sábado, 9 de abril de 2011

LANÇAMENTO DE LIVROS EM CRATEÚS


A Academia de Letras de Crateus - ALC

tem a honra de convidar Vossa Senhoria para o lançamento dos livros:

"Histórias de Roça - ciranda, cirandinha venham monstros cirandar", de Elias de França, e "Açucena não é flor que se cheire" de Lourival Veras

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. DATA: 09 DE ABRIL DE 2011, ÀS 19:30 HORAS

LOCAL: TEATRO ROSA MORAES, COM AUTÓGRAFOS NA SEDE DA ACADEMIA DE LETRAS DE CRATEUS .

OBRAS GANHADORAS DO PREMIO EDUARDO CAMPOS DE DRAMATURGIA DA SECULT
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. CUSTO DE CADA EXEMPLAR: R$ 20,00, SENDO R$ 30,00 A COMPRA CASADA


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OS AUTORES

Antonio Elias de França, Crateuense, nascido no campo, na localidade de Arvoredo, distrito de Santo Antonio, onde residiu até os 18 anos, inventa suas criações desde menino, de quando era um inquieto curumim matuto, tecendo suas letras, melodias, histórias, causos e versos. Teve acesso à escola somente em sua maioridade, quando passou a morar na cidade, pois onde nascera não havia colégios. Artista de talentos múltiplos, é poeta, compositor, dramaturgo e artista plástico. O acervo de lembranças e componentes oriundo de suas raízes, que povoa o imaginário típico das pessoas ao seu tempo e lugar, é presença notória em suas obras, em contraste com o deslumbramento e cisma de sertanejo que descobre a metrópole com sua massa humana em movimento galopante. Esta obra premiada é seu quarto livro. Antes publicou: “Cantigas do Oco do Mundo - poesia”, em 2002, “A menina de cabeça nas nuvens”, em 2008, e “Zungo, zunzungo”, em 2009, os dois últimos, livros de literatura infanto-juvenil, selecionados para integrar a 1° e 2° coleções PAIC (Programa de Alfabetização na Idade Certa) Prosa e Poesia da SEDUC (Secretaria de Educação do Estado do Ceará). Teve obras publicados ainda nas Coletâneas: I Prêmio Literário Fazendários do Ceará e IV Premio Ideal Clube de Literatura. Elias de França é presidente da Academia de Letras de Crateús. Este Prêmio Autores Cearenses da Secult-Ce foi o seu décimo sétimo reconhecimento como criador de arte ou literatura em eventos competitivos como festivais, concursos e prêmios propriamente ditos, alternados entre as categorias: poesia, música, dramaturgia, literatura infantil e teatro.

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Lourival Mourão Veras é dramaturgo, poeta e contista, nascido e radicado em Crateús, Cidade dos Sertões do Centro-Oeste do Ceará. Tem marcante atuação em sua terra e junto a seu povo, com larga folha de serviços prestados ao movimento cultural, em mais de 35 anos dedicados às artes. Já na década de 1970, integrava uma jovem vanguarda, precursora de uma experiência teatral que faria de Crateús uma referencia regional das artes cênicas, cujos frutos ainda perduram até os dias de hoje. Nesta empreitada, foi produtor de diversos espetáculos cênicos. A partir da década de 1990, passou a dirigir o Departamento de Cultura do Município, por período de 10 anos. Em seus tempos de gestão pública, deu-se por inteiro ao esforço de construir o “milagre” da ação cultural, diante da conhecida escassez de recursos e políticas públicas voltadas para este setor. Ainda assim, tornou possível a realização de importantes certames como: festivais estaduais de música inédita, festivais de esquetes teatrais, exposições de artes plásticas, dentre outros. Na última década, tem feito de suas ideias novas janelas para o protagonismo cultural, orientando os sujeitos das artes no exercício do fazer cultura. Integra a Sociedade Amigos da Biblioteca Municipal Norberto Ferreira Filho - SABi e a Academia de Letras de Crateús, das quais é co-fundador. Lourival Veras é um dos principais fomentadores da cultura crateuense e tem tomado parte importante nos acontecimentos artísticos do município nos últimos 25 anos. Reunindo amor, compromisso e talento, sempre acrescenta grandeza à construção e à promoção das artes do povo, tecendo teias essenciais para que se faça presente e real um jeito de se ser e viver mais arteiro, belo e sublime.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

HOMEM INVADE ESCOLA E MATA 12 CRIANÇAS


Um homem, identificado como Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, entrou na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro, e atirou em crianças e funcionários, matando pelo menos 12 crianças e ferindo outras 13, na manhã de ontem, quinta-feira (7/4). Quatro estão em estado grave. A presidente Dilma Rousseff decretou luto oficial de três dias no país.

Os números foram informados pelo secretário de saúde do estado, Sérgio Cortes. Entre os mortos contam-se nove alunas e um aluno da escola, com idade entre 12 e 14 anos e o próprio atirador. Depois de ser atingido nas pernas por policiais militares que participavam de uma blitz nas proximidades da escola, o homem se matou com um tiro. Ele não tinha antecedentes criminais.

Segundo informações das autoridades, o homem era ex-aluno da escola, pois tinha no bolso uma carteira da escola com sua identificação. Em uma carta deixada por ele, dizia ser portador do vírus HIV. Com frases sem sentido, ele fez também referências ao islamismo e ao terrorismo internacional. Junto ao seu corpo foram encontradas duas armas descarregadas.

O tiroteio causou pânico entre professores e alunos da escola. A professora Vanessa Duarte, orientadora do programa de jovens e adultos no turno da noite, disse que levou um susto com a notícia. "O sistema de segurança da escola é super-rigoroso, tem segurança, câmera nos corredores, sistema interno de TV. Todos precisam passar por três portões fechados. Estou até assustada, não sei como esse homem conseguiu entrar e depois sair."

Em entrevista coletiva, o governador do Rio, Sérgio Cabral, informou que o atirador entrou no colégio alegando que iria buscar seu histórico escolar. Em seguida, ele saiu e atirou contra as crianças. Um policial militar que dava apoio a uma fiscalização do departamento de trânsito próxima à escola, ouviu os disparos e conseguiu imobilizar o atirador com um tiro na perna. Em seguida, o homem atirou contra a própria cabeça.

Cabral destacou a ação do policial: "Quero agradecer ao herói, o terceiro sargento Alves do 14º BPM que estava participando de uma operação do Detro aqui perto. Dois meninos feridos abordaram as viaturas. Quando ele chegou à escola, o atirador já tinha acabado o massacre no primeiro andar, e estava no terceiro andar, quando se matou. Ele estava preparado para mais disparos, segundo a polícia militar".

Além de prestar solidariedade e apoio às famílias das vítimas, o governador prometeu abrir investigações para descobrir como o atirador "adquiriu experiência com armas e a origem de todo este episódio lamentável".

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, disse que a tragédia poderia ter sido maior se não fosse a ação dos policiais. Segundo ele, a Secretaria de Educação do município já fez contatos com as famílias das vítimas. Ele disse, também, que a escola não será fechada:"A escola não vai ser fechada. Ela tem a história de formação de muitos cariocas. Eles contam com a nossa solidariedade".

A presidente Dilma Rousseff disse estar chocada e consternada com a tragédia e acompanha o episódio com grande "preocupação", de acordo com informações do porta-voz da Presidência da República, Rodrigo Baena. Dilma conversou nesta manhã com o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e com o prefeito, Eduardo Paes, para saber detalhes sobre o episódio e determinou ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que tome as providências necessárias em relação ao episódio.

Três ministros já se mobilizaram para acompanhar os aocntecimentos. Os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Educação, Fernando Haddad, vão coordenar pessoalmente as ações e as providências tomadas em relação ao crime. A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, que cumpre agenda em Belo Horizonte, segue, na tarde desta quinta-feira (7/4), para o Rio de Janeiro.

Ao ser informado sobre a tragédia na escola municipal, Cardozo telefonou para o governador do Rio, Sérgio Cabral, e o prefeito da capital, Eduardo Paes. Na conversa, o ministro se colocou à disposição do governo estadual e da prefeitura. Em João Pessoa (PB), onde participa de uma solenidade, Cardozo pediu um minuto de silêncio em solidariedade às vítimas da tragédia no Rio.

Em nota, Fernando Haddad lamentou o ocorrido e disse que esse é um dia de luto para a educação brasileira. "Hoje é um dia de luto para a educação brasileira; uma tragédia sem precedentes", afirmou ao chegar a Porto Alegre, nesta manhã. O ministro informou que toda a rede federal carioca está à disposição da prefeitura do Rio e das famílias das vítimas. Haddad suspendeu as atividades que estavam marcadas para tarde desta quinta-feira em Porto Alegree decidiu voltar para Brasília — de onde coordenará as ações.

O presidente do Senado, José Sarney classificou o ato de terrorismo. "De certo modo, isso é um ato de terrorismo quando a gente procura atingir pessoas civis. Não é da nossa tradição atos dessa natureza. Precisamos parar de uma vez com isso para que isso não floresça", afirmou. Ressaltando que uma atitude dessa "choca profundamente" e gera uma insegurança nas crianças e nos pais, o presidente do Senado cobrou das autoridades maior presença da Polícia na segurança das escolas.

