sábado, 7 de dezembro de 2013

TREM DAS ONZE EM ÁRABE E HEBRAICO (LINDO!)

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

NELSON MANDELA MORREU

No ano de 2010, a Copa do Mundo, o maior espetáculo futebolístico da terra, nos familiarizou com a África do Sul. Acendeu-nos a lamparina da emoção ver, em especial, o mais espiritualizado líder político do planeta, Nelson Mandela, saudar a sua gente no encerramento do evento. Mandela pisa, agora, a grama do estádio celeste!

Ao liderar um extraordinário movimento que libertou sua pátria dos grilhões do preconceito, Mandela inscreveu seu nome na lápide sagrada da história.

Ricardo Stengel, repórter americano, conviveu durante anos com o líder sul-africano na consecução de um projeto biográfico. Escreveu “Os Caminhos de Mandela – lições de vida, amor e coragem”, um livro encantador que elenca as principais lições existenciais extraídas da trajetória heróica do homem que exterminou a apartação entre negros e branco sul-africanos.

Em determinado trecho livro, Stengel registra: “Alguns chamam de cegueira, outros de ingenuidade, mas Mandela considera quase todo mundo virtuoso, até prova em contrário. Ele começa com a suposição de que você está lidando com ele de boa-fé. Acredita nisso – assim como fingir que ser corajoso pode levar a atos de coragem real – julgando que o que há de bom nas outras pessoas melhora as chances de que revelarão o melhor de si. É extraordinário que um homem que foi maltratado a maior parte da sua vida possa tanto ver o que há de bom nos outros”.

Veja o que há de bom nos outros. Esse é o título do capítulo onde se lê a reflexão acima.

Vivemos uma quadra delicada da existência humana. Como um veio vulcânico latejando nos subterrâneos da alma, o ser humano se debate sobre os fundamentos da vida e a colaboração última do conhecimento. Não raro as massas populares, na imperiosa ânsia de corrigir distorções, se rendem a movimentos passionais e apelos ideológicos.

Imagino que deveríamos ser mais comedidos na emissão de juízos de valor sobre as pessoas. Na seara do direito, especialmente, nos deparamos com situações delicadas, que reclamam um filtro de serenidade. Nem todo mundo que está na fogueira de uma acusação é satanás; nem todo mundo que está fora é santo. Há pessoas virtuosas nesse meio. Que foram vítimas e não algozes. Talvez devêssemos evitar o dedo em riste, a opinião implacável, o julgamento impiedoso. Até porque o mundo não se divide entre bons e maus, limpos e sujos. Em cada um de nós há estilhaços defeituosos e substâncias de estrelas. Melhor é fazermos como Mandela: Ver o que há de bom nos outros.

(Por Júnior Bonfim)





quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

CONUUNTURA NACIONAL



Nesses tempos de tanta acochambração, abro a coluna com uma historinha de Salim, de um leitor fiel de Porandubas :

Salim pensou bem e decidiu ir ao banco.

- Eu quer faze uma embréstimo]!

Surpreso, o gerente pergunta para Salim:

- Você, Salim, querendo um empréstimo? De quanto?

- Uma real.

- Um real? Ah, isso eu mesmo te dou.

- Não, não! Eu querer embrestado da banco mesmo! Uma real!

- Bem, são 12% de juros, para 30 dias...

- Zem broblema! Vai dar uma real e doze zentavos. Onde eu assina?

- Um momento, Salim. O banco precisa de uma garantia. Sabe como é, são as normas.

- Bode begar meu Mercedes zerinha, que tá aí fora e deixa ele guardado no garagem da banco, até eu bagar a embréstimo. Tão bom azim?

- Feito!

Chegando em casa, Salim diz para Jamile:

- Bronto, nóis já bode viajar bra Turquia zem breogubazon. Conzegui dexar a Mercedes num garagem do Banco do Brasil bor 30 dias, e eu só vai bagar doze zentavos de estacionamento.

