terça-feira, 28 de julho de 2015

SINCERO E TRANQUILO

As últimas informações sobre o horizonte político e econômico da nossa Pátria fazem rebentar no mais íntimo de nós mesmos aquelas exclamativas interrogações próprias dos quadrantes delicados da História: Para onde caminhamos? O que queremos?

Miremos nossa Bandeira. Símbolo superior da nossa nação, a Bandeira Brasileira chora. O seu dístico - “Ordem e Progresso” - é uma abreviatura do lema positivista do filósofo francês Auguste Comte (“O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim”) e amarga uma crise existencial. Suas cores estão manchadas: o verde das matas e florestas está ameaçado pela sanha do desmatamento; o amarelo, do ouro e das riquezas do País, agoniza ante as agruras da cultura corruptora; o azul celeste, turvado pela poluição e o branco, da paz, tingido pelo sangue que escorre da violência e da insegurança.

Associo-me à peroração de que esse tempo, porém, é de purgação. Nada deve nos abater. Jamais devemos nos render ao desânimo. Aclarar os desafios, responsáveis pelo desassossego atual, é necessário para que nos preparemos para um melhor futuro.

Suponho que pensar sobre a nossa existência, o conserto dos problemas e os contornos do futuro – eis o que importa.

Duas veredas são essenciais nessa caminhada sintonizada com o roteiro solar: colocar a sinceridade no centro da mesa da alma e bombear o coração com o sangue azul da tranquilidade.

Malba Tahan diz bem a respeito da manjedoura que gestou a palavra sinceridade:

“Sincera é uma palavra doce e confiável. Sincera é uma palavra que acolhe. E essa é uma palavra que deveria estar no vocabulário de toda alma. Sincera foi uma palavra inventada pelos romanos. Sincero vem do velho, do velhíssimo latim... Eis a poética viagem que fez sincero de Roma até aqui: Os romanos fabricavam certos vasos de uma cera especial. Essa cera era, às vezes, tão pura e perfeita que os vasos se tornavam transparentes. Em alguns casos, chegava-se a se distinguir um objeto - um colar, uma pulseira ou um dado - que estivesse colocado no interior do vaso. Para o vaso, assim fino e límpido, dizia o romano vaidoso: - Como é lindo... parece até que não tem cera! –“Sine-cera” queria dizer: -"sem cera", uma qualidade de vaso perfeito, finíssimo, delicado, que deixava ver através de suas paredes. Da antiga cerâmica romana, o vocábulo passou a ter um significado muito mais elevado. Sincero é aquele que é franco, leal, verdadeiro, que não oculta, que não usa disfarces, malícias ou dissimulações. O sincero, à semelhança do vaso, deixa ver, através de suas palavras, os nobres sentimentos de seu coração”.

Ah! Como nos ressentimos desse condão, como seríamos livres se nos deixássemos amarrar por esse cordão, como seria bela a vida debaixo dessa simples condição: ao invés de cântaros manchados pelo vício, fôssemos delicados vasos transparentes exibindo as esmeraldas das virtudes!

Se o embuste, a falácia, a trapaça são o exercício extremado do descompromisso e do descuido, a dicção da verdade, desdobramento concreto da sinceridade, deve ser exercitada com os ornamentos típicos das solenidades, cultuada com as formalidades litúrgicas dos empreendimentos sacros. Dalai-Lama revela o tempero a ser usado nesse modus faciendi superior: “Fale a verdade, seja ela qual for, clara e objetivamente, usando um toque de voz tranquilo e agradável, liberto de qualquer preconceito ou hostilidade.”

Por isso, como o vaso da antiga cerâmica romana, cujo continente era elaborado para a boa visão do conteúdo, urge que cultivemos um coração tranquilo para a prática do debate honesto. Vencer as tempestuosas ondas do nosso oceano íntimo, a comoção interna, o alvoroço das moléculas interiores, constitui a abertura do córrego vital que conduz à represa da essência.

Em ‘A Tranquilidade da Alma’, Sêneca mostra a importância do equilíbrio do humor na vida das pessoas. Indagado por um amigo (Aneu Sereno) a respeito de uma questão existencial, uma espécie de inconstância da alma que o incomodava, responde: “o objeto de tuas aspirações é, aliás, uma grande e nobre coisa, e bem próxima de ser divina, pois que é a ausência da inquietação”.

