma, em 2014, e formar a maior base de governadores estaduais, a maior bancada de deputados Federais e grande bancada de senadores; b) Escolher um perfil que encarne mudança (sempre sob escolha de Lula) para ser o candidato petista em SP. O ministro Alexandre Padilha deverá trocar o domicílio eleitoral do PA por SP. Os ministros Aloizio Mercadante e Marta Suplicy vão chiar, mas simbolizam o passado. Lula enxerga o futuro. A conquista de SP seria o maior sonho do PT; c) sedimentar a trajetória com novas parcerias, oxigenar o partido, a partir das bases, e reorganizar os quadros com vistas ao projeto de hegemonia partidária e continuação no poder.

O futuro do PMDB

O PMDB enfrenta um grave dilema: renovar seus quadros. Lula trabalha, todo tempo, com a percepção de oxigenação do PT. A tarefa tem sido fácil por conta do sistema vertical de mando. A turma de cima manda e o grupo de baixo obedece. No caso do PMDB, a tarefa é bem mais complexa. O sistema de mando é horizontal. Uma teia de arranjos, famílias, grupos, caciques, mandos e tradições. Cada Estado tem o seu PMDB. Renovar um partido com essa estrutura arraigada no passado é missão para Hércules. Se realizar essa tarefa, pelo menos em parte, o partido descortinará novos horizontes. Mesmo assim, divisa com as seguintes alternativas: a) Continuar a ser o principal parceiro do PT na aliança em torno da presidente Dilma, significando a indicação de Michel Temer novamente como candidato a vice; b) Sair da base governista, em função de uma crise econômica corroendo o governo, e se tornar parceiro de outra chapa. Alternativa de baixa probabilidade; c) Apresentar candidato a presidente da República, em 2014, na perspectiva de conquista do poder central. Alternativa que levaria em conta a deterioração das condições econômicas do país e o encontro de um nome com capacidade de conquistar o eleitorado; d) Continuar a ser parceiro do PT, sofrendo pressões das bases, tentado expandir sua força na estrutura governativa e administrando pressões de todos os lados.

Mensalão e eleição

Como este analista sinalizou, em vários textos desta coluna, o mensalão não influiu nos resultados eleitorais. Apenas consolidou votos e posições dos eleitores que habitam os territórios do PT e do PSDB. SP é o maior exemplo de nossa hipótese. A eleição do segundo turno ocorrerá após o julgamento do último capítulo do mensalão, aquele que propicia as manchetes mais impactantes: a formação de quadrilha. Que envolve quadros do PT. Pois bem, nada disso tirou votos de Fernando Haddad. O eleitor está preocupado mesmo com a micropolítica, a política de atendimento às suas necessidades mais imediatas.

As penas

A conversa da semana é sobre as penas que recairão sobre os condenados do mensalão. A maior curiosidade é saber se a tal dosimetria puxará para baixo ou para cima as penas de alguns. Este consultor tende a acreditar que a régua passará pelo meio. Ou seja, nem lá nem cá. Mesmo considerando que os ministros que votaram pela absolvição não entrarão no jogo dosimétrico. Nem 12 anos nem 2 anos para o grupo político. Algo em torno de 5 a 6. Penas acima de 12 anos para condenados por muitos crimes, como é o caso de Marcos Valério. Claro, mera intuição.

Conselho aos prefeitos eleitos

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos candidatos da capital paulista. Hoje a atenção se volta aos prefeitos eleitos:

1. Há um formidável Custo Brasil da Descontinuidade. Que abriga a interrupção de programas, projetos e ações de prefeitos que deixam as administrações. Isso é uma aberração.

2. Verificada e comprovada a importância de um programa administrativo em andamento, o ideal é que não seja apagado, excluído, extinto. Boas ideias devem ser, sempre, implantadas, reforçadas.

