sábado, 2 de julho de 2011

FOI DEUS





Não sei, não sabe ninguém
por que canto o fado
neste tom magoado
de dor e de pranto
e neste tormento
todo o sofrimento
eu sinto que a alma
cá dentro se acalma
nos versos que canto

Foi Deus
que deu luz aos olhos
perfumou as rosas
deu oiro ao sol
e prata ao luar
foi Deus
que me pôs no peito
um rosário de penas
que vou desfiando
e choro a cantar
e pôs as estrelas no céu
e fez o espaço sem fim
deu o luto as andorinhas
ai, e deu-me esta voz a mim

Se canto
não sei o que canto
misto de ventura
saudade, ternura
e talvez amor
mas sei que cantando
sinto o mesmo quando
se tem um desgosto
e o pranto no rosto
nos deixa melhor

Foi Deus
que deu voz ao vento
luz ao firmamento
e deu o azul às ondas do mar foi Deus
que me pôs no peito
um rosário de penas
que vou desfiando
e choro a cantar
fez poeta o rouxinol
pôs no campo o alecrim
deu as flores à Primavera
ai!, e deu-me esta voz a mim.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

PRINCESA DIANA - 50 ANOS

Se viva, hoje a Princesa do Povo estaria completando 50 anos.





Adeus rosa da Inglaterra
Que você cresca sempre em nossos corações
Você era a graça que se colocava
Onde as vidas eram despedaçadas
Ao país, você falou com doçura
Agora você pertence aos céus
E as estrelas formam o seu nome.

E parece-me que você viveu sua vida
Como uma vela ao vento
Nunca enfraquecendo no poente
Quando chega a chuva
E sua pegadas sempre estarão aqui,
Ao longo das verdejantes colinas da Inglaterra
Sua vela consumida muito antes
Que sua lenda
Encanto nós perdemos,
Nesses dias vazios sem seu sorriso.

Esta tocha nós sempre levaremos
Pela filha mais bela de nossa pátria.
E ainda que tentemos,
A verdade nos leva as lágrimas
Todas as nossas palavras não podem expressar
A alegria que você nos deu
Através dos anos.
E parece-me que você viveu sua vida
Como uma vela ao vento
Nunca enfraquecendo no poente
Quando chega a chuva.
E suas pegadas sempre estarão aqui
Ao longo das verdejantes colinas da Inglaterra,
Sua vela consumida muito antes
Que sua lenda.
Adeus rosa da Inglaterra
Que você cresça sempre em nossos corações
Você era a graça que se colocava
Onde as vidas eram despedaçadas.
Adeus rosa da Inglaterra
Rosa de um país perdido sem sua alma
Que se vai sentir falta das asas de sua compaixão
Mais do que você jamais saberá
E parece-me que você viveu sua vida
Como uma vela ao vento,
Nunca enfraquecendo no poente
Quando chega a chuva
E suas pegadas sempre estarão aqui,
Ao longo das verdejantes colinas da Inglaterra
Sua vela consumida muito antes
Que sua lenda


(Elton John)

quinta-feira, 30 de junho de 2011

HOJE É O DIA DO CAMINHONEIRO OU CAMIONISTA

25 de julho, dia de São Cristovão, é a data escolhida para a comemoração do Dia do Motorista. No entanto, hoje, 30 de junho, se celebra o Dia do Caminhoneiro ou Camionista. Essa é diferenciada do dia do motorista para diferenciar as classes de Motorista e Camionista, pois a classe Motorista é genérica, incluindo também motoristas de veículos leves.

Em louvor aos que ganham a vida nas estradas, veja o vídeo abaixo:




Composição: Roberto Carlos/Erasmo Carlos

Todo dia quando eu pego a estrada
Quase sempre é madrugada
E o meu amor aumenta mais

Porque eu penso nela no caminho
Imagino seu carinho
E todo o bem que ela me faz

A saudade então aperta o peito
Ligo o rádio e dou um jeito
De espantar a solidão

Se é de dia eu ando mais veloz
E à noite todos os faróis
Iluminando a escuridão

Eu sei
Tô correndo ao encontro dela
Coração tá disparado
Mas eu ando com cuidado
Não me arrisco na banguela

Eu sei
Todo dia nessa estrada
No volante eu penso nela
Já pintei no pára-choque
Um coração e o nome dela

Já rodei o meu país inteiro
E como bom caminhoneiro
Peguei chuva e cerração

Quando chove o limpador desliza
Vai e vem o pára-brisa
Bate igual meu coração

Doido pelo doce do seu beijo
Olho cheio de desejo
Seu retrato no painel

É no acostamento dos seus braços
Que eu desligo meu cansaço
E me abasteço desse mel

Eu sei
Tô correndo ao encontro dela
Coração tá disparado
Mas eu ando com cuidado
Não me arrisco na banguela

Eu sei
Todo dia nessa estrada
No volante eu penso nela
Já pintei no pára-choque
Um coração e o nome dela

Todo dia quando eu pego a estrada
Quase sempre é madrugada
E o meu amor aumenta mais

Olho o horizonte e vou em frente
Tô com Deus e tô contente
O meu caminho eu sigo em paz

Eu sei
Tô correndo ao encontro dela
Coração tá disparado
Mas eu ando com cuidado
Não me arrisco na banguela

Eu sei
Todo dia nessa estrada
No volante eu penso nela
Já pintei no pára-choque
Um coração e o nome dela

O nome dela (repete...)

quarta-feira, 29 de junho de 2011

FERREIRINHA, O HUMANISTA!


