sábado, 26 de janeiro de 2013

UM VIOLONISTA AOS TRÊS ANOS DE IDADE

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

CONJUNTURA NACIONAL

Abro a coluna com uma historinha do prefeito de Itapetininga/SP, Joaquim Aleixo Machado, entre os anos de 1964 e 1969.

Aleixo aguardava para falar com o governador do Estado de São Paulo. Tomou um chá de cadeira. Ante a excessiva demora, foi cobrar explicações da recepcionista:

- Puxa, eu já estou aqui há mais de 3 horas e ele não me chama?

-... Pois é, sr. Aleixo, é que chegou um pessoal de Brasília...

- Ah... Mas que bom... Diga a ele que tenho preferência. Eu vim de Opala! (Enviada por Lucélio de Morais)

Campanha nas ruas

2013 está sendo aberto pela ventania de 2014. A presidente Dilma Rousseff decidiu sair da toca. Começou a campanha da reeleição pelo Nordeste. Coisa planejada. Pois é a região que melhor avalia o desempenho da mandatária, na esteira de grande admiração que o povo tem por Lula, considerado pelos nordestinos O Pai dos Pobres. Dilma, nos últimos dias, correu Estados, olhando canteiros de obras, puxando a orelha de gestores, vestindo gibão de couro, abraçando um, cochichando com outro. A visita ao NE faz parte de sugestões feitas por Lula.

Destravamento da gestão

Diz-se, à boca pequena, que Lula teria aconselhado sua pupila a destravar a gestão. São evidentes os sinais de que a administração federal está emperrada. De cerca de 80 obras ligadas à Copa, apenas umas 5 estariam atendendo ao cronograma. Há queixas contra o estilo centralizador da presidente. O medo campeia na Esplanada dos Ministérios. Ministros temem tomar decisões, principalmente quando estão envolvidos altos volumes de verbas. A liturgia da benção é cobrada com muito rigor: os pedidos entram pelos vãos da Casa Civil, sobem aos olhos da ministra Gleisi, que consulta seus técnicos e, depois de tudo isso, caem sobre a mesa da presidente.

Quem manda na fazenda?

O empresariado, à vista do calendário defasado de obras e contemplando as querelas internas no Ministério da Fazenda, põe o pé no freio. Os investimentos entram em refluxo. Quem manda na Fazenda? Guido Mantega? Não é a percepção dos empresários. Nelson Barbosa, o secretário-executivo? Pode ser, mas, nos últimos tempos, o Arno Augustin (é o que se ouve) passou a ser a extensão do pensamento da presidente. Há uma disputa intestina em torno da cadeira hoje ocupada por Mantega. Barbosa seria o sucessor natural, mas teria perdido a força extraordinária acumulada ao longo dos últimos anos. Há quem veja em Nelson Barbosa uma faceta mais ligada ao mercado; e há quem identifique em Augustin a faceta colada no Estado mais intervencionista.

Dilma e os empresários

Um dos conselhos de Lula para Dilma teria como foco articulação mais intensa da presidente com os empresários. De fato, nas últimas semanas, observou-se uma agenda mais voltada para setores produtivos. Grandes empresários teriam sido convocados para uma conversa com a presidente, sob temáticas abrigando investimentos, infraestrutura, concessões, PPPs, etc.

Campos desenha a esfinge

Também é fato que o governador Eduardo Campos, de PE, que preside com mão de ferro o PSB, abriu agenda de articulação com o alto empresariado nacional. Estaria buscando apoio e simpatia para sua eventual candidatura à presidente da República em 2014. Campos foi o maior beneficiário do pleito municipal. Seu partido pode ser considerado o maior vitorioso. Conta, hoje, com cerca de 500 prefeituras. E domina espaços importantes, inclusive algumas capitais. Pernambuco, por seu lado, foi transformado, no ciclo lulista, em grande canteiro de obras. Daí a boa avaliação interna do governador socialista. Que aprecia vestir-se de esfinge.