A renúncia de Genoino

A renúncia do deputado José Genoino (PT/SP) o livra do processo de cassação. O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN), garante que ele ainda pode se aposentar, por ter entrado com o pedido antes de ter anunciado a renúncia. Se a aposentadoria fosse concedida antes da abertura do processo de cassação, Genoino também não responderia pelo processo de cassação de mandato. Como se recorda, o STF - que o condenou no processo do mensalão - determinou a perda automática do mandato parlamentar, mas o presidente da Câmara dos Deputados disse que iria instaurar processo normal de cassação, que inclui votação em plenário. Caso Genoino não tivesse renunciado, o processo seria submetido ao plenário da Câmara já em votação aberta.

Eletricidade no ar

A eletricidade está no ar. Em todos os espaços. Ainda bem longe da feroz campanha de 2014, os ânimos já se acirram. De um lado, as oposições tentando tirar uma casquinha nas feridas do mensalão que chega ao fim, com a prisão de políticos petistas e outros; e de outro, o governismo comemorando o avanço lento e gradual da presidente Dilma no ranking pré-eleitoral. Afinal, quais os efeitos do mensalão na campanha e por onde caminhará o governismo?

A economia das bases prevalece

Os oposicionistas estão com a pulga atrás da orelha. Perguntam-se : afinal de contas, com a onda midiática em torno da prisão de mensaleiros, por que a presidente Dilma, que encarna o status quo governista, expande seus índices eleitorais ? Mais uma vez, este consultor mete a mão na cumbuca para reiterar o que tem dito ao longo dos últimos meses. A economia prevalece sobre a política. Ou seja, o bolso, neste momento, é mais importante que o barulho que a política provoca. Apesar dos pesares na esfera das contas públicas, déficits fiscais, baixo crescimento do PIB, conta exportação em baixa, o povão das margens não tem sido afetado pelos grandes números. O programa assistencialista garante geladeira cheia e barriga satisfeita. Logo, a cabeça pende para quem patrocina as benesses.

Dossiês

Começou o ciclo de produção de dossiês. Há gente inocente pagando por calhordas no episódio dos trens em SP. E há partidos querendo tirar proveito do episódio. Há muita versão fajuta. A conferir os resultados.

O meio consolida posições

Por isso mesmo, as bases têm garantido à presidente Dilma seu bom posicionamento. E mais: querem que ela faça mudanças. Esse é um dado interessante. Identificam nela o perfil capaz de fazer mudanças, não o Aécio nem o Eduardo Campos. Já as classes médias consolidam sua visão, mantendo forte rejeição ao lulopetismo, como se observa em SP, por exemplo. No maior colégio eleitoral do país estão os contingentes mais racionais e as searas mais anti-petistas. Por isso, Alckmin continua a ter bons índices - 43% - nas pesquisas.

Lula, ainda o maior

Luiz Inácio Lula da Silva continua a liderar o ranking de puxadores de voto. Teria, hoje, na condição de eventual, cerca de 55% de intenção de voto. Continua a desfraldar a bandeira de defensor dos pobres.

Mensalões no ar

É evidente que muita coisa poderá mudar até as eleições. Digamos que o efeito pedra no meio da lagoa gere consequências (marolas se formam até as margens da lagoa) ; isto é, as classes médias, contrárias ao petismo, fariam circular sua contrariedade até as beiradas. Tudo bem. Isso é possível. Mas em 2014, deveremos assistir o affaire do mensalão mineiro. Os petistas poderão brandir o escândalo mineiro em contraponto ao seu escândalo. O deputado Eduardo Azeredo, do PSDB, poderá virar o alvo do tiroteio.

O Triângulo das Bermudas

O centro do fenômeno eleitoral será o espaço chamado Triângulo das Bermudas: SP, maior colégio eleitoral, com 32 milhões de eleitores; MG, com 15 milhões, segundo colégio eleitoral, e RJ, com 11 milhões, terceiro colégio eleitoral. SP e Minas são governados por tucanos. Alckmin, hoje, lidera o processo em SP, tendo mais de 40% de intenção de voto. O governador Anastasia, em Minas, quer dar a Aécio maioria de 4 milhões de votos. No Rio, Garotinho está na frente e os candidatos do PT e do PMDB, Lindbergh e Pezão, poderão crescer. Lembre-se, ainda, que GO, com Marcone Perillo, e PR, com Beto Richa, são governados por tucanos. O PSDB, teoricamente, tem boas condições de lutar pelo segundo turno. Mas...