A secretária municipal de Educação, Claudia Costin, que está em Washington, cancelou seus compromissos no exterior assim que soube do episódio e deve retornar hoje ao Brasil. Ela estava na capital norte-americana para uma palestra e para negociações com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) visando à obtenção de recursos para melhoria das escolas públicas do município do Rio de Janeiro.

O Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) enviou nota à imprensa para manifestar solidariedade aos alunos, familiares, professores e funcionários da escola. "Nesse momento de dor, por ato de um insano, o IAB coloca-se à disposição das autoridades para, através do seu corpo de associados, colaborar no que for preciso."

O presidente da OAB, Ophir Cavalcante, manifestou "inteira solidariedade" às famílias e disse esperar que as autoridades "consigam elucidar as causas que levaram o criminoso a este ato monstruoso, sem paralelo em nossa história".

O presidente da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp), César Mattar Jr., também divulgou nota pública sobre o assassinato dos alunos. “Conamp torna pública a sua solidariedade e presta seus pêsames aos familiares e amigos das vítimas e espera que o caso, sem precedentes no País, seja elucidado pelas autoridades competentes”, disse ele.

Veja a nota divulgada pela Conamp:

"A Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp), diante da tragédia ocorrida na manhã de hoje no Rio de Janeiro, vem a público manifestar profundo pesar face ao assassinato dos alunos da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo.

A Conamp torna pública a sua solidariedade e presta seus pêsames aos familiares e amigos das vítimas e espera que o caso, sem precedentes no País, seja elucidado pelas autoridades competentes, e que todas as providências cabíveis sejam tomadas para que novos episódios não ocorram.

A tragédia expõe a fragilidade do sistema de segurança pública em todo o País e aterroriza a população, que se sente ameaçada e desamparada pelo Estado.

César Mattar Jr.

Presidente da Conamp"


*As informações são da Agência Brasil e da Assessoria de Imprensa do governo do Estado do Rio de Janeiro.


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EDITORIAL DA FOLHA DE SÃO PAULO

O país prostrou-se diante da notícia vinda do Rio de Janeiro: o jovem Wellington Menezes de Oliveira, ex-aluno da escola municipal Tasso da Silveira, no pacato bairro de classe média de Realengo (zona oeste do Rio), invadiu o estabelecimento e disparou seguidas vezes contra alunos. Foram dez meninas mortas e dois meninos. O criminoso também morreu.

Essa classe peculiar de massacre é inédita no Brasil, ao menos na quantidade de mortes dentro de uma escola e sem relação aparente com tráfico de drogas ou crimes passionais. Segue um padrão sinistro, originário dos Estados Unidos, onde se conta uma dezena de episódios similares nas duas últimas décadas -entre os mais célebres figuram o de Columbine, Colorado (1999), e o de Virginia Tech (2007).

O fenômeno não é exclusivamente americano, contudo. Alemanha, Canadá, China, Escócia e Finlândia, entre outros, já presenciaram tragédias como essas -para falar apenas de massacres ocorridos em locais de ensino.

As notícias correm o mundo. Em todos os países se acham jovens perturbados, que num dado momento -sempre imprevisível, por mais que se esmiúcem os eventos- abrem a bala o caminho para uma triste fama.

A busca por algum sentido no massacre de Realengo se repetirá, de novo sem muita chance de sucesso. Por solidariedade, sensação de impotência ou mero oportunismo, políticos e especialistas estarão entregues ao exercício de propor soluções atabalhoadas, como o endurecimento das leis ou a instalação de um regime policial nas escolas públicas.

Mesmo que se posicionassem policiais em cada colégio, não haveria garantia de que tais episódios seriam evitados. Escolas são locais públicos; no Brasil, onde os estabelecimentos da rede oficial são notoriamente problemáticos, seria até desejável que mais pais de alunos e ex-alunos -a comunidade, enfim- os frequentassem.
Transformar escolas em fortalezas não impede nem a violência urbana, cotidiana e convencional. O que dizer, então, de explosões irracionais como a do colégio Tasso da Silveira? A hora é de luto e compaixão, mais que rompantes.

Ao poder público compete empreender investigação minuciosa da matança, para iluminar o que for possível sobre Realengo. Por exemplo: como foram obtidas as armas usadas pelo atirador?

Não será surpresa constatar que, apesar de tantas campanhas de desarmamento, a facilidade de acesso às ferramentas da morte continua uma das falhas mais gritantes do trabalho policial no país.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

DISCURSO DE AÉCIO NEVES NO SENADO: OPOSIÇÃO É PARA SE OPOR


Dois meses depois de sua posse, Aécio Neves (PSDB-MG) escalou a tribuna do Senado para pronunciar seu discurso inaugural.

Inaugurou mais do que o mandato de senador. Abriu a picada rumo a 2014. Cortou, por assim dizer, a fita de sua candidatura presidencial.

Aécio começou a falar por volta das 15h30. Discursou por 24 minutos. Mas só desceu da tribuna quase cinco horas depois, às 20h22.

No comando da sessão, José Sarney tentou dar início à “ordem do dia” nas pegadas do discurso de Aécio. Não conseguiu.

Senadores de diferentes partidos, os petistas à frente, rogaram pelo desrespeito ao regimento. Faziam questão de apartear o orador. Sarney aquiesceu.

Aécio monopolizou as atenções. Além de senadores, acorreram ao plenário algo como três dezenas de deputados e vários prefeitos mineiros.

Lá estava também um político sem mandato: o grão-tucano José Serra, inimigo cordial de Aécio na política interna do tucanato.

Presidenciável derrotado em 2002 e 2010, Serra testemunhou o soerguimento de uma barreira à sua pretensão de realizar nova tentativa em 2014.

Aécio obteve mais do que planejara. Até os governistas o festejaram como líder da oposição. Ficou entendido que a fila do PSDB andou.

O discurso de Aécio foi dividido em três partes. Numa, o passado. Noutra, o presente. No pedaço derradeiro, o futuro.

Dono de personalidade acomodatícia, Aécio reafirmou sua principal característica: “Homem do diálogo”.

Vai ao “enfrentamento” com disposição para encontrar “oportunidades de convergência”. No dizer o orador, “brigam as ideias e não os homens”.

Para vergastar o PT, Aécio criou uma fórmula. Enquadrou momentos históricos numa equação dicotônica: “Nós estávamos lá, nossos adversários não”.

Recordou que o PT deu às costas a Tancredo Neves, à governabilidade de Itamar Franco, ao Plano Real, à Lei de Responsabilidade Fiscal, as privatizações, o Proer...

“Sempre que precisou escolher entre os interesses do Brasil e a conveniência do partido, o PT escolheu o PT”, espinafrou.

Em contraposição ao bordão de Lula ‘Nunca Antes na Hitória Dessa País’ da Silva, Aécio disse: “O país não nasceu ontem”.

“O Brasil de hoje”, disse ele, “é resultado de uma vigorosa construção coletiva”. Algo que, segundo ele, a historiografia registrará:

“A independência dos historiadores considerará os governos Itamar, Fernando Henrique e Lula um só período da história do Brasil, de estabilidade com crescimento, sem rupturas”.

Depois de enaltecer os “méritos” de Itamar e FHC, reconheceu os “avanços” obtidos sob Lula. Citou dois:

1. “A manutenção dos fundamentos da política econômica implantada pelos governos anteriores é, a meu ver, o primeiro e o mais importante mérito”.

2. “E é necessário reconhecer que o adensamento e ampliação das políticas sociais, foram fundamentais para que o Brasil avançasse mais”.

Ocupo-se, então, de Dilma Rousseff, o presente. Ligou-a a Lula: É “o início do 9º ano de um mesmo governo. Quase uma década”.

Nesse trecho, porém, realçou o que, a seu juízo, compõe a herança negativa da gestão anterior.

“O Brasil cor-de-rosa vendido competentemente pela propaganda política –apoiada por farta e difusa propaganda oficial— não se confirma na realidade”, disse.

Empilhou os desajustes: “desarranjo fiscal”, “grave risco de desindustrialização”, “farra da gastança descontrolada”...

...”Crônica e grave doença da inflação”, as deficiências de infraestrutura e a “carga tributária atingiu 35% do PIB”.

No trecho final do discurso, Aécio listou “idéias” que, segundo disse, submeterá ao exame do Senado.

Citou, por exemplo: “redução a zero das alíquotas de PIS e Cofins das empresas de saneamento”...

“...Transferência gradual dos recursos e da gestão das rodovias federais para a competência dos Estados”.

...Distribuição de “70% dos recursos do Fundo Nacional de Segurança e do Fundo Penitenciário” para os Estados...

...”Revisão da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa”, desoneração de mocroempresas, exportadores e da folha salarial...

Nos apartes, senadores do PT contraditaram Aécio. Os mais eloqüentes foram Gleise Hoffmann (PR), Humberto Costa e Lindberg Farias (RJ). Porém...

Porém, mesmo os petistas enalteceram o estilo de Aécio, lhano e propositivo. Estabeleceu-se uma atmosfera de quase ovação.

