sábado, 3 de dezembro de 2011

OBSERVATÓRIO

No ano de 2008, o prefeito de Limoeiro do Norte, João Dilmar, ocupava a presidência da Associação dos Municípios e Prefeitos do Ceará – Aprece. Como era candidato à reeleição em seu município, pediu afastamento do cargo e o passou para o vice-presidente da associação, o então prefeito de Aurora, Carlos Macedo. Na hora de discursar, Macedo pôs a mão no ombro de João Dilmar e disparou: “Pois é, meus amigos, como dizia Lampião, ‘quem foi e não é mais, é como se nunca tivesse sido”... Após o evento, ao ser indagado por um amigo se Lampião houvera realmente pronunciado a tal frase, Carlos Macedo pontuou: “Confirmar que a frase é de Lampião eu não posso, mas que pegou bem, pegou”.

CENTENÁRIO

O episódio acima reflete bem nossa cultura pública. É um hábito arraigado em nossa crônica política. Os governantes, indistintamente – e as raras exceções só confirmam essa norma – buscam a auto-afirmação sempre a partir da defenestração de quem já passou. É como se no baú do passado só existisse objetos condenáveis. Fico me perguntando: qual o demérito em se reconhecer as virtudes de quem já passou? Lembro-me de George Bernard Shaw quando asseverou: Alguns homens vêem as coisas como são, e dizem 'Por quê?' Eu sonho com as coisas que nunca foram e digo 'Por que não?' Possivelmente, a razão dessa pendenga fútil seja a nossa generalizada pouca capacidade de cultivar o amor ao desapego.

CENTENÁRIO II

Talvez o saldo mais positivo da comemoração do centenário de Crateús tenha sido a homenagem, materializada na entrega de medalhas, a conterrâneos ilustres. Todos merecedores. Louvável essa atitude da Prefeitura. Melhor seria se tivesse - usando a simbologia numérica – resolvido homenagear cem crateuenses. Contemplaria um rol abrangente, com figuras de destaque e gente simples do povo. Neste grupo, em especial quem, sob o pálio do anonimato, contribui para a festa da vida no cotidiano das adversidades. Naquele, pessoas como os ex-prefeitos vivos (afinal o local do evento foi construído por um deles...). Educadoras como Rosa Moraes e Dona Delite (que foi chamada para o céu logo após as comemorações).

CENTENÁRIO III

Em 21 de novembro de 2011, na esteira do centenário, a Maçonaria realizou um evento carregado de simbolismo, harmonia e concórdia. Uma noite memorável. Com uma festa em grande estilo a Loja Liberdade e Justiça 1712 realizou uma Sessão Magna, no Teatro Municipal Rosa Moraes, para a entrega de Outorga da Comenda Francisco Carlos Mourão aos seguintes Maçons: Marcos José da Silva (Grão Mestre Geral do GOB), Adonel Rodrigues Sales, Antonio Francisco Bento Soares Costa, Francisco Diassis Honorato, Lauro Brandão Lima (Veneráveis de Lojas), José Arteiro Soares Goiano e Manoel Valneir Soares (Mestres). Além do expressivo comparecimento dos Obreiros de Crateús, a Sessão contou com a presença de maçons de Sobral, Iguatu, Independência e Nova Russas.

CENTENÁRIO IV

“100 anos é tanto tempo! Limiar dos humanos mais afortunados, que alcançam a graça da longevidade terrena. Idade símbolo dos abençoados”. Com estas palavras o Presidente da Academia de Letras de Crateús (ALC), Elias de França, principia a apresentação do livro que o Sodalício do Poty lançará no próximo dia 09, sexta-feira. E descortina assim: Estas quatrocentas e tantas páginas foi o nosso jeito, da Academia de Letras de Crateús, de dizer-te, em memória dos nossos ancestrais, em nome dos crateuenses do hoje, e querendo merecer os pósteros, oh! querida terra mãe, Crateús: Feliz Centenário!”

RADIALISTAS NO TOPO

A semana findante brindou com taça de ouro dois radialistas crateuenses. Marcelo Chaves recebeu, na sede da FIEC, em Fortaleza, a honraria instituída pela ACERT de Radialista do Ano, categoria Interior. Luiz Siqueira, na Princesa do Norte, recebeu sexta-feira o título de Cidadão Sobralense. Acompanhei, como muita gente da nossa terra, o início da carreira de ambos. Têm em comum o labor intenso, a incansável dedicação e o amor com que se entregam à causa da radiofonia. Parabéns para os dois!