No tempo em que eu era menino, o mundo inteiro era as ruas de minha cidade, que eu corria num segundo, montado em bicicletas alugadas à hora no Beco da Galinha Morta. Ainda assim, por mais que eu me esforçasse, não havia jeito do meu dia caber nas horas adultas: ia pra rede à força, obrigado, zangado, mesmo então achava um desperdício dormir. Afinal, era tanta coisa a fazer, tanta brincadeira, tanta conversa, tanta novidade, e o tempo de estar acordado de jeito nenhum abarcava tudo. E pra piorar a situação, acharam de inventar os álbuns de figurinhas: para cada página completada, um prêmio – liquidificador, televisão, bicicleta... Minha vida virou um inferno!


Foi nessa época que eu conheci o Ferreirinha. Também, vivia na Casa Norberto Ferreira! Cada centavo que eu conseguia, era lá que eu ia deixar, trocado por envelopes de três figurinhas, torcendo pela premiada, pela “difícil”. Éramos um magote de meninos, todos ávidos, zuadentos e urgentes, e Ferreirinha atendia a todos, dividindo o tempo entre os fregueses que para ali acorriam na certeza de que tudo tinha, a mesma paciência que ainda hoje carrega em seu semblante de nonagenário. Comunista de carteirinha, nada nele denunciava aquela figura perigosa com a qual os adultos nos amedrontavam em noites de lua cheia, em conversas pelas calçadas: “Comunista é matador de padre, comedor de criancinhas...”. Eu, pra falar a verdade, achava o Ferreirinha um sujeito muito do inofensivo.


Mas foi somente depois de adulto, tendo já andado meio mundo, que eu vim a saber de fato quem é Ferreirinha e o porquê dele às vezes incutir tanto medo em algumas pessoas. Ferreirinha é autêntico, é coerente, é humano, interessa-se e luta pela condição dos mais carentes. Independente de questões partidárias – pelas quais “puxou” cadeia diversas vezes –, nunca abdicou de falar contra os desmandos dos poderosos, contra o malfeito dos insensíveis. A ambição e a riqueza fácil nunca o atraíram. Jamais percorreu o cômodo caminho da bajulação, nem contentou-se com a felicidade que só alcança aos amigos do rei.


Mesmo tendo frequentado o estudo regular por apenas seis meses, Ferreirinha tornou-se o maior memorialista de nossa história, contando-a em livros que são reverência a um tempo que não pode e nem deve ser preterido. Jornalista, radialista, cronista popular, folclorista, pesquisador, escritor e historiador, hoje com 93 anos, Norberto Ferreira Filho, o Ferreinha, é o símbolo vivo do homem que constrói o seu lugar como uma casa onde todos caibam, igualmente, irmãos em fartura e alegria.


Eu sinto saudades dos meus tempos de menino, é claro. Do Ferreirinha, não. A este eu tenho agora muito mais presente na minha compreensão de homem. E mesmo a sua vista cansada, sua memória falha, seu andar trôpego, de bengala à mão, me são imensuravelmente caros.


Lourival Mourão Veras
Escritor

CONJUNTURA NACIONAL

Maranhão


Historinha do Maranhão. O desembargador Deoclides Mourão, tio do escritor, jornalista e poeta Gerardo Mello Mourão, fez acordo com Urbano Santos para candidatura ao governo. Eleito, Urbano não cumpriu o acordo. Deoclides mandou-lhe uma carta:

- Senhor governador, diz o povo que o homem se pega pela palavra, o boi pelo chifre e a vaca pelo rabo. Supondo não ter V.Exa. nenhum desses acessórios, não sei por onde começar.


Mato Grosso do Sul


Historinha do Mato Grosso (hoje, do Sul). O ministro Mário Henrique Simonsen, ministro da Fazenda do Governo Geisel, foi a Campo Grande discutir os problemas econômicos e financeiros de Mato Grosso do Sul. O fazendeiro Fernando Junqueira Franco pediu a palavra:

- Senhor ministro, depois que juro virou correção monetária, fazendeiro passou a ser empresário rural e roçar pasto chama-se investimento, nosso negócio acabou tornando-se uma merda.

Relatos do amigo Sebastião Nery.


Cabral desce ladeira


Sérgio Cabral, governador do Rio de Janeiro, desce a ladeira do prestígio. Como se sabe, Cabral era visto como um dos governantes mais prestigiados por Lula e, ultimamente, pela presidente Dilma. Guarda aquele jeitão carioca de conquistar as pessoas. O acidente com o helicóptero, na Bahia, escancarou a relação de interesses entre o chefe do Executivo carioca e empresas. Mostrou, por exemplo, que o governador viajou para a Bahia num jatinho de Eike Batista, que teria sido beneficiado com quase R$ 80 milhões de incentivos fiscais. O empresário que pilotava o helicóptero, que também morreu no acidente, teria também sido beneficiado. Cabral terá de dar explicações sob pena de continuar sob tiroteio midiático.