Último senador a ocupar o microfone de apartes, Jayme Campos (DEM-MT) disse que verá “Aécio subir a rampa do Palácio do Planalto”.

Aécio riu. José Serra decerto torceria o nariz. Mas já não estava em plenário. Batera em retirada bem antes. Como que antevendo a longevidade da sessão, absteve-se.

(Josias de Souza)

O DISCURSO NA ÍNTEGRA

“Senhor Presidente, senhoras e senhores senadores,

Ocupo hoje a tribuna do Senado Federal para examinar de forma mais profunda a conjuntura e os grandes desafios do país, nesse meu reencontro com o Parlamento Nacional. Chego a essa Casa, por delegação dos mineiros. Retomo aqui o trabalho que, por 16 anos desenvolvi no Legislativo, onde tive a honra de receber importantes missões, entre elas a de presidir a Câmara dos Deputados.

Trago desse período lembranças de vigorosas iniciativas pela valorização do Parlamento. Destaco, entre elas, a limitação das medidas provisórias e a aprovação do “Pacote Ético”, que acabou com a imunidade parlamentar para crimes comuns, criou o Conselho de Ética e institucionalizou o princípio da legislação participativa. É com a mesma convicção democrática, com o mesmo respeito ao Congresso e com a mesma disposição para o trabalho e o diálogo que chego a essa Casa.

Os que ainda não me conhecem bem e esperam encontrar em mim ataques pessoais no exercício da oposição vão se decepcionar. Não confundo agressividade com firmeza. Não confundo adversário com inimigo. Os que ainda não me conhecem bem e acham que vão encontrar em mim tolerância diante dos erros praticados pelo governo, também vão se decepcionar. Não confundo o direito à defesa e ao contraditório, com complacência ou compadrio.

Estarei onde sempre estive, como homem do diálogo que não foge às suas responsabilidades e convicções; não teme o enfrentamento do debate nem as oportunidades de convergência em torno dos interesses do Brasil. Farei a política que sempre fiz, aquela que entende que, neste campo, brigam as idéias e não os homens. Saúdo inicialmente essa Casa através dos grandes brasileiros que por aqui passaram e também através de todos os parlamentares que, hoje, aqui honram a delegação que receberam, respeitando a sagrada autonomia do Parlamento. Parlamentares que reconhecem ter apenas um senhor: o povo brasileiro. E apenas uma senhora: a sua própria consciência.

Senhores senadores e senhoras senadoras, a memória e o conhecimento da própria história são patrimônios preciosos de uma nação. Mais do que isso, formam a matéria-prima essencial e insubstituível à construção do futuro. A consciência do que fomos e do que somos é que nos permite, todos os dias, moldar os contornos do que seremos, ou do que poderíamos vir a ser.

O Brasil de hoje é resultado de uma vigorosa construção coletiva que, desde os primeiros sopros da nacionalidade, vem ganhando dimensão, substância e densidade. Ao contrário do que alguns nos querem fazer crer, o país não nasceu ontem. Ele é fruto dos erros e acertos de várias gerações de brasileiros, de diferentes governos e líderes, e também de diversas circunstâncias históricas e econômicas. Juntos, nós, brasileiros, percorremos os caminhos que nos trouxeram até aqui. Mas é importante e justo que nos lembremos, sempre, que não chegamos até aqui percorrendo os mesmos caminhos.

Não podemos nos esquecer das grandes diferenças que marcam a visão de país das forças políticas presentes na vida nacional nas ultimas décadas. Porque, por mais que queiram, os partidos não se definem pelo discurso que fazem, nem pelas causas que dizem defender. Um partido se define pelas ações que pratica. Pela forma como responde aos desafios da realidade.

Em 1985, quando o Brasil se via diante da oportunidade histórica de sepultar o autoritarismo e reingressar no mundo democrático, nós estávamos ao lado do povo brasileiro e do presidente Tancredo Neves. Os nossos adversários não. Permanecemos ao lado do Presidente José Sarney, naqueles primeiros e difíceis anos de consolidação da nova ordem democrática. Os nossos adversários não.

Mais à frente, em um momento especialmente delicado da nossa história, quando foi preciso convergir para apoiar a governabilidade e o presidente Itamar Franco, nós estávamos lá. Os nossos adversários não. Recusaram, mais uma vez, a convocação da história. Para enfrentar a grave desorganização da vida econômica do país e a hiperinflação que penalizava de forma especial os mais pobres, o governo Itamar criou o Plano Real. Neste momento, o Brasil precisou de nós e nós estávamos lá. Os nossos adversários não.

Sob a liderança do presidente Fernando Henrique aprovamos a Lei de Responsabilidade Fiscal para proteger o País dos desmandos dos maus administradores. Nossos adversários votaram contra. E chegaram ao extremo de ir à Justiça contra essa saneadora medida, importante marco da moralidade administrativa do Brasil. Para suportar as crises econômicas internacionais e salvaguardar o sistema financeiro nacional, estruturamos o Proer, sob as incompreensões e o ataque cerrado dos nossos adversários. Os mesmos que o utilizaram para ultrapassar o inferno da crise de 2009 e que o apresentam, agora, como exemplo de boa governança para o mundo.

Estruturamos os primeiros programas federais de transferência de renda da nossa história. A partir de sucessos locais, como o do prefeito Grama, em Campinas, e do governador Marconi Perillo, em Goiás, criamos o Bolsa Escola, o Bolsa Alimentação e o Auxílio Gás. Que, depois, serviram de base para, ampliados e concentrados, se transformarem no emblemático Bolsa Família. Quando os fundamos nossos adversários também não estavam lá. E, ironicamente, nos criticaram por estarmos criando políticas assistencialistas de perpetuação da dependência e não de superação da pobreza.

As mudanças estruturais do governo Fernando Henrique, entre elas as privatizações, definiram a nova face contemporânea do País. A democratização do acesso à telefonia celular talvez seja o melhor exemplo do acerto das medidas corajosamente tomadas. Porque disso é feito um bom governo: de decisões e não apenas de circunstâncias.

Senhoras e Senhores, faço essas rápidas considerações apenas para confirmar o que continuamos a ver hoje: sempre que precisou escolher entre os interesses do Brasil e a conveniência do partido, o PT escolheu o PT. Por isso, não é estranho a nós que setores do partido tentem, agora, convencer a todos de que os seus interesses são, na verdade, os interesses da nação. Nem sempre são. Não é interesse do país, por exemplo, a subordinação das agências reguladoras ao governo central, gestadas que foram para terem independência técnica e, pelo país, atuarem livres de pressões políticas. Não é interesse do país que o Poder Federal patrocine o grave aparelhamento e o inchaço do Estado brasileiro, como nunca antes se viu na nossa história. Da mesma forma, não posso crer que seja interesse do país que o governismo avance sobre empresas privadas, com o objetivo de atrelá-las às suas conveniências. Como se faz, agora, sem nenhum constrangimento, com a maior empresa privada do Brasil, a Vale, criando perigoso precedente.

Senhoras e senhores, não sou, como todos sabem, daqueles cegos pela paixão política, que não se permite enxergar méritos no adversário. Reconheço avanços no governo Lula. A manutenção dos fundamentos da política econômica implantada pelos governos anteriores é, a meu ver, o primeiro e o mais importante mérito da administração petista. E é necessário reconhecer que o adensamento e ampliação das políticas sociais, foram fundamentais para que o Brasil avançasse mais.

Acredito que, mais adiante, por mais que isso desagrade a alguns, a independência dos historiadores considerará os governos Itamar, Fernando Henrique e Lula um só período da história do Brasil, de estabilidade com crescimento, sem rupturas. Meus amigos, não ocupo essa tribuna para fazer uma análise dos primeiros meses do governo da Presidente Dilma Rousseff.

O processo de governança instalado à frente do país - com suas falhas, equívocos, mas também virtudes –, não conta apenas alguns dias. Pontua-se, de forma concreta, o início do 9º ano de um mesmo governo. Quase uma década. Ainda que seja nítido e louvável o esforço da nova presidente em impor personalidade própria ao seu governo, tem prevalecido a lógica dominante em todo esse período e suas heranças.

Não há ruptura entre o velho e o novo, mas o continuísmo das graves contradições dos últimos anos. O Brasil cor-de-rosa vendido competentemente pela propaganda política — apoiada por farta e difusa propaganda oficial — não se confirma na realidade. E nós vivemos no Brasil real. Por isso, senhoras e senhores, cessadas as paixões da disputa eleitoral, o Brasil precisa, neste momento, de um choque de realidade.

Um choque de realidade que nos permita compreender corretamente a situação do país hoje, e, essencial, que nos permita também compreendê-la dentro do mundo que nos cerca. Escondido sob o biombo eleitoral montado, o desarranjo fiscal, tantas vezes por nós denunciado, exige agora um ajuste de grande monta que penalizará investimentos anunciados com pompa e circunstância.

