quinta-feira, 5 de setembro de 2013

15 DICAS PARA VIVER MELHOR

Que tal entrar em um túnel do tempo e fazer uma breve viagem pela sua vida? Você já parou para pensar o que tem feito dela? Como você já deve ter notado, o tempo passa vertiginosamente e mal podemos percebê-lo passar. A não ser que se viva com a consciência despertada, a vida passa por nós e nem percebemos as benesses deixadas por ela. Se fizer um balanço do que tem sido sua vida nos últimos tempos, o que você encontra além de muito trabalho e responsabilidades? Afinal, você se considera uma pessoa feliz? Ou nem sabe mais o significado dessa palavra? Acha que tem conseguido atingir objetivos que não sejam apenas metas de trabalho? Onde você tem colocado os seus sonhos afinal? Sente-se frustrado, triste, desmotivado, sem energia? Quantas vezes por dia você se lembra que o Universo está ao seu lado e que está aí para que você se una a Ele e conquiste o que o faz verdadeiramente feliz? Quantas vezes por dia você se lembra que somos nós os responsáveis pela construção do nosso futuro, assim como fomos nós que construímos o momento presente através dos nossos pensamentos, sentimentos e ações?

Nossas vidas são feitas de hábitos, somos seres que vivem mais seguros através da construção de hábitos saudáveis, escolhidos e controlados por nós. Por isso achei interessante montar um guia prático de bons hábitos que podem ajudar na construção de um dia a dia de paz e felicidade. Que tal assumir de uma vez por todas a responsabilidade por uma vida mais agradável e feliz?

1. Determine-se a sofrer menos por coisas e situações sem importância. Aprenda a lidar de maneira mais tranquila com situações inesperadas. Lembre-se que a única certeza que temos é que tudo passa e que tudo muda. aprenda a não se desesperar com as adversidades e possíveis frustrações. Na maioria das vezes, quando nos deparamos com o inusitado, perdemos a capacidade de raciocínio e tomamos atitudes baseadas na impulsividade. Não faca isso com você. respire fundo, reflita e somente depois que conseguir se guiar pela razão tome a decisão adequada.

2. É preciso antes de mais nada refletir sobre a maior e mais verdadeira lei que existe neste planeta: a lei da transitoriedade. Tente compreender com o coração e não racionalmente esta verdade. A vida é uma grande roda na qual estamos atados. Em um momento estamos em cima e nesse momento devemos ter consciência que em breve estaremos fazendo o movimento descendente. Procure não deixar passara as oportunidades e as bênçãos que tens recebido do Universo.quando sabemos que o inverno vai chegar, o melhor que temos a fazer é deixar reservada alguma lenha para nos aquecer.

3. Busque o prazer. Não se submeta à vontade de pessoas que não dão a mínima para você. Ame-se, cuide-se, não se violente fazendo o que não gosta. Diga não quando for necessário. Respeite-se.

4. Se a vida te dá um limão, faça uma limonada! Pare de se queixar pelo que não tem, pare de olhar o que te falta. Aprecie o que a vida lhe oferece e se puder observar mais minuciosamente perceberá que tem o bastante para este momento. Caso ache pouco, deve começar desde já a construir um novo futuro, com mais abundância e prosperidade. A queixa faz parte de um processo infantil ainda não superado, mostrando que existe ainda em você se uma criança dependente. Se sua vida não está de acordo com o que deseja, faça melhor daqui para frente.

5. Em seu dia a dia procure ocupar-se de poucas coisas. Cuidado com a tendência a fazer muitas coisas de uma só vez, pois isso só gera ansiedade e intranquilidade. Dessa forma você não vai conseguir a harmonia que pretende. Lembre-se: o tempo sempre está a nosso favor. Não tente atropelá-lo, pois essa atitude é uma forma de tortura auto imposta. Busque a tranquilidade, seja mais amoroso consigo mesmo, observe seus limites e respeite-os.

6. Procure buscar dentro de você, pensamentos de paz e serenidade. Saia conscientemente de um estado de desassossego. Comece pela sua respiração e diminua seu ritmo ao caminhar e até mesmo o ritmo de seus pensamentos. Momentos de descanso e até mesmo de ócio são altamente saudáveis.

7. Aceite a vida com o que ela tem de melhor e de pior. Aceite as adversidades e pare de achar que é a única pessoa com problemas neste planeta. Acredite, existem pessoas que, neste exato momento estão sofrendo muito mais que você. busque a compreensão, a aceitação e consequentemente encontrará a serenidade.