PARA REFLETIR

“As pessoas que vencem neste mundo são as que procuram as circunstâncias de que precisam e, quando não as encontram, as criam”. (Bernard Shaw)

(Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste, Crateús, Ceará)

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

CONJUNTURA NACIONAL

O poder é como água

1945. O Brasil inaugura a redemocratização. Hermes Lima, fundador da UDN, deputado constituinte, ex-presidente do STF, foi ao Nordeste conseguir apoio de democratas ilustres para fundar outro partido, o Partido Socialista Brasileiro. Em João Pessoa, procurou Luís de Oliveira:

- Luís, o socialismo é como aqueles gramados dos castelos da Inglaterra. Cada geração dá por eles um pouco de si. Um jardineiro planta, o filho cuida, o neto poda. E vai assim, de geração em geração, até que, um século depois, torna-se o que é.

- Doutor Hermes, me desculpe, mas não vou entrar não. Gosto muito do socialismo, mas vai demorar muito. Eu quero é o poder. E o poder é como água. A gente tem que beber na hora.

Da verve do amigo Sebastião Nery.

Reforma mais profunda

Projeção feita por esta Coluna, semana passada, a respeito da reforma ministerial, possivelmente em janeiro, ganha corpo. A reforma não seria cosmética, com simples troca de nomes, mas densa, na medida em que mexeria na integração/fusão de espaços e áreas. A presidente Dilma quer fazer valer o compromisso com os conceitos de gestão, eficiência, eficácia e competitividade.

2012, ano da gestão

A propósito, 2012 será um ano particularmente voltado para a gestão. O primeiro ciclo - 2011 - foi o do atendimento à esfera política, acomodação dos aliados, ajustes aqui e ali com troca de nomes, na esteira da intermitente bateria de denúncias sobre a base aliada. A crise internacional aponta para a necessidade de controles mais rígidos e apertos nos parafusos da engrenagem. Esse é o pano de fundo que acolhe o conceito de gestão moderna, avançada, ancorada nos eixos da racionalização, resultados, competitividade.

Gerdau, um ícone

Sinalização forte na direção da Gestão foi dada pelo megaempresário Jorge Gerdau, em densa entrevista que ladeia reportagem de capa da Revista Exame. Jorge, como se sabe, coordena um grupo que se esforça para imprimir diretrizes ao governo visando racionalizar a máquina administrativa. Entusiasmado e muito ativo, este empresário tem seu perfil colado ao Brasil Competitivo. Por isso, pode dizer com muita naturalidade: é praticamente impossível governar com 40 ministérios. Este analista tende a aduzir que Jorge Gerdau sinalizou os caminhos do amanhã. Sua análise pavimentaria a reforma que está por vir. Reforma que ele sugere e cujos eixos começa a apresentar ao governo.

FIESP/FIERJ

Ainda na direção do Brasil Mais Eficiente, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e sua congênere do Rio de Janeiro se juntam ao esforço de puxar a alavanca da produtividade. Significa realização de ações conjuntas e propostas concretas para as áreas da Infraestrutura (logística), Educação, Banda Larga (Comunicações) e Energia. Trata-se de um esforço inédito, primeiro por deixar o terreno do discurso frouxo/abstrato para adentrar o campo prático. Defendem metas palpáveis. No campo da energia, por exemplo, as entidades apontam para a necessidade de cumprimento da lei que determina a realização de leilões para os ativos de energia que vencem em 2015. Nesse ano, começam a vencer as concessões de 114 usinas hidrelétricas. Essa decisão será um marco na era da energia mais barata. Mas uma ala do governo pensa simplesmente em renovar as concessões. (Que interesses estariam por trás do descumprimento da lei?)

Temer em Columbia

O vice-presidente Michel Temer profere, amanhã, às 16h, aula magna na faculdade de Direito da Universidade de Columbia (EUA) sobre Direito Constitucional e Democracia. Na sexta, na mesma universidade, às 9h, participa de um encontro para debater a importância dos Brics no mundo: "The rise of Bric: impact in global policymaking". Michel falará das perspectivas e das relações do Brasil com os demais integrantes dos Brics (Rússia, Índia, China e África do Sul). O FMI projeta que Brasil, Rússia, Índia e China serão responsáveis por 61% do crescimento mundial entre 2008 e 2014, enquanto o G-7 (os países mais ricos do mundo) contribuirá com 13%. Há estimativas de que o PIB dos Brics supere o do G7 por volta de 2032.