Cadê o discurso?

Ocorre que falta discurso às oposições. Aécio Neves expressa com veemência peroração política - centrando críticas em perfis do petismo, a partir da presidente Dilma - mas lhe falta uma abordagem programática. Qual é o projeto para o país? Qual a alternativa econômica em substituição ao modelo petista? Por onde caminhar? Qual a proposta para a reforma tributária? São questões como essas que continuam sem resposta por parte das oposições. E Eduardo Campos, por sua vez, tem uma banda governista. Não conseguiu, até o momento, fixar uma imagem de oposição forte. Carrega imagem frappé.

Campos no Nordeste

Eduardo Campos vai tentar se apresentar como o candidato da região Nordeste. E quer sair de PE com uma extraordinária votação. Tem tido boa avaliação, sem dúvida. Mas não devemos esquecer que Lula é pernambucano e vai correr seu Estado para encher a bacia de votos de sua candidata. Dirá, por exemplo, que os R$ 40 bilhões que PE recebeu, nos últimos anos, de investimentos se deram sob a égide dos governos petistas, dele e da presidente Dilma. Será interessante acompanhar a querela pernambucana.

Ceará e os Ferreira Gomes

No CE, os irmãos Cid Gomes e Ciro Gomes resistem a um acordo com o PMDB, cujo candidato ao governo é o senador Eunício Oliveira, hoje com 45%. Esse é um dos imbróglios a serem resolvidos pelo PT. No pano de fundo, vê-se a chance de Tasso Jereissati voltar à política como senador, pelo PSDB. Portanto, é possível que o reduto governista dos Ferreira Gomes vá às urnas bastante dividido.

Sergipe e o vice-+

Com a morte do governador Marcelo Déda, aos 53 anos, crescem as chances do vice-governador Jackson Barreto, do PMDB, levar a melhor no pleito de 2014. Terá a máquina a seu favor. Sobre Deda: um perfil de moderação; inteligente, articulado, poeta. Um dos melhores quadros do PT. Querido amigo da presidente Dilma.

Skaf em SP

Paulo Skaf, que será o candidato do PMDB ao governo paulista, continua despontando com boas chances. Tem cerca de 20% de intenção de voto. O índice se mantém. Nas pesquisas qualitativas, aparece como o perfil que mais se destaca, o mais asséptico. Paulo tem, sim, condições de quebrar a polarização PSDB x PT.

PMDB nos Estados

No PR, o PMDB poderá vir a apoiar a senadora Gleisi, do PT, ao governo; mas Requião, o senador com voz forte no partido, pensa em se candidatar. Em GO, o candidato deverá ser Junior, da Friboi; em Minas, o PMDB poderá fechar com o PT, de Fernando Pimentel, e ganhar a vice, com o ministro Antônio Andrade, da Agricultura; Clésio, o senador do PMDB pensa em disputar o cargo de governador. Na BA, Geddel será o candidato ; no RN, se não sair com candidato próprio, poderá fazer aliança com o PSB de Wilma Faria. No Rio, o imbróglio é grande. Pezão será candidato. E assumirá o governo com a saída de Cabral, que se candidatará ao Senado. E quando o PT vai deixar o governo de Cabral?

Haddad em baixa

Previsível. O prefeito Fernando Haddad está no despenhadeiro da imagem. Também, pudera. Faz um pacote com alta taxa de IPTU para áreas comerciais e algumas regiões, algo entre 25% e 35%. A comparação é inevitável: quem teve aumentos salariais e de ganhos nesses índices? Era de esperar um reajuste de 10% no máximo. Seu pacotão vai estourar nas costas de Padilha?

Padilha, Mais Médicos

Se Alexandre Padilha fosse candidato a governador em um Estado do Norte ou mesmo do Nordeste, poderia ter uma ótima votação. Em SP, a coisa é mais complexa. O programa Mais Médicos renderá ótimos frutos para a presidente Dilma em 2014. Em SP os efeitos desse programa não serão tão impactantes. Mas o PT, como se sabe, tem garantido a seus candidatos majoritários cerca de 30% dos votos em SP. Desse modo, esse poderá ser o teto de Padilha. Aliás, podemos projetar a seguinte equação : 30% para o candidato governista; 30% para o candidato oposicionista e 30% para o perfil alternativo. É uma boa equação para se projetar o cenário paulista.