E não é bom para um partido inaugurar uma nova fase de governo sob a égide do não cumprimento de compromissos assumidos com a população. É consenso que o país convive com o grave risco de desindustrialização de importantes setores da nossa economia. A participação de produtos manufaturados na nossa pauta exportadora, que era de 61%, em 2000, recuou para 40%, em 2010. Vemos, infelizmente, renascer, da farra da gastança descontrolada dos últimos anos, e em especial do ano eleitoral, a crônica e grave doença da inflação. E não há razão para otimismo quando comparamos a nossa situação com a de outros países.

Estudo feito a partir do relatório de competitividade do Fórum Econômico Mundial mostra que, comparado a outros 20 países com os quais concorre, o Brasil ficou apenas na 17ª colocação no quesito qualidade geral da infraestrutura. Empatamos com a Colômbia. No item qualidade da infraestrutura portuária o Brasil teve o pior desempenho. Fomos os lanternas do grupo. A qualidade das estradas brasileiras, por onde trafega mais da metade das cargas no país, supera apenas a da Rússia. Ficamos na penúltima colocação. E, enquanto isso, em 2010, a nossa carga tributária atingiu 35% do PIB.

Impressiona também saber que, apesar de todos os avanços que, reconheço, existiram nos últimos anos, a carga tributária das famílias com renda mensal de até dois salários mínimos passou, segundo o IPEA, de 48,8%, em 2004, para 53,9% da renda em 2008. E, lamentavelmente, repete-se agora o que se viu nos últimos anos: não há espaço e dedicação real à discussão do essencial. As reformas constitucionais continuam à espera de decisão política para que sejam debatidas e aprovadas. Senhoras e senhores, a população brasileira nos delegou a honrosa tarefa de exercer oposição ao atual governo. Repito o que disse recentemente o governador Alckmin: “Ser oposição é tão patriótico quanto ser governo”.

Aproveito este momento para fazer a minha homenagem aos companheiros do PSDB, do DEM e do PPS, pela coragem e coerência com que têm honrado no Parlamento a delegação recebida das urnas. Hoje, cerca de metade da população vive em estados governados pela oposição. No plano nacional tivemos a confiança de cerca de 44 milhões de brasileiros que caminharam ao nosso lado e optaram pela experiência e competência de José Serra para liderar o país.

Esses números, por si só, demonstram a dimensão política e a responsabilidade das oposições no país. Acredito, no entanto, que o tamanho da oposição será equivalente à nossa capacidade de interpretarmos e defendermos os valores e expectativas da nossa gente. Como oposição, é nosso dever atuar com firmeza e lealdade em três diferentes e complementares frentes. Uma, que define a nossa postura perante o governo. Outra, que nos remete ao nosso compromisso inalienável com o resgate da Federação. E a terceira frente, a que nos permitirá uma aproximação ainda maior com os brasileiros.

Em relação ao governo, temos como obrigações básicas: fiscalizar com rigor; apontar o descumprimento de compromissos assumidos com a população; denunciar desvios, erros e omissões; e cobrar ações que sejam realmente importantes para o país. O segundo eixo de atuação que defendo é o compromisso de resgatarmos o princípio da Federação no Brasil. Aqui, peço licença para fazer uma manifestação de apreço aos prefeitos municipais de todas regiões, que vêm travando, há anos, inglória luta para sensibilizar o governo federal, o Parlamento e a opinião pública acerca da difícil realidade das administrações locais.

Hoje, suportamos uma das mais graves concentrações de impostos, recursos e poder de decisão na esfera da União de toda a nossa história. Esta é uma realidade que avança dia após dia e compromete o equilíbrio federativo. Meus amigos, como terceiro eixo de ação, acredito que a nossa aproximação ainda maior com os vários setores da vida nacional vai ocorrer a partir da coragem que tivermos para assumirmos e partilharmos as indagações e indignações do nosso tempo. Assumirmos e partilharmos os sonhos e utopias da nossa geração.

Nesse sentido, peço licença para trazer aos senhores trechos daquele que considero o mais importante documento político produzido nos últimos tempos no País. Trata-se do Manifesto em Defesa da Democracia, que tem entre seus signatários, brasileiros da dimensão de Hélio Bicudo e Dom Paulo Evaristo Arns. Manifesto que não pertence a um partido, mas ao Brasil e aos brasileiros.

Diz o manifesto em alguns trechos: “É um insulto à Republica que o Poder Legislativo seja tratado como mera extensão do Executivo (como denuncia todos os dias o senador Itamar Franco)… O poder conquistado nas urnas ou a popularidade de um líder não lhe conferem licença para ignorar a Constituição e as leis… É intolerável assistir ao uso de órgãos do Estado como extensão de um partido político… Esse documento, ao meu ver, reflete a alma e o coração de tantos de nós e, ao fazer isso, nos traz a dimensão maior da política.”

Senhoras e senhores, precisamos romper a inércia.

A ausência de iniciativas concretas do governo em torno das grandes reformas não pode ser justificativa para deixarmos de fazer o que pode ser feito hoje. E o que é nosso dever fazer hoje. Ouso apresentar algumas primeiras idÉias para serem examinadas por esta Casa. Começo por aquela que, defendida inicialmente pelo nosso candidato José Serra, foi acolhida e transformada em compromisso pela presidente Dilma Roussef, na campanha presidencial, e que, por isso, pode significar uma inédita convergência em torno de um dos nossos mais legítimos interesses nacionais. Refiro-me à redução de tributos cobrados em setores estratégicos da nossa economia, no caso a redução a zero das alíquotas de PIS e Cofins das empresas de saneamento. Podemos somar forças e apoiar iniciativas como a do ilustre Senador Dornelles, que defende proposta semelhante para capitalizar as empresas de água e esgoto e fomentar novos investimentos em saneamento em todas as regiões.

É também compromisso assumido pela Presidente - e bandeira defendida pela oposição- a extensão da mesma iniciativa à área de energia. Podemos construir um consenso mínimo entre as várias propostas que tramitam na Câmara e no Senado, que buscam reduzir os mais de uma dezena de tributos federais cobrados na conta de luz dos brasileiros.

Se o governo federal seguisse o exemplo do governo de Minas e de outros estados que concedem isenção total de ICMS às famílias de baixo consumo, as contas de luz dessas famílias poderiam chegar a ser 20% mais baratas! Por outro lado, não há, senhoras e senhores, justificativa para que permaneçamos passíveis diante das reconhecidas dificuldades de execução orçamentária em áreas fundamentais ao país.

Segundo o Contas Abertas, por razões as mais diversas, nos últimos oito anos o Ministério dos Transportes, não executou parte expressiva do orçamento que dispunha para investir. Para enfrentar esse e outros problemas trago uma proposta que, sei, parecerá, para muitos, ousada: estarei propondo a transferência gradual dos recursos e da gestão das rodovias federais para a competência dos estados.

Isso poderia ser iniciado imediatamente com a transferência de parclea mais expressiva da CIDE para os estados e municípios. Meus amigos, do ponto de vista dos interesses da Federação, proponho ainda que 70% dos recursos do Fundo Nacional de Segurança e do Fundo Penitenciário, tantas vezes contingenciados, sejam distribuídos mensalmente, de forma republicana, proporcionalmente à população de cada estado. Sabemos, todos, que a Federação brasileira vive um processo de esfacelamento. O mal é conhecido.

Do ponto de vista tributário, vivemos grave injustiça federativa. Nesse sentido, proponho adotarmos mecanismos que protejam a participação na receita dos estados, especialmente das regiões mais pobres, e das prefeituras, sobretudo as do interior e de pequeno porte. Estou encaminhando iniciativa capaz de recompor gradualmente o tamanho da fatia que o FPE e o FPM tinham no bolo tributário federal, impedindo que as isenções tributárias dadas pelo governo Federal continuem a alcançar a parcela dos estados e municípios, que já foi, de 27% em 2002 e, hoje, é de apenas 19,4%. No campo da geração de empregos, defendo a revisão da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, criando o Simples Trabalhista, universalizando o direito de opção pelo Simples Nacional e estendendo os benefícios do Empreendedor Individual para as micro e pequenas empresas.

No meu entendimento, decisões como essas atendem muito mais às justas demandas do setor do que a criação de mais cargos públicos e de novas estruturas burocráticas. Precisamos, insisto, buscar a equação que nos permita progressivamente desonerar as microempresas, mas também as exportações, os investimentos, a produção e a folha salarial.

Senhoras e senhores, reafirmo meu compromisso com outros grandes desafios do país. Não faltará a mim e, estou certo, a outros membros da oposição, disposição para discutir com o governo, medidas efetivas e corajosas que nos permitam superar os sempre prioritários desafios da qualidade da educação e da saúde publica no Brasil.

Assim, como estaremos presentes na defesa de medidas que permitam que a questão ambiental possa alcançar um novo patamar e permear todas as áreas de ação do poder publico. Senhoras e Senhores, acredito que devemos organizar o exercício da oposição em torno de três valores.

São eles: coragem, responsabilidade e ética. Coragem, para resistir à tentação da demagogia e do oportunismo. Responsabilidade, não podemos cobrar do governo responsabilidade se não a tivermos para oferecer ao país. E Ética, não só a ética que move as denúncias.Não só a ética que cobra a transparência e a verdade. Mas uma ética mais ampla, íntima, capaz de orientar nossas posições, ações e compromissos, todos os dias.