Morde e assopra

Eduardo Campos morde e assopra. De um lado, faz fortes críticas às diretrizes econômicas da administração federal, assume a vanguarda da luta pela repactuação da Federação - visando maior equilíbrio entre os entes federativos - pede mais agilidade no processo decisório. De outro lado, reafirma seu apoio incondicional (?) à reeleição da presidente Dilma em 2014. E lembra: a porta deve ter uma fresta aberta para permitir eventual voo próprio em 2014. O que segura Eduardo Campos na base governista é a interrogação que se faz sobre os horizontes econômicos. Se a locomotiva descarrilar, ele pulará fora do trem e sairá como candidato em 2014. Se o bolso das massas continuar suprindo bem o estômago, Dilma não será abalada. Nesse caso, o neto de Miguel Arraes permanecerá no trem situacionista. Com os olhos contemplando a paisagem de 2018.

Aécio e Eduardo

Fala-se também numa chapa envolvendo Aécio Neves e Eduardo Campos. Seria possível? Em política, tudo é possível. Ocorre que Eduardo Campos teria melhores chances como cabeça de chapa do que Aécio Neves. Agregaria mais partidos situacionistas. Aécio ficaria sob o escudo exclusivo do PSDB. Até o DEM pensa em abandonar a parceria com os tucanos. Agora, para Eduardo Campos, o melhor cenário seria o de quatro candidaturas: a situacionista (Dilma), a oposicionista (Aécio), a dele, com uma marca de independência no meio, e uma alternativa, como a da Marina Silva, por exemplo. Claro, esse cenário só seria favorável a ele na perspectiva de uma economia no fundo do poço.

E Alckmin, hein?

Geraldo Alckmin passa um pente fino no governo. Cria novas áreas na administração. Entre elas, um setor responsável para verificar ações prioritárias e fiscalizar obras. Controle da gestão.

E Cabral, hein?

Já o governador do RJ, Sérgio Cabral, quer deixar o cargo meses antes do termino do governo. Para que ? Espera ser chamado pela presidente Dilma para comandar uma Pasta. Cabral, porém, não é unanimidade no PMDB.

E Paes, hein?

O prefeito do RJ, Eduardo Paes, só pensa em tirar proveito dos eventos esportivos que terão a bela capital carioca como cartão postal. E o que quer com isso? Ampliar a visibilidade e jogar seu nome no elenco de eventuais candidatos do PMDB à presidência da República em 2018. Paes, igualmente, não fecha muitas oposições em torno dele. É o maior papagaio de pirata do partido.

E Haddad, hein?

Intenciona fazer uma administração de impactos. Vai ajudar Lula a alavancar o PT e viabilizar a candidatura petista ao governo paulista em 2014. A administração serviria de base de decolagem do candidato petista. O prefeito de SP enfrentou a primeira greve em 23 dias de gestão : motoristas e cobradores de ônibus da empresa Transppass paralisaram atividades na manhã de ontem na zona oeste de SP. Mas a greve acabou. Haddad pensa em aplicar multa à concessionária do serviço. A conferir.

O candidato do PT

E quem seria o candidato do PT ao governo de SP em 2014 ? Os nomes em especulação são estes: Aloysio Mercadante, ministro da Educação; Alexandre Padilha, ministro da Saúde; Marta Suplicy, ministra da Cultura; Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo do Campo. Leituras: Mercadante é perfil polêmico, considerado raivoso, velha carta marcada e desgastada; Padilha, que contaria com a preferência de Lula, não tem bons resultados a apresentar na Saúde; Marta é a "eterna" candidata e com alto índice de rejeição; Marinho é perfil ainda tosco para os fortes setores médios. Não tem carisma, ao contrário de Lula.

Apartidarismo

Subiu o número de brasileiros sem partido político. Pesquisa do Ibope mostra queda na popularidade do PT. Entre 2010 e 2012, o partido perdeu quase 10 pontos porcentuais na preferência do eleitorado. Pela primeira vez desde 1988, o número de brasileiros apartidários superou o de pessoas que afirmam ter preferência por legendas. No final de 2012, 56% das pessoas diziam não ter nenhuma preferência partidária, contra 44% que apontavam preferência por alguma legenda.