Petrobras

É surpreendente como a Petrobras descamba no perigoso terreno da má gestão. Graça Foster, diz-se, é uma ótima gestora. Mas quem está dirigindo a empresa é a dupla Dilma/Mantega. Graça apenas assina os papéis. De tombo a tombo, a Petrobras cai no poço do descrédito. Desabou, esta semana, 10,37%. Que triste.

Marcha à ré no crescimento

O governo anda trombando em seus próprios números. Esta semana o IBGE anunciou que a economia brasileira recuou 0,5% no terceiro trimestre deste ano em relação ao trimestre anterior. É o pior desempenho desde o primeiro trimestre de 2009, durante o auge da crise global - ali houve retração de 1,6% na comparação com o trimestre anterior. Primeiro erro : um dia antes, o ministro Guido Mantega disse que a economia deveria registrar crescimento de 2,5% neste trimestre em relação ao mesmo período do ano passado. O número correto é 2,2%. Segundo erro : em entrevista ao jornal espanhol El País, a presidente Dilma disse que o PIB de 2012 seria revisado de 0,9 para 1,5%. Foi apenas de 0,9% para 1%.

Mais um gigante nacional?

Por meio de manifestação de interesse, a prefeitura de SP selecionou interessados na modelagem da PPP que será responsável pela modernização, operação e manutenção da iluminação pública da cidade. SP é uma das cinco maiores metrópoles do mundo. O consórcio que faz hoje o serviço se uniu a J&F, ou seja, Friboi. Há quem diga que o PT estaria por trás dessa tentativa de criar mais um gigante nacional. Para haver efetiva concorrência, urge lembrar que SP é tão grande que, em uma licitação nacional, quem faz o serviço em SP teria melhores condições de atestar experiência.

Transparência

Brasil caiu no ranking da transparência. Ocupa a 72ª posição entre 177 Nações. Tinha a 69ª posição.

Um alerta à ANAC

O departamento de transporte dos EUA multou a companhia aérea GOL em US$ 250 mil por violar várias normas sobre Direito do Consumidor e não revelar todas as informações necessárias sobre as taxas aplicadas aos passageiros. Esta é a maior multa aplicada pela agência Federal desde que reforçou sua legislação de proteção dos passageiros em abril de 2011. "Adotamos estas normas para assegurar que os passageiros sejam tratados com respeito quando compram um bilhete ou entram em um avião", afirmou Anthony Foxx, secretário de transporte dos EUA em uma nota de imprensa. A sanção decorre das falhas observadas no site da GOL após seu lançamento em 2012, no qual não estavam incluídas todas as informações requeridas, como os planos de contingência para longos atrasos na pista do aeroporto ou links à lista de preços por bagagem e outros serviços opcionais. É um alerta à nossa ANAC.

Conselho às autoridades

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes, membros dos Poderes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos eventuais candidatos aos governos estaduais. Hoje, volta sua atenção aos governantes : Nos últimos tempos, temos assistido a eventos de impacto, principalmente acidentes envolvendo obras em construção, como estádios, prédios, etc.

1. Urge pôr uma lupa nos empreendimentos, observando-se rigorosamente as maneiras de operação, os sistemas de segurança, os licenciamentos e as condições de trabalho.

2. Nas arenas em construção para a Copa de 2014, todo cuidado é pouco. Imaginem a ocorrência de acidentes no período de realização dos jogos ; a imagem do país estaria irremediavelmente comprometida.

3. A pressa é inimiga da perfeição. Querer tirar os atrasos nos cronogramas, procurando queimar etapas ou acelerar processos, sob a ameaça de perda de qualidade, é um enorme risco. Atentem para essa questão.


(Gaudêncio Torquato)

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

A RENÚNCIA DE GENOÍNO

"Excelentíssimo Senhor Presidente da Câmara dos Deputados

Excelentíssimos Senhores Membros da Mesa Diretora

Excelentíssimos Senhores Deputados

Dirijo-me a Vossas Excelências após mais de 25 anos dedicados à Câmara dos Deputados, e com uma história de mais de 45 anos de luta em rol da defesa intransigente do Brasil, da democracia e do povo brasileiro, para comunicar uma breve pausa nessa luta, que representa o início de uma nova batalha, dentre as tantas que assumi ao longo da vida.