Gangorra


A presidente Dilma começa a exibir jogo de cintura. Era favorável ao sigilo eterno de documentos. Agora, já pensa que esse sigilo deve ser, no máximo, de 50 anos. Jobim, o ministro da Defesa, tem dito que os documentos da ditadura - aqueles guardados na caixa preta - sumiram, não havendo, portanto, razão para eternizar o sigilo. Outra mudança de posição se deu em relação às licitações de obra para a Copa. Agora, diz-se a favor de um regime diferenciado de licitações. Ou será que alguns jornais não souberam fazer a lição de casa? (Confiram a nota abaixo). T.S.Eliot dizia: "Só os imbecis não mudam porque carregam o defeito desde o berço".


Manchetes opostas


Manchete de ontem do O Estado de S.Paulo: "Dilma manda base aprovar sigilo em todas as licitações".


Manchete de ontem da Folha de S.Paulo: "Dilma volta atrás e abre orçamentos de obras da Copa".


Jesus I


Renato Battaglia, advogado e leitor da Coluna, envia um conjunto de provas sobre a nacionalidade de Jesus. Distribuídas ao longo do texto. Portanto, o contraditório deve ser dirigido a ele.

Três provas de que Jesus era judeu:

1 - Assumiu os negócios do pai;

2 - Viveu em casa até os 33 anos;

3 - Tinha certeza de que a mãe era virgem; e a mãe tinha certeza de que ele era Deus. (Continua)


Verdes em fuga


Os verdes comandados por Marina Silva têm data marcada para a fuga do PV: 7 de julho. O exército verde da acreana vai à luta pela criação de uma nova sigla. Que terá dois conceitos-chave: Verde e Cidadania. O novo partido não deverá ter problemas. O ambiente social favorece os horizontes esverdeados da ex-candidata à presidência da República.


Tiro pela culatra


Quem não se lembra? Um dos temas de campanha do governo Dilma era a desoneração da folha de pagamento. A promessa, alvissareira, era a de que, quanto menos onerosa for a contratação do trabalhador, mais trabalho formal se cria. Portanto, menor será o desemprego. Simples, não é? Ocorre que, pelo fato de, mais uma vez, o Congresso não ter legislado sobre o aviso prévio "proporcional", o STF julgará recursos nessa direção, proposto por funcionários da Vale. Dependendo do resultado, muitas empresas se precaverão desse ônus extra e começarão a dispensar os empregados de maior tempo de casa. Eis mais um paradoxo de nosso país: a legislação que deveria proteger o trabalhador, por excesso de proteção acabará gerando a ciranda do desemprego.


Nordeste farto e fértil


Petrolina-Juazeiro. Que maravilha contemplar a exuberância regional. Navegar pelo lago de Sobradinho é enxergar o futuro da região. 250 km de água. Energia por todos os lados. Fruticultura. 7 vinícolas, entre as quais os Grupos Rio Sol (Del Vale) e Terra Nova (Miolo). Domínio tecnológico do ciclo da uva. Quatro estações do ano ao mesmo tempo na cultura da uva. Bodódromo em Petrolina, um circuito de bons restaurantes. Carne macia e saudável. Queijo de cabra. Festejos juninos e massa acorrendo aos shows com muita energia. E dinheiro no bolso. Museus contando a história do sertão. Orla cheia de bares e gente alegre. Grande Universidade. Juazeiro-Petrolina, exemplo de pólo de desenvolvimento bem sucedido. Durante quatro dias, vi o progresso nordestino.


Jesus II


Três provas de que Jesus era irlandês:

1 - Nunca foi casado;

2 - Nunca teve emprego fixo;

3 - O último pedido dele foi uma bebida. (Continua)


Pagando o pato


Muitos órgãos públicos vêm contratando serviços terceirizados por meio do pregão eletrônico, valendo-se de preços que sequer pagam os encargos trabalhistas. Dirigentes fecham os olhos para os riscos dessa prática. O TST acaba de confirmar que os órgãos públicos serão chamados a pagar indenizações trabalhistas resultantes de contratações feitas por empresas inidôneas. Ora, como o órgão público é um ser inanimado, quem deverá pagar o pato por esse risco, serão os atores que tomaram as decisões, os participantes da jogada infeliz, desde o pregoeiro até o dirigente. O TST fez o alerta. Só não enxerga quem não quer.


Chávez sob mistério


Hugo Chávez está em Cuba convalescendo, há 20 dias, de um processo cirúrgico. O comandante está envolto em mistério. O vice-presidente da Venezuela promete que o país terá Chávez ainda por muito tempo. A Rádio Peão diz que ele está com câncer. Por que o tão falante presidente não abre a boca para dizer o que tem? O silêncio fala alto.


Jesus III


Três provas de que Jesus era italiano:

1 - Falava gesticulando muito;

2 - Tomava vinho em todas as refeições;

3 - A mulher mais importante da sua vida era a mamma. (Continua)


Mercadante chama os hackers


O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, quer homenagear os hackers que invadiram os computadores do governo Federal, a partir da Receita. Mercadante convida o grupo a trabalhar para o governo. Deve estar se inspirando em um caso ou outro de hacker arrependido dos Estados Unidos e da Europa, onde os controles são muito mais rígidos e onde a cultura do respeito à ordem é generalizada. O ex-senador esquece que essa figura aprecia a transgressão. Seu hobby é agredir, ferir, promover ruptura. Trata-se de um fenômeno ligado a autoestima. Trabalhando no governo, os hackers brasileiros desmontariam, do dia para a noite, todo o sistema de controles governamentais.