No Líbano

Há duas semanas, o vice-presidente esteve em visita oficial ao Líbano. Recebido pelo presidente libanês, Michel Sleiman, Michel ressaltou o incremento comercial entre os dois países. "Nos últimos oito anos, a corrente de comércio entre os dois países aumentou em quatro vezes. Hoje, nossos povos contabilizam cerca de US$ 230 milhões em trocas comerciais". Temer reuniu-se também com o presidente do Parlamento Libanês, Nabih Berry. No final de semana, teve outros encontros, entre os quais com o Conselho de Cidadãos Brasileiros. O vice-presidente Inaugurou o centro comercial Prime Center, iniciativa brasileira no Vale do Bekaa.

Amizade de leiteria?

De Abelardo Jurema, Ministro da Justiça do governo João Goulart, filósofo de Itabaiana: "Amizade sólida só nasce em bar. Nunca vi amizade feita em leiteria".

Grande acordo na Bahia?

Um grande acordo político pode vingar na Bahia. O acordo reuniria as forças do PMDB, DEM, PSDB, PPS, PR e siglas menores. Teria como foco imediato a eleição municipal de 2012, mas abriria caminho para um acórdão em 2014, ano da eleição para o governo do Estado e presidência da República. Hoje, há alguns pré-candidatos para a Prefeitura de Salvador: Mário Kertész seria o candidato do PMDB, que teria o patrocínio e simpatia de Geddel Vieira Lima, o comandante do PMDB baiano; o deputado Imbassahy sairia pelo PSDB e o deputado ACM Neto, pelo DEM.

ACM Neto em 1º

A moldura de hoje aponta ACM Neto em primeiro lugar nas pesquisas. Neto, porém, sabido como o avô, ACM, sabe que a maior distância entre dois pontos nem sempre é uma reta (como na geometria euclidiana), mas uma curva. Portanto, poderá declinar da candidatura à prefeitura, caso estejam abertos para ele os caminhos do governo em 2014. A conversa será finalizada em meados de março/abril. Na verdade, a intenção é a de criar um forte pólo de oposição ao PT de Jaques Wagner.

João Doria, a novidade

João Doria é jornalista, publicitário, empresário bem sucedido e ainda exímio condutor/entrevistador de programas de TV. Trata-se de um perfil que circula com desenvoltura pelos universos empresarial e político. Amigo pessoal de políticos de diversos calibres. Com o governador Geraldo Alckmin, sua interlocução é bem especial. Pois bem, Doria foi sondado por Alckmin para enveredar pelos caminhos um dia percorridos por seu falecido pai, o ex-deputado baiano João Doria. O governador vê em João um perfil competitivo, particularmente numa eleição majoritária. Como a de São Paulo, por exemplo. Mas há um porém. Há tucanos na floresta disputando à bicadas a candidatura.

Tucanos na disputa

O atual cenário mostra quatro tucanos em disputa: Andrea Matarazzo, Bruno Covas, Ricardo Trípoli e José Aníbal. Com exceção de Andrea, todos contabilizam votos em sua bagagem de vida. Andrea tem a vantagem de conhecer os problemas da capital, por ter sido Coordenador das Subprefeituras. José Aníbal já teve boa votação para o Senado Federal. Bruno Covas leva o sobrenome do famoso avô, Mário Covas. E Trípoli não é um jejuno em política. Cada qual tem seu cacife. A eleição paulistana, como se sabe, servirá de espelho ao Brasil. Trata-se do maior eleitorado brasileiro: 8,5 milhões de votos. Aqui, será travada a maior batalha municipal entre o PT e o PSDB. Disputa de gigantes.

Um nome contra o PT

Ora, quem teria maiores condições de vencer a disputa? Por parte do PT, teremos Fernando Haddad, candidato a ser apresentado às massas por Lula (cuja voz será mais ouvida que em eleições anteriores por conta de sua doença); por parte do PMDB, Gabriel Chalita será o candidato; Luiz Flávio Borges D'Urso sairia pelo PTB; Netinho de Paula, pelo PC do B; Celso Russomanno, pelo PRB, e Soninha Francini, pelo PPS. A paisagem será enfeitada por perfis assemelhados. Uma vitrine de assepsia. Aduz-se que o PT começará a campanha detendo seus 30% históricos de intenção de voto. Serra, que tem, hoje, 25% dos votos, garante que não entrará na disputa. Qual o tucano com maior cacife? Difícil apontar. Poderiam, até, crescer numa disputa polarizada. Ante a dúvida, surge mais um nome: Guilherme Afif, do PSD de Kassab. Mas os tucanos fecham a cara para ele. Diante da grande interrogação, entra João Doria, que é tucano (tem inscrição no partido) e amigo do peito de Alckmin. Já há pesquisas aferindo a posição dos tucanos aos olhos do eleitorado.

Crianças superdotadas

As crianças superdotadas têm raciocínio rápido, curiosidade intelectual e excepcional poder de observação, e por isso precisam ser assistidas de maneira diferenciada para que não percam o interesse nos estudos. "Precisamos orientar professores da rede pública e privada para que saibam como lidar com os alto habilidosos e incentivar a abertura de centros para diagnóstico e desenvolvimento de atividades extracurriculares direcionadas", explica a médica cirurgiã-cardíaca Luciana da Fonseca, que pretende criar uma Associação para defender a inclusão dos superdotados na sociedade. São Paulo é um dos Estados que menos adota políticas públicas específicas para a inclusão de crianças superdotadas ou alto habilidosas (AHs) - 5% da população, segundo a OMS - em seu sistema de ensino. A lei brasileira garante a diferenciação curricular para estes casos, mas efetivamente nada é praticado. Sob esse pano de fundo, realizou-se, segunda-feira, na Câmara Municipal um evento organizado pelo vereador Eliseu Gabriel (PSB), reunindo profissionais da educação e medicina para "subsidiar a formulação dessas políticas".

Maior fiscalização

O segmento da Segurança Privada quer leis mais duras e maior fiscalização no setor. O segmento está conseguindo se aprimorar através da reciclagem de seus empresários. Essa foi a tônica das palestras do Fórum das Empresas de Segurança de São Paulo, realizado há pouco em Bragança Paulista, que contou, inclusive, com representantes da Polícia Federal e do Ministério da Justiça.

Botelha

Aidar SBZ Advogados, escritório especializado em Direito Empresarial, anuncia a entrada do sócio Wagner Garcia Botelha, especialista em real estate affairs. Wagner Botelha, egresso do escritório Barbosa, Müssnich & Aragão, será responsável pela expansão da área de Direito Imobiliário do Aidar SBZ. Graduado pela PUC-Campinas e pós-graduado em Direito Societário, Botelha acumula 15 anos de experiência, atuando principalmente em Direito Imobiliário e Urbanístico. O escritório Aidar SBZ possui atuação abrangente nas áreas de Direito Tributário, Aduaneiro, Contencioso Cível, Aeronáutico, Bancário, Trabalhista, Societário, Infraestrutura, Família, Civil, Desportivo, Consumidor, Saúde, Imobiliário e Propriedade Industrial.

Saúde na UTI

Mero registro histórico: em 10 anos, o governo deixou de aplicar na Saúde R$ 45,9 bilhões. Desde 2000 - ao entrar em vigor a EC 29, que estabelece um piso de gastos para o setor - até o ano passado, o montante de recursos aplicados caiu de 1,76% para 1,66%. O que diz disso o sr. Padilha, que dirige o Ministério da Saúde?

Aécio deita e rola

Aécio Neves está faceiro como nunca. Viaja pelo país afora, faz articulações, aproxima-se de aliados do governo como Eduardo Campos, do PSB, e, como ninguém é de ferro, relaxa nas melhores casas noturnas do eixo Rio/São Paulo. Hoje, a cúpula tucana bandeou para seu lado em matéria de candidatura tucana à presidência. Neves só é meio apagado no Senado. Ainda não pode dizer que faz um bom desempenho.

Resolução 72

Hoje, ocorre uma Audiência para debater o Projeto de Resolução 72, da autoria do senador Romero Jucá, estabelecendo que a alíquota do ICMS seja de 0% (zero por cento) nas operações interestaduais com bens e mercadorias importados do exterior e que, após o seu desembaraço aduaneiro, não tenham sido submetidos a processo de industrialização. Com essa medida, a mercadoria de procedência estrangeira com potencial para receber benefício da guerra fiscal em determinado Estado passará a ser transferida ao lugar de destino sem carga de ICMS, praticamente eliminando a possibilidade de concessão de incentivos fiscais para os produtos importados pelo ente que faz a importação.

A "farra" fiscal

Levantamento encomendado pelo Instituto Aço Brasil (IABr) mostra que 13 Estados brasileiros estão oferecendo benefícios fiscais para importações sem autorização do Confaz. Ou seja, os Estados estão fazendo uma "farra" com isenções para importações. Os incentivos vão desde postergação e reduções de base de cálculo do ICMS até o financiamento para pagamento do tributo. Mais uma ferramenta de desmonte da indústria brasileira. O presidente do IABr, Marco Polo de Mello Lopes, comanda, hoje, em Brasília, movimento contra a política de desmonte de importantes segmentos da indústria.

Conselho à presidente Dilma

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado ao ministro Carlos Lupi. Hoje, sua atenção se volta à presidente Dilma Rousseff:

1. Aconselhe-se com os mais qualificados empresários e profissionais de gestão e decida fazer uma reforma em profundidade na frente ministerial, a partir de princípios da racionalização, eficiência e produtividade.

2. As pressões políticas por espaços na Esplanada dos Ministérios não podem e não devem se sobrepor aos altos interesses da eficácia administrativa.

3. A crise internacional poderá servir de pano de fundo para ajustes estruturais - sistemas, métodos e processos - podendo propiciar ao país grande oportunidade para avançar na trilha da modernização administrativa.

(Gaudêncio Torquato)

terça-feira, 29 de novembro de 2011

MODINHA NA VOZ DE TAIGUARA



Modinha

(Sérgio Bittencourt)

Olho a rosa na janela,
sonho um sonho pequenino...
Se eu pudesse ser menino
eu roubava essa rosa
e ofertava, todo prosa,
à primeira namorada,
e nesse pouco ou quase nada
eu dizia o meu amor,
o meu amor...

Olho o sol findando lento,
sonho um sonho de adulto...
Minha voz, na voz do vento,
indo em busca do teu vulto,
e o meu verso em pedaços,
só querendo o teu perdão...
Eu me perco nos teus passos
e me encontro na canção...

Ai, amor, eu vou morrer
buscando o teu amor...
Ai, amor, eu vou morrer
buscando o teu amor...
(Eu vou morrer de muito amor)

POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

Ação de Graças, graças a Deus!

As vendas do mais importante feriado dos EUA, o dia de Ação de Graças, na semana passada foram da ordem de US$ 52,4 bi, algo como 16% superiores ao ano passado. Trata-se de um resultado espetacular e que nenhum economista neurologicamente equilibrado poderia prever. Obviamente, quando um fato destes ocorre, os analistas se socorrem das mais variadas explicações as quais, na maioria das vezes, servem a justificar os próprios erros de avaliação. De toda a forma, vamos ao que interessa: estas vendas podem ser um sinal de reversão das expectativas negativas para o consumo. Não se pode desprezar o fato de ser apenas UM indicador. Da mesma forma, não se pode esquecer que se trata de um dado importantíssimo nos EUA, pois revela o animus da sociedade em relação ao ano que vem, num país no qual o desemprego gravita em torno de 9% da sua mão de obra ativa.

Abram os olhos para a China

Já comentamos aqui neste espaço alguns aspectos sobre a China. Na semana passada, o governo comunista de Pequim lançou uma série de medidas de estímulo econômico, especialmente para o setor de construção civil. Este é responsável pelo menos por 3% do crescimento anual do país (entre 8% e 9%). Dificilmente, a China nos próximos anos manterá uma taxa de investimento da ordem de 40% de seu PIB. A improbabilidade não é apenas estatística de vez que pode estar se formando uma imensa "bolha de investimento" no país. Num país onde a transparência depende de um governo forte, comunista e central, estes riscos tendem a ser exacerbados. Os agentes econômicos sabem disso e, como já vimos nas dezenas de crises dos últimos dez anos, o mercado está longe de ser perfeito.

No Brasil, pouca informação e algumas "desconfianças"

Rigorosamente, nada de muito importante ocorreu nas últimas semanas que dê elementos novos relativamente às tendências consolidadas (inflação alta, desaceleração econômica relevante, pleno emprego e confiança alta e estável, etc.). Na imprensa tem saído, vez por outra, informações dando conta de um "pacote contra a crise" que estaria em gestão na Fazenda por estímulo do Palácio do Planalto. É preciso que se diga que faz todo o sentido que o governo se prepare para um cenário mais turbulento, mesmo que este não venha a ocorrer. De outro lado, é preciso que não se gere mais desequilíbrio em meio a um mundo de desequilíbrios. Pois bem: a maior e mais importante atuação que o governo pode protagonizar no curto prazo está no campo monetário. Trata-se de uma redução mais brusca da taxa de juros básica, ainda neste final do ano ou logo na virada de 2012. Ademais, a expansão do crédito também pode ser contemplada de forma mais imediata. Em ambos os casos os riscos existem: (i) do lado dos juros, trata-se da inflação, ainda num patamar desconfortável e (ii) do lado do crédito, o risco de tornar menos hígido o sistema financeiro num momento em que todos no mundo estão de olho neste item.

Dilma e o ministério: o desejo e o possível

As reações dos aliados, nada públicas por motivos óbvios, não foram nada simpáticas. Mesmo assim, porta-vozes não oficiais da presidente Dilma continuam assegurando, "à boca pequena" como se dizia antigamente, que ela não vai se contentar apenas em trocar alguns ministros em janeiro, uns por inadequação gerencial, outros por isso e também por "malfeitorias". Dilma fará também um ajuste mais fino da máquina ministerial.

Vertentes da mudança ministerial

A mudança do ministério da presidente, segundo esses "bochichos", teria três vertentes:

1. Livrar o governo de ministros problemáticos, segundo os critérios de eficiência e/ou temeridade na condução da pasta.

2. Eliminar o sistema de "capitanias hereditárias", instalada nos últimos tempos, em que cada ministério é feudo de um partido e nele planta suas raízes, a tal porteira fechada. Haveria rodízio de ministérios entre os partidos aliados e nem toda a equipe dos escalões superiores de uma pasta será do mesmo time do ministro. A ocasião seria aproveitada também para rever o peso de cada aliado no governo.

3. O mais importante: cairia o número de ministros e de secretarias com tal status. É voz (sem cara) corrente que o ministério da Pesca vai virar secretaria ou coisa parecida no ministério da Agricultura, o dos Portos seria incorporado pelo Transportes e as Secretarias de Direitos Humanos, da Mulher e da Igualdade Racial virariam uma só. Alguns mais audaciosos falam também num ministério da Infraestrutura (com Transportes e Comunicações) e até na fusão de Cultura, Turismo e Esportes num guarda-chuva único. Uma revolução que está deixando o mundo político literalmente de cabelos em pé. Imagine-se o PT perder de uma só vez três ou quatro postos. Ou o PMDB ver sua cota encolher... A impressão é que Dilma lança balões de ensaio de seus desejos (bons) para testar o possível.

Apoio e obstáculos

As intenções reformadoras da presidente ganharam um reforço de peso semana passada quando o empresário Jorge Gerdau, escolhido por Dilma para comandar a Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade do Governo Federal, tirou a caixa de ferramentas para atingir a ineficiência de Brasília e adjacências. Gerdau resumiu a ópera bufa, ao dizer, sucintamente, que é impossível administrar com 40 ministérios (na realidade são 38) e com mais de 23 mil cargos de confiança, de livre nomeação. Diz-se também que o vice presidente da República, Michel Temer, contrariando o DNA do partido do qual é presidente licenciado e hoje maior expressão política, o PMDB também defende essa dieta de emagrecimento Federal. Na outra ponta, há uma montanha rochosa com escarpas traiçoeiras - os partidos da base aliada, que não engolirão com facilidade ter seus cartórios eleitorais reduzidos, mormente em um ano de urnas eletrônicas. E uma incógnita: o que pensa o presidente Lula de tudo isso, ele que é o pai, a mãe e o avô desse esquema que sustenta politicamente o governo Dilma.

All the world

Em um texto luminoso na edição de domingo do "Estadão" a respeito da ex-primeira dama da França, Danielle Mitterrand, falecida na semana passada, o jornalista Gilles Lapouge, correspondente do jornal em Paris, deu a mais completa e sucinta definição do mundo de hoje em todos os quadrantes do universo: "...hipócrita, embusteiro, covarde, conformista". Algo a acrescentar no mundo dos trópicos tupiniquins, com suas mesquinhas disputas por cargos e benesses, tão bem caracterizadas nos episódios envolvendo o ministério do Trabalho e o ministério das Cidades?

Em nível superior

É de solução muito mais delicada do que todos os outros casos de "malfeitorias" anteriores, tanto os que geraram as demissões de cinco ministros, o episódio envolvendo o ministério das Cidades e a troca do projeto de BRT (ônibus em corredores exclusivo) por um de VLT (Veículo Leve sobre Trilho) no plano de mobilidade para a Copa de 2014 de Cuiabá/MT. As demissões anteriores, ou foram casos individuais (Palocci) ou de uso indevido dos ministérios (casos dos Transportes, Agricultura, Turismo e Esportes). Agora não, as mudanças no parecer técnico do ministério das Cidades, para justificar a troca de um projeto de R$ 500 mi por um outro que no final das contas vai custar o triplo, foram engendradas para compromissos políticos acertados em nível superior. Pode sobrar para algum bagrinho, mas o próprio ministro Mário Negromonte, por mais trapalhadas que possa ter cometido na gestão de seu ministério, nesse episódio foi apenas uma correia de transmissão de ordens.

Noites de terror

Se há outra coisa que abala o sono de pessoas em Brasília e de algumas que pelo menos formalmente e de corpo presente já não habitam o Planalto Central são os fios da intrincada meada da compra do Banco Panamericano pela CEF ainda no governo Lula e que a PF está desvendando, peça por peça. O script traçado para que tudo não passasse de uma operação normal, que teve seu momento mais delicado quando dona Maria Fernanda deixou a presidência da CEF, já com Dilma e sem uma explicação convincente, está ameaçando desandar pela eficiência dos agentes Federais. Não se combinou com os russos.

Anomia, anemia

E a oposição hein? Continua sem saber o que quer, se é que quer alguma coisa a não ser algumas das migalhas do Poder Público. Em um determinado momento mais duro do regime militar, quando o espaço do oposicionismo esteve perigosamente fechado, chegou-se a discutir entre eles a extinção do antigo MDB, hoje convertido no PMDB, sem nenhuma das virtudes do partido de Ulysses, Tancredo, Franco Montoro, etc. Felizmente a tese não foi para a frente e a persistência ajudou a abreviar o fim de uma ditadura que se pretendia eterna. Sem os mesmos problemas, a atual oposição parece ter optado pela inanição e, pelo andar do cabriolé e seus penachos de vaidade, para uma lenta extinção eleitoral, por absoluta irrelevância.

(por Francisco Petros e José Marcio Mendonça)

TROFÉU

O ex-deputado Antônio dos Santos e o seu filho João Jorge comemoram. É que Marcelo Vieira (Chaves), de sua emissora, a Supervale -, de Crateús, foi escolhido Radialista do Ano, categoria Interior do Estado. Ele e Tom Barros (o da Capital) recebem hoje o Troféu.

(Edilmar Norões, no Diário do Nordeste de hoje)

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

WILSON E GUSTAVO, PARABÉNS!


Wilson e Gustavo. Ambos, Vicentinos (no melhor da raiz latina da palavra: “aquele que vence”). Pai e filho que celebram a vida no mesmo vigésimo oitavo dia de novembro.

O dia 28 de novembro registra fatos históricos marcantes, memoráveis, indeléveis.

Destaco um: em 1974, um dos maiores pacifistas do século passado, John Lennon, se apresentou pela última vez em público, ao lado de Elton John, no palco do Madison Square Garden, em New York.

Lennon venerou fervorosamente a vida e a humanidade. Paradoxalmente, teve a vida ceifada por outro ser humano.

Deixou-nos a lição do amor às coisas permanentes. Por isso suas mensagens são atemporais, eternas. E é com uma de suas belas músicas, em que palpitam conteúdo e sensibilidade, que eu quero lhes desejar FELIZ ANIVERSÁRIO!



domingo, 27 de novembro de 2011

O QUE VALE MAIS: UM PRESO OU UM ESTUDANTE?

Alguns números falam mais do que mil palavras. No Brasil, um preso federal custa o triplo de um ano do ensino superior. E um preso estadual demanda quase nove vezes o custo de um estudante do ensino médio. A princípio, o que uma coisa tem a ver com a outra? Tudo. Há carência de recursos tanto em escolas quanto em prisões. Mas o absurdo maior é a negligência do Brasil com o saber, com o conhecimento.

Quando essa equação vai fechar? Vamos gastar muito mais com os presidiários se quisermos tornar as cadeias brasileiras menos degradantes. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, prometeu que “agora vai”. Não sei se você, assim como eu, sente vergonha ao ver as cenas de mãos saindo pelas grades. São seres humanos empilhados, espremidos e seminus. É um circo dos horrores. E piora nos rincões remotos do Norte e Nordeste, longe das câmeras. Mesmo assim, o Estado gasta mais de R$ 40 mil por ano com cada preso em presídio federal. E R$ 21 mil com cada preso em presídio estadual. (Enquanto isto, o valor da percapita nacional para educação básica pública -- valor aluno/ano é de R$ 1.729, 33, para 2011 – observação nossa).

Esses valores, absolutos, não significam nada para nós. Mas, se dermos uma olhada no nível de instrução dos 417.112 presos, ficará claro como os dois mundos, o das escolas e o das prisões, estão intimamente ligados. Dos nossos detentos, mais da metade (254.177) é analfabeta ou não completou o ensino fundamental. O menor grupo é o que concluiu a faculdade: 1.715 presos. Esses números estão no relatório do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) do ano passado. Os presídios são um retrato de nossa sociedade. Do lado de fora, poucos tem acesso a universidades. E criminosos ricos e influentes podem pagar bons advogados.

Poderíamos ficar resignados ao nosso destino de país pobre em desenvolvimento humano. Poderíamos também construir macropresídios seguros para prender cada vez mais gente em cômodos amplos, com direito a boa alimentação, pátios, esporte e reeducação. Poderíamos melhorar a gestão penitenciária e reduzir a roubalheira. Em algumas cidades, os presos começam a ser soltos por falta de espaço.

O mais complicado de tudo, mesmo, é prevenir a criminalidade. Porque seria preciso investir forte na educação universal e de qualidade. Os últimos números do IBGE, do Censo de 2010, deixam clara uma urgência: entre nossas crianças com 10 anos de idade, 6,52% são analfabetas. Você, que lê este artigo, quando se alfabetizou? Provavelmente entre os 5 e 7 anos de idade, como acontece nas maiores economias do mundo – aquele grupo privilegiado em que o Brasil se insere com orgulho.

Essa criançada brasileira que não sabe escrever nem seu nome não faz ideia de que está trancada na prisão da ignorância. Sem cometer crime algum, as crianças foram condenadas à marginalidade perpétua. Isso não significa que serão desonestas ou hóspedes dos presídios-modelos que o ministro da Justiça promete construir. Mas que chance o Estado dá a elas? Esse porcentual de 6,52% nada tem a ver com heranças malditas. São crianças que nasceram na década de Lula.

Por mais que se comemorem avanços na Educação, em uma década o total de analfabetos no Brasil caiu menos de 1 milhão. Eram quase 15 milhões e hoje são 14 milhões que não sabem ler ou escrever – esse total equivale a duas vezes a população inteira do Paraguai. Em dez anos de investimento e dois mandatos de governo do “tudo pelo social”? Não dá para festejar. Entre os brasileiros com mais de 15 anos, continuamos mais analfabetos que Zimbábue, Panamá e Guiné Equatorial.

As disparidades regionais são outra preocupação. Em analfabetismo, segundo o Censo 2010, o Maranhão do clã Sarney está em 24º lugar e só perde para Paraíba, Piauí e Alagoas. Há 19,31% de analfabetos no Maranhão, porcentual maior que na República do Congo, na África. No programa do PMDB em rede nacional de televisão, na quinta-feira passada, o presidente “vitalício” do Senado, José Sarney, afirmou: “O bom homem público olha e vive para o seu país”. Eu ficaria satisfeita se o homem incomum, blindado por Lula e aliado de Dilma, olhasse para o Estado onde nasceu.

Em mortalidade infantil, o Maranhão da governadora Roseana Sarney só perde para Alagoas. De cada 1.000 maranhenses que nascem, 36 bebês morrem antes de completar o primeiro ano de vida. Não sei como a dinastia que controla esse Estado há 45 anos consegue dormir em paz. No programa do PMDB, Roseana disse que uma mulher no poder “significa uma visão mais humana de governar”.

A esperança é que o Brasil amadureça e passe a investir logo em suas crianças e seus estudantes para um dia, talvez, reduzir a superlotação dos presídios. Não é uma fórmula infalível, mas parece ser uma aposta sensata.

Ruth de Aquino é colunista da revista ÉPOCA.

Edição nº 706, de 28.11.2011

UMA REFLEXÃO

Um velho carpinteiro estava pronto para se aposentar. Ele informou ao chefe seu desejo de sair da indústria de construção e passar mais tempo com sua família. Ele ainda disse que sentiria falta do salário, mas realmente queria se aposentar.


A empresa não seria muito afetada pela saída do carpinteiro, mas o chefe estava triste em ver um bom funcionário partindo e ele pediu ao carpinteiro para trabalhar em mais um projeto como um favor.


O carpinteiro concordou, mas era fácil ver que ele não estava entusiasmado com a idéia. Ele prosseguiu fazendo um trabalho de segunda qualidade e usando materiais inadequados.


Foi uma maneira negativa dele terminar sua carreira. Quando o carpinteiro acabou, o chefe veio fazer a inspeção da casa. E depois ele deu a chave da casa para o carpinteiro e disse: “Essa é sua casa. Ela é o meu presente para você”.


O carpinteiro ficou muito surpreso. Que pena! Se ele soubesse que ele estava construindo sua própria casa, ele teria feito tudo diferente.


O mesmo acontece conosco. Nós construímos nossa vida, um dia de cada vez e muitas vezes fazendo menos que o melhor possível na construção. Depois com surpresa nós descobrimos que nós precisamos viver na casa que nós construímos.


Se nós pudéssemos fazer tudo de novo, faríamos tudo diferente. Mas não podemos voltar atrás.


Você é o carpinteiro. Todo dia você martela pregos, ajusta tábuas e constrói paredes. Alguém disse que “A vida é um projeto que você mesmo constrói”. Suas atitudes e escolhas de hoje estão construindo a “casa” que você vai morar amanhã.


Construa com Sabedoria!