8. Pratique a simplicidade. Se precisar, diminua o tamanho da sua ambição, ou ao menos, dê-se um prazo maior para conseguir o que deseja. Já parou para pensar nisso? Será que você precisa mesmo de tudo o que a sociedade tem exigido de você? Procure ser simples e natural no falar, no vestir, no pensar. A vida é uma só e o seu momento é agora.

9. Viva cada segundo a seu tempo, um dia de cada vez. Desenvolva a fé de que a vida caminha por si só, independente do nosso controle. E lembre-se: existe algo ou alguém olhando e cuidando de você. faca a sua parte e entregue o que não está sob o seu controle. Entregue à própria vida, a Deus, ao Universo ou a qualquer força que acredite existir. Confie e você vai se surpreender com os resultados.

10. Fique atento, pois a maioria das pessoas ao nosso redor estão insatisfeitas e frustradas, carregadas de ambição de poder e dificuldade em amar e se relacionar desinteressadamente. Portanto, não se submeta aos humores dos outros – viva e seja você mesmo, independentemente do que o outro é e sente em relação à vida e a você.

11. Busque e trabalhe pela sua independência. Conte consigo mesmo na construção de sua felicidade. Quando você aprender a se amar tudo te será dado. Ame-se, cuide de si mesmo. Mas cuidado com o narcisismo, não seja egoísta. Olhe para os outros da mesma maneira que olha para você, como um ser humano com necessidades e medos como você.

12. Pare de fazer planos a longo prazo, pois dessa forma você perde o controle sobre os seus passos. Faca planos anualmente, pois dessa forma é possível organizar cada atitude e decisão que deve tomar e cada passo que deve dar em direção às suas metas.

13. Tenha como objetivo melhorar o que há de pior e aperfeiçoar ainda mais o que há de melhor em você. mas não se esqueça de sempre ser muito amoroso consigo mesmo. Aceite seus limites, mas não acredite que não possa fazer melhor.

14. Você pensa na morte? Pois deve pensar! Você é mortal, sabia? Nenhum de nós escapará desse momento, desse destino. Não pense na morte de maneira mórbida, mas como a finalização de uma historia de luta, perdas e conquistas.

15. Aprenda a envelhecer com dignidade. Cultive sua alma, suas melhores qualidades, o amor que possui dentro de si. Cuide de si mesmo, de suas emoções e de seu corpo, sem neuroses, sem obsessões. Seja feliz!

(Dica do Recanto das Andorinhas)

MADRE TERESA DE CALCUTÁ


Agnes Gouxha Bojaxhiu, madre Teresa de Calcutá, nasceu, no dia 27 de agosto de 1910, em Skopje, Iugoslávia, de pais albaneses. Seus pais, Nicolau e Rosa, tiveram três filhos. Na época escolar, Agnes tornou-se membro de uma associação católica para crianças, a Congregação Mariana, onde cresceu em ambiente cristão. Aos doze anos, já estava convencida de sua vocação religiosa, atraída pela obra dos missionários.

Agnes pediu para ingressar na Congregação das Irmãs de Loreto, que trabalhavam como missionárias em sua região. Logo foi encaminhada para a Abadia de Loreto, na Irlanda, onde aprenderia o inglês e depois seria enviada à Índia, a fim de iniciar seu noviciado. Feitos os votos, adotou o nome Teresa, em homenagem à carmelita francesa, Teresa de Lisieux, padroeira dos missionários.

Primeiramente, irmã Teresa foi incumbida de ensinar história e geografia no colégio da Congregação, em Calcutá. Essa atividade exerceu por dezessete anos. Cercada de crianças, filhas das melhores famílias de Calcutá, impressionava-se com o que via quando saia à rua: pobreza generalizada, crianças e velhos moribundos e abandonados, pessoas doentes sem a quem recorrer.

O dia 10 de setembro de 1946 ficou marcado na sua vida como o "dia da inspiração". Numa viagem de trem ao noviciado do Himalaia, percebeu que deveria dedicar toda a sua existência aos mais pobres e excluídos, deixando o conforto do colégio da Congregação.

E assim fez. Irmã Teresa tomou algumas aulas de enfermagem, que julgava útil a seu plano, e misturou-se aos pobres, primeiro na cidade de Motijhil. A princípio, juntou cinco crianças de um bairro miserável e passou a dar-lhes escola. Passados dez dias, já se somavam cinqüenta crianças. O seu trabalho começou a ficar conhecido e a solidariedade do povo operava em seu favor, com donativos e trabalho voluntário.