Assim, e considerando o disposto no inciso II, do artigo 56 da Constituição Federal;

Considerando ainda a transformação midiática em espetáculo de um processo de cassação;

Considerando, de outro modo, que não pratiquei nenhum crime, não dei azo a quaisquer condutas, em toda minha vida pública ou privada, que tivesse o condão de atentar contra a ética e o decoro parlamentar;

Considerando que sou inocente;

Considerando, também, que a razão de ser da minha vida é a luta por sonhos e causas ao longo dos 45 anos, reitero que entre a humilhação e a ilegalidade, prefiro o risco da luta; e

Considerando, por derradeiro, que sempre lutei por ideias e jamais acumulei patrimônio ou riqueza.

Por tudo isso e ao mesmo tempo em que agradeço a confiança em mim depositada ao longo de muitos anos pelo povo do Estado de São Paulo e pelo Brasil, RENUNCIO ao mandato parlamentar e encaminho a presente missiva através do deputado José Guimarães PT/CE e do dr. Alberto Moreira Rodrigues, advogado inscrito na OAB/DF nº 12.652.

Atenciosamente,

José Genoino Neto – deputado federal licenciado – PT/SP

Alberto Moreira Rodrigues – OAB/DF – 12.652"

POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

PT e PMDB: condenados a viver juntos - 1

Os dois maiores partidos da base aliada, juntamente com a presidente da República, o ex-presidente Lula e alguns ministros dedicaram o descanso de sábado para debater a aliança eleitoral para 2014. A nacional e as regionais. As informações a respeito do que ficou ajustado são divergentes no que tange aos acordos estaduais. Não têm solidez, porém, nem qualquer acerto feito na Granja do Torto nem qualquer desacerto pode ser impossível de ser superado. As definições dos palanques regionais na sua maior parte vão depender de muitas variáveis e só começarão a ganhar consistência entre abril de junho. Antes, são especulações.

PT e PMDB: condenados a viver juntos - 2

O presidente em exercício do PMDB, por exemplo, saiu do encontro dizendo que Lula e Dilma haviam acertado o apoio do PT ao candidato da família Sarney ao governo do MA e à governadora Roseana ao Senado. Ruy Falcão, presidente do PT, rechaçou avisando que nada foi acertado. Óbvio, o adversário dos Sarney é o presidente da Embratur, Flávio Dino, do PC do B. E os comunistas do ministro Aldo Rebelo cobram do PT uma compensação para os anos de fidelidade ao petismo. No caso, a tática oficial é deixar andar para ver como fica. No Rio, também, a situação ficou confusa e a tática é a mesma. A informação é a de que o PT não abriu mão da candidatura do senador Lindbergh Farias. E que o governador Sérgio Cabral, peemedebista, insiste com a postulação de seu vice, Pezão. No impasse, teria surgido a possibilidade dos dois apoiarem um tertius, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, também peemedebista. Há, porém, um outro nó : o candidato mais bem cotado na pesquisa, até agora, é outro governista, o ministro da Pesca, Marcelo Crivella, do PR, o partido dos desejados evangélicos.

PT e PMDB: condenados a viver juntos - 3

Esses desacertos, mesmo que muitos redundem em palanques estaduais duplos e pouco amigáveis, não vão prejudicar o acerto nacional. No campo da sucessão presidencial, PT e PMDB estão condenados a viverem juntos. O dote oferecido pelo PT é a vice-presidência para Michel Temer. O PMDB entra com um dote considerado preciosíssimo pelos marqueteiros : os minutos no horário eleitoral obrigatório no rádio e na televisão. Contas bem feitas, o dote do PMDB é maior. Boa parte dos peemedebistas não dá a mínima para o cargo de vice. Muitos dizem que o partido até perde com isso, pois quando reivindicam melhor distribuição de cargos recebem logo a advertência de que têm a vice. Ora, como lembra um bem humorado peemedebista, vice do Brasil "não dá nem nome de um mero beco em cidades do interior". Ademais, o PMDB joga um jogo no qual já sabe previamente que está nas finais: qualquer que seja o resultado da eleição presidencial, ele sabe que será peça essencial no futuro "governo de coalizão". A não ser que o partido não consiga bons desempenhos nas eleições estaduais: para os governos, Câmara, Senado e Assembleias Legislativas. Assim, queira ou não queira, o PT vai ter de fazer mais concessões nas alianças regionais com o PMDB. É isto que Lula tem dito (ordenado) a seus correligionários. Nessas circunstâncias, os Sarney dificilmente deixarão de levar a bola do PT no MA.