3. Por isso mesmo, urge mapear as coisas boas iniciadas e desenvolvidas pelas gestões anteriores. Devemos, isso sim, diminuir o Custo Brasil gerado por ignorância.

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(Gaudêncio Torquato)

terça-feira, 23 de outubro de 2012

POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

Descompasso político e econômico I

Temos chamado a atenção de nossos leitores para o "paradoxo" resultante do fato de a economia brasileira estar relativamente estagnada ou crescendo em patamares inferiores aos outros países emergentes (China, Índia, África do Sul, Rússia, quase todos os países da bacia asiática), bem como comparativamente aos outros países da América do Sul, e, de outro lado, não existir nenhuma deterioração política face a este paradoxo. Isso se deve à constatação de que a economia brasileira está praticamente no pleno emprego, apesar deste ser aparentemente incompatível com o nível de atividade atual e prospectivo de 2013. A pergunta que deve ser feita é : esta peculiar situação persistirá ? Bem, ninguém tem bola de cristal para formular uma resposta firme a uma pergunta tão inquietante. Todavia, enquanto as perspectivas estruturais das economias centrais permanecerem obscuras, esta situação pode prosperar. Apesar de muitos senões...

Descompasso político e econômico II

Uma situação como a acima apontada cria uma crescente instabilidade aos agentes econômicos. Estes apostam, por ora, nas perspectivas de médio e longo prazo, mesmo porque a estes faltam alternativas relativamente aceitáveis no mundo confuso de hoje. O capital é covarde, como dizia Lord Keynes. Porém não tenhamos ilusões : o cenário econômico brasileiro, pouco a pouco, vai se deteriorando no que tange a sua atratividade de longo prazo. Os agentes econômicos ressentem-se de um plano estrutural mais consistente da parte do governo, assustam-se para custos tão altos em moeda estrangeira, temem o intervencionismo governamental - este é muito evidente -, preocupam-se com a falta de infraestrutura, educação e tecnologia, dentre muitos aspectos. Além é claro, da ausência de reformas estruturais e estruturantes nas áreas tributária, trabalhista, previdenciária e de regulamentação de serviços públicos.

Descompasso político e econômico III

Voltemos à pergunta inicial sobre a estabilidade política e a situação de desemprego, o que se pode dizer com relativa segurança é que as "luzes amarelas" estão acesas na relação entre o governo e os agentes econômicos. Podem não ser ainda muito visíveis na mídia, mas são muito intensos nos bastidores. Do lado do governo, o que nos parece é que esta percepção já foi acolhida no centro do poder. Porém, o que colhemos em nossos contatos é que há certa desorganização estratégica no governo e pouca pressa para mudar os rumos do país. Isto apesar da solidez da base política e da apetência dos agentes políticos pela manutenção do poder. Ainda não se vê sinais de que há mudanças substantivas à vista, mesmo que estas sejam necessárias à satisfação de certas vontades pantagruélicas pelo poder político. Apesar de tudo não seria surpresa se 2013 fosse um ano mais tenso neste sentido que este ano recheado de decepções com a atividade econômica e apesar da "surpreendente" estabilidade política.

Dilemas econômicos

O "Estadão" está fazendo uma série de entrevistas com ex-presidentes do BC. Já conversou com Armínio Fraga, Affonso Celso Pastore, Carlos Langoni e Gustavo Franco. Embora com alguns pontos de vista diferentes e guardadas as posições da cada um em matéria econômica, há elogios, em tons diversos à condução da política econômica, mas todos apontam que o BC de Dilma caminha para um dilema : para manter os juros como estão em termos reais (1,5% a 1,7%) e não deixar a inflação desgarrar perigosamente, ele terá de liberar o câmbio, acabando com essa situação de um câmbio "flutuante quase fixo". O IPCA-15, uma espécie de prévia da inflação do mês de outubro, deu sinais claros de que os preços andam inquietos - e não apenas os agrícolas.