Para irmã Teresa, o trabalho deveria continuar a dar frutos sem depender apenas das doações e dos voluntários. Seria necessário às suas companheiras que tivessem o espírito de vida religiosa e consagrada. Logo, uma a uma ouviram o chamado de Deus para entregarem-se ao serviço dos mais pobres. Nascia a Congregação das Missionárias da Caridade, com seu estatuto aprovado em 1950. E ela se tornou madre Teresa, a superiora.

As missionárias saíram às ruas e passaram a recolher doentes de toda espécie. Para as irmãs missionárias, cada doente, cada corpo chagado representava a figura de Cristo, e sua ajuda humanitária era a mais doce das tarefas. Somente com essa filosofia é que as corajosas irmãs poderiam tratar doentes de lepra, elefantíase, gangrena, cujos corpos, em putrefação, eram imagens horrendas que exalavam odores intoleráveis. Todos eles tinham lugar, comida, higiene e um recanto para repousar junto às missionárias.

Reconhecido universalmente, o trabalho de madre Teresa rendeu-lhe um prêmio Nobel da Paz, em 1979. Esse foi um dos muitos prêmios recebidos pela religiosa devido ao seu trabalho humanitário. Nesse período, sua obra já se havia espalhado pela Ásia, Europa, África, Oceania e Américas.

No dia 5 de setembro de 1997, madre Teresa veio a falecer, na Índia. A comoção foi mundial. Uma fila de quilômetros formou-se durante dias a fio, diante da igreja de São Tomé, em Calcutá, onde o seu corpo estava sendo velado. Ao fim de uma semana, o corpo da madre foi trasladado ao estádio Netaji, onde o cardeal Ângelo Sodano, secretário de Estado do Vaticano, celebrou a missa de corpo presente.

Em 2003, o papa João Paulo II, seu amigo pessoal, ao comemorar o jubileu de prata do seu pontificado, beatificou madre Teresa de Calcutá, reconhecida mundialmente como a "Mãe dos Pobres". Na emocionante solenidade, o sumo pontífice disse: "Segue viva em minha memória sua diminuta figura, dobrada por uma existência transcorrida a serviço dos mais pobres entre os mais pobres, porém sempre carregada de uma inesgotável energia interior: a energia do amor de Cristo".

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(Texto enviado por José Cavalcante ARNAUD)

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

ANOTAÇÕES À POLÍTICA ECONÔMICA, POR CIRO GOMES

Descontado o fato natural de as declarações presidenciais não necessariamente terem total apego ao real em virtude de expectativas que podem causar, especialmente em assuntos econômicos, é inquietante o erro de percepção a que tem sido induzida Dilma Rousseff por sua frágil equipe. A pressão sofrida pelo real perante o dólar nos últimos tempos, disse a presidenta, é um fenômeno produzido por causas externas, especialmente pelos norte-americanos. Não se deve, portanto, a questões internas do Brasil.

Gravíssimo engano se esse for o ponto de partida para atacar o explosivo problema cambial brasileiro. Diga-se logo: não falamos de urgências urgentíssimas. De fato, temos muita “bala na agulha”, como disse a presidenta, para administrar uma transição, graças aos mais de 370 bilhões de dólares em nossas reservas cambiais. É preciso, entretanto, conhecer o aspecto cancerígeno que o problema tem sobre nossa sorte econômica enquanto nação.

O Brasil tem experimentado déficits recordes em suas contas externas. A cada mês, o recorde é batido e neste ano já quer mirar os 75 bilhões de dólares. É o resultado de todas as nossas contas em dólar com o estrangeiro. O que temos de pagar a eles, em todas as rubricas, e o que eles têm de nos pagar de volta. Tirante um restinho de saldo comercial de cuja certeza nem sequer temos mais, o buraco é generalizado e em escala crescente. Trata-se de um problema estrutural. Não foi criado pelo atual governo, mas é dele a indeclinável tarefa de montar a equação de saída, tanto mais se o prazo para termos turbulências graves explodir muito provavelmente em um possível segundo governo Dilma.

Perdoem-me os letrados, o mercado de dólar funciona da mesma maneira que aquele de bananas em Sobradinho: se tiver pouca banana e muita gente disposta a comprá-la, o preço sobe. Se o Brasil tem uma brutal escassez de dólares, em virtude de déficits recordes e em expansão, o preço do dólar em real tende a subir. A causa é intrinsecamente nacional. Certamente, causas externas podem atenuar ou agravar a tendência estrutural de nosso momento econômico. E todas as condicionantes visualizáveis externamente hoje nos estressam. Até as possíveis boas notícias, como a especulada retomada de um nível razoável de atividade econômica nos EUA.