Pesquisa: desastre para a oposição, alertas para Dilma - 1

Dilma entra a semana em meio estado de graça, para desespero da oposição. A mais recente pesquisa DataFolha, do fim de semana, indicou que a preferência dos eleitores por sua candidatura voltou a crescer, depois de um período estagnada em torno dos 35%. Nada ainda que a aproxime dos números anteriores aos barulhos de junho, mas uma recuperação que parece sustentada. Os sinais bons para a petista e aliados é um desastre para os oposicionistas em geral: estão perdendo fôlego, apesar das indicações de que a população continua preocupada com os riscos de inflação e o desemprego. O discurso oposicionista, repita-se o que se viu em outras pesquisas, não convenceu ainda de que é capaz de fazer melhor.

Pesquisa: desastre para a oposição, alertas para Dilma - 2

O eleitor está naquela : entre o incerto e o conhecido, ele tende a ficar com o conhecido, mesmo que ele não esteja agradando muito. Apesar do alívio, Dilma vai precisar se precaver. Como na pesquisa anterior da CNI, já comentada aqui, a população continua insatisfeita: 66% dos entrevistados do DataFolha disserem que querem políticas diferentes da que está em uso. E, confirmando o que era fácil intuir, quando Lula é apresentado como candidato governista, no lugar dela, a intenção de votos dele é muito superior à da pupila: Dilma fica na casa dos 40% e Lula chega próximo aos 60%. Uma sonata nos ouvidos das viúvas do lulismo, no PT, nos partidos aliados, nos meios empresariais. A leitura mais possível de tudo isto: quem disser que sabe o que vai acontecer em 2014 ou está muito mal informado ou é apenas um torcedor.

É agora ou agora

Naturalmente vão crescer as pressões para Aécio Neves anunciar sua candidatura e mergulhar de vez na campanha. O mineiro vai anunciar lá pelo dia 15 seu programa de campanha. Terá de ser claro, simples, objetivo e com promessas factíveis. Mesmo assim, fica um problema: quem vai colocar o guiso no pescoço do José Serra. Os tucanos vão se afundando em suas eternas vacilações e enormes vaidades.

Água e óleo

Estava certo quem previu que na prática não seria nada fácil misturar o pragmatismo socialista do governador Eduardo Campos com os sonhos de Marina Silva. Os dois estão perdendo adeptos e diminuindo aos olhos de alguns eleitores. A dupla não apenas não se entende, assim como é completamente ausente das notícias do dia a dia, espaço vital para quem tem algo a dizer e é candidato oposicionista. Ao governo sobram erros e não há entre os pessebistas nenhum sinal de vida política que mereça registro. A coisa parece mal e sem saída clara até agora.

Candidatos tutelados

Na semana passada comentamos que cresce dentro do petismo e fora dele, sobretudo entre os empresários, a vontade de que Lula não deixe a atual presidente à solta no próximo mandato o qual, sendo o segundo, torna ela mais livre para exercer o governo que tem na sua mente. Não resta dúvida de que Dilma é uma política tutelada e com rédeas relativamente curtas. Afinal, não é alguém com experiência em campanhas e nem concepção política provada por eleitores, apesar de gostar de pregar verdades por todos os lados. De outro lado, temos Aécio Neves, que apesar de ser político de estirpe mais conhecida, neto de Tancredo e com trânsito congressual indubitável, também aceita passivamente a tutela intelectual e política da velha guarda do PSDB, liderada pelo octogenário FHC. Aécio Neves parece garoto de velhos recados quando fala de políticas públicas. Falta-lhe brilho próprio e uma agenda atualizada à realidade atual. Ademais, se associa à turma da "Casa das Garças" da PUC/Rio, a nomes como os de Armínio Fraga, Pérsio Arida e Edmar Lisboa Bacha, conhecidos como bons economistas, mas não necessariamente conhecedores de vastas áreas de políticas públicas, especialmente as sociais. Como dissemos acima, veremos em breve o seu programa eleitoral. Todavia, há muito espera-se que o mineiro conduza e não seja conduzido pelas velhas guardas que o cercam.