Acredito, senhoras e senhores senadores, que estamos vencendo um ciclo. Hoje, o Brasil não acredita mais no discurso que tenta apontar uma falsa contradição entre responsabilidade administrativa e conquistas sociais. Em 2002, quando criamos a expressão “choque de gestão” — e fomos criticados por nossos adversários — tínhamos como objetivo afirmar que não pode haver avanço social permanente, sem responsabilidade administrativa.

Os emblemáticos avanços de Minas Gerais comprovam a tese. Hoje, para o bem do Brasil, podemos visitar, país afora, uma densa agenda de gestão pública, empreendida por uma nova geração de líderes e gestores brasileiros, de diferentes partidos, que nos apontam caminhos para a transformação que nos exige a população. Há muito a ser feito.

Nos apresentamos hoje, sem batalhas próprias, prontos para iniciar um denso debate sobre os grandes desafios que nos esperam. É nosso dever contribuir para que a travessia iniciada - e empreendida por muitas mãos - avance na direção do pleno desenvolvimento.

Esta é a grande tarefa inconclusa. E se há um erro que juntos não podemos cometer é nos perdermos na grandiloquência do discurso oficial, como se tivéssemos alcançado o nosso ponto de chegada. Não alcançamos. Estamos longe dele, apenas no inicio da jornada. Há grandes desafios a serem enfrentados e vencidos, que não pertencem apenas ao governo. Ou às oposições. Mas ao país inteiro.

E,aqui, não posso deixar de lembrar Minas, a história de Minas e as lições que nos legaram os homens e mulheres de Minas. Elas nos dizem que cada geração tem o seu compromisso com a história. Elas nos dizem que a pátria é honrosa tarefa diária, coletiva e compartilhada. Não a realizaremos sob o signo do confronto irracional, nem tampouco da complacência.

A oposição que defendo não é a de uma coligação de partidos contra o Estado ou o país, mas a da lucidez da razão republicana contra os erros e omissões do poder público. Convoca-nos, neste momento, a responsabilidade para fazer o que precisa ser feito. Ou o faremos ou continuaremos colecionando sonhos irrealizados. Não temos, senhoras e senhores, esse direito. Precisamos estar, todos, à altura dos sonhos de cada um dos brasileiros.

Nós, da oposição, estaremos.

(Aécio Neves)

UM CRIATIVO COMERCIAL!

CONJUNTURA NACIONAL

Udenista? Fogo nele

Comício em Entre Folhas, à época, distrito de Caratinga/MG. A política fervia. Os grupos iam aos palanques, armados até aos dentes. Zé Augusto, candidato, para onde vai, leva a tiracolo seu famoso violino, a pequena metralhadora, cuja capa lembra o instrumento de Paganini. Fazia parte da comitiva do candidato um famoso padre da região, o monsenhor Aristides Marques da Rocha, que militava no PSD e exercia grande influência sobre as massas. Só andava armado. Revólver em um bolso e as balas embrulhadas num lenço, bem amarradas, no outro. O monsenhor Rocha tinha a batina cheia de pequenos rasgos, feitos por devotos que arrancavam pedaços para fazer bentinhos. Um adversário de Zé Augusto, ao ver o monsenhor armado, toma coragem e tenta desconcertado:

- Uai, monsenhor, o senhor não vive dizendo que homem só morre quando Deus chama?

- É isto mesmo, meu filho, mas hoje eu estou armado porque posso encontrar algum udenista que Deus está chamando com urgência e, aí, eu presto um serviço ao Criador, matando o filho da puta.

O comício de Zé Augusto transcorreu em calma.

Historinha de Zé Abelha.

Abril vermelho ou no vermelho
O MST volta à cena com seu tradicional "abril vermelho". Exige que o governo Dilma assente 100 mil famílias este ano. Mas o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra sofre o efeito "rotinite". Todos os anos, em abril, promove invasões de fazenda com muito espalhafato. E fica por isso mesmo. Recebe uma bolada do governo, por meio de outras entidades - eis que o MST não tem personalidade jurídica - e recolhe suas bandeiras, quando se sente amaciado. Ademais, os programas sociais do governo, desde Lula, contribuíram para harmonizar as populações mais carentes. Por isso, o MST atravessa uma temporada "no vermelho", ou seja, com pouca gente em suas fileiras.

Precaução

Na Bahia, o Exército bloqueou marcha do MST na região da Chesf. Reunia 400 pessoas que poderiam invadir a usina hidrelétrica.

Dilma discreta

A presidente Dilma foi ao teatro para ver uma peça - na verdade, um monólogo - sobre a loucura. Entrou discreta, foi muito aplaudida ao ser vista, e saiu também discretamente. Sem alardes e alaridos. A presidente tem sabido preservar a liturgia do poder. Diferente de Lula, que se cercava de gente barulhenta e apreciava as luzes midiáticas.

Bolsonaro, boquirroto

O deputado Bolsonaro faz um estilo. Bota a boca no trombone e cai no repertório da discriminação. Ao dizer que não educa filhos para que estes tenham relações amorosas com negros, o parlamentar comete, evidentemente, discriminação. Sua verve contra as minorias sexuais - gays, lésbicas, etc. - tem o nítido propósito de carrear votos e simpatia junto a setores conservadores e retrógrados da sociedade. Mas se ele quer falar, deixem o sujeito morrer pela boca. O que ele deseja, mesmo, é aparecer. E com as críticas e indignação que provoca, mais midiático se torna. A linha que separa a opinião pessoal da expressão parlamentar é muito tênue.

Palavra de fazendeiro

O ministro Mário Henrique Simonsen foi a Campo Grande discutir os problemas econômicos e financeiros de Mato Grosso do Sul. O fazendeiro Fernando Junqueira Franco pediu a palavra:

- Senhor ministro, depois que juro virou correção monetária, fazendeiro passou a ser empresário rural e roçar pasto chama-se investimento, nosso negócio acabou tornando-se uma merda.

Mais uma historinha da coleção do Nery.

Mensalão sobre a mesa

O mensalão volta a ser menu da semana. Desta feita, foi a revista Época que trouxe todo o roteiro do caso, mostrando, inclusive, conexão com a presidência da República, na época de Lula. Seu segurança, Freud Godoy, teria recebido R$ 98,5 mil por serviços prestados a Lula na campanha presidencial de 2002. O pacote mensaleiro tem como relator o ministro Joaquim Barbosa. Que já ouviu uma batelada de pessoas. Se os novos fatos forem agregados ao processo, os implicados terão mais uma oportunidade para ser ouvidos. Nesse caso, o mensalão furaria o tempo em direção ao infinito. Por isso, o ministro Barbosa abriu um novo inquérito. Para preservar o cronograma do antigo. O STF deverá dar a palavra final até agosto, quando prescreve o crime de formação de quadrilha contra os 38 acusados no processo. Será o fim da tormenta ou o recomeço do calvário para algumas pessoas.

Beija-mão

Agnelo Alves, conta Sebastião Nery, era prefeito de Natal. Criou uma guarda para a Prefeitura: recrutas da PM, vindos do interior. Ensinaram aos rapazes que para gente mais importante a saudação era apresentação de armas e para gente menos importante só continência. Apareceu um homem alto, cabelos avermelhados, calças curtas, medalhas no peito, alamares, para visitar o prefeito. Os guardas ficaram embasbacados. Fazer o quê? Apresentar armas? Continência? O chefe do grupo resolveu o problema: beijou a mão do estranho homem. Era o comandante internacional dos Escoteiros.

Primeiros candidatos

PT tem os seguintes nomes para a prefeitura de SP em 2012: Aloizio Mercadante, Marta Suplicy, Fernando Haddad, Alexandre Padilha. PSB dispõe de Gabriel Chalita, mas este sinaliza querer entrar no PMDB. Paulo Skaf diz que só se interessa por política empresarial, eis que é candidato à reeleição na FIESP. Mas tem um olho gordo na prefeitura. No PSDB, podem ser candidatos o próprio José Serra, Aloysio Nunes Ferreira e José Aníbal, entre outros.

Inflação

As autoridades monetárias se defrontam com o desafio: domar a inflação e atingir a meta de 6,5% de crescimento. A inflação tende a subir e o crescimento a cair. Mantega e Tombini estão sob pressão.

Incentivo à informalidade

Decisão do STF de isentar União, Estados e prefeituras da responsabilidade pela inadimplência de empresas prestadoras de serviços tem deixado o empresariado de cabelo em pé. Tal situação tem incentivado a participação de empresas inidôneas em licitações, principalmente as de segurança privada. O critério exclusivo do menor preço permite que elas abocanhem os contratos públicos, sem ofertarem serviço de qualidade, deixando seus custos na "conta do Abreu". Já as que cumprem seus compromissos estão perdendo terreno e torcendo para uma mudança na lei das licitações.