Dilemas políticos

Segurar o ambiente econômico em boas condições como agora, é essencial para os planos reeleitorais de Dilma. Seu agudo envolvimento na campanha no segundo turno não deixa ninguém mentir a respeito dos desejos menos secretos dela de ficar no Palácio do Planalto até 2018. Faz na campanha favores a Lula e ao PT e aliados, mas faz mesmo um serviço para ela: compartilhar com eles as vitórias e não ser apontada como culpada de algumas derrotas por omissão. Imagine-se que Fernando Haddad, como recentes pesquisas apontam com bem provável, vença a eleição em SP, sem que ela tivesse dado as caras por aqui ? Seria apenas uma vitória de Lula. Imagine-se - também com grandes probabilidades segundo os institutos de pesquisa - que Nelson Pelegrino, em Salvador, e Vanessa Graziottin, em Manaus, sejam derrotados por detestados oposicionistas, sem que Dilma desse as caras para tentar ajudá-los. A derrota também seria dela. A presidente está aproveitando as eleições para se ligar mais organicamente ao PT e aos partidos aliados, os quais ela sempre tratou com uma certa distância. Há indicações de que fará o mesmo com o mundo sindical. Embora nesse campo, ela possa enfrentar algumas dificuldades em função de sua agenda trabalhista - regulamentação do direito de greve dos servidores públicos, tornar mais flexível as negociações salariais... Dilma tem todos esses grupos gravitando em torno dela - afinal, ela tem a caneta, o "Diário Oficial" e muita popularidade. Mas o apoio popular já se sabe como é volátil: depende da satisfação do eleitor com suas condições de vida. Muitos candidatos situacionistas sentiram essa verdade mais uma vez na pele agora nas urnas municipais. Para preservar esse patrimônio e não ser trocada pelos aliados, terá de operar a economia com grande perícia.

A hora e a vez do ministério

Auxiliares da presidente têm dito que não é intenção dela fazer uma reforma ministerial mais ampla, nem agora nem no início de 2013. Se acontecer, seriam mudanças pontuais, levadas por circunstâncias específicas. Uma informação que não bate com a realidade e visa livrar a presidente da fila de candidatos e de partidos com pretensões de vagas que já se formam nos bastidores. É inevitável que ela faça a reforma, como já dissemos para se livrar de alguns auxiliares com desempenho insatisfatório, para compensar os "bons parceiros" (caso PMDB, PSD de Kassab) e punir maus companheiros (como o PRB e, dependendo do andar da carruagem do segundo turno e seus desdobramentos, até o PSB e o governador Eduardo Campos). Um manobra que está sendo bem articulada (não se sabe se ainda com o aval da presidente e que depende do sucesso de Gustavo Fruet) em Curitiba é a que levaria Aloizio Mercadante do Ministério da Educação para a muito mais poderosa e influente Casa Civil, alojaria o peemedebista Gabriel Chalita no Ministério da Educação e jogaria a ministra Gleisi Hoffmann de volta ao Senado, para que ela tenha tempo de preparar sua candidatura do governo do PR. Especula-se também que o Ministério dos Transportes, o Ministério das Cidades e até o pouco cobiçado Ministério da Pesca poderão ter outros titulares. Em outros tempos, quando ainda posava de avessa a esse tipo de política menor, Dilma recusaria tais movimentos. Agora, não se sabe.