A missão de Geraldo Alckmin

Há algo de podre no reino paulista do PSDB. Não se sabe se as listas de possíveis corruptos do PSDB paulista são verdadeiras, mas que há algo errado não resta dúvida. As denúncias da Siemens, forjadas por um acordo judicial na Alemanha, são consistentes com os fatos que se viu e outros sobre os quais apenas se sente o cheiro. Aécio Neves cobrou explicações ao ministro da Justiça Eduardo Cardozo, mas deveria ir além. Vale cobrar do governador de SP Geraldo Alckmin uma investigação própria e profunda, mesmo que tenha de extirpar seus colegas de partido. Ninguém pode cobrar nada que não faça por moto proprio. As nuvens que recobrem o Palácio dos Bandeirantes não são de coloração diversa daquilo que se vê em outros recantos nacionais. Há algo de corrupto no ar.

Vai bombar

Após mais uma decepção com o resultado das contas públicas em novembro, o secretário do Tesouro Arno Agustin, o "maquiador contábil" mais requisitado de Brasília, voltou a garantir que a meta fiscal do governo Federal será cumprida este ano. Qual, exatamente, vai se saber no fim do ano: 3,1%? 2,3% ? 1,7%? 1,5% ? Não há dúvida que vai, com o apoio do R$ 15 bilhões do pré-sal que entraram em novembro e pelo menos mais R$ 16 bilhões do "Refis do Refis" da crise, acertos de bancos e grandes empresas com o fisco. Somente da Vale podem ser mais de R$ 5 bi. Para efeitos contábeis, assim, estará tudo certo. Porém, não significa nenhum esforço fiscal real, ou seja, racionalização de gastos, evitando as despesas mais supérfluas e priorizando os investimentos. Pelo andar da carruagem, os investimentos Federais este ano serão inferiores aos do ano passado.E certamente não será em ano eleitoral que o setor público vai mudar esse comportamento.

A questão do "rebaixamento" do Brasil

As agências classificadoras de risco (rating agencies) são daquelas empresas que relatam o risco depois de que este já ocorreu. São inúmeras provas disso, especialmente após a crise de 2008. Todavia, estas agências ainda gozam de certo prestígio dentre administradores de fundos e concessores de crédito - estes, ao invés de tomarem suas responsabilidades, acabam por se "esconder" por entre os relatórios da Standard & Poor's e Moody's. Há a dúvida recente se o Brasil terá a sua nota reduzida por estas agências. A opinião desta coluna é clara: não há razões objetivas para que isto ocorra agora. No futuro, será preciso reavaliar. Isso porque não há riscos substantivos de que o padrão de solvência do país piore nos próximos meses a ponto de justificar um rebaixamento. Cabe lembrar, neste particular, que as reservas externas do país e a dívida interna sob relativo controle evidenciam que a nota do Brasil é justa. De outro lado, lembramos aos nossos leitores que não se deve confundir solvência (em certo momento histórico) com boas práticas de política econômica. O Brasil abusa do déficit externo, da leniência com a inflação, com a incompetência na transformação estrutural da economia brasileira, com os ineficazes e elevados gastos públicos, por um sistema tributário projetado no Instituto Pinel, etc. Em outro momento histórico, mais a frente, estas más políticas destruirão a solvência brasileira. E muito mais.