Índio quer apito

Indio da Costa, que foi candidato a vice-presidente na chapa de José Serra, em 2010, não aguentou o tranco dos Maia, do Rio de Janeiro, e anuncia sua saída em direção ao PSD do prefeito Kassab. Quer apitar por conta própria, sem ficar sob a regência de Cesar Maia. Indio é um bom perfil e poderá ser o candidato do PSD à prefeitura do Rio de Janeiro em 2012. Tem boas chances, eis que expressa uma identidade comprometida com os valores da modernidade política.

Nem sei por onde começar

Foi no século passado. O desembargador Deoclides Mourão, tio do poeta Gerardo Mello Mourão, fez acordo com Urbano Santos para governador. Eleito, Urbano não cumpriu nada. Deoclides Mourão mandou-lhe uma carta:

- Senhor governador, diz o povo que o homem se pega pela palavra, o boi pelo chifre e a vaca pelo rabo. Supondo não ter V.Exa. nenhum desses acessórios, não sei por onde começar.

O empresário Lula

Luiz Inácio Lula da Silva criou uma empresa que tem suas iniciais: LILS. Pois bem, ela tem como foco palestras e eventos. Lula, empresário, correrá por aqui e por acolá para fazer suas conhecidas perorações. Lula dirá o que todos já conhecem. E cobra caro: R$ 200 mil por palestra. Ele tem todo o direito de usar sua verve para sobreviver. Ele fez uma palestra, ontem, nos EUA e vai ao México fazer outra. Agora, há um aspecto que precisa ser entendido: avisou o ex-presidente que começará, em breve, um tour em portas de fábricas no ABC paulista para fazer comícios. O que Lula dirá nesses palanques abertos às 5h da manhã? Defenderá o governo Dilma? Cobrará medidas? Se ficar na defesa, sua audiência poderá cair no sono. Pois, comício em porta de fábrica tem, sempre, um caráter reivindicatório. Este consultor está curioso para saber como o empresário Luiz Inácio administrará as atitudes do sindicalista Lula.

Meirelles, salvação?

Henrique Meirelles tem o cargo de autoridade olímpica, mas as funções ainda não passaram pelo crivo congressual. O cronograma de obras para a Copa de 2014 está atrasado. Orlando Silva garante que está em dia. Mas não está. Meirelles é considerado, a essa altura, a tábua de salvação. Vai ter de botar o cronograma em dia.

Ícone socialista

Depois de algumas prospecções, esta coluna recebeu a sugestão de selecionar os mais extravagantes perfis da cena institucional. E o primeiro a inaugurar a série é o presidente da FIESP, Paulo Skaf. Pois bem, a coluna escolhe como ícone anti-socialista do Brasil ele mesmo, o Socialista do PSB, Paulo Skaf.

O DEM quer lugar de Afif

Guilherme Afif pode estar com os dias contados na Secretaria de Desenvolvimento de São Paulo. O DEM reivindica seu lugar. Mas o governador Geraldo Alckmin parece relutar. Ficaria mal o vice perder o cargo. Já o deputado Rodrigo Garcia deve ser o dirigente do DEM em São Paulo.

Vale, objeto de desejo

A Vale ganhará um novo presidente: Murilo Ferreira, que já exerceu cargos importantes na mineradora, incluindo a direção da subsidiária da empresa no Canadá. Até aí, tudo bem. A questão é saber as razões da demissão de Roger Agnelli. Que vinha enchendo a empresa de recursos. Pois foi isso mesmo que atiçou a ambição. Lembre-se que Lula sempre jogou lenha sobre a fogueira de Agnelli, cobrando dele participação da empresa na produção siderúrgica do país. Mas a mineradora, ao que parece, fechou os ouvidos a Lula, optando por permanecer apenas na área da matéria-prima. Quem comanda a Vale é um grupo formado por Previ (a maior acionista, com 49% do capital), Bradesco (21,21%), a trading japonesa Mitsui (18,24%) e BNDESpar (11,51%). Portanto, 60,5% das ações estão na esfera de influência do governo.

Obama quer voltar

Barack Obama cumpre o ritual com mais antecedência. Falta um bom tempo para o pleito de final de 2012, mas Obama já lançou sua candidatura à reeleição. Usou a internet. Sabe que a mídia eletrônica dá o tom midiático no momento. Quer construir uma gigantesca teia de apoios. E, claro, arrecadar meio bilhão de dólares. O presidente americano aproveita o momento em que seu nome voltou a ser prestigiado. Venceria, hoje, qualquer dos opositores republicanos.

Surrealismo

Surrealismo puro. É o que se pode dizer da cena em que mulher, dentro de um cemitério, em Ferraz Vasconcelos, na grande São Paulo, flagra policiais atirando - e matando - em uma pessoa. A testemunha liga para a Polícia que grava o telefonema. Está, agora, sob proteção da Corregedoria da PM. Esse é o Brasil.

Todo cuidado é pouco

Receio ferir o brio de uns e a sensibilidade de outros. Vejam minhas razões. A onda que cerca o território do "politicamente correto" está inundando as consciências. O problema é que a onda começa a provocar pânico. Muitos deixam de cantar "o teu cabelo não nega, mulata, porque és mulata na cor", temendo represálias. Lamartine Babo está fulo da vida. Imaginem, então, "nega do cabelo duro, que não gosta de pentear". Luiz Caldas poderá ser encanado. E a "cabeleira do Zezé, será que ele é, será que ele é". João Roberto Kelly deve ser silenciado porque sugeriu: "parece que é transviado". E o cravo que brigou com a rosa não pode mais ser cantada. Pois o cravo - o homem - e a rosa - a mulher, com essa briga, estimulam violência nas crianças. Não se pode, ademais, atirar o pau no gato, pois a música e a letra sugerem à meninada impulsos bestiais. Dizer que isso e aquilo "é coisa de veado" nem imaginar. Chamar alguém de crioulo também está proibido. Afrodescendente, e olhe lá. Aleijadinho? Aquele famoso escultor mineiro, célebre pelo barroco mineiro? Não pode ser chamado assim. Mas um artista com necessidades especiais. E você, leitor de mais 60 anos, abra um sorriso: não entrou na velhice. Vive "a melhor idade".

88ª colocação

Daniel A. Pinheiro Astone me manda esse lembrete: "Sobre a nota do alerta do Blatter a respeito do atraso nas obras, cabe a observação feita no Twitter do senador Cristovam Buarque. Nós fazemos alarde por estarmos em segundo lugar na comparação com a África do Sul para a construção da infraestrutura da Copa, mas silenciamos quando se trata de estar na 88ª pior colocação do mundo quando o assunto é educação..."

Hotel zero Km?

O deputado do Rio Grande do Norte desceu no aeroporto Santos Dumont,no Rio, pegou um táxi:

- Hotel Zero Quilômetro.

- Zero Quilômetro? Não tem esse hotel, não.

- Tem, sim. Em frente ao Hotel Ambassador.

- Ah, Hotel OK. Senador Dantas, não é?

- Não, senhor, Deputado Antônio Bilu, de Natal.

Conselho às autoridades da área energética

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Hoje, volta sua atenção às autoridades da esfera energética:

1. A tragédia japonesa sugere um profundo redimensionamento da questão energética do país, a partir do reestudo das usinas nucleares, em particular a Angra 3.

2. As licenças ambientais precisam incorporar novas ideias, conceitos e escopos de segurança, tendo como parâmetro os vazamentos que ainda ocorrem nas usinas nucleares japonesas.

3. O Brasil possui a maior bacia hidrográfica e um dos maiores potenciais hidrelétricos do mundo. Seria oportuno rever a questão energética brasileira, contemplando-se os recursos naturais do país.


(Por Gaudêncio Torquato)

terça-feira, 5 de abril de 2011

POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL


Estaria o BC certo? (I)

Muito se comenta sobre a possibilidade de um aumento da inflação sem que haja, do lado do governo, reação efetiva para conter este processo. Um governo nunca deve ceder aos interesses do tal do "mercado" quando estes não atendem aos interesses públicos. Veja-se, a título de ilustração, a negligência generalizada dos BCs ao redor do mundo relativamente à especulação com títulos oriundos do setor imobiliário durante mais de 15 anos até a eclosão da crise de 2008. Com boa fé, alguém poderia perguntar, no caso atual do Brasil, se o BC não estaria certo em não aumentar os juros apenas para atender ao tal do mercado? Afinal, os juros básicos no Brasil são muito elevados. Para que mais?

Estaria o BC certo? (II)

Para responder a nota acima, é preciso analisar todo o contexto, o qual pode ser resumido em algumas perguntas capitais: (i) temos um regime fiscal sustentável a longo prazo?; (ii) as medidas "macroprudenciais" em relação ao crédito (contenção) e ao ingresso de capitais externos (taxação e controles) estão funcionando para conter o avanço dos preços?; (iii) há de fato uma inflação de demanda que facilita o "espalhamento" dos preços pela economia como um todo?; (iv) o BC é considerado confiável pelos agentes? Nas questões anteriores, não há nenhuma premissa de hierarquia. Vamos às nossas sucintas respostas: (i) não há um regime fiscal sustentável no Brasil a longo prazo por duas razões básicas: a primeira é que a expansão das despesas do setor público tem sido elevada e rápida e o ritmo dos investimentos (poupança) é capenga; (ii) ainda é cedo para se afirmar se a contenção do crédito vai ser suficiente para afetar a demanda, mas a queda do dólar evidencia que, apesar das medidas implementadas para conter a entrada de moeda estrangeira, somente mais medidas de controle de capitais evitará a expansão do crédito doméstico; (iii) a demanda persiste forte o que facilita a expansão da inflação por toda a economia. Se o real cair (dólar para cima), este processo será ainda mais acentuado; (iv) não se trata de afirmar "que falta credibilidade ao BC". A questão vai além: foi o próprio governo que estimulou os agentes a pensarem que a política monetária passou a ser decidida na Fazenda e não mais no BC. A imagem de Alexandre Tombini foi "construída" como sendo mais "palatável" à área econômica do governo. Logo, o mercado resolve "testar" a independência operacional do BC.