Entre o dizer e o fazer

Com grande entusiasmo - nem tão grande assim do BC - o governo está apostando finalmente no aumento dos investimentos públicos e privados para sustentar o crescimento da economia nacional sem sustos e solavancos. O mundo real, porém, parece que pode ter ainda muitas contrariedades para a realização de tais propósitos. Por exemplo: a MP 579 do setor elétrico ameaça dar alguma pane se não for operada bem no Congresso. E já ajudou a aumentar a desconfiança dos investidores externos no chamado "excesso de ativismo governamental". A questão dos aeroportos, mais urgente do que se imagina, depois da confusão em Viracopos no último feriado, está com jeito de emperrar. A primeira proposta para as novas concessões, com a participação majoritária da Infraero, foi rechaçada externamente. A nova, com a Infraero minoritária, mas com a obrigação da participação dos fundos de pensão, já recebeu alguns narizes torcidos também - pois os grandes fundos são controlados diretamente pelo governo. O anúncio do novo modelo virá após o segundo turno, para não desgostar a ala do PT que continua criminalizando as privatizações. Dos portos, ainda não se tem notícias do modelo. E nas estradas há uma questão chave, ainda na resolvida: a taxa de retorno para os novos negócios. Ou seja, em boa tradução : nada sairá ainda este ano. As novas concessões na área de petróleo estão amarradas à delicada aprovação no Congresso da lei dos royalties. Se não sair este ano, pode atrasar os leilões, previstos para maio (áreas antigas) e novembro (áreas do pré-sal). Para completar, os investimentos de responsabilidade do governo, estão, como sempre, no velho ritmo da inapetência oficial: segundo um levantamento do site "Contas Abertas", 651 ações do PAC são tocadas pela União e empresas estatais em 2012. Somadas chegam à cifra de R$ 116 bi, dos quais, passados nove meses do ano, apenas R$ 63,3 bi foram efetivamente pagos (54,6%). (...) a União e as empresas estatais deixaram 310 ações do PAC paradas este ano. As iniciativas somam R$ 15 bi que ainda não saíram dos cofres públicos. Na maioria das rubricas sequer foram realizados empenhos, a primeira fase da execução orçamentária. Apenas R$ 5,3 bi foram reservados em orçamento. O governo necessita, urgentemente, botar em sintonia o seu "dizer" com o seu "fazer".

Esperando a oposição

As notas acima valem para reflexão sobre o governo atual, mas vale igualmente para a oposição. Esta está curta de ideias, marcada pelo mesmo mal do "caciquismo" oficial, pela voracidade eleitoral e fragilidade na execução dos planos de governos. Aécio Neves, figura de proa da atividade dita de "oposicionista", carece de planos consistentes que possam identificá-lo com a população. A cristalização das estruturas de poder é um fenômeno que pode ser facilmente atribuído à palidez da oposição. Um país tão desigual quanto o Brasil necessita de uma dinâmica política compatível com as ansiedades econômicas e sociais. Não é o que se vê da oposição. Está dominada não pelo governo, mas pela sua própria fragilidade.

Uma explicação de "mercado"

Um investidor muito bem inteirado das coisas responde à coluna o porquê do mercado acionário brasileiro estar estagnado: "Basta olhar os principais setores do mercado. Petróleo, gás, energia elétrica, mineração, telecomunicações. Em todos eles a intervenção estatal é muito superior à necessária e a obstrução de investimentos é evidente em função dos delírios regulatórios do governo. O investidor sabe disso. Não compra e só não vende porque o mundo vai muito mal".

Mensalão: ato final?

Por esta semana teremos o fim do maior julgamento penal da história brasileira. A maioria será condenada e outros tantos devem ir para detrás das grades. Todavia, a pergunta que ocorre é : será que depois das eleições municipais os réus deixarão de ser mudos? De fato, o STF faz história em um ato mesclado de aspectos jurídicos e, ao mesmo tempo, políticos. Todavia, o script parece incompleto. Os réus são seres de alta atividade política e parte integrante do atual núcleo do ex-presidente Lula, queira este ou não. É difícil acreditar que os réus políticos capitularão às sentenças e penas sem manifestações políticas expressivas. O final do período eleitoral indica que o tempo disto ocorrer está chegando. E duas instituições que se cuidem: o STF e a imprensa.