52 mil a menos

A indústria paulista encerrou 2012 com 52,5 mil vagas a menos. Recuperação em 2013 fica abaixo das perdas. Dados da FIESP/CIESP. O presidente Paulo Skaf põe na agenda a prioridade para o Brasil recuperar a competitividade. Argumenta: "Para isso, é muito importante o fortalecimento da indústria. Nela estão os melhores empregos e os melhores salários".

Folclore mineiro

Pequenos relatos enviados por Adauto Francisco do Amaral, contabilista e advogado.

Juscelino Kubitscheck sabia que não podia contar com Café Filho, o vice que assumiu a presidência da República após o suicídio de Vargas, em 1954. Irritado com Café Filho, JK conversou com um governador nordestino, muito curioso.

- Doutor Juscelino, qual é, em toda essa história, a posição do Café?

- Qual Café? O vegetal ou o animal?

Tancredo Neves era ministro da Justiça. Vargas caiu da presidência da República tragicamente, em 1954, Tancredo deixou a Pasta da Justiça, e outro mineiro, José Monteiro de Castro, assumiu o poder como Chefe da Casa Civil. Tancredo destinou-lhe este telegrama:

- Mais amigos do que nunca, mais adversários do que nunca.

Candidato a governador em 1982, Tancredo enfrentava estrada esburacada, a bordo de um velho jipe dirigido por um motorista estouvado e prosa.

- Doutor Tancredo, como nóis sofre!

- Nóis sofre sim, mas ganhando a eleição, nóis vai mandá.

Último de Carvalho, mineiro do PSD, fustigava Dnar Mendes, eleito deputado pela UDN, na Assembleia Legislativa. Numa tarde, para encerrar um debate, Último decretou:

- Para mim Vossa Excelência não existe mais. É um homem morto!

Na tarde do dia seguinte, Último discursava, Dnar levantou a mão:

- Vossa Excelência me permite um aparte?

- Vá baixar noutro centro!

Conselho à presidente Dilma

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes, membros dos Poderes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos novos prefeitos. Hoje, volta sua atenção à presidente da República:

1. A hora sugere puxão geral de orelhas nos gestores/coordenadores de frentes de serviços e obras. Afinal, por que o cronograma de obras está atrasado?

2. A ideia de ir a campo conferir in loco as obras em andamento é boa. Mas o simples aparato de marketing pode ser um bumerangue se providências não forem tomadas para colocar o trem nos trilhos.

3. Transparência, objetividade, controles rígidos, atribuição de responsabilidades, punição aos faltosos - eis os conceitos que devem balizar a administração federal nesse momento de dúvidas sobre a performance do Brasil nos eventos esportivos em perspectiva.

(Gaudêncio Torquato)
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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

Guerra de Barack Obama não é fiscal

Muita ênfase tem sido dada à "guerra fiscal" que o presidente norte-americano travará no Congresso daquele país a partir das próximas semanas. De fato, o tal do "abismo" nas contas públicas sobre o qual tanto se fala é um jogo político entre aqueles que acreditam que estímulos fiscais e monetários devem ser a essência das medidas necessárias à recuperação da atividade econômica e, de outro lado, a turma que acredita que a intervenção do governo é o "freio" que não permite a recuperação. Como se vê, um velho jogo entre os pregadores do "livre mercado" e os que creem que o Estado tem de suprir a demanda que falta aos agentes econômicos. Alguém que minimamente conheça história sabe que esta questão já foi decidida: o "livre mercado" é uma construção ideológica desprovida de base na realidade econômica do mundo hodierno no qual se combinam monopólios, oligopólios e "neuroses" capitalistas de todos os lados, do efeito "rebanho" dos investidores à "covardia do capital" (termo batizado por Lord Keynes). Apesar da evidência histórica, nos EUA de Barack Obama a luta continua e muito forte. Uma derrota do presidente no Congresso, implica uma redução de pelo menos 2% no PIB. Uma vitória alarga as chances das coisas se arrumarem nos próximos anos.

Europa: o pior já passou?

O desemprego na Europa meridional está batendo recordes. A Espanha calcula em 6 milhões o montante de desempregados (26% da mão de obra ativa do país). A Grécia tem 25% de desempregados e desesperados. Todos os países da zona do euro estão com desempenhos sofríveis ou recessivos em termos de PIB, inclusive a Alemanha de Merkel que tem sido surpreendida pela fraqueza dos indicadores de atividade econômica do país. Mesmo diante de tanta dificuldade na Velha Europa, a discussão acadêmica começa a se deslocar de temas sobre a recessão para "se o fundo do poço foi tocado". Ora, sabe-se que é muito difícil saber quando a recessão chegou ao máximo, os níveis de preços das ações bateram no mínimo e a tendência cambial mudou. Todavia, o que se verifica é que está se formando um estranho consenso de que o pior já passou na Europa. Afinal, alguns preços já se movem para cima (imóveis no Reino Unido), os leilões de títulos públicos estão mais demandados pelos investidores (Itália, Espanha, Irlanda) e as novas regras de supervisão do sistema financeiro por parte do Banco Central Europeu tiraram os maiores temores sobre a estabilidade dos bancos, sobretudo os espanhóis. Neste contexto, os mercados acionários estão se movendo para cima e o euro mostra certa fortaleza. Apesar destes tênues sinais de melhoras há um outro perigoso consenso entre os especialistas: o pior pode ter passado, mas as mazelas da crise serão curadas durante muito tempo.

Brasil, o país do artigo indefinido

Assim, de repente, não mais que de repente, de fontes sempre mantidas ocultas, fica-se sabendo, entre outras coisas que a presidente Dilma Rousseff não gostou do aval dado pelo assessor especial Marco Aurélio Garcia aos arranjos da Venezuela para empossar Hugo Chávez em um novo mandato de corpo ausente; do imbróglio provocado pelas mágicas fiscais do fim de ano para maquiar o superávit primário; das escolhas do PMDB para comandos na Câmara e no Senado, especialmente a possível indicação do deputado fluminense Eduardo Cunha (RJ) para a liderança do partido na Câmara; e outras cositas mas. Traduzindo, nada que não tenha boa repercussão agrada à presidente. É uma nova versão do que "é bom a gente mostra, o que é ruim a gente esconde" do ex-ministro Rubens Ricupero: "o que deu certo é meu, o que deu errado é dos meus auxiliares". Ou o lema de alguns treinadores de futebol: "eu ganho, nós empatamos, vocês perdem". Só que esta versão desmente outra que os assessores presidenciais fazem questão de divulgar de Dilma : a gerentona competente que tudo vê, tudo sabe, tudo cobra, "espanca" coisas mal feitas, não perdoa vacilações. A pergunta é: em que lugar estava esta "onipresença e onipotência" quando os feitos desagradáveis foram perpetrados? A insatisfação da presidente fica no atacado, no artigo indefinido. Há culpas, mas não há culpados. Afinal, pelo seu zelo, todas as políticas são dela. Como culpar alguém de modo definido, no mínimo com um puxão de orelha público e no máximo com a demissão?

Novos rumos

A impressão que o governo em Brasília passa é a de que está sentindo o golpe : a imagem de eficiência da presidente, pelas razões expostas acima, está também sendo atingida. Por isso, é visível neste início de ano a postura mais ativa, para fora, da presidente. A abertura do Palácio do Planalto para conversas públicas, individuais, de Dilma com empresários, rara nos dois primeiros anos de mandato, faz parte desta postura. Desde tempos imemoriais esses encontros nunca funcionaram: as empresas não agem na base da lábia, nem de versões : mas de fatos e ações. Porém, as cenas ajudam a criar a impressão de muita azafama na capital da República. O calendário de viagens da presidência, iniciado com a visita ao Piauí na sexta-feira passada e que deverá, até março, contemplar o Nordeste com mais cinco viagens, foram outras em outros Estados, como a SP, na capital, na sexta-feira, para a festa de aniversário da cidade, tem o mesmo foco. O terceiro ponto deverá ser apressar algumas medidas concretas para, na expressão oficial, "destravar" a economia. Como pano de fundo, cada vez mais notícias de cobranças a ministros e auxiliares, de broncas privadas. Sempre na base do "artigo indefinido".

Velhos problemas

Os problemas fundamentais do governo da presidente Dilma não são a política fiscal, a monetária e nem a cambial. Muito embora nestes itens tenham faltado vigilância cabível ao administrador público, os problemas tem soluções disponíveis e relativamente rápidas (coisa de meses e não anos como nos tempos da inflação alta e insegurança cambial). Além disso, é difícil imaginar no curto prazo (1 ano) que a economia perca um razoável perfil. O problema essencial do governo Dilma é a quase absoluta ausência de prioridades estratégicas e boa capacidade de execução de planos, obras e programas. Não à toa é o investimento o item mais capenga da equação do crescimento uma vez que aí reside a necessidade de presença do governo como bom estrategista e executor. Só assim, a iniciativa privada será seduzida a acompanhar o governo na tarefa de jogar o PIB para cima por meio de investimentos e não consumo. E o que se vê? O ministro Mantega anuncia a cada semana medidas de estímulo ao consumo, uma clara evidência da falta de sentido estratégico do governo. Até mesmo o "acelerado" setor de construção civil recebe benefícios do governo quando se sabe que nem engenheiros se tem em suficiência para atender a demanda. E onde estão as medidas estratégicas pró-investimento? Provavelmente, não estejam sequer nas gavetas da burocracia brasiliense.

BC na encruzilhada

Nem toda unanimidade é burra como pregou Nelson Rodrigues no passado. Todavia, as unanimidades merecem sempre atenção. O BC decidiu, por meio de uma votação unânime, que a taxa de juros básica fica em 7,5% ao ano. Bem, há muito mais razões para a taxa não subir que justificativas para a alta do juro básico. A principal razão para uma taxa de juros baixa é o fato de que a demanda anda fraca e o país está estagnado. Assim como no mundo, o Brasil afrouxa as garras monetárias e, em menor medida, as fiscais. Ocorre que o BC está assistindo passivamente a inflação permanecer em níveis altos, deteriorando o poder de compra da moeda no médio prazo e estimulando pouco a pouco a que os agentes fiquem na defensiva com o acúmulo de (muita) inflação. Assim como nos parece razoável que o juro básico não suba, cabe-nos perguntar o que farão os diretores do BC diante de uma inflação que incomoda a todos? Aparentemente, a razão principal do silêncio dos diretores da autoridade monetária em relação à matéria é que, para analisar a questão, eles terão de tocar em certos assuntos que incomodam a Esplanada dos Ministérios e o Planalto : aumento dos combustíveis, crise energética, fraqueza dos investimentos, etc., etc. Meia palavra não basta neste caso.

E o emprego?

Embora acredite que, ainda que tenha de plantar um pouco mais está na hora de colher os frutos que já semeou (tom do discurso de Dilma no Piauí), o governo está com toda a atenção voltada para duas possíveis assombrações: os níveis de emprego e da renda. Com alguma razão, enquanto esses dois pilares do prestígio de Dilma e do governo não forem abalados, não há riscos de sismos eleitorais. A questão é como manter isto se a inflação ficar mais indisciplinada e a atividade econômica permanecer rateando. Em números: uma inflação próxima de 6% mais um ano e um crescimento entre 3% e 3,5%, como está na média das previsões, são suficientes para manter o mercado de trabalho aquecido e a receita média no mínimo nos mesmos níveis atuais? Esta é a fonte mais importante da popularidade da presidente.

O olho em 2014

Um dos focos das últimas ações de Dilma Rousseff é organizar 2013 para os embates de 2014. Lula será consultado pessoalmente no dia 25 em SP sobre as estratégias políticas daqui para frente. O marqueteiro João Santana também palpita sobre formas - e até conteúdos. As viagens com prioridade inicial no Nordeste têm o claro objetivo de tentar neutralizar a crescente influência do governador Eduardo Campos na região. A nova "caravana da cidadania" que Lula promete reavivar a partir de março, abril, deverá se concentrar inicialmente em rebater Aécio Neves, o principal rival na eleição de 2014. Enquanto o mineiro e o PSDB estiverem ainda nos ensaios iniciais, eles não serão alvos-diretos. O governo espera primeiro ganhar a "batalha da comunicação" para depois enfrentar os adversários. Alguns analistas oficiais acham que não há nada de muito errado nas políticas e ações governamentais, o que há é incompreensão, falhas na comunicação.

Depois que o Carnaval passar

Agora, parece definitivo. Se é que seja possível dizer que uma decisão tucana, temperada com certo sabor mineiro, é definitiva. O PSDB, em que pese os amuos do sempre amuado José Serra, vai colocar o bloco da candidatura de Aécio Neves na rua depois da quarta-feira de cinzas. Inicialmente, com dois focos: de um lado, tentando manter o PT e o ex-presidente Lula na defensiva, ainda com o "mensalão" e com o "rosegate"; de um outro, atacando as dificuldades operacionais e gerenciais da presidente Dilma Rousseff. O foco será no segundo ato. Fala-se até que o partido deverá voltar a defender as privatizações do governo FHC para contrastar com as dificuldades (e algumas resistências) de Dilma de deslanchar as concessões/privatizações na área de infraestrutura.

O desgaste já ficou

Dificilmente ocorrerá coisa diferente na semana que vem no Congresso que não a eleição de Renan Calheiros (PMDB/AL) e Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN) para as presidências da Câmara e do Senado, respectivamente. Porém, a avalanche de denúncias que apareceram contra os dois nos últimos dias - e que poderá crescer até o dia da eleição no legislativo - já tornou o comando deles nas duas casas bem fragilizado. Tanto Alves quanto Calheiros terão de se desdobrar para atender ao seu público interno, sempre muito competente para cobrar as fraquezas dos parceiros, o que pode tornar mais difícil ainda a operação do Palácio do Planalto com o Congresso. Para atender ao baixo e ao alto clero (cada vez em menor número) parlamentar, os dois precisarão, em plena efervescência eleitoral, contrariar interesses do Palácio do Planalto. Basta ver que a plataforma informal e o mundo de promessas lançados pelos dois candidatos contemplam assuntos que Dilma não quer ver nem pintados de verde evoluindo na Marquês de Sapucaí. Possivelmente - se isso ainda é possível - teremos o pior momento do Congresso Nacional em algumas décadas.

(por Francisco Petros e José Marcio Mendonça)

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

PARABÉNS, LAURO!


Cada um dos filhos do casal José Bonfim de Almeida e Rosária Rodrigues de Almeida nasceu com uma diferença de dois anos de um para o outro. Eu fui o primeiro. Em seguida, o Lauro.

Lauro Rodrigues Bonfim nasceu no mesmo dia da genitora. Herdou da mãe o amor à família. Preocupa-se com tudo e com todos. É correto e justo, em que pese ser um pouco teimoso. Malgrado ser "cabeça dura", tem o coração mole e a alma leve.

Entrelaçou os sonhos e desposou Suely, sua dedicada companheira de todas as horas. Da união nasceu Dara, uma viva e magnética flor que encanta os parentes e outros pares do mesmo ente.

Saúde, força e fé, Mano!

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Falou, Gozé, hoje para nós o tempo é de sol.
Já se passaram os vagões da ingenuidade,
As areias da ilusão, a distância do girassol,
Os nomes loucos de criança, o curral da saudade.

Passaram, passou... agora é simplesmente
Extrair do canteiro a radiosa maçã,
Colocar na mesa o pão permanente
E marchar sorrindo a buscar o amanhã.

(Adormeço no ar o meu encanto invisível,
Outorgo-te o mar grande, o luar feminino.
Meu irmão, eu sou feiticeiro inacessível.
A luta te fez homem, a poesia me faz menino).

Ninguém derrotará nossa alegria de aço.
Temos política nas veias, firmeza nos passos,
Somos livres no olhar, profundos de coração.

Há que sonhar, lutar e viver semeando.
Recebestes a luz, agora tens uma missão:
Desenvolve essa aurora e prossegue amando.



(Júnior Bonfim, in Poesias Adolescentes e Maduras)