O líder no Congresso


A presidente Dilma deve anunciar nas próximas horas o nome do líder do governo no Congresso. Será do PT ou do PMDB? O deputado Mendes Ribeiro, do RS, já esteve pertinho da porta de entrada. O PT reagiu forte. Defende que o nome seja do partido. O deputado Arlindo Chinaglia é o candidato do presidente da Câmara, deputado Marco Maia. Que quer retribuir o apoio dado a ele por Chinaglia por ocasião da disputa pela presidência da Câmara Federal. Os senadores do PT querem que o nome saia do grupo petista no Senado.


Boom imobiliário


Estrangeiros descobriram a mina: o mercado imobiliário brasileiro. Compram casas, apartamentos, terrenos. O Brasil é o solo da vez.


Jesus IV

Três provas de que Jesus era americano (californiano hippie):

1 - Nunca cortava o cabelo;

2 - Andava descalço;

3 - Inventou nova religião. (Continua)


Graziano, cuidando da fome


O agrônomo José Graziano foi o idealizador do programa Fome Zero. Que gorou no início do primeiro mandato de Lula. Depois, a ideia foi incorporada pelo Bolsa Família. Graziano chega à Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) com a missão de aliviar a fome do mundo. Entra bem no modelo que Lula quer implantar em países do mundo faminto.


Ideli e os aloprados


Ideli Salvatti não irá ao Congresso para falar sobre os aloprados. Como é sabido, seu nome consta da relação (onde está também o nome do falecido Orestes Quércia) que tomara conhecimento da operação voltada para implodir a candidatura Serra à presidência no último pleito. Ideli agora é a ministra de Relações Institucionais. E será blindada pelo exército governista. Mercadante, por sua vez, foi ao Senado e enfrentou as frágeis perguntas da oposição sobre o tema. Argumentou que se Quércia estivesse vivo, a "história fantasiosa não se sustentava de pé meia hora". De fato, Quércia era aliado do PSDB e não do PT.


Distensão política


Sob o governo Dilma, o clima político está mais distendido. Tensões existem, aqui e ali, mas não contêm aquela dose incendiária dos tempos de Lula. A presidente tem sinalizado com gestos de elegância e educação política. Coisa que se viu na mensagem por ocasião dos 80 anos de FHC e na presença de ministros no enterro do ex-ministro da Educação, Paulo Renato de Souza.


Paulo Renato


Paulo Renato foi por bom tempo meu companheiro de página 2 no Estadão, aos domingos. Como ministro da Educação do governo FHC, criou o Bolsa Escola, carro chefe dos programas sociais do atual governo. A Coluna rende homenagens ao tucano, que faleceu no sábado passado.


Itamar


O senador Itamar Franco, gravemente enfermo, é outro brasileiro que merece nossas homenagens. Presidente da República, foi ele quem implantou o Plano Real. Feito que abriu o ciclo da estabilidade monetária, consolidado por Fernando Henrique e continuado por Luiz Inácio.


Lula


Dilma fez bem em nomear Lula para chefiar missão na Guiné Equatorial. Todos se recordam do sonho acalentado pelo ex-presidente: estender os braços assistencialistas do governo petista pelo mundo carente. Pois bem, chegou a vez. Vamos, agora, conferir.


Jesus V


Três provas de que Jesus era francês:

1 - Nunca trocava de roupa;

2 - Não lavava os pés;

3 - Não falava inglês. (Continua)


Domínio das mulheres


O ciclo de domínio das mulheres se expande com a eleição da francesa, Christine Lagarde, para comandar o FMI. Será a primeira mulher no cargo, sendo o 11º europeu a ocupá-lo consecutivamente. Lagarde foi apontada para um mandato de cinco anos que começa no próximo dia 5 de julho. O rival, o mexicano Agustin Carstens, recebeu apoio público de apenas três países da comissão; por isso mesmo, esta abandonou o voto formal e nomeou a diretora-gerente por consenso.


Aborto de anencéfalos


O STF se prepara para julgar a questão polêmica de aborto quando a gravidez é de feto anencéfalo (sem cérebro). 5 ministros tendem a votar pelo direito de escolha da mãe; 3 tendem a votar contra e 2 ainda são uma incógnita. E um dos ministros, Toffoli, não decidiu se vai participar do julgamento, que está marcado para agosto. Lembrete: o Código Penal autoriza o aborto quando a gravidez é resultado de estupro ou quando a vida da mãe está em risco. Outro lembrete: o Estado é laico.


Jesus VI


Três provas de que Jesus era brasileiro:

1 - Vivia sempre liso;

2 - Vivia fazendo milagres;

3 - Prometia o céu e entregava o inferno...


Conclusão


Não foi possível chegar a um consenso sobre a nacionalidade de Jesus. Quanto a Judas... Todos concordam que era argentino.