Vejam aonde chegamos por nossa própria culpa e incompetência: se melhorar a economia global puxada pelos Estados Unidos, nossas dificuldades de financiar o brutal rombo que cevamos se agravarão. E teremos de começar a usar nossas “balas na agulha”… Ou seja, manipular a taxa de câmbio por meio da venda de dólares baratos (como o Banco Central tem feito) para os especuladores encastelados na banca brasileira e internacional. Para, mais cedo ou mais tarde, quebrarmos.

Enquanto isso, o País se desindustrializa. A indústria brasileira hoje representa exíguos 13% do PIB.

O diagnóstico correto é a condição essencial para o correto ataque ao problema. E assusto-me em ouvir meu amigo Guido Mantega falar em “minicrise” e não abrir uma conversa franca sobre as saídas, enquanto a crise é só crônica. Esse filme é velho, já visto. E teve a reeleição, essa praga introduzida em nossos costumes, como causa. “A bala na agulha” na época foi o maior empréstimo do FMI em toda a sua história, em vez das reservas atuais. Fernando Henrique ganha as eleições de 1998 e, em janeiro de 1999, o real mica. Nota cultural: todos os bancos privados acertaram claramente a véspera de virada no câmbio, menos o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e os minúsculos Marka e FonteCindam (mas aí o escândalo é outro, é o do Chico). O prejuízo para a nação brasileira foi superior a 18 bilhões de dólares.

Vamos decompor esse déficit. Vamos entendê-lo, produzir iniciativas consistentes para superá-lo. Algumas pistas são óbvias. Como a Petrobras pode ser a principal causa isolada da deterioração de nosso saldo comercial? Temos de pagar tal fortuna em royalties?

Vamos auditar essa conta. Por que um país detentor de 8,4 mil quilômetros de costa abre mão de ter uma Marinha Mercante e paga mais de 10 bilhões de dólares de frete a estrangeiros? De novo a assaltada Petrobras, a maior responsável… Por que a maior agricultura tropical do planeta tem de importar 40% de seus insumos? Por que o governo federal importa mais de 15 bilhões de dólares para o Ministério da Saúde, 76% com patente vencida, segundo o professor Carlos Gadelha, da Fiocruz? É razoável que os uniformes das Forças Armadas brasileiras sejam importados da China, como quase aconteceu recentemente?
Saudades do Bussunda: fala sério.

* Ciro Gomes,
Ex-ministro da Fazenda.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

PIB e pibinho - 1

Não deixa de ser significativo o que é comemorado no Brasil nestes estranhos tempos. Começou-se o ano se especulando que o crescimento do PIB gravitaria ao redor de 4%. Já em meados do ano, o próprio governo admitia que este crescimento não seria maior que 2,5%. Agora o PIB do terceiro trimestre, cujas previsões giravam entre 0,8% e 1,3% no segundo trimestre, "surpreendeu" (+1,5%). Os setores que surpreenderam foram a agricultura (+3,9% registrado contra 1,5% esperado) e a construção civil (+3,8%). Os outros indicadores foram razoavelmente dentro das expectativas o que pode ser considerado como bom no atual contexto de desânimo. A questão é sabermos se houve uma mudança estrutural que justificasse tal desempenho superior. A resposta é não. A economia brasileira deve cair um pouco em relação ao segundo trimestre e, ao final do ano, subir um pouco. Na contabilidade do ano vamos crescer algo como 2,3%-2,4%, o patamar que os EUA apresentam e que é insatisfatório. Mas, por aqui, a surpresa faz com que o ministro da Fazenda saia de sua rotina e manifeste a glória de sua política econômica. O Brasil continua um país de crescimento medíocre e não há nenhum vetor estrutural sendo alterado para que este 'voo de galinha' se afaste de nós.

PIB e pibinho - 2

O principal item que acalenta a tendência medíocre do crescimento brasileiro é a ausência de uma visão estratégica para as políticas econômicas. A combinação confiável entre o capital privado e o estatal persiste opaca pelo arranjo entre uma visão ideológica vencida da presidente-ministra da Fazenda Dilma Rousseff. Além disso, o governo flerta com a falta de disciplina fiscal e com a inflação mais alta, controlada, em parte, pela compressão de preços públicos e pela alta (hesitante) da taxa de juros básica. Não há nenhuma relação de causa e efeito que indique que o crescimento no Brasil será mais robusto nos próximos dois anos. É essencial que se supere (i) a inoperância/ineficiência governamental em relação às reformas e ao investimento, (ii) a política cambial desindustrializante, (iii) o custo elevado do crédito local e (iv) a baixa produtividade do setor público. Isso requererá reformas estruturais que vão da educação à tributação e que o governo e a sociedade gostam de jogar para debaixo do tapete. Resultado : PIB que cresce 2,5% é razão de euforia.

Sucesso eleitoral? - 1

Há dúvidas - ver notas acima - a respeito da continuidade da recuperação da economia brasileira no ritmo flagrado pelo IBGE no segundo trimestre. O próprio ministro Guido Mantega, o "dr. Pangloss" nacional de plantão, preferiu ser comedido e ficar com sua previsão anterior, de crescimento de 2,5% até dezembro, melhor que no ano passado, mas inferior da 2011. A presidente Dilma, sempre, agora com a direta orientação de seus marqueteiros, sempre disposta a trombetear qualquer sucesso de seu governo, mesmo quando é apenas uma pedra fundamental, preferiu também ser comedida nas suas comemorações. As razões nos parecem mais políticas que econômicas. Um dado do PIB do primeiro trimestre não é para comemorar, pelo menos sob a ótica político-eleitoral mais imediata do Palácio do Planalto. Enquanto economistas apontavam como um dos sinais o fato de a economia nacional estar invertendo sua lógica de crescimento dos últimos anos, saindo da força no consumo e recuperando ainda que em bases baixas, o investimento, o mundo do marketing político vê essa inversão como um ponto negativo.

Sucesso eleitoral? - 2

Afinal, a popularidade da presidente até a eclosão das ruas juninas, assim com a de Lula antes e sempre, se sustentou exatamente neste ponto: a satisfação da sociedade, especialmente a impropriamente chamada classe C, por estar consumindo mais. O sinal de que o consumo está estagnado - cresceu apenas 0,3% no trimestre abril/maio/junho, depois de ter caído 0,8% no período anterior - foi um soco na boca do estômago dos marqueteiros. Ainda mais se somarmos a isto os dados de que o crescimento da oferta de empregos com carteira assinada está desacelerado, que a renda média do trabalhador cai desde o início do ano, que o crédito ao consumo está mais seletivo. As manifestações juninas tiveram como estopim o aumento nos transportes coletivos em SP, RJ e em algumas outras cidades, porém só tiveram o alcance de público e de crítica que tiveram porque havia um caldo de cultura para o movimento prosperar.

Sucesso eleitoral? - 3

Centenas e milhares de pessoas foram se manifestar e mais de 80% dos brasileiros (dados de mais de uma pesquisa) aplaudiram as ruas em movimento não apenas pela insatisfação com a qualidade dos serviços públicos em geral e com a capacidade dos políticos fazerem as coisas certas, mas também por uma difusa sensação de insegurança, medo de perder o que foi conquistado nos últimos anos. Enquanto os economistas de Dilma não encontram uma fórmula para recuperar o poder de consumo da população e afastar o temor do desemprego, o desafio de Dilma e seus marqueteiros será encontrar outro mote para manter o discurso de gosto popular que a presidente abraçou nos últimos meses. Daí a ênfase no programa "Mais Médicos", um ideia positiva, porém cheia de aventuras e improvisações que tanto pode ser bem sucedida como virar um fracasso do qual Dilma e menos ainda o ministro Alexandre Padilha dificilmente se recuperarão.

Mais médicos

A reação inconsequente por parte de alguns profissionais brasileiros de medicina, como os que vaiaram indecentemente médicos cubanos em Recife, ou do CRM de MG, estão ajudando Dilma e Padilha a empurrar o programa "Mais Médicos" porque desviam a discussão de questões gravíssimas da saúde brasileira. Parece que tudo se resume a ter ou não ter mais médicos formados em Cuba no Brasil. Ajuda também a presidente o fato de seus oposicionistas não saberem o que dizer sobre o assunto. Bom ou mal para ajudar a minorar os problemas do atendimento às populações mais carentes do país em matéria de saúde, não há dúvidas de que o projeto tem claramente um cunho eleitoreiro. Basta ver que o acerto com os cubanos já estava feito há mais de seis meses, inclusive com instrutores brasileiros tendo ido a Cuba treinar seus profissionais, muito antes de a presidente Dilma, com uma espécie de resposta ao clamor das ruas, ter anunciado o "Mais Médicos".

Perca-se a ilusão. Ou: uma homenagem a Tiririca

Quase tudo o que se escreveu e o que ainda se escreverá sobre o escárnio, a cusparada na cara dos brasileiros como pode ser denominada a recusa da Câmara em cassar o mandato do deputado Natan Donadon, terá sido pouco para espelhar a indignação nacional contra a indignidade cometida pelos parlamentares e seus partidos. A imagem já está ficando batida, mas vale dizer mais uma que o deputado (e palhaço, no bom sentido) estava errado ao dizer que 'pior que está não fica'. Fica sim. Perca-se a ilusão de que alguma coisa possa mudar por lá: a verdadeira reforma política não sai. Um dia, se sair, sai apenas na parte que interessa políticos e partidos. Nem o fim do voto secreto no Parlamento, apontado como principal responsável pela manutenção do mandato do deputado Donadon, será aprovado com rapidez, embora o presidente da Câmara, Eduardo Alves, tenha prometido botar o projeto imediatamente em votação. Pode até passar na Câmara, mas para "inglês ver": será modificado, como quer o deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), uma espécie de quase dono da casa dos deputados, sem o qual nada de bom ou de mau por lá acontece. Ademais, terá então de voltar ao Senado. Também é coisa para algum tempo longínquo a aprovação no Senado da PEC, que torna automática a perda de mandato dos parlamentares condenados por corrupção ao crime comum. Tiririca vai ter de mudar seu slogan se quiser se reeleger.

Contas a pagar

1. Estão sendo crucificados os deputados que assinaram a folha de presença na sessão de cassação do mandato do deputado Donadon e não votaram. Mesmo com o voto secreto eles foram identificados. São identificados e execrados também os que se ausentaram totalmente da Câmara naquela hora. Porém, os 513 deputados, exceção para aqueles (por doença ou viagem oficial) com justificativas plenas, são responsáveis por aquelas cenas de desrespeito aos brasileiros. O voto secreto também tem isto : todos são suspeitos igualmente, porque não dá para saber quem votou de tal ou qual forma.

2. Com O episódio, ficou ainda mais difícil de entender a mudança de entendimento do STF em casos de condenados como o de Donadon e do mensalão. No caso dos mensaleiros, os ministros entenderam que a cassação do mandato dos que são ainda parlamentares é automática. O que até ameaçou abrir uma crise entre o Judiciário e o Legislativo. No do deputado presidiário, já com o voto dos novos ministros Teori Zavascki e Luís Roberto Barroso, entendeu-se que a questão do mandato era privativa da Câmara. O STF também precisa se explicar.

3. Se alguns dos ausentes na fatídica sessão de terça-feira na Câmara e os que, beneficiados pelo covarde manto secreto contribuíram com a "absolvição" de Donadon, acreditavam estar abrindo caminho para dar boa vida aos mensaleiros-parlamentares, estão enganados. Como se diz popularmente, o tiro saiu pela culatra. Um dos temas que as manifestações programadas para este sábado, 7/9, em todo o país, vão levar para as ruas é exatamente o da impunidade política de parlamentares e dos mensaleiros.

Veio a calhar

O vexame da Câmara veio em boa hora para o Palácio do Planalto. Não que a presidente Dilma esteja comemorando qualquer coisa do caso Donadon. É inegável, porém, que este assunto deve desviar um pouco a atenção de outras palavras de ordem popular das manifestações de sábado. De todo modo, a segurança oficial está tomando todas as precauções possíveis - e muito mais - para proteger a presidente de cenas desagradáveis no palanque do desfile militar em Brasília. No ano passado, com um clima bem melhor, a presidente já foi alvo de vaias.

Cadê?

Nada mais se fala sobre o plebiscito, sobre referendo, sobre nenhum plano arquitetado por Aloizio Mercadante?

Trinta dias decisivos

Em pouco mais de um mês (exatamente no dia 5/10) parte do jogo eleitoral de 2014 estará definido : é quando termina o prazo para inscrições partidárias. Daí para frente ninguém mais muda de partido ou poderá se inscrever numa legenda para disputar as eleições ano que vem. Apenas a presidente Dilma Rousseff, do grid de sucessão presidencial, passará o mês sem muitas tensões nesta área. Aécio Neves vai ficar na expectativa do que vai fazer José Serra. Para o senador mineiro o ideal é que o ex-governador paulista ficasse no PSDB e se engajasse de fato em sua campanha. Isto, porém, parece impossível - e, aconteça o que acontecer, terá um custo para os tucanos. Eduardo Campos vê algumas reações às suas pretensões presidenciais, cada vez mais evidentes, contestadas por alguns governadores e prefeitos que não querem se indispor com os cofres do governo Federal. E pode perder aliados. O governador do CE, Cid Gomes, um empedernido governista Federal, anda caçando um novo partido abertamente. Seu mais recente sinal foi para o Solidariedade, partido que o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, promete colocar de pé no tempo devido. Marina Silva está às voltas com a criação de um partido para chamar de seu ou na busca de uma legenda que aceite abrigá-la e tenha uma imagem mais aceitável para a população. Enquanto isso Dilma terá tempo de cuidar dos seus renitentes parceiros que prometem para ela grandes emoções quando de fato os palanques regionais começaram a se formar.

Não preocupa agora

A presidente Dilma e sua turma da política não deram sinais de ter sentido o golpe do acordo de cooperação e não beligerância celebrado entre dois de seus prováveis adversários ano que vem : Aécio Neves e Eduardo Cunha. Pelo menos aparentemente. No momento, embora não confesse, a preocupação do staff reeleitoral é cortar as asas de Marina Silva. Uma leitura atenta das diversas pesquisas de opinião pública mostra que a ex-ministra é a que tem o maior potencial de surrupiar votos de Dilma. Com Marina está a chave do segundo turno, mesmo que ela não seja a escolhida para disputar o turno derradeiro.

É tudo ou nada nas concessões - 1

Exatamente em 15 dias, com o leilão de dois trechos de rodovias, o governo terá exatamente os sinais definitivos se o seu PIL (Programa de Investimentos Logísticos), lançado há mais de um ano e andando até agora a passos de cágado, vai deslanchar ou não. Para exorcizar o risco de um fracasso - em janeiro falho o primeiro leilão rodoviário -, que poderia contaminar em seguida as concessões também previstas para este ano de ferrovias, portos e aeroportos, além da primeira venda do pré-sal, o governo abriu o cofre de concessões.

É tudo ou nada nas concessões - 2

Colocado diante da ameaça de possíveis concorrentes de ficar em casa, o governo alterou várias regras inicialmente previstas. Poderá alterar outras até o dia 18/9. Semana passada, por exemplo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, chamou dirigentes de bancos a Brasília para induzi-los a criar consórcios para financiar empresas interessadas em participar dos leilões. E ofereceu a eles risco zero nessas operações. O sucesso dos leilões é essencial por pelo menos quatro razões para Dilma:

1. A óbvia: sem a participação do capital privado nacional e estrangeiro será impossível melhorar, em prazo razoável, as condições da economia nacional para que ela possa crescer sem constrangimentos. Certamente o início efetivo de obras, no ano que vem, ajuda a turbinar o PIB de 2014.

2. Acertar bons negócios, ainda com a boa notícia relativa do PIB do segundo trimestre, pode quebrar a desconfiança e a resistência dos investidores na economia brasileira.

3. Vai melhorar também o astral da população e, naturalmente, dar a Dilma mais um bom argumento de palanque.

4. O dinheiro que deve entrar ainda este ano, com a assinatura dos contratos, o bônus de concessão, é essencial para fechar as contas públicas de 2013, especialmente os R$ 15 bilhões esperados para a primeira concessão do pré-sal.

Por isso, depois de muitas resistências e incensos de todos os lados ao estatismo velho de guerra, o Palácio do Planalto agora está erguendo todas as velas à Santa Concessão.

Espia que eu gosto

Usualmente quando a área de inteligência de um governo proporciona inquietações ao governo, os assessores se mexem muito antes dos atores principais para "mapear o problema". Em matéria tão sensível, não deve um presidente se expor primevamente antes de um tratamento inicial da questão pelas instâncias menores. Até o mundo mineral sabe que os EUA espionam mundo afora numa velocidade e quantidade jamais vistas. O Brasil não é exceção, muito embora esteja distante daquilo que seria o interesse central dos americanos. Ora, a presidente Dilma tem especial predileção em fazer do tema "espionagem" matéria de ampla divulgação social. Não faltam expressões de indignação patriótica na boca dos ministros do governo. Enquanto isso, as relações Brasil/EUA vão se deteriorando no momento em que a ocupante do Planalto prepara-se para tomar seu avião e ir tratar com o chefe do Império, Mr. Obama. Se a espionagem é tão certa, esta indignação pública ainda precisa ser explicada. Será que a presidente quer ganhar pontos junto à opinião pública às custas de um assunto tão obscuro?

O sonho de Obama

Se os EUA irão ou não atacar a debilitada Síria não é possível saber. São muitos os fatores a serem analisados em torno deste sensível assunto. Uma coisa é certa: sabia-se que Obama não passa de um conservador suficientemente provido de atributos de produto de marketing; o que não se sabia é que Obama era quase igual a Bush Jr. Se Barack fizesse o discurso I have a dream de Martin Luther King talvez ele dissesse que o sonho se realizou: Obama é igual a Bush, the little one.

(por Francisco Petros e José Marcio Mendonça)

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

OBSERVATÓRIO

Ano passado viajei para Crateús em companhia do líder político Antonio dos Santos. Expansivo e envolvente, loquaz e divertido, o filho de João Melo e eterno Deputado dos Crateuenses narrou-me episódios de sua longa trajetória pública. A certa altura fez um olhar compenetrado, mirou o horizonte e desabafou: - os problemas do nosso grupo político começaram com a morte do Leandro... (Leandro Martins, eleito em 1982 para um mandato de seis anos, faleceu em 1987). Assim, Antonio dos Santos relatou, com riqueza de detalhes, todo o sofrimento que Leandro e família passaram naquele período: desde o telefonema que recebeu da então primeira-dama Toinha, a visita ao médico em Fortaleza, a descoberta do grave problema de saúde, a internação forçada e a morte que causou enorme comoção na cidade.

FELIPE BEZERRA

A política é uma mulher sedutora que, não raro, leva à cegueira os que por ela se deixam conduzir. Apesar das contrariedades, dos enormes dissabores e, sobretudo, da rotina estafante, muitos se envolvem tanto com os seus aparentes encantos que só a deixam quando partem para outra dimensão. Alguns conseguem a façanha de deixá-la à francesa no tempo certo. Felipe Bezerra Cavalcante foi dadivado com essa graça. Militante político, Vereador por Crateús na sequencia do irmão Manoel Bezerra, conseguiu sair da linha de frente da política após vários anos de intensa atividade. E ainda viveu vários janeiros ao lado da família, vindo a falecer na última quarta-feira, dia 28 de agosto, contando 102 anos de existência. Esta coluna externa sua solidariedade à família. (Espaço de análise crítica à gestão, esta Coluna evitará qualquer menção ao Executivo Municipal, até porque o seu titular é filho do falecido patriarca).

LEANDRO

Voltando a falar de Leandro Martins. Detentor de exíguo currículo escolar, Leandro era um arguto e popular comerciante, que atuou destacadamente nos tempos áureos da produção de algodão, também chamado “ouro branco”. Percorrendo o interior do município, se fez popular. Construiu uma carreira política que principiou como Vereador e encerrou como Prefeito. Era um político tradicional, amante do clientelismo. Um de seus programas mais populares como Prefeito foi a distribuição de enxadas no período que antecedia às chuvas. Diferentemente de hoje, quando se distribui bolsas sem exigência de contrapartida – o que estimula a ociosidade – Leandro distribuía um instrumento de trabalho essencial à agricultura manual. Era fomentador da cultura do trabalho, da prática produtiva.

O TRABALHO

A súmula da vida monástica instituída por São Bento continua atual: ora et labora (“reza e trabalha”). Ninguém pode descurar quão bela é a cultura da fé aliada ao trabalho. Rui Barbosa ensinou que “oração e trabalho são os recursos mais poderosos na criação moral do homem. A oração é o íntimo sublimar-se da alma pelo contacto com Deus. O trabalho é o inteirar, o desenvolver, o apurar das energias do corpo e do espírito, mediante a ação contínua sobre si mesmos e sobre o mundo onde labutamos. O indivíduo que trabalha acerca-se continuamente do autor de todas as coisas, tomando na sua obra uma parte de que depende também a dele”.

LOJAS AMERICANAS

O grupo RAMLIVE, sob a liderança do empresário Adonel Rodrigues Sales, premia a cidade de Crateús com um empreendimento digno de aplauso: uma unidade da rede Lojas Americanas. Com um projeto arquitetônico que preservará a estrutura do octogenário Casarão situado na esquina das ruas Barão do Rio Branco com Coronel Lúcio, no Centro de Crateús, o empreendimento tem previsão de entrega para setembro de 2014. “Aqui, começamos, crescemos e nos sentimos alegres e motivados a investir, para colaborar e contribuir com esta terra. O empreendimento trará desenvolvimento econômico para a Região”, destacou o empresário Adonel, que reside em Sobral, centro dos negócios do grupo.

LAGO DE FRONTEIRAS

O DNOCS publicou, no Diário Oficial da União de 21/8/2013, o Aviso do Edital de Licitação que tem como objeto a contratação de empresa para executar as obras e serviços de implantação do Lago de Fronteiras. O mais importante é que a obra tem potencial para irrigação de seis mil hectares. Ivan Monte Claudino, diretor do órgão, teve papel essencial na liberação dessa obra. Logo que assumiu a Diretoria, Ivan – que também é adepto da cultura do trabalho – colocou o projeto debaixo do braço, foi de setor em setor até conseguir esse resultado positivo. O investimento deverá ultrapassar a ordem de R$ 200 milhões.

PARA REFLETIR

“Trabalha com gosto e terás o gosto do trabalho”. (Benjamim Franklin)

(Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste, Crateús, Ceará)