sexta-feira, 12 de março de 2010

FEIRA CIRCULANDO LIVROS


A Sociedade Amigos da Biblioteca Municipal Norberto Ferreira Filho (SABi), PC Cultura é para todos, convida a todas e a todos os crateuenses para mais uma edição da Feira Circulando Livros, sábado e domingo próximos, dias 13 e 14.03.2010, a partir das 18 horas, na Praça do Anfiteatro.

Serão ofertados, como sempre, livros de autores crateuenses e da literatura nacional e mundial, poesia, conto, romance, filosofia, religião, literatura infantil e muitas revistas em quadrinhos e mangás. Seja qual for o seu gosto literário, com certeza lá você conseguirá satisfazê-lo. O preço, todos sabem, vai de R$ 0,20 a R$ 5,00 – mais acessível impossível.

No sábado, a atração musical fica por conta do Bê-a-Bá do Forró. No domingo, é a vez de reunir todos os amigos da noite: Ernesto e Ivonete, Sílvio Holanda, Lílian, João Alfredo, Marcília Brandão, Erasmo, Socorro Malveira, Manoelzinho, Cláudia, e muitos outros.

Venha, traga a família, os amigos... Vamos ajudar a melhorar a cultura em nosso município.

A Feira Circulando tem o apoio da Secretaria da Cidadania Cultural do Ministério da Cultura, através do Prêmio Areté, e do Prêmio Pontos de Valor, que tem a parceria do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

http://sabicrateus.blogspot.com

quarta-feira, 10 de março de 2010

TSE TEM NOVO PRESIDENTE


O ministro Ricardo Lewandowski foi eleito presidente do Tribunal Superior Eleitoral. A eleição ocorreu na sessão plenária de terça-feira (9/3). Ele vai suceder no cargo o ministro Carlos Britto e será responsável por organizar o processo eleitoral deste ano. Seu mandato vai até 2012. A data da posse ainda não foi anunciada.

De acordo com a Constituição Federal, o TSE é composto por três ministros do Supremo Tribunal Federal, dois do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Também são escolhidos pelo STF dois advogados, que são nomeados pelo presidente da República. A presidência da corte é sempre ocupada por um dos representantes do STF.

Após a eleição, o ministro se mostrou confiante sobre os desafios que enfrentará em 2010. Ele se comprometeu em cumprir a missão do TSE nessas eleições. “Tenho certeza de que estaremos à altura das honrosas tradições desta Casa e da Justiça Eleitoral e que propiciaremos a todos os cidadãos e a todos os candidatos uma eleição tranqüila e que chegará a bom termo”, disse.

Lewandowski integra o TSE há quatro anos, quando ingressou como ministro substituto. Após a renúncia do ministro Joaquim Barbosa ao cargo de ministro da Corte por motivos de saúde, ele tornou-se membro efetivo.

Aos 61 anos, é mestre, doutor e livre-docente em direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e Master of Arts em Relações Internacionais pela Fletcher School of Law and Diplomacy, da Tufts University, administrada em cooperação com a Harvard University. Também é professor titular da Faculdade de Direito da USP.

Nascido no Rio de Janeiro, foi nomeado juiz do Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo pelo quinto constitucional da advocacia. Chegou a desembargador do Tribunal de Justiça do mesmo estado. Foi nomeado ministro do Supremo em 2006.

A próxima presidente

A ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha ocupa o cargo de vice-presidente de Lewandowski e é a próxima a assumir o comando do TSE. Após a eleição desta terça, Cármen Lúcia agradeceu a confiança de seus colegas. A ministra declarou que irá continuar o trabalho de administração do tribunal, que classificou como “competente e séria”.

Assim como Lewandowski, ele chegou ao STF em 2006. Dois anos depois, tornou-se ministra substituta no TSE. Antes de ingressar no Judiciário, foi procuradora do Estado de Minas Gerais. No governo de Itamar Franco, foi procuradora-geral do Estado.

Também já atuou como professora titular de Direito Constitucional da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, membro da Comissão de Estudos Constitucionais do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. É membro efetivo do Instituto dos Advogados Brasileiros.

Ela nasceu em Montes Claros (MG) e se formou em direito pela PUC-MG. Tornou-se mestre em Direito Constitucional pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e cursou doutorado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Com informações da Assessoria de Imprensa do TSE.

(Fonte: CONJUR)

terça-feira, 9 de março de 2010

TRÊS ANOS SEM O FUNDADOR DO "PAÍS DOS MOURÕES"

No dia 09 de março de 2007 o Brasil perdia o seu maior poeta: Gerardo Mello Mourão.

É com emocionada alegria que ocupo, na Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza - AMLEF, a cadeira que tem como patrono o vate das Ipueiras.

Nas postagens abaixo, dois textos que remetem à sua iluminada figura de abrasado acendedor de polêmicas, inflamado construtor de poemas e lúdico fundador de país.

GERARDO MELLO MOURÃO


GERARDO MELLO MOURÃO

Tornou-se lugar comum, entre os militantes das letras, a afirmação de que quanto mais nos aprofundamos no local, mais nos tornamos universal. Fernando Pessoa foi um expoente dessa tese quando cantou que o rio mais belo do mundo era o que corria pela sua aldeia.
Sucede que o patrono da minha cadeira foi além dessa assertiva. Gerardo Mello Mourão, nascido no pé da Serra da Matriz, nas Ipueiras, soube dialeticamente combinar, de forma magistral e em linguagem incomparável, o arcabouço telúrico do ‘local’ e o manancial germinador do ‘universal’. Como ele próprio afirmou, cantou “as gitiranas das Ipueiras em Jerusalém, em Belém, no Pará, e em Belém de Judá, no lago de Tiberíades, no Mar Morto, na feira de Cafarnaum e na Cripta de Nazaré, onde o arcanjo Gabriel anunciou à Virgem o nascimento de Jesus”.

INFÂNCIA E JUVENTUDE

Quando ainda perambulava pelo jardim da infância, Mello Mourão foi levado para estudar em Crateús, onde teve como professor o prodigioso Padre Solon Farias, que “foi o primeiro homem a me dar a impressão de uma pessoa prodigiosamente inteligente e cheia de saber”. Padre Solon, percebendo a genialidade do menino Gerardo, convenceu a mãe a mandá-lo para o Sul. Alguns parentes do poeta encamparam a idéia, dentre entre eles Chagas Barreto, um promissor industrial de então, que se exaltou: "Leve o menino. Este menino vai ser um profeta, e ninguém é profeta em sua terra".
O próprio Gerardo conta os passos seguintes: “Depois, foi o mundo. O grande e estranho mundo. O Seminário holandês nas montanhas de Minas. Cresci e prosperei à sombra dos profetas barrocos do Aleijadinho, em Congonhas do Campo. Cresci pouco e prosperei menos. Depois, o Convento da Glória, a tomada de hábito em Juiz de Fora, onde o jovem clérigo, cumpridos os fervorosos estudos do latim e do grego, da Retórica e da Poesia, da Música, das Línguas vivas e mortas, das ciências e das artes — um verdadeiro curriculum de trivium e quatrivium, como se usava nos mosteiros medievais — era iniciado no conhecimento, na teoria e na prática da Ascética.
Em seguida, deixou o menino a sombra do claustro, a serena beleza de suas vestes talares de clérigo de Santo Afonso, a celestial harmonia do canto gregoriano e o odor dos incensos sagrados nos turíbulos rituais.

Caiu, então, no outro mundo, nesse triângulo das Bermudas em que desaparecemos, no abismo de cada dia, no trinômio de perigo e perdição e angústia, onde estão os aguilhões do quotidiano, a que os doutores da fé chamam de "os três inimigos do homem: — o mundo, a carne e o diabo". Entre esses três inimigos, o menino passou a viver perigosamente, por vocação e por aprendizado. Nietzsche, um dos mestres de sua adolescência, e ainda hoje um companheiro das horas temerárias do pensamento, acendeu-lhe a paixão de viver perigosamente — única forma pela qual o homem pode escapar às dimensões menores, que levam à vala comum”.

AVENTURAS

“Conheceu e terçou armas — todas as armas — com o Senhor Diabo, com o Senhor Mundo e com a Senhora Carne. Conheceu a política, com suas glórias efêmeras, sua ambição de construir, a mais de sua história pessoal, a história da sociedade. Conheceu o poder e a queda. Subiu à tribuna dos parlamentos e freqüentou os palácios das salas de passos perdidos do poder. Venho de longe, de muito longe. Venho do subterrâneo das conspirações e dos golpes armados contra a tirania. Venho do fundo dos cárceres de duas ditaduras e comi, como o Dante, o sal do exílio, depois de fugir rocambolescamente aos esbirros da repressão, atravessando as fronteiras temerárias do Paraguai, para viver durante alguns anos entre a cordilheira e o mar, no doce e querido país do Chile”.
O país em que viveu mais tempo, no exterior, foi o Chile, onde deu aulas na Universidade Católica de Valparaíso. Na década de 1980, morou em Pequim, na China, onde foi correspondente do jornal Folha de São Paulo. Mais precisamente, foi o primeiro correspondente brasileiro e sul-americano na China.


OBRAS

Entre os seus livros mais importantes, destacam-se: O Cabo das Tormentas (1950); O Valete de Espadas (1960); a trilogia poética Os Peãs, composta pelos livros O País dos Mourões (1963), Peripécias de Gerardo (1972) e Rastro de Apolo (1977); A Invenção do Saber (1983); a epopéia Invenção do Mar (1997 - Prêmio Jabuti de 1999); Cânon e Fuga (1999); Os Olhos do Gato (2001) e O Bêbado de Deus (2001) e O Nome de Deus (obra póstuma in: Confraria 2 anos, 2007).

RECONHECIMENTOS

Carlos Drummond de Andrade declarou-se "possuído de violenta admiração pelo imenso, dramático e vigoroso painel" da poesia de Gerardo, pois sabia do incomensurável manancial telúrico do magnífico do bardo de Ipueiras, que "atestará para sempre a grandeza singular e a intensidade universal da poesia". "— Esta poesia — escreveu ele — foi tudo quanto sempre desejei escrever na vida, e nunca tive força. Gerardo Mello Mourão teve".
E Ezra Pound assentou: — "Toda a minha obra foi uma tentativa de escrever a epopéia da América. Não o consegui. Ela foi escrita no poema espantoso do poeta do País dos Mourões".
Pela magnitude de sua obra, Gerardo Mello Mourão foi indicado por uma Universidade Americana, em 1979, para o Prêmio Nobel de Literatura.
Em 1997, a Guilda Órfica Européia, uma secular irmandade internacional de poetas, o elegeu o poeta do século XX.

GERARDO POR MELLO MOURÃO

"Sou católico, apostólico, romano. Acho que as pessoas de outras religiões têm as mesmas chances de salvação. Sou cearense há mais de quatrocentos anos. Sou casado, fui viúvo. Tenho três filhos, o que acho muito importante, pois creio, como está no Credo de Santo Atanásio, na ressurreição da carne. E os filhos são a prefiguração da ressurreição da carne. Amo as alegrias do corpo e da alma. Mas estou afetado pela tristeza existencial (ou será ontológica?) do ser humano, pois sei, como Léon Bloy, que a maior desgraça que pode ocorrer ao ser humano é a desgraça de não ser santo. Eu não sou santo. Esta é a tristeza medular de minha vida. Pois nasci e fui criado para ser santo e manter intacta a imagem e semelhança de Deus. Tal qual a tinha em meu dia de nascimento, a 8 de janeiro de 1917, em Ipueiras, no Ceará, e na data de meu batismo, quatro dias depois providenciado pelos cuidados pressurosos de minha mãe, no dia 12 do mesmo mês, ministrado na Igreja de Nossa Senhora da Conceição por nosso primo, Monsenhor José de Lima. Minha mãe era uma pessoa dramaticamente religiosa. Eu tinha um irmão mais velho. Minha mãe leu na vida de São Luís Gonzaga, que sua mãe Branca de Castela, fizera um voto a Deus: queria ver seu filho morto antes que cometesse um único pecado mortal. Quando meu irmão morreu, ela se convenceu de que seu voto o matara. E retirou de mim a promessa terrível. Resultado: estou vivo e fui maculado por quase todos os pecados mortais, os chamados pecados mortais. Quem quiser que os imagine. Etc."

POETA

Ruy Câmara narra:
“Lembro-me que, após uns dias em sua Ipueiras, Gerardo regressou a Fortaleza e fomos juntos para um evento na Assembléia Legislativa. Na tribuna, após haver falado das misérias que testemunhara durante sua viagem ao sertão do Ceará, ele perguntou aos deputados: alguém poderia dizer para que serve um poeta num Estado pobre em Cultura, Educação e Saúde? Após um tempo de silêncio frustrante, eis que ele afia as palavras na sua língua de pedra e diz: ´Neste mundo o que dura é o que foi fundado pelos poetas e não pelos especialistas, que são meros figurantes de uma tarefa ancilar. Não são protagonistas do saber nem da história. Nunca um especialista criou algo duradouro nem embasou uma nação.´

Ao ouvir isso, suspeitei que Gerardo utilizou o eufemismo ´especialista´ para não deixar os deputados que o aplaudiam de saia-justa. E prosseguiu: ´A Grécia foi fundada pelo poeta, Homero, cego e gênio. O império romano foi inspirado pelo poeta, Virgílio e por um escritor que se fez general, Caio Julio César. O mundo judaico foi fundado pelos poetas das profecias, Jeremias, Isaias, Ezequiel, Daniel e pelos Cantos do rei Davi. A civilização mulçumana foi fundada pelo poeta Maomé, seu senhor e soberano. A China e a Ásia Oriental foram fundadas pelo poeta Kung-Fu-Tze, que conhecemos por Confúcio. A Itália foi fundada por Dante, poeta absoluto. Churchill animava suas tropas contra o fogo de Hitler, enviando aos soldados os versos de Shakespeare. Os soldados germânicos levavam na mochila os Cantos de Rilke e os hinos de Hölderlin. E o que seria de Portugal sem Camões e Pessoa? Da França sem Voltaire, Baudelaire, Lamartine e Hugo? E o Ceará sem seus poetas, renegados e esquecidos? E finalizou dizendo: foi o Deus poético e dialético que engendrou o pensamento mítico, o tempo divino do homem, mas foi a verdade helênica que deu vigor à noção de liberdade e democracia, verdade luminosíssima que fundou o homem livre.´ Os aplausos não impediram o nosso poeta de assim dizer: ´É para preencher o vazio dos espírito humano que serve um poeta com sua poesia.´

(Por Júnior Bonfim)

UMA CADEIRA CATIVA PARA GERARDO MELLO MOURÃO


Parece que foi ontem... Mas já se foram três anos.

Em nove de março de 2007, Ipueiras ficava órfã de seu mais polêmico e ilustre filho: Gerardo Mello Mourão.

“Gerardo foi: Jornalista, poeta e escritor. Era membro da Academia Brasileira de Filosofia, da Academia Brasileira de Hogiologia e do Conselho Nacional de Política Cultural do Ministério da Cultura do Brasil. Era um dos escritores mais respeitados no exterior”

Infelizmente, Gerardo, ainda não foi devidamente reconhecido em Ipueiras, cidade que ele carregou com carinho, na cabeça, no coração e em seus escritos.

Foi grande falando de sua aldeia, mas sua aldeia não crescera o suficiente para reconhecer a magnitude deste ícone ipueirense.

Eu não conheci Gerardo de ouvir falar. Freqüentei sua casa e conversávamos, não como o mestre e a sua aprendiz, falávamos como dois retirantes nordestinos querendo palestrar.

Eu ficava encantada com sua grande cultura e sua ainda maior, simplicidade.

Tive a grata satisfação em receber Gerardo Mello Mourão, num evento cultural realizado em minha chácara na cidade de Ipueiras.

Entre amigos, parentes e políticos, o poeta saboreava comidas típicas como: baião-de-dois, paçoca de pilão, intercalados por uma cachacinha da terra. Era clara sua satisfação.

Na hora da saída, após os agradecimentos, Gerardo chamou-me reservadamente e disse-me: “Dalinha, estou indo e carregando a cadeira que sentei” E assim o fez.

Logo que voltei ao Rio de Janeiro, ele telefonou-me: “Dalinha, Venha visitar-me e ver sua cadeira”.

Fui. Qual não foi minha surpresa ao ser reapresentada a minha pobre cadeira, matuta, feita de pau e couro. Estava toda envernizada, enfeitadas com tachas, ocupando um lugar de respeito em sua sala de visitas.

Hoje queria registrar minhas saudades e o prazer indizível que foi participar de um naco da vida de Gerardo Mello Mourão que certamente terá cadeira cativa em meu coração.

(Dalinha Catunda)


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Olá Júnior,

Obrigada por postar minha homenagem ao grande poeta Gerardo Mello Mourão.

Na foto pela ordem:
Gerardo Mourão, Dalinha Catunda e Frota Neto.

Fico feliz também por este seu relato/homenagem ao nosso grande poeta, orgulho do Ceará.

Um abraço,

Dalinha

AINDA SOBRE A HOMENAGEM ÀS MULHERES

Olá Júnior,

Sua homenagem a essas mulheres geniais é mais do que justa.

Eleger Madre Tereza de Calcutá para homenagear como um ícone maior, também concordo, por todo trabalho dedicado a humanidade.

Acrescentaria uma homenagem especial a nossa fundadora e coordenadora da pastoral da criança, Zilda Arns, que nos deixou a pouco tempo e deixou orfão uma legião de necessitados.

Citaria também Rachel de Queiroz, a primeira escritora a integrar a Academia Brasileira de Letras.

Ruth Cardoso por todo seu trabalho, Inês de Castro pela bela e trágica história de amor.

Queria lhe agradescer pela homenagem a mim e as mulheres em geral.

Carinhosamente,

Dalinha

segunda-feira, 8 de março de 2010

UMA MULHER CHAMADA TERESA


Muitos são os que afirmam que “por trás de um grande homem existe sempre uma grande mulher”. Outros, no afã de externar generosidade, fizeram um reparo e asseveraram que é “ao lado do homem que encontramos a grande mulher”.

Perdoem-me, mas penso diferente. Mulheres há que, sem fixação, indiferença ou rejeição ao companheiro, constroem marca própria!

Nunca desfraldei bandeiras feministas, mas sempre admirei as mulheres talentosas que, conservando a ímpar doçura maternal, exibem a fortaleza das descendentes de Eva. O útero da História é pródigo em exemplos: Cleópatra - uma das mulheres mais festejadas da história da humanidade – além de deslumbrante, era inteligente e culta, e sua notória esperteza manteve as fronteiras do seu reino; Joana D’Arc, jovem camponesa que vestiu a farda militar e foi protagonista de uma guerra que restabeleceu a dignidade francesa, além de ser queimada pela mesma Igreja que, séculos depois, reconheceu sua santidade; a catarinense Anita Garibaldi, combatente da Revolução Farroupilha, mulher muito à frente de seu tempo... A lista é, pois, numerosa...

Antes de rabiscar estas linhas, que me foram sugeridas pelo César a propósito do Dia Internacional da Mulher, pensei em homenagear uma mulher de forma singular.

Imaginei, primeiramente, que poderia ser aquela que me gerou, cujo convívio me foi subtraído prematuramente.

Depois, pensei que poderia ser a minha esposa, a quem prefiro chamar de consorte, porque compartilha comigo o sonho, a sesta, a saudade, o silêncio, a sonoridade, a soledade, os surtos, os sustos... enfim, a sorte de viver.

Mas há uma que, pela colossal história de vida, galgou um tipo tão superior de destaque que merece um registro todo especial. Antes do mais, foi considerada pelo então Secretário Geral das Nações Unidas, Pérez de Cuéllar, como “a mulher mais poderosa do mundo”.
Sem ter gerado um único filho, transformou-se, pela esplendorosa fé e pelo oceânico amor, na mãe mais fecunda do planeta.

Sobre ela, a diretora de uma revista feminina escreveu um chamativo artigo intitulado “UMA MULHER QUE NUNCA PASSARÁ DE MODA”. De início, afirmava: “Não é Cindy Crawford nem Cláudia Schiffer. Provavelmente, nunca entrou numa boutique, mas é uma das mulheres que marcam o passo à Humanidade e que deixarão um rasto indelével no século que termina. É muito possível que a preocupação pelo seu look não passe da água e do sabão, mas o seu olhar irradia uma força especial”.

A passarela por onde desfilou e exibiu seu glamour e sua beleza extraordinária foi o espaço onde reluzia a dor e a miséria mais comoventes, nos corredores desprezados dos aidéticos, nos esgotos onde se escondiam os vitimados pela lepra. Ruanda e Angola, Ulster e Biafra, a Etiópia e a Somália, o Harlem e o Bronx, o Tondo de Manila e o Líbano estão entre os palcos de sua vida. Diuturnamente, comendo de maneira frugal e dormindo apenas três horas diárias, em solene e incansável vigília de amor, operou sua missão sob o pálio do ‘ora et labora’.

Nascida em 26 de agosto de 1910, em Skoplje, um lugar entre a Albânia e a antiga Iugoslávia, atual República da Macedônia, construiu um verdadeiro império de amor e caridade. Hoje, são mais de 450 centros de assistência em mais de cem nações de todo o mundo, inclusive no Brasil, e quase cinco mil religiosas e duzentos missionários, espalhados em albergues para adolescentes grávidas, cozinhas gratuitas para famintos e refúgios para pessoas sem lar.

No dia 5 de setembro de 1997, o coração dessa mulher iluminada parou de palpitar. Seu nome: Inês (Agnes) Gonscha Bojaxhiu, eternizada como Madre Teresa de Calcutá, a missionária do século XX.

Sua mensagem, estrela flamejante em defesa da vida, continua contundente:
- “O mundo que Deus nos deu é mais do que suficiente, segundo os cientistas e pesquisadores, para todos; existe riqueza mais que de sobra para todos. Só é questão de reparti-la bem, sem egoísmo. O aborto pode ser combatido mediante a adoção. Quem não quiser as crianças que vão nascer, que as dê a mim. Não rejeitarei uma só delas. Encontrarei uns pais para elas. Ninguém tem o direito de matar um ser humano que vai nascer: nem o pai, nem a mãe, nem o Estado, nem o médico. Ninguém. Nunca, jamais, em nenhum caso. Se todo o dinheiro que se gasta para matar fosse gasto em fazer que as pessoas vivessem, todos os seres humanos vivos e os que vêm ao mundo viveriam muito bem e muito felizes. Um país que permite o aborto é um país muito pobre, porque tem medo de uma criança, e o medo é sempre uma grande pobreza”.

Mulheres desse naipe nos instigam a celebrar, com o incenso da profundidade, o Dia da Mulher!

(Júnior Bonfim - em Amores e Clamores da Cidade)

domingo, 7 de março de 2010

NO CLIMA DO DIA INTERNACIONAL DA MULHER, SURGE O BLOG "CORDEL DE SAIA"


BLOG CORDEL DE SAIA

Amigos,

Hoje fujo um pouquinho da rotina, para fazer um comunicado.
Eu, Dalinha Catunda, uni-me a Maria Rosário e criamos o blog: www.cordeldesaia.blogspot.com

Tanto Rosário com eu, somos membros da ABLC, Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Assim sendo, resolvemos abrir este espaço, que inicialmente parece bem feminista, mas na realidade a proposta é agregar democraticamente cordelistas de ambos o sexo.

No Cordel de Saia postaremos notícias sobre cordel, divulgaremos companheiros, curiosidade e faremos entrevistas com cordelistas e amantes dessa literatura Popular.

Gostaria de pedir a vocês que prestigiam o Cantinho da Dalinha, que dessem uma passadinha por lá e se não for pedir muito, que deixem seus comentários.

Um abraço a todos,

Dalinha Catunda

SOBRE MULHERES



Eu tinha 13 anos, em Fortaleza, quando ouvi gritos de pavor. Vinham da vizinhança, da casa de Bete, mocinha linda, que usava tranças.

Levei apenas uma hora para saber o motivo. Bete fora acusada de não ser mais virgem e os irmãos a subjugavam em cima de sua estreita cama de solteira, para que o médico da família lhe enfiasse a mão enluvada entre as pernas e decretasse se tinha ou não o selo da honra. Como o lacre continuava lá, os pais respiraram, mas a Bete nunca mais foi à janela, nunca mais dançou nos bailes e acabou fugindo para o Piauí, ninguém sabe como, nem com quem.

Eu tinha apenas 14 anos, quando Maria Lúcia tentou escapar, saltando o muro alto do quintal da sua casa para se encontrar com o namorado. Agarrada pelos cabelos e dominada, não conseguiu passar no exame ginecológico. O laudo médico registrou vestígios himenais dilacerados, e os pais internaram a pecadora no reformatório Bom Pastor, para se esquecer do mundo. Realmente, esqueceu, morrendo tuberculosa.

Estes episódios marcaram para sempre a minha consciência e me fizeram perguntar que poder é esse que a família e os homens têm sobre o corpo das mulheres?
Ontem, para mutilar, amordaçar, silenciar. Hoje, para manipular, moldar, escravizar aos estereótipos. Todos vimos, na televisão, modelos torturados por seguidas cirurgias plásticas. Transformaram seus seios em alegorias para entrar na moda da peitaria robusta das norte americanas. Entupiram as nádegas de silicone para se tornarem rebolativas e sensuais, garantindo bom sucesso nas passarelas do samba. Substituíram os narizes, desviaram costas, mudaram o traçado do dorso para se adaptarem à moda do momento e ficarem irresistíveis diante dos homens.

E, com isso, Barbies de facaria, provocaram em muitas outras mulheres - as baixinhas, as gordas, as de óculos - um sentimento de perda de auto-estima. Isso exatamente no momento em que a maioria de estudantes universitários (56%) é composto de moças. Em que mulheres se afirmam na magistratura, na pesquisa científica, na política, no jornalismo. E, no momento em que as pioneiras do feminismo passam a defender a teoria de que é preciso feminilizar o mundo e torná-lo mais distante da barbárie mercantilista e mais próximo do humanismo. Por mim, acho que só as mulheres podem desarmar a sociedade. Até porque elas são desarmadas pela própria natureza. Nascem sem pênis, sem o poder fálico da penetração e do estupro, tão bem representado por pistolas, revólveres, flechas, espadas e punhais. Ninguém diz, de uma mulher, que ela é de espadas. Ninguém lhe dá, na primeira infância, um fuzil de plástico, como fazem com os meninos, para fortalecer sua virilidade e violência.

As mulheres detestam o sangue, até mesmo porque têm que derramá-lo na menstruação ou no parto. Odeiam as guerras, os exércitos regulares ou as gangues urbanas, porque lhes tiram os filhos de sua convivência e os colocam na marginalidade, na insegurança e na violência. É preciso voltar os olhos para a população feminina como a grande articuladora da paz.

E para começar, queremos pregar o respeito ao corpo da mulher. Respeito às suas pernas que têm varizes porque carregam latas d'água e trouxas de roupa. Respeito aos seus seios que perderam a firmeza porque amamentaram seus filhos ao longo dos anos. Respeito ao seu dorso que engrossou, porque elas carregam o país nas costas. São as mulheres que irão impor um adeus às armas, quando forem ouvidas e valorizadas e puderem fazer prevalecer a ternura de suas mentes e a doçura de seus corações.
"Nem toda feiticeira é corcunda. Nem toda brasileira é só bunda."


Por Rita Lee


(Enviado por Wagner Vitoriano)

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Auauuuuuuuu que post MARAVILHOSO

Amei tudo. Fala de toda nossa dor, de quanto nós sentimos pequenas diante atos barbaros e patriacal. Eu nunca sofri casos assim mais histórias como essa estão marcados na trajetória de uma mulher, tenha ela vivido ou não. É a nossa história e a nossa luta.

Amei o seu blog, estou iniciando a minha trajetória nesta blogosfera e estou amando os blogs que tenho conhecido.

Valeu!!

Beijos

Ana