Concluindo (III)

Se o governo quiser recuperar credibilidade, terá de ser mais enérgico: seja para aumentar os juros básicos e não deixar dúvidas de que não permitirá o aumento da inflação e/ou terá de apertar bem mais o crédito, inclusive com medidas de controle da entrada de dólares. Há quem já tenha perdido os cabelos ao analisar esta questão... Apenas para lembrar... A aplicação da austeridade fiscal continua em xeque: nos três primeiros meses do ano, os gastos do governo Federal com custeio e juros foi R$ 13 bi maiores do que o mesmo período do ano passado enquanto os investimentos foram menores em R$ 300 mi, segundo o portal Contas Abertas; as pressões políticas, do Congresso, dos prefeitos e até dos governadores para afrouxar a "conciliação" está num nível tal que já levou até a própria presidente Dilma a prometer rever a anulação dos restos a pagar de 2007, 2008 e 2009. O consolo é que a arrecadação de impostos está em alta.

Uma reforma sem consenso

O Congresso continua prometendo que agora fará a sempre encantada reforma tributária, embora até agora não tenha dado nenhum passo em direção nenhuma. Dilma Rousseff, bem consciente das dificuldades de mexer em tal ninho de abelhas, fala em reforma fatiada - ou pontual. Coisas como redução da contribuição social das empresas, providência para acabar com a guerra fiscal entre os Estados nos portos... A Fiesp acaba de apresentar um sugestão de correções na cobrança do ICMS que pode facilitar muito a vida das empresas. É um conjunto de idéias positivas. Mas segundo lembra o professor da EAESP da FGV em São Paulo e advogado especialista em tributos, Fernando Zilveti, antes será necessário aparar arestas políticas e os interesses legítimos que tarefa de tal magnitude envolvem. Um exemplo das dificuldades está na recente decisão de 18 Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste de passarem a dividir a cobrança do ICMS nas compras feitas pela internet. A cobrança atualmente é feita toda ela pelos governos estaduais onde se localizam as empresas vendedoras. Estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerias não assinaram o convênio. E podem recorrer à Justiça.

No ritmo de Maria Fumaça

A licitação do trem bala descarrilou mais uma vez. Como está não está "atraente" para os interessados, mesmo com as concessões via BNDES, entrada de estatais e dos onipresentes fundos de pensão. O governo parou para pensar em novas atrações para os possíveis concorrentes, novas concessões. Devia se mirar no caso Bertin. O grupo foi "incentivado" a entrar no setor hidrelétrico. Não teve até agora de Brasília socorro para substituir o "socorrido".

Mensalão: a fantasia e o real

A divulgação pela revista "Época" do inquérito da PF sobre o mensalão Federal (ou do PT), confirmando a existência do grande negócio político-eleitoral do primeiro mandato do presidente Lula, derruba algumas fantasias em circulação - a de que o tal não existiu, a de que foram apenas recursos "não contabilizados" de campanha - e a tentativa de reabilitação de alguns dos réus do processo. A defesa dos acusados ficou mais difícil e mais e mais valerão as manobras protelatórias. Em um caso elas podem ser bem sucedidas: em agosto, a acusação de formação de quadrilha prescreve, se o STF não apressar o julgamento das ações. Será um duro golpe para a imagem do Supremo se de fato ocorrer a prescrição. Pode-se até entender que os mensaleiros fiquem livre das acusações, porque os ministros os consideraram inocentes, etc. Mas se eles ficarem livres porque a Justiça foi lenta é inimaginável, inadmissível. Em tempo: a atuação no processo do mensalão será o grande teste de "qualidade" dos dois mais recentes ministros da Corte Suprema: José Antonio Tofolli e Luiz Fux.

Relações estremecidas

Não convidem para a mesma mesa de conciliação alguns setores do Judiciário e o Legislativo. Há queixas quase insanáveis. O Judiciário considera insuportável a demora do Congresso de definir os aumentos salariais do setor. Os juízes Federais prometem até uma greve no fim do mês. Deputados e senadores consideram insuportável a "interferência" da Justiça, principalmente a eleitoral, em assuntos que eles consideram de sua exclusiva competência. Há até movimentos, muito bem apadrinhados, para conter a ação do Judiciário. A questão da fidelidade partidária ainda não foi ruminada totalmente.

Relações delicadas

É maior do que se admite a insatisfação do PMDB com o tratamento recebido pelo partido da presidente Dilma. Diz-se: é tudo para o PT. O vice-presidente Michel Temer recebe atenção, pompa e circunstância, mas sua influência, a não ser em questões jurídicas, é relativa. As "adoradas" e esperadas nomeações só saem a fórceps. Vê-se em manobras como o nascimento do PSD uma tentativa de enfraquecer o partido de Sarney e cia. na aliança governista. Até a turma peemedebista do Senado, sempre mais atendida, está infeliz. Contabiliza-se até a falta de atenção aos ministros da legenda. Segundo levantamento de "O Globo", dos seis ministros que ainda não foram recebidos uma única vez pela presidente, quatro são do PMDB. Entre eles o ministro de uma pasta estratégica - Wagner Rossi, da Agricultura.

Relações delicadíssimas

Os tucanos armaram seu primeiro divã sábado em Minas Gerais para buscar seus novos rumos, numa reunião que contou com seus oito vistosos governadores. E decidiu não decidir nada: estuda a formação de um conselho superior, provavelmente a ser comandado pelo ex-presidente FHC, para encontrar um rumo para a legenda. No vai da valsa que o PSDB costuma dançar é de se perguntar se terão algum sentido até as eleições de 2012 - ou até de 2014. Enquanto a "comunidade" não se decide, as figuras mais emplumadas vão se definindo. Aécio Neves surpreendeu com um contundente discurso de crítica do governo Dilma, depois de ter passado toda a campanha eleitoral e os primeiros 100 dias da presidente bem ao seu estilo "mineiro". E José Serra, como não quer nada, vai criando possíveis rotas de fuga. O PSD de seu fiel parceiro Gilberto Kassab vai nascendo para a irritação tucana, menos a dele. Seu vice na disputa com Dilma já foi para a nova legenda. Até Dilma, segundo indiscretas revelações de uma conversa reservada dela com o presidente de Portugal Cavaco Silva, sente falta de uma oposição, para deixá-la menos vulnerável ao apetite de insaciáveis parceiros. Só a oposição, parece, não sentir falta de uma oposição no país.

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A coluna Política & Economia NA REAL é assinada por José Marcio Mendonça e Francisco Petros.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

LEI HERMÉTICA

QUERO DAR-TE COMO PRESENTE UM DOS TESOUROS MAIS PRECIOSOS QUE JAMAIS TENHAS RECEBIDO…

MAS, PARA ISSO, PRECISO QUE ABRAS TEU CORAÇÃO!!

SE O FIZEREs, VERÁS COMO TUA VIDA INUNDAR-SE-Á DE DITA E PROSPERIDADE.

QUERO TE CONTAR QUE HÁ MILHARES DE ANOS ATRÁS, EXISTIU UM GRANDE HOMEM CUJA IMENSA SABEDORIA TRANSCENDEU FRONTEIRAS E COM ELA VENCEU AO MESMO TEMPO.

ESSE HOMEM CHAMAVA-SE HERMES TRIMEGISTOS

E especialmente no Egito e na Grécia, foi considerado um autêntico Deus, por entregar à humanidade um maravilhoso ensinamento pelo qual só podiam acessar os “Adeptos Qualificados”.

Nenhum conhecimento oculto tem sido tão zelosamente guardado como os fragmentos de seus ensinamentos.

SEU PRIMEIRO PRINCÍPIO NOS DIZ:

“O TUDO é Mente; o universo é mental”.

“O universo é uma criação mental mantida pela mente do TUDO.”

Esta Lei tem sido conhecida e usada pelos homens mais ilustres através da história.

“Não saberia dizer o que é esse poder, tudo o que sei é que existe” Graham Bell

“Tu crias teu próprio universo durante a caminhada” Winston Churchill

“Tudo o que somos é o resultado de nossos pensamentos” Buda

Esta Lei tem sido conhecida e usada pelos homens mais ilustres através da história.

“A imaginação é tudo, é uma visão antecipada das atrações da vida que virão” Einstein

“Dá teu primeiro passo com fé, não é preciso que vejas a escada inteira, dá somente teu primeiro passo com fé”. Martin Luther King

Esta Lei tem sido conhecida e usada pelos homens mais ilustres através da história.

“O exterior é o reflexo do interior ” Emmanuel Kant

“Podemos considerar os pensamentos como a manifestação prânica mais elevada.”

“Prana é o mais elevado, que dá forma e matéria ao universo; é, pois, energía absoluta é em geral toda a força em estado primitivo.”

Arnold Krumm-Heller V. M. Huiracocha

Esta Lei tem sido conhecida e usada pelos homens mais ilustres através da história.

“Nã há nada como a Imaginação para criar o futuro. O que hoje é utopia, será carne e sangue amanhã” Víctor Hugo

“Todo problema é uma forma mental que a mente mantém.”

“Os problemas deixam de existir quando os esquecemos”

“Todo problema foi criado pela mente e existe enquanto a mente o mantenha.”

V. M. Samael Aun Weor

Esta Lei tem sido conhecida e usada pelos homens mais ilustres através da história.

“Se tu estás VERDADEIRAMENTE comprometido com tua meta… O Universo inteiro conspira a teu favor para que apareçam os instrumentos e pessoas, que te permitirão lográ-lo.” Goethe

“Por tuas palavras serás condenado, e por tuas palavras serás justificado.” Jesús de Nazaré

“As coisas em última instância, estão constituídas por conceitos” Platão

Todos nós podemos trabalhar com um Poder Infinito. Todos nos guiamos exatamente pelas mesmas leis. As leis naturais do Universo são leis exatas.

E EXISTE UMA FÓRMULA EXATA PARA LOGRAR SORTE E PROSPERIDADE EM TUA VIDA.

Onde quer que nos encontramos, todos estamos trabalhando com as mesmas leis. E a primeira lei Hermética nos ensina uma chave Maravilhosa!

QUE É E COMO FUNCIONA?

- Tudo o que vem para nossa vida, TU E SOMENTE TU, o estás atraindo.

- Atraís para tua vida aquilo que pensas ou imaginas.

- Seja o que for que penses ou que tenhas em tua mente e faças uma imagem … O ESTÁS ATRAINDO PARA TI! DE FORMA INCONSCIENTE E CONSCIENTE ESTÁS ATRAINDO.

A atração inconsciente acontece quando dejamos que nossos pensamentos funcionem mecanicamente. A atração consciente ocorre quando manipulamos voluntariamente nossos pensamentos. Tudo o que pensas, seja bom ou máu, o estás atraindo na tua vida. Cada pensamento feliz, alegre, atrairás para a tua vida o positivo no que estás pensando: Se pensas em bem-estar, terás bem-estar. Cada pensamento de preocupação atrairás mais isso na tua vida: Se pensas em dúvidas…. mais dúvidas terás.

EXISTE UMA FÓRMULA MUITO SIMPLES

Pensamentos + Sentimentos = Atração

Pólo (+) + Pólo (–) = Criação (+/-)

AS EMOÇÕES TE GUIARÃO

A chave para controlar teus pensamentos está em simplesmente observar as emoções que desencadeiam teus pensamentos. As emoções podem ser divididas em duas grandes categorias:

Emoções Positivas Todas aquelas que te façam sentir bem

Emoções Negativas Todas aquelas que te façam sentir mal

GERA EMOÇÕES POSITIVAS ¡TODOS OS DIAS! SINTA-SE FELIZ ¡TODOS OS DIAS!

AGORA TE PERGUNTO… QUE É O QUE TENS ATRAÍDO PARA TUA VIDA? Uma vez que TU aceites que TU és o fabricante de TUA própria realidade, verás que tens a energía para mudar essa realidade por qualquer coisa que TU desejes.

O QUE DESEJAS ATRAIR? PROSPERIDADE? SAÚDE? BEM-ESTAR? FELICIDADE? ALGO MATERIAL?

COMEÇA AGORA A MUDAR TEU MUNDO, USA AS LEIS DO UNIVERSO PARA ATRIR SORTE E PROSPERIDADE PARA TUA VIDA.

1.-DEFINE COM EXATIDÃO O QUE QUERES ATRAIR.

2.- FAZ UMA IMAGEM MENTAL DAQUILO QUE DESEJAS ATRAIR, ISTO É, VISUALISA O QUE QUERES.

3.-ESCOLHE UMA HORA DO DIA PARA PASSAR DE 5 A 15 MINUTOS SEGUIDOS, SEM FAZER NADA MAIS DO QUE VISUALISAR NITIDAMENTE TEU OBJETIVO. PÕE EMOÇÕES NA TUA MISTURA E AGRADECE O PODER DA GRATIDÃO

Crie o hábito de agradecer. Escreve uma lista de todas aquelas coisas pelas quais podes agradecer. Agradece todos os dias. Verás que em apenas alguns dias tua lista começa a crescer. Perceberás uma mudança de atitude em ti.

E NESSA MUDANÇA DE ATITUDE, VERÁS COMO A SORTE E A PROSPERIDADE ENCONTRARÃO SEU CAMINHO PARA TI. LEMBRA DE TE DESFAZER DOS VELHOS HÁBITOS.

Põe atenção nos teus objetivos, concentre-se na direção para onde queres ir e não permitas que aquelas coisas que detestas, façam ninho na tua mente e em teu coração. Porque quanto mais penses nelas, mais se manifestarão na tua vida. Esqueça das fofocas, a crítica mordaz, as injúrias, as mentiras e as calúnias. Porque quem as profere, já estará vivendo um calvário. E agora estará te convidando para ingressar à seu próprio inferno.

Pratica o PERDÃO, porque ao fazê-lo, evitas que tua mente e teu coração se contaminem de ódio e rancor.

PERDOANDO TE PERDOAS… E ASSIM TE LIBERTAS DOS EFEITOS IMUNDOS DO EGO. UMA ÚLTIMA E IMPORTANTE RECOMENDAÇÃO

“Aqueles que ensinam à humanidade a fazer uso de determinadas forças sem incentivar à elevar-se a um nível moral mais alto, obram sem consciência. Assemelham-se a pais irreflexivos que permitem às crianças inconscientes brincar com fogo. Este não os ilumina, só os queima reduzindo-os a cinzas.”

“A energia mental é dádiva de Deus e só deve ser utilizada para bons propósitos e com boas intenções. É justo que o pobre melhore sua situação econômica, mas não é justo utilizar a força mental para prejudicar a outras pessoas.”

Arnold Krumm-Heller Huiracocha

AGORA COMPREENDEREMOS MELHOR PORQUE O HOMEM MAIS EXALTADO, JESÚS DE NAZARÉ, DISSE:

“PELOS SEUS FRUTOS VOCÊS COLHERÃO”

QUE ESTE PRESENTE FIQUE TAMBÉM EM TUAS MÃOS. RECEBA-O!… ESTOU TE OBSEQUIANDO COM TODO MEU CORAÇÃO.

PAZ IRREVERENCIAL!!! PAZ DENTRO DE NOSSOS CORAÇÕES



(Fonte: casinhaazul.com.br)

domingo, 3 de abril de 2011

FADO TROPICAL NA VOZ DE FAFÁ DE BELÉM

Esta é uma das minhas músicas prediletas. Fazia parte da peça Calabar, nos idos de 1973, e foi censurada naquele período em que a liberdade chorou e o direito vivia escondido sob as grades do terror. Lançando mão de uma paráfrase crítica, Chico Buarque construiu um discurso enviesado para driblar a ditadura: calcado no ufanismo reinante, cantou o sonho da pátria livre e poderosa.






Composição : Chico Buarque/ Ruy Guerra

Oh, musa do meu fado,
Oh, minha mãe gentil,
Te deixo consternado
No primeiro abril,

Mas não sê tão ingrata!
Não esquece quem te amou
E em tua densa mata
Se perdeu e se encontrou.
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal:
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal!

"Sabe, no fundo eu sou um sentimental. Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo ( além da sífilis, é claro). Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar, o meu coração fecha os olhos e sinceramente chora..."

Com avencas na caatinga,
Alecrins no canavial,
Licores na moringa:
Um vinho tropical.
E a linda mulata
Com rendas do alentejo
De quem numa bravata
Arrebata um beijo...
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal:
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal!

"Meu coração tem um sereno jeito
E as minhas mãos o golpe duro e presto,
De tal maneira que, depois de feito,
Desencontrado, eu mesmo me contesto.

Se trago as mãos distantes do meu peito
É que há distância entre intenção e gesto
E se o meu coração nas mãos estreito,
Me assombra a súbita impressão de incesto.

Quando me encontro no calor da luta
Ostento a aguda empunhadora à proa,
Mas meu peito se desabotoa.

E se a sentença se anuncia bruta
Mais que depressa a mão cega executa,
Pois que senão o coração perdoa".

Guitarras e sanfonas,
Jasmins, coqueiros, fontes,
Sardinhas, mandioca
Num suave azulejo
E o rio Amazonas
Que corre trás-os-montes
E numa pororoca
Deságua no Tejo...
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal:
Ainda vai tornar-se um império colonial!
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal:
Ainda vai tornar-se um império colonial!