Conselho às autoridades olímpicas


Há dois colegiados encarregados de definir políticas e ações visando preparar o país para acolher a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Há muita discussão sobre o calendário das obras, deixando no ar a dúvida: haverá tempo hábil e orçamento para o gigantesco programa de obras? Nesse sentido, a Coluna sugere às autoridades olímpicas:

1. Organizem um rigoroso programa de ações e controlem de maneira rigorosa as operações de campo.

2. Definam responsabilidades, façam as devidas divisões de tarefas, falem menos e ajam mais.

3. Dêem ampla visibilidade aos trabalhos de campo, evitem versões fantasiosas e trabalhem todo tempo sob o império da transparência, verdade e tempestividade.



(Gaudêncio Torquato)

terça-feira, 28 de junho de 2011

POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

Copa para o povo, banquete para poucos?


O sigilo dos orçamentos das obras e serviços da Copa do Mundo e da Olimpíada no Rio, que o governo diz que "não é bem assim", não é a única janela escancarada à bandalheira contida na MP 527, já aprovada em suas regras gerais na Câmara, mas ainda dependendo da votação de destaques pelos deputados e depois de apreciação pelo Senado. Ele é apenas o mais escancaradamente visível no Regime de Contratação Diferenciado. Diz o governo que o artigo sobre a licitação sem preço-base anunciado previamente é o melhor método e que houve interpretações equivocadas como classificaram as críticas à presidente Dilma. Além dos políticos do PMDB que se renderam ao argumento vindo do Palácio do Planalto, há especialistas, principalmente em obras civis, que endossam a tese. Dizem que reduz a possibilidade de corrupção.


Então...


Sendo assim, falta responder a algumas questões para convencer os leigos:

1. Por que foi incluído na MP, na última hora, no dia da votação, pelo relator José Nobre (PT/CE) e não constou desde o início do relatório?

2. Por que a mudança na lei de licitação não foi proposta a mais tempo?

3. Por que adotar a norma somente para a Copa e a Olimpíada e não estendê-la para tudo a partir de agora?


Bodes mal cheirosos


No RDC para a Copa e Olimpíada, na realidade o sigilo pode ser apenas o bode na sala, para deixar, ao largo das críticas, outros itens do projeto multiplicadores de licenças para jogadas nada ludopédicas:

1. Quem faz o projeto pode também tocar a obra.

2. Foram beneficiadas com as facilidades as capitais situadas a até 350 Km de uma cidade-sede o que deixará quase todas as capitais estaduais no perímetro das vantagens.

3. Mesmo obras não diretamente ligadas ao evento esportivo (mobilidade urbana, aeroportos, por exemplo) podem entrar no rateio, desde que a União, os Estados e municípios baixem uma resolução nesse sentido. Pode entrar uma estrada, um hospital e sabe-se lá o que, no limite, até o famoso trem bala.

4. Não há limite para elevação dos custos dos projetos, basta a FIFA ou o Comitê Olímpico mostrarem a necessidade de adaptação do que foi licitado.

5. O Comitê Olímpico e a FIFA estão isentas do pagamento do ISS (imposto municipal) nos serviços que utilizarem no Brasil.


Dois exímios pipoqueiros


No jargão do futebol, agora não tanto em voga quanto esteve nos tempos de Lula, diz-se que um jogador é pipoqueiro quando ele não faz esforço para chegar numa bola que deve dividir com um zagueiro mais virulento - finge que corre, mas não corre. Nesta questão do jogo inaugural da Copa de 2014, a FIFA de Joseph Blatter e a CBF de Ricardo Teixeira estão se revelando dois grandes pipoqueiros. Fingem que querem a abertura do mundial em São Paulo, porém jogam com má vontade nada discreta porque, para puxar o saco do governo Federal querem mesmo que o jogo vá para Brasília. 2014 é ano de eleição presidencial, tem reeleição ou a luta por um terceiro mandato, que daria para faturar nas urnas, sem ter de dividir a festa inaugural com os tucanos paulistas. Por esse ângulo, entende-se também porque tantas facilidades para evitar um vexame logístico em 2014.


Apagão olímpico


Nada tão exemplar que os apagões elétricos do "Engenhão". Já somam cinco os jogos de futebol interrompidos pela falta de energia elétrica - o último neste último fim de semana. Ali, no Estádio João Havelange, ex-sogro do eterno presidente da CBF Ricardo Teixeira, projeta-se para todos os olhos a incompetência em relação às obras voltadas para os eventos esportivos: foi ali que se realizaram boa parte dos Jogos Panamericanos em 2007.


O outro sigilo


Pelo menos um outro sigilo - os dos documentos oficiais secretos - vai cair. O PMDB de José Sarney e o ex-presidente Fernando Collor de Mello não seguram sozinhos a bomba do Senado depois que a presidente Dilma, pressionada pela opinião pública e pelo PT, desdisse o que havia desdito.