Mercado de Ações

Que ano maravilhoso para o mercado acionário. Referimo-nos ao mercado norte-americano, é claro. Na semana passada, os índices S&P 500 e NASDAQ ultrapassaram os significativos patamares de 1.800 e 4.000 pontos, respectivamente. Um sinal consistente com a recuperação (ainda em curso) da economia dos EUA. Nas próximas semanas poderemos ter um período de "realização de lucros". Afinal, depois de tantos ganhos, há uma parcela relevante do mercado que acredita que os preços das ações estão elevados demais. No médio prazo, continuamos otimistas com o mercado acionário americano. Por aqui acreditamos que, estes sim, os preços das ações estão elevados e as perspectivas do país não são boas. O atual marasmo (em termos de preços) do mercado acionário está em linha com o desaquecimento global e com o fracasso da política de crescimento da presidente e ministra da economia Dilma Rousseff. O ano que vem será muito desafiador: o país pode começar a sofrer ainda mais com o padrão já velho das políticas públicas.

PIB: decepção e aviso

O PIB do terceiro trimestre, calculado pelo IBGE e que será divulgado nesta terça-feira, mostrará não apenas o colossal fracasso da política econômica do governo. Haveremos de verificar que neste número estão embutidos todos os riscos estratégicos do país na área econômica: pobreza tecnológica, excesso de regulação, excesso de tributação, crise de confiança, falta de competitividade internacional, ausência de parceiros externos confiáveis, custos de logística elevados, etc. Dilma e seu assessor Guido Mantega patrocinam a desindustrialização do país, mas apenas há três anos. O país está neste processo há três décadas e nenhum governante tomou as rédeas para mudar esta situação.

Um novo enredo

Diante dos sinais de que dois terços da população quer mudanças nas políticas em voga em Brasília - e não se trata da política dos políticos, mas da política que determina o bem estar dos cidadãos - o governo está em busca de uma nova "narrativa econômica" para começar 2014 e angariar eleitores. A "narrativa" ensaiada no ano passado está esgotada: perderam-se o discurso dos juros, da redução das tarifas, do consumo sem freios. E, principalmente, a de que o crescimento econômico seria retomado com vigor. Para o setor empresarial é tornar crível a política fiscal e afastar os riscos da tal "tempestade perfeita" que o ex-ministro Delfim Neto diz que pode se abater sobre o Brasil no próximo ano. A perda de confiança no governo, no entanto, não parece ser uma questão de "narrativa" e sim de esgotamento do modelo, sustentado pelo incentivo ao consumo e pelos gastos públicos.

Privatizações, um alívio

Depois de atrasos, decepções e insucessos totais e parciais, a presidente Dilma teve dois momentos de alívio no seu plano de privatizações: os leilões dos aeroportos do Galeão e de Confins e de um trecho da BR 163. Foi o suficiente para a ela exibir todo o seu estilo e gabar-se: "É o meu modelo". Os avanços são evidentes, porém, nem tanto ao mar, nem tanto a terra : as privatizações só começaram a deslanchar depois de profundas mudanças nas modelagens iniciais preparadas pelo governo. Se ficasse na teimosia anterior, estaria tudo parado ainda.

Enfim, descobriram

Incrível como pessoas que há anos militam nos meios jurídicos brasileiros, alguns com mais de 50 anos de experiência no ramo, com passagens por diversos governos, conselheiros de ministros e presidentes começaram agora a descobrir que o sistema prisional brasileiro é sub-humano. Nunca se viu tanta gente boa falando sobre isto, imprecando contra esta "maldade" como neste momento. Qual a razão deste milagre?

A flor da pele

Boa parte das críticas - e a totalidade dos ataques - ao ministro Joaquim Barbosa, presidente do STF, por suas ações no mensalão não escondem um indisfarçável tom racista. E olha que vem de gente que se julga da mais fina estirpe, politicamente correta, não apenas de raivosos internautas. Só faltam dizer e escrever que "o ministro não reconhece o seu lugar". (Sobre o assunto há um excelente comentário do jornalista Carlos Brickmann em seu blog: "Os 50 tons de pele".)

Um pouco de humor

Do jornalista Ricardo Setti em seu blog no portal da revista Veja: "Não dá para resistir à piada: se o senador Eduardo Suplicy (PT/SP) continuar visitando diariamente o mensaleiro condenado José Dirceu na penitenciária da Papuda, no DF - vai ver que até cantando, de vez em quando, o Blowin' in the Wind de Bob Dylan -, o ex-ministro acabará por pedir uma mudança em seu regime prisional. Em vez do semiaberto, poderá até, quem sabe, solicitar uma temporada numa solitária."

(por Francisco Petros e José Marcio Mendonça)