Uma dúvida

Como se comportará a presidente Dilma Rousseff na posse do ministro Joaquim Barbosa na presidência do STF no dia 22/11? Barbosa hoje é figura detestada no mundo petista, que tem cobrado fidelidades à presidente. Para informação: Dilma não compareceu em SP ao Congresso da Sociedade Interamericana de Imprensa, evento que movimentou durante quatro dias jornalistas e jornais de nível das três Américas.


(por Francisco Petros e José Marcio Mendonça)

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

A VIDA ENSINA


Se você pensa que sabe; que a vida lhe mostre o quanto não sabe.

Se você é muito simpático mas leva meia hora para concluir seu pensamento; que a vida lhe ensine que explica melhor o seu problema, aquele que começa pelo fim.

Se você faz exames demais; que a vida lhe ensine que doença é como esposa ciumenta: se procurar demais, acaba achando.

Se você pensa que os outros é que sempre são isso ou aquilo; que a vida lhe ensine a olhar mais para você mesmo.

Se você pensa que viver é horizontal, unitário, definido, monobloco; que a vida lhe ensine a aceitar o conflito como condição lúdica da existência.

Tanto mais lúdica quanto mais complexa.

Tanto mais complexa quanto mais consciente.

Tanto mais consciente quanto mais difí­cil.

Tanto mais difí­cil quanto mais grandiosa.

Se você pensa que disponibilidade com paz não é felicidade; que a vida lhe ensine a aproveitar os raros momentos em que ela (a paz) surge.

Que a vida ensine a cada menino a seguir o cristal que leva dentro, sua bússola existencial não revelada, sua percepção não verbalizável das coisas, sua capacidade de prosseguir com o que lhe é peculiar e próprio, por mais que pareçam úteis e eficazes as coisas que a ele, no fundo, não soam como tais, embora façam aparente sentido e se apresentem tão sedutoras quanto enganosas.

Que a vida nos ensine, a todos, a nunca dizer as verdades na hora da raiva. Que desta aproveitemos apenas a forma direta e lúcida pela qual as verdades se nos revelam por seu intermédio; mas para dizê-las depois.

Que a vida ensine que tão ou mais difí­cil do que ter razão, é saber tê-la.

Que aquele garoto que não come, coma.

Que aquele que mata, não mate.

Que aquela timidez do pobre passe.

Que a moça esforçada se forme.

Que o jovem jovie.

Que o velho velhe.

Que a moça moce.

Que a luz luza.

Que a paz paze.

Que o som soe.

Que a mãe manhe.

Que o pai paie.

Que o sol sole.

Que o filho filhe.

Que a árvore arvore.

Que o ninho aninhe.

Que o mar mare.

Que a cor core.

Que o abraço abrace.

Que o perdão perdoe.

Que tudo vire verbo e verbe.

Verde. Como a esperança.

Pois, do jeito que o mundo vai, dá vontade de apagar e começar tudo de novo.

A vida é substantiva, nós é que somos adjetivos.


(Artur da Távola)

domingo, 21 de outubro de 2012

VIVER É CORRER RISCOS


Rir é correr risco de parecer tolo.

Chorar é correr o risco de parecer sentimental.

Estender a mão é correr o risco de se envolver.

Expor seus sentimentos é correr o risco
de mostrar seu verdadeiro eu.

Defender seus sonhos e idéias diante da multidão
é correr o risco de perder as pessoas.

Amar é correr o risco de não ser correspondido.

Viver é correr o risco de morrer.

Confiar é correr o risco de se decepcionar.

Tentar é correr o risco de fracassar.

Mas os riscos devem ser corridos,
porque o maior perigo é não arriscar nada.

Há pessoas que não correm nenhum risco,
não fazem nada, não têm nada e não são nada.

Elas podem até evitar sofrimentos e desilusões,
mas elas não conseguem nada, não sentem nada,
não mudam, não crescem, não amam, não vivem.

Acorrentadas por suas atitudes, elas viram
escravas, privam-se de sua liberdade.

Somente a pessoa que corre riscos é LIVRE!

(Sêneca)