Encerra-se o trimestre


Este trimestre do ano está a fechar-se com evidentes sinais de estagnação na economia dos países centrais. Semana passada os EUA divulgaram os gastos dos consumidores e o resultado foi sofrível, mesmo para os produtos de primeira necessidade. Na Europa, a crise da Grécia, Irlanda e Portugal impõe restrições ao crédito em todo o Velho Mundo. A Espanha está igualmente quebrada e a Itália super endividada. No Japão, os efeitos da tragédia de dois meses atrás ainda impõe ao governo medidas para restabelecer o status quo anterior da produção. Até mesmo na China, os sinais são de queda da atividade econômica que gravita ao redor de 8% neste ano (10% no ano passado). O segundo semestre do ano, depois das férias no hemisfério norte, definirá se estamos entrando num novo ciclo negativo para economia mundial. Até lá, mercados "andando de lado". Como os caranguejos.


A Grécia e as velhas "leis de mercado"


Sabe-se que os germânicos e seus atuais parceiros europeus (Inglaterra e França, sobretudo) estão interessadíssimos que a pequena Grécia não dê um calote no tal do mercado. Os bancos alemães possuem muitos ativos espanhóis e não querem reconhecer os prováveis prejuízos que virão caso a Grécia busque uma saída para a sua própria tragédia. Ora, se há uma saída legítima, esta seria impor prejuízos aos investidores que investiram mal o seu dinheiro, incluindo os acionistas dos bancos. Como ocorreu nos EUA. Enquanto isso, parcelas substanciais da juventude grega, portuguesa, irlandesa e espanhola "bancam" um desemprego ao redor de 35%. O capitalismo atual do FMI e do Banco Europeu continua com as velhas práticas que fizeram vigorar a "década perdida" dos anos 80 na América Latina. Agora chegou a vez dos europeus. Por que não uma saída verdadeiramente de mercado?


Brasil, sem estratégia


Os impactos modestos da crise externa sobre o Brasil escondem os sérios problemas do país em meio à crise externa. A valorização cambial é "compensada" pelos bons preços das commodities, mas o volume global do comércio externo (exportações+importações) indica que há pouca agregação de tecnologia na produção industrial brasileira como ocorre com a China. Ora, este processo torna a economia local estruturalmente pouco competitiva. Não há, do lado político, nenhuma sensibilização em torno do tema. Afinal, o desemprego é baixo. Todavia, a conta virá no médio prazo e, nesta ocasião, virá um maior desemprego e maior inflação, caso o câmbio se desvalorize.


A propósito do tema...


Vejamos esta declaração de Luciano Coutinho ao jornal Valor Econômico na última sexta-feira:

Valor: O que o governo pretende fazer com a nova política (industrial)?

Coutinho: O que estamos fazendo é buscar reforçar a competitividade da indústria através de uma série de medidas.

Valor: Que medidas?

Coutinho: Infelizmente, não posso adiantar porque estamos ainda (grifo nosso) numa agenda de discussão.


O problema de competitividade do Brasil já perdura por mais de seis anos e a agenda persiste em discussão. Todas as medidas de crédito tomadas há seis meses não produziram essencialmente nenhuma alteração de rota no que tange ao problema externo brasileiro.


Parcerias privadas


Em conversa com esta coluna, um dirigente de empresa muito interessado em participar de concessões de serviços públicos mostrou-se bem mais otimista que há seis meses com a visão do governo sobre o tema. "Eles (governo) perderam a arrogância e estão começando a conversar mais abertamente sobre novas concessões. Acho que vem mesmo uma onda de novas concessões a partir do segundo semestre. A incompetência estatal ficou às claras...", vaticinou o dirigente. A conferir.


Lei das terras


Mais uma do capitalismo estatal brasileiro: o governo quer ser sócio dos estrangeiros que compraram terras aqui, por meio de uma golden share. Para um país que não precisa de investimentos...


O perigo amarelo


Nem contando chinesinhos durante a noite toda, boa parte dos empresários consegue dormir tranquilamente - aliás, esse exercício costuma mesmo é aumentar a insônia crônica dos produtores nacionais. Não é para menos, enquanto pelo menos o Brasil continuar jogando para trás em matéria de (des)incentivo à competição com o mundo afora. Historinha exemplar contada por Eduardo Neger, presidente da Associação das Empresas da Area de Internet, e da Neger Tecnologia e Sistemas: a empresa utiliza no seu equipamento para amplificação dos sinais de celulares uma placa fabricada na China. Ela manda o projeto da placa para o fabricante chinês pela internet e recebe o produto pronto três dias depois, por um serviço de postagem rápida. E pagando todos os impostos, tem uma placa de alta qualidade cerca de 50% menos do que pagaria se fizesse a encomenda aqui no Brasil.


Vitória lulista


Justiça seja feita: Lula sabe usar a sua imagem internacional com competência. A vitória de José Graziano para a direção da FAO (sigla em inglês para Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) foi espetacular. Graziano disse que "quem tem fome, tem pressa", ao se referir à necessidade de recursos (algo como US$ 50 bi por ano) para alavancar a produção de alimentos no mundo. Soa como lema de campanha, mas funcionou nos ouvidos dos representantes dos países em desenvolvimento e pobres que votaram em massa em Graziano. Agora, resta a Graziano estabelecer o diálogo necessário com os países desenvolvidos para reformar a FAO e fazê-la um organismo efetivo. Até lá nada de muitas taças de vinho nos bons restaurantes de Roma, a Cidade Eterna que sedia a FAO...


Uma ameaça a menos


Sempre é bom esperar para comemorar, contudo, tudo indica que o acerto para a votação do regulamento da Emenda 29 (aumento da aplicação orçamentário de recursos para a saúde) eliminou o renascimento da CPMF, com o nome fantasia da Contribuição Social para a Saúde (CSS). Se o Ministério da Fazenda deixar.


Uma ameaça a mais


No entanto, está no forno oficial a criação de um novo imposto sobre a exploração de recursos minerais no país.


Incompatibilidade de gênios


Se o cabriolé da reforma tributária continuar a ser conduzido do ritmo de Brasília, em pouco tempo não devem ser convidados para o mesmo pé de moleque junino os governadores do Norte e Nordeste e os do Sul e Sudeste e os negociadores do governo. Em entrevista semana passada (leitura obrigatória) ao jornal "Valor Econômico", o governador de Sergipe, Marcelo Déda, deu o tom da insatisfação geral avisando que ele e seus colegas não estão para discutir apenas mudanças no ICMS.


Fora do ritmo


O mesmo governador Déda indicou que não devem aparecer no mesmo forró alguns grupos de petistas, especialmente os forrozeiros paulistas.


Em berço esplêndido


Enquanto isso, a oposição dormita. Não sabe da reforma tributária, deixou para Sarney os primeiros (depois abafados) gritos contra o sigilo da Copa... Continua acreditando que explorar escândalos basta.


E por falar em escândalos...


Por que será que a oposição não prossegue as investigações sobre a fortuna amealhada por Palocci, o episódio de venda do Banco Panamericano, as nomeações governamentais e outros tantos escândalos que levaram à tribuna os próceres oposicionistas?


De olho na reforma do BC


Ao que parece o BC está fazendo uma reforma que tem chance de aumentar a sua eficiência por meio da eliminação de funções intermediárias que reduzem a sua agilidade em termos de supervisão e fiscalização. Eis aí um bom princípio para reformar o Estado. Da mesma forma, seria um tema a ser analisado pela classe política que tanto critica o BC quando o assunto é a política monetária. Poderiam os políticos prestar um serviço verdadeiramente republicano e verificar se estas alterações favorecem de fato o cidadão que lá na ponta paga extorsivos juros bancários e custos de serviços que nem banqueiros internacionais acreditam ser praticados.





(José Marcio Mendonça e Francisco Petros)

segunda-feira, 27 de junho de 2011

ACADEMIA EM AÇÃO

Caros Colegas da ALC,

Na próxima terça-feira, dia 28 de junho, estaremos partindo de Crateús para três cidades do Estado do Piauí, Oeiras, Teresina e Castelo.

O objetivo é buscar e colher dados sobre os primórdios de nosso município, de quando a jovem Crateús ainda pertencia àquele Estado.

A partida será da nossa Sede, à Rua do Instituto Santa Inês, n° 231 - no centro de Crateús, às 5:00h da manhã.

Temos em benefício da ALC 12 vagas no microônibus. A presença na viagem deve ser confirmada junto ao Elias (9219-3506 ou 9943-4494), Karla (9253-3103 0u 9910-9473) e Lourival (9201-5010).

Lembramos que as despesas de hospedagem e alimentação correm por conta de cada um dos excursionistas.

É recomendável que os pesquisadores se municiem de maquinas fotográficas, gravadores ou outros meios de registrar informações.



Aguardamos contato

Elias de França

Presidente

VERGONHA QUE NÃO TENHO DE SER NORDESTINA

Cultivado entre os cascalhos do chão seco e as cercas de aveloz que se perdem no horizonte, cresceu, forte e robusto, o meu orgulho de pertencer a esse pedaço de terra chamado Nordeste.


Sou nordestina. Nasci e me criei no coração do Cariri paraibano, correndo de boi brabo, brincando com boneca de pano, comendo goiaba do pé e despertando com o primeiro canto do galo para, ainda com os olhos tapados de remela, desabar pro curral e esperar pacientemente, o vaqueiro encher o meu copo de leite, morninho e espumante, direto das tetas da vaca para o meu bucho.


Sou nordestina. Falo oxente, vôte e danou-se. Vige, credo, Jesus-Maria e José! Proseio com minha língua ligeira, que engole silabas e atropela a ortoépia das palavras. O meu falar é o mais fiel retrato. Os amigos acham até engraçado e dizem sempre que eu “saí do mato, mas o mato não saiu de mim”. Não saiu mesmo! E olhe: acho que não vai sair é nunca!


Sou nordestina. Lambo os beiços quando me deparo com uma mesa farta, atarracada de comida. Pirão, arroz-de-festa, galinha de capoeira, feijão de arranca com toucinho, buchada, carne de sol... E mais uma ruma de comida boa, daquela que, quando a gente termina de engolir, o suor já está pingando pelos quatro cantos. E depois ainda me sirvo de um bom pedaço de rapadura ou uma cumbuca de doce de mamão, que é pra adoçar a língua. E no outro dia, de manhãzinha, me esbaldo na coalhada, no cuscuz, na tapioca, no queijo de coalho, no bolo de mandioca, na tigela de umbuzada, na orêa de pau com café torrado em casa!


Sou nordestina. Choro quando escuto a voz de Luiz Gonzaga ecoar no teatro de minhas memórias. De suas músicas guardo as mais belas recordações. As paisagens, os bichos, os personagens, a fé e a indignação com que ele costurava as suas cantigas e que também são minhas. Também estavam (e estão) presentes em todos os meus momentos, pois foi em sua obra que se firmou a minha identidade cultural.


Sou nordestina. Me emociono quando assisto a uma procissão e observo aqueles rostos sofridos, curtidos de sol do meu povo. Tudo é belo neste ritual. A ladainha, o cheiro de incenso. Os pés descalços, o véu sobre a cabeça, o terço entre os dedos. O som dos sinos repicando na torre da igreja. A grandeza de uma fé que não se abala.


Sou nordestina. Gosto de me lascar numa farra boa, ao som do xote ou do baião. Sacolejo e me pergunto: pra quê mais instrumento nesse grupo além da sanfona, do triangulo e da zabumba? No máximo, um pandeiro ou uma rabeca. Mas dançar ao som desse trio é bom demais. E fico nesse rela-bucho até o dia amanhecer, sem ver o tempo passar e tampouco sentir os quartos se arriando, as canelas se tremelicando, o espinhaço se quebrando e os pés se queimando em brasa. Ô negócio bom!


Sou nordestina. Admiro e me emociono com a minha arte, com o improviso do poeta popular, com a beleza da banda de pífanos, com o colorido do pastoril, com a pegada forte do côco-de-roda, com a alegria da quadrilha junina. O artista nordestino é um herói, e nos cordéis do tempo se registra a sua história.


Sou nordestina. E não existe música mais bonita para meus ouvidos do que a tocada por São Pedro, quando ele se invoca e mete a mãozona nas zabumbas lá do céu, fazendo uma trovoada bonita que se alastra pelo Sertão, clareando o mundo e inundando de esperança o coração do matuto. A chuva é bendita.


Sou nordestina. Sou apaixonada pela minha terra, pela minha cultura, pelos meus costumes, pela minha arte, pela minha gente. Só não sou apaixonada por uma pequena parcela dessa mesma gente que se enche de poderes e promete resolver os problemas de seu povo, mentindo, enganando, ludibriando, apostando no analfabetismo de quem lhe pôs no poder, tirando proveito da seca e da miséria para continuar enchendo os próprios bolsos de dinheiro.


Mas, apesar de tudo, eu ainda sou nordestina, e tenho orgulho disso. Não me envergonho da minha história, não disfarço o meu sotaque, não escondo as minhas origens. Eu sou tudo o que escrevi, sou a dor e a alegria dessa terra. E tenho pena, muita pena, dos tantos nordestinos que vejo por aí, imitando chiados e fechando vogais, envergonhados de sua nordestinidade. Para eles, ofereço estas linhas.


(Sheila Raposo - Jornalista)

domingo, 26 de junho de 2011

NÃO SE PODE VIVER SÓ POR SONHAR

O Mal anda galope, absoluto...
No corcel da Arrogância, à rédea solta,
A Injustiça caminha desenvolta
E o combate à Violência, dissoluto.
Sonho que haja um choque resoluto
Para o Crime poder retroceder,
Sonho a Paz nesta terra florescer
E a Justiça, justiça proclamar.
Não se pode viver só por sonhar,
Mas sem sonho não dá pra se viver!


Todo dia sentimos grande baque
Ao ouvir as notícias da nação,
São escândalos demais!... Corrupção,
Marginais investindo ousado ataque,
Mais seqüestro, homicídio, bullying, crack,
E a família não sabe o que fazer,
Contudo, eu prefiro ainda crer
Que o sol da decência irá raiar.
Não se pode viver só por sonhar,
Mas sem sonho não dá pra se viver!



Dá vergonha e nos enche de tristeza
Ver políticos sem ética e elegância,
Atolados na lama da ganância
Sectários do luxo e da riqueza,
Leiloando o povo, a natureza,
Mas, já vejo este quadro esmaecer.
Sonho um dia, no topo do poder
Ter quem saiba amor disseminar.
Não se pode viver só por sonhar,
Mas sem sonho não dá pra se viver!


Não mergulho no mar da utopia
Nem transponho o bosque das injúrias,
Não me sento na sala das lamúrias,
Do malogro não quero a companhia.
Com meus versos, florais de poesia,
Vou compondo canções de bendizer,
As mazelas, eu tento dissolver,
Na esperança do amor ressuscitar.
Não se pode viver só por sonhar,
Mas sem sonho não dá pra se viver!


Sonho ver nossa Pátria humanizada
Com políticos gentis e desvelados,
Os direitos humanos preservados,
E a Justiça sem nódoa e respeitada.
A família em Deus sintonizada,
O alinho marcando o proceder,
Em tapetes de sonho adormecer
E com gorjeios suaves despertar.
Não se pode viver só por sonhar,
Mas sem sonho não dá pra se viver!


Sou boêmio, romântico, sonhador,
Penso a vida bordada de cultura,
Adornada com enfeites de ternura,
Adoçada com mel de puro de amor,
Perfumada com pétalas de flor,
Recheada de graça e de prazer,
Temperada de afeto e bem querer
E a bandeira da paz a flamejar.
Não se pode viver só por sonhar,
Mas sem sonho não dá pra se viver!


(Dideus Sales)