Em seguida, Sêneca diz o que entende por tranquilidade: “Vamos, pois, procurar como é possível à alma caminhar numa conduta sempre igual e firme, sorrindo para si mesma e comprazendo-se com seu próprio espetáculo e prolongando indefinidamente esta agradável sensação, sem se afastar jamais de sua calma, sem se exaltar, nem se deprimir. Isto será tranquilidade”.

Sementes de sinceridade, lançadas por mãos guiadas por almas tranquilas, eis dois imprescindíveis remédios para o pantanoso momento atual e, sobretudo, para que retomemos a serena possibilidade da alegria e o reino auspicioso da claridade!

(Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste)

terça-feira, 7 de julho de 2015

JUAREZ LEITÃO E CRATEÚS


Teatro Rosa Moraes. Noite de 02 de julho de 2015. Lá estava ele, Juarez Leitão, para receber um diploma de cidadão crateuense e lançar aos ares um dos mais emocionados discursos de todas as suas eras. Prédica pródiga, prenhe de poderosas recordações, serra grande de emoções. Ocupou a tribuna como um senador romano. Ora com a solenidade mítica de quem desfia um rosário, ora com a farta e descomprometida generosidade de um perdulário. Assim exibiu o nosso inventário. Abriu o caminho que nos revelou o pergaminho do rol essencial que constitui o nosso patrimônio imaterial. Não podia haver lugar melhor para aquela cerimônia do que o palco das apresentações artísticas da cidade... O Teatro - do grego, “lugar para olhar” - espaço mítico feito para que admiremos simultaneamente um desenho arquitetônico e um conjunto de peças dramáticas exibidas para o público.

E eu me recordei do dia que o saudei naquele mesmo local sagrado, dizendo: “Penso que falta a este Teatro a presença dos sinos. Sinos, senhoras! Senhores, faltam sinos neste templo ecumênico da cultura crateuense. Como é lindo o repicar dos sinos anunciando e ao mesmo tempo convocando a todos para, com formalidade litúrgica, participarem da solenidade essencial. E se alguém nos perguntasse: por quem os sinos dobram? Diríamos que dobram por Juarez Leitão, o maior poeta vivo dentre os nascidos neste sertão. Sim, porque todos nos postamos, reverentes, ante o brado retumbante da sua verve, fazemos um semicírculo cerimonioso sob o barulho tonitruante dos tambores da sua oratória. Oratória que o tornou laureado na Academia Cearense de Letras, na Academia Cearense de Retórica, na Academia Fortalezense de Letras, na Academia de Artes e Letras do Nordeste, na União Brasileira de Escritores e na Associação Nacional dos Professores de História. É difícil precisar se fala melhor do que escreve ou se escreve melhor do que fala. Resplandece como historiador, poeta, cronista, biógrafo e conferencista. Juarez, teu caule é alimentado pela seiva do nosso Juá. E é como um colossal pé de Juazeiro, a palmeira do nosso sertão, que o seu nome eleva a nossa instituição, mantendo-a permanentemente viva e verde”.

Crateuense sempre foi, desde o ventre da mãe, quando foi instrumento do milagre de viver. Embora nascido no Barro Vermelho, localidade vinculada à circunscrição do município de Novo Oriente, Juarez foi levado a Crateús pela vez primeira com cinco meses de vida, no ventre da mãe. Seu pai, João Belo, providenciara sua remoção urgente para a capital da região, pois Donamaria (sic), a genitora de Juarez, desfalecida, sangrava muito após sofrer uma “marrada” violenta de um carneiro.

“Na nave uterina, estava eu sofrendo a primeira ameaça de morte, antes mesmo de ver o mundo. O doutor Moura Fé foi muito claro em seu diagnóstico: A situação era grave, muito grave. Poderia salvar a mulher, mas tinha que extrair o feto, aos pedaços. Era a minha condenação, decisiva e peremptória. Raimundo de Moura Fé, médico piauiense, residente em Crateús, era naquele tempo o prefeito da cidade. E, por ocupar essa função e ter que atender chamado urgente na Prefeitura naquela manhã, interrompeu a minha execução, entregando minha mãe aos cuidados da enfermeira Cotinha, Maria Soares Alcanfor, que a troco de óleo de rícino, cafiaspirina, aguardente alemã e massagens no ventre, praticamente ressuscitou Donamaria e fez a criança voltar a mexer em seu ventre”.

Na terra do Senhor do Bonfim, Juarez, aos sete anos, teve o primeiro encontro com a civilização:

“Hospedado na Pensão do Crispim, fui apresentado à luz elétrica e comi meu primeiro pedaço de pão. Ao entrar na cidade, na boleia do caminhão do Moacir, dirigido pelo Chico Ventinha, vi o arruado, as casas pregadas umas nas outras, a posteação de um lado e do outro da rua, o arco de Nossa Senhora de Fátima, a feira apinhada de mercadorias, animais, gentes e gritos, a Praça da Matriz com sua igreja de majestosa beleza”.
“Muitas outras vezes visitei Crateús, todas as vezes que vinha tomar o trem para Sobral, onde estudava no Seminário Diocesano. Quando desisti do sacerdócio, em 1966, vim para Crateús, para a casa de minha mãe, que já morava aqui”.


O primeiro emprego, no Movimento de Educação de Base, MEB, aproximou-o do nosso primeiro bispo, Dom Antônio Batista Fragoso, a quem homenageou como “verdadeiro santo, intrépido cavaleiro da verdade e da coerência, bravo defensor da dignidade humana”. Recordou os tempos da adolescência, “começando a abraçar as incertezas épicas da vida, as oscilações típicas desse momento existencial que, por necessidade de afirmação, nos torna às vezes impetuosos, às vezes tímidos, pisando titubeantes os inseguros degraus das descobertas individuais”.

O amante da política e da literatura “queria aparecer de modo vantajoso para os habitantes de meu tempo”. Fez discursos, liderou passeatas de estudantes, fundou um jornal-mural, escreveu crônicas que eram lidas na Rádio Educadora, cometeu inconveniências, falou coisas descabidas, conheceu as delícias da carne no cabaré e, então, no apogeu da petulância, se achou um homem de verdade, um homem com H.

Exclamou:

“Ah, Crateús, quantas histórias me contavas. E as melhores eu ouvia na casa de comércio do Ferreirinha, Norberto Ferreira Filho, por onde passava todos os dias para uns dedos de prosa”.

Juarez aprendeu que três mulheres fundaram Crateús:

“Dona Jerônima, viúva do feroz bandeirante Domingos Jorge Velho que, nos albores da colonização, reclamou as vastas léguas de terras conquistadas por seu marido; Dona Ávila, que em 1721 arrematou todo o Vale do Poti pela quantia de 4.000 cruzados; Dona Luíza, baiana da Casa da Torre, que mandou construir a capela e nela entronizar a pioneira imagem do Senhor do Bonfim, trazida da Bahia numa rede, ao ombro calejado de escravos”. Três mulheres, também, são as três colunas pedagógicas da cidade: “a centenária professora Rosa Moraes, Francisca Rosa e Dona Delite, descobridoras de talentos e animadoras da inteligência do Vale do Poti”.

Após recordar os grandes acontecimentos históricos de Crateús e, em meio à aclamação pública e o regozijo pessoal, não escondeu as lágrimas ao recordar o irmão José Maria Leitão, médico dinâmico, líder político promissor: “colhido pela tragédia no esplendor de seus 39 anos, tornou-se uma marca de dor em minha alma, e a saudade dele é uma ferida braba que arde sem parar e queimará em mim eternamente”.

Afilhado da gratidão, agradeceu aos vereadores Cleber e Eva pela outorga do título e concluiu:

“Entro, a partir de agora, no testamento da Princesa do Oeste e a terra onde recebi as águas do batismo será também, doravante, minha mãe honorária. Filho oficial de Crateús e irmão dos crateuenses, abraço a história desta nossa terra amada, prometendo honrá-la, defende-la e ajudar em sua eterna construção”.


(Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste, Crateús, Ceará)

OBSERVATÓRIO

Ontem o calendário assinalou 183 anos de emancipação política da Yara do Poty. Quero abrir um parêntesis às observações críticas, às ponderações analíticas costumeiras, às apreciações censurativas e erguer um invisível brinde à atmosfera que nos abriu os olhos ao arrebatamento da vida, aos encantos do mundo: Crateús! É o instante fraterno da comemoração: hora de colocar os doces na mesa, reunir a família, bater palmas, cantar parabéns e gritar vivas à terra do poeta Lucas Bocquady! Crateús: evitarei falar de teus defeitos, me escusarei de amplificar os teus clamores. Quero apenas lembrar que devemos - por uma razão amorosa, obrigação que jorra do olho d’água da consciência - reativar a orquestra dos filhos teus e, com as partituras do coração, entoar o tradicional canto de amor à tua existência: Parabéns, Crateús!

A TERRA

Crateús é abençoada por três regiões fisiográficas distintas: Serra, Pé de Serra e Sertão. No clima ameno e aconchegante do serrano distrito de Tucuns encontramos, por exemplo, a sede de um fantástico Parque Natural, a Serra das Almas, reserva particular de patrimônio natural, aberta à visitação pública, podendo se percorrer suas extensas trilhas: Arapucas (6 km), Lajeiros (1,5 km) e Macacos (2 km). Ali se resguarda um bioma que só existe no Nordeste Brasileiro: a caatinga! Naquele espaço são preservados mais de 350 espécies de plantas, 57 de répteis e anfíbios, 173 de aves e 38 de mamíferos.

A TERRA II

No pé de serra, em especial no distrito de Monte Nebo, encontramos uma das melhores e mais férteis manchas de solo do Ceará, tendo já possibilitado ao Município a condição de Capital da Produção. Em Monte Nebo há que se ressaltar, como lugar de forte influência espiritual remanescente da tradição indigenista, a furna dos caboclos, onde encontramos registros da ancestralidade indígena, tais como pinturas rupestres e artefatos arqueológicos: cachimbos de barro, pilões de pedra, entre outros. Segundo relatos orais, no século XIX houve um grande massacre de índios naquele local, decorrente de um conflito com fazendeiros. No nosso sertão, que em priscas eras se notabilizou pela Civilização do Couro, temos ainda um excelente pasto para o desenvolvimento da ovino caprinocultura.

A GENTE

A gente que habita a terra dos Karatiús é vibrantemente festiva. A cidade já ostentou título de uma das urbes com vida noturna das mais agitadas do interland cearense. Essa índole boêmia, no entanto, se harmonizou com uma faceta libertária: Crateús sempre hasteou, com destacado fulgor vanguardista, a bandeira das liberdades democráticas. Como nada

ocorre por acaso, em Crateús se entrincheirou um destemido profeta que veio a ser um dos maiores ícones da Libertação feita Teologia: Dom Antonio Batista Fragoso. Sob a sua liderança ativa, traduzida em animação guerreira, o nome da nossa terra ganhou relevo no mapa da resistência.

A GENTE II

Crateús ofereceu ao Ceará e ao Brasil grandes expoentes nos mais variados quadrantes do conhecimento. Figuras que galgaram destaque no universo das artes e da cultura, da política e da literatura, da ascese espiritual e da lide empresarial. Há menos de duas décadas, éramos a única urbe brasileira com três assentos simultâneos no Senado da República: lá estavam Valmir Campelo, Beni Veras e Sérgio Machado! Em que pese vez por outra sobrevir chispas de decepção, na hora de delegar as rédeas do executivo local, o povo sempre tem se inclinado àqueles que se lhe apresentam como a melhor opção.

UM SONHO

Sonho ver Crateús abrindo um largo sorriso, sob uma onda de maiúscula esperança, embalada por um verdadeiro movimento em favor da inauguração de um novo ciclo, de uma era diferente, de uma renovada caminhada. Sonho com uma modelar e agregadora gestão dos negócios públicos. Sonho com uma governança liberta de qualquer amarra, concitando o povo para o exercício da grande política. Sonho com a completa higienização das relações do Executivo Municipal com os partidos políticos e os segmentos organizados, governando sem fazer concessões à barganha. Sem demonizar o passado ou estimular rivalidades inúteis. Sonho, enfim, com que a cidade seja – como era para os antigos gregos - um espaço seguro, ordenado e pacífico, onde os homens possam se dedicar à busca da felicidade, à construção da dignidade, à insuflação do amor, à propagação da esperança e à ampliação da paz!

UMA MENSAGEM

Desprovidos das insígnias do personalismo, com a cabeça antenada no sonho azul da justiça e os pés empoeirados no barro vermelho da nossa realidade, poderemos vislumbrar um futuro melhor e dizer, até inflando o peito: Viva Crateús! É hora, pois, de mirarmos a cidade sob lentes futuristas e progressistas. Pensá-la com amor, fonte geradora do cuidado. Pois, “quem ama, cuida!”. Abramos as pálpebras embaçadas, sacudamos a poeira das decepções, revigoremos o espírito, desbravemos novos caminhos, recuperemos a utopia, lancemos outro olhar sobre o fazer político e marchemos na rota de uma cidade que cultue a justiça e a fraternidade. Crateús merece!

PARA REFLETIR

“Se eu pudesse deixar algum presente a você, deixaria aceso o sentimento de amor à vida dos seres humanos. A consciência de aprender tudo o que nos foi ensinado pelo tempo afora. Lembraria os erros que foram cometidos, como sinais para que não mais se repetissem e a capacidade de escolher novos rumos. Deixaria para você, se pudesse, o respeito, aquilo que é indispensável: além do pão, o trabalho e a ação. E, quando tudo mais faltasse, para você eu deixaria, se pudesse, um segredo: o de buscar no interior de sí mesmo a resposta para encontrar a saída”. (Gandhi)

terça-feira, 16 de junho de 2015

LUTAI PELA PALAVRA IMORREDOURA!


Permitam-me que, em deferência à brevidade, diga apenas três palavras, até porque hoje queremos mais festejar do que discursar.

A primeira: quero compartilhar com vocês a exultação da alma! Tive a graça de apalpar a semente original que fez germinar este Sodalício. (Às vezes sou indagado a respeito da fundação desta Academia. Ou, quem seria o fundador? Esta é uma obra coletiva, não uma construção individual. Logo, fundadores são todos os que assinaram a ata de fundação. No máximo, existiu um idealizador. E se a mim coube esse lampejo, essa provocação inicial, deixemos que escape pelo córrego da despretensão).

O que vale registro, o que há de constar em ata, o que merece ir para os anais, o que comporta arquivo é o auspicioso fato de que este Sodalício, em apenas seis anos, se firma como o mais eloquente, o mais expressivo, o mais reluzente patrimônio imaterial dessa estação telúrica dita pelo nosso Presidente Raimundo Cândido como Ribeira do Poty.

Por isso, nesta noite memorável sinto vontade de transformar o peito em uma enorme cachoeira poética para derramar cristalinas estrofes de louvor ao Escritor Superior por nos dadivar com este momento indelével. A nossa Arcádia chega ao pé da serra da culminância. Gratidão é o nome do sentimento que, feito o perfume do mufumbo, explode no roçado delicado do nosso coração!

A segunda palavra é sobre o momento atual. Vivemos a mais extraordinária e desafiadora era da caminhada humana.

Diferentemente da caverna de Platão, quando a treva não dialogava com a luz, na caverna pós-moderna elas se amalgamam na mesma cacimba paradoxal. O homem atual tem o universo armazenado em um pequeno aparelho, mas sofre a angústia de não saber se programar para receber um software espiritual ou - pasmem! - abrir o mais íntimo de si mesmo para a comunhão fraterna.

Na mata de concreto da tensão ou no descampado das inquietações da alma, surge o desafio da lavratura de um édito libertador. Essa a missão que nos impõe a ferrovia do amor!

E aqui vem a minha terceira e derradeira palavra: sobre o papel dos acadêmicos! Vocês, que hoje cruzam o pórtico invisível desta Arcádia, que solenemente prestaram o juramento de água e terra, de fogo e ar, saibam que carregam doravante o dever sagrado de contribuir para o conserto planetário, para o resgate da alegria e para a propagação da paz!

Não se envaideiçam com a imortalidade acadêmica; ela é ilusória e vã. (Alias, sobre o fato de chamarem acadêmico de imortal, bem explicou Olavo Bilac: "sem pão, sem lar, sem conforto/ o acadêmico, afinal,/ não tem aonde cair morto/ por isso que é imortal"...).

Lutai, pois, pela imortalidade literária, aquela que os tornará instrumentos da mensagem permanente, da palavra imorredoura, da escritura que homenageia os fonemas do infinito.

Concluo com uma rogatória, uma súplica especial a Sarasvati, deusa dos antigos Vedas ou, na mitologia grega, Minerva, divindade tutelar dos poetas, intelectuais, escritores e músicos, bem como encarnação da sabedoria, da razão e da pureza divina.

Que ela vos abençoe e vos guie nesta empreitada sob a reitoria do Espírito!

Muito obrigado!

(Júnior Bonfim, na solenidade de posse dos novos acadêmicos da Academia de Letras de Crateús – ALC – no Teatro Rosa Moraes, em 13.06.2015).

sexta-feira, 5 de junho de 2015

CONJUNÇÃO DE RAÍZES

Governador do Distrito 1970, Fernando Laranjeira,
Presidente do Rotary Club Vila Real, Madeira Pinto,
Magnífico Reitor Fontainhas Fernandes,
Companheiras e Companheiros,

Boa noite!

Desde quando vossos patrícios, os visionários navegantes do século XVI, aportaram na sedutora orla da minha Pátria, se estabeleceu entre nós uma conjunção de raízes, um conjunto de laços marcados com o selo da definitividade.

A nossa relação, inicialmente cunhada sob o batismo da subjugação, após passar por intempéries de rebeldia, experimenta agora a unção sacrossanta da harmonia. É sob essa aurora boreal, ao redor desse harmônico sacramento, que nos encontramos aqui neste momento.

Meu País, bem sabeis, com sua compleição continental, é um imenso edredom colorido, que oferece a todos o sono dos sonhos. Não apenas possui o maior manancial de água doce do mundo, mas também esparrama o mais envolvente arco-íris de ternura, sob o embalo de sua cálida temperatura.

O imenso Brasil, de céu azulado e teto estrelado, cujas veias abertas guardam o lírico sangue lusitano, é o habitat da generosidade, fonte cristalina de hospitalidade, campo germinal de bondade.

Se a bússola do destino e as caravelas da história nos amalgamaram como irmãos, a denteada rotatória confeccionada por Paul Harris acorrentou-nos à liberdade do fraterno companheirismo, nos revelou a estética de uma vida pautada na ética e a suprema dignidade do devotamento à causa do amor à humanidade.

Imaginem a alegria que me assomou ao encontrar o conterrâneo e companheiro Luiz Castelo Branco!...

Por isso compartilho convosco a ideia do meu Clube de assinarmos uma certidão de irmandade entre o RCF DUNAS e o ROTARY VILA REAL, celebrando a coroa de loiros tecida pelos nossos Past Presidentes Levi Madeira e Alberto Borges. Essa proposição poderá ser sequenciada pela construção dessa rodovia de mão dupla chamada intercâmbio rotário.

Permitam-me que vos diga uma palavrinha sobre o meu estado natal, que possui três regiões fisiográficas distintas: serra, sertão e litoral. Nasci no sertão, moro à beira-mar.

Como bem lembrou Rui Barbosa, “O sertão não conhece o mar. O mar não conhece o sertão. Não se tocam. Não se veem. Não se buscam. Mas há em ambos a mesma grandeza, a mesma imponência, a mesma inescrutabilidade. Sobre um e outro se estende esse mesmo enigma das majestades indecifráveis. De um e outro ressalta a mesma expressão de energia, força e poder a que se não resiste”.

Trago-vos uns singelos mimos que representam esses dois biomas principais.

Nas praias de Beberibe, filhos de pescadores descobriram, nas falésias, delicadas areias coloridas. E, brincando com elas, começaram a replicar nossas deslumbrantes paisagens. Eis umas pequenas lembranças, miniaturas desse paciente e engenhoso ofício artístico. Não por acaso o meu Clube homenageia as Dunas.

Do meu sertão trouxe um mimo que remonta à civilização do couro, época em que tudo nosso derivava do couro: a roupa, a cadeira, a mesa, a mochila, a sandália... Apresento-vos o chapéu de couro, um dos nossos símbolos mais conspícuos, adorno inseparável dos bravos e destemidos sertanejos, exibido permanentemente por nossos agricultores e capitães, lutadores e cantores. Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, fez dele a sua coroa. Lampião, herói sanguinário e rude, uma versão nossa do Robin Hood, o usava. Este que vos mostro é o “Dominguinhos”, um pássaro canoro que nos deixou não faz muito tempo. Apesar de não gostar de andar de avião, tinha asas no coração.

Encerro relembrando que, no vosso cancioneiro, há uma melodia que diz:

Numa casa portuguesa fica bem,/ pão e vinho sobre a mesa./ e se à porta humildemente bate alguém,/ senta-se à mesa co'a gente./ Fica bem esta franqueza, fica bem,/ que o povo nunca desmente./ A alegria da pobreza/ está nesta grande riqueza/ de dar, e ficar contente.

Lá, entre nós, costumamos cantar assim:

Eu só queria/ Que você fosse um dia/ Ver as praias bonitas do meu Ceará/ Tenho certeza Que você gostaria/ Dos mares bravios/ Das praias de lá/ Onde o coqueiro/ Tem palma bem verde/ Balançando ao vento/ Pertinho do céu/ E lá nasceu a virgem do poema/ A linda Iracema dos lábios de mel/ (...) A jangadinha vai no mar deslizando/ O pescador o peixe vai pescando/ O verde mar.../ Que não tem fim/ No Ceará é assim!
Muito obrigado!

(Discurso proferido em 18.04.2015 na Solenidade de Assinatura da Geminação entre os Rotarys Clubs de Fortaleza Dunas, Brasil, e Vila Real, de Portugal, no Salão de Eventos do Hotel Mira Corgo, centro histórico de Vila Real, capital da província tradicional de Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal)

segunda-feira, 13 de abril de 2015

FORTALEZA: RUMO, RUAS E RIMAS!

O front da inspiração desconhece fronteiras. Uma das mais belas músicas francesas, “Ne Me Quitte Pas” (‘Não me deixe só’), nasceu do arroubo inventivo de um compositor Belga, Jacques Brel. Dizem que ele a alinhavou no terraço do Café Au Réve, em Paris, após ter sido abandonado pela atriz Suzanne Gabriello. Ali, com a alma em lágrimas e sob um incontido frenesi de culpa, ele fez germinar do coração versos memoráveis da mais apelativa paixão. A melodia principia implorando que ela esqueça o tempo dos mal-entendidos, oferece pérolas de chuva de um país onde não chove mais, promete escavar a terra para cobrir o corpo da amada de ouro e luz, inventa palavras absurdas que só ela compreenderia, diz que é comum reacender o fogo de um velho vulcão que não arde mais e fala do renascimento do trigo em terras destruídas para concluir com a súplica final: “Me deixa me tornar a sombra da tua sombra/ A sombra da tua mão/ A sombra do teu cão”.

Cá entre nós, Humberto Teixeira, sertanejo genial, iguatuense universal, na célebre composição Estrada de Canindé, narra que “o pobre vê na estrada o orvalho beijando a flor e ver de perto o galo campina que quando canta muda de cor”. Como é lindo o espetáculo da brisa inspirativa envolvendo um ser… Há momentos, principalmente quando ousamos dizer algo sobre lugares despertadores de deslumbre, que desejamos ardentemente esse toque mágico da sensibilidade feita corrente discursiva.

Sonhar, amar, contar ou cantar Fortaleza exige esse brinde de transfiguração! Quisera possuir talento para, ao mencionar nossa Capital, concatenar as palavras com sílabas molhadas pelas gotículas da emoção pulsante e exaltar os pontos telúricos, as fontes de idílios, os espaços poéticos que nos despertam o brilho da paixão.

Fortaleza, essa bela ninfeta envolta em espumas azuis e ondas de algodão, subiu ao altar do firmamento para ser desposada pelo Sol!

Fortaleza é feminina, fêmea menina, mimosa na sina! Não por acaso um José, dito de Alencar, lhe fez de emblema uma índia, a formosa Iracema, anagrama de América.

Portal da América! Assim como Barcelona, terceiro maior destino turístico da Europa, Fortaleza é um dos principais portões de entrada dos que intentam recrear no solo brasileiro.

Mas urge que esta urbe – de punho e pujança, de velas e ventos, de aldeota e varjota, de verdes mares e escuros esgotos, de coco e cocó, de jardim das oliveiras e vila união, de conjunto esperança e praia do futuro – faça uma imersão essencial.

Fortaleza reclama uma amada e desarmada conversação, uma prosa de companheiros, um cochicho de amigos, um convescote de irmãos. Possivelmente sobre rumo, ruas e rimas.

Fortaleza revira-se na cama dos desejos ansiando por impulsos vitais, como que a implorar um solavanco de esperança, como que a almejar a inauguração de um tempo de realização de metas nunca dantes imaginadas. Porém, esbarramos no grill da inconseqüência. Quando superaremos essa crônica desbotada das estéreis contendas? Quando nos debruçaremos sobre o que realmente importa? Pois… importa mirar a porta. Importa discutir o rumo. E o rumo é o sumo. O rumo é o prumo!

As ruas! As ruas são vias ou veias onde corre o sangue vital da cidade. Cada trilha urbana lembra uma determinada faceta da vida pulsante, um punhado de areia da história ou um pedaço de sonho peculiar. “Os séculos passam, deslizam, levando as coisas fúteis e os acontecimentos notáveis. Só persiste e fica, legado das gerações cada vez maior, o amor da rua. Ora, a rua é mais do que isso, a rua é um fator da vida das cidades, a rua tem alma! (…) “A rua nasce, como o homem, do soluço, do espasmo. Há suor humano na argamassa do seu calçamento” – escreveu João do Rio no início do século passado em um maravilhoso poema de psicologia urbana, passeio comovente sobre as artérias da capital carioca.

Fortaleza rima com singeleza, forma de encarar a vida sob os eflúvios da simplicidade, despido dos ornamentos da sofisticação, permitindo que a ética seja ponto de partida para um debate mais profundo sobre o nosso futuro. Ética – no grego, ‘ethos’ – quer dizer costume, regra, como também caráter, modo de ser; capacidade de interiorizar, refletir. Ou seja, ser ético significa primeiro olhar para si antes de apontar defeitos nos outros. O filósofo Sócrates foi quem acendeu essa chama quando lançou a máxima “Conhece-te a ti mesmo”. Noutras palavras: para alterarmos uma cidade, uma comunidade, precisamos – primeiramente – estarmos dispostos a modificarmos nós mesmos. Antes de dirigirmos o dedo acusatório para os outros, impende indagar: Se eu estiver lá, faço diferente? A metamorfose tem que permear, pois, governantes e governados.

Fortaleza rima com gentileza. Através da gentileza, principalmente do seu efeito multiplicador, poderemos resolver uma das principais mazelas do nosso stress urbano: o trânsito. A gentileza poderá nos fazer experimentar “a sina de um dia viver sem buzina”.

Fortaleza rima com beleza. Belo, fino, elegante não é quem veste roupa de grife ou freqüenta ambientes suntuosos. Elegante é quem trata os outros com fineza, distribui gestos de bondade e profere palavras amáveis. Essa é a verdadeira estética. A estética da alma. Dela necessitamos suavemente, como quem passa dedos musicais sobre a cítara, para compor o hino de recuperação da utopia que Fortaleza merece.

Júnior Bonfim

domingo, 12 de abril de 2015

HUMBERTO TEIXEIRA – MUITO MAIS QUE UM LETRISTA!


Senhoras e Senhores,
Boa noite:

Meu patrono na Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza – AMLEF é um cearense nascido nas Ipueiras, amassado no barro do nosso sertão, talhado nas montanhas de Minas Gerais e que depois correu o mundo inteiro, foi celebrado em todas as latitudes e eleito pela Guilda Órfica Européia como o “Poeta do Século XX”. Seu nome é Gerardo Mello Mourão, um poeta que ainda não foi brindado com a coroa de loiros do reconhecimento pelo genial talento com que bafejou a humanidade.

Talvez mirando o próprio exemplo pessoal, Mello Mourão sustentou a tese de que “o capital, aliado da tecnologia, sabe como produzir um bom médico, um bom engenheiro, um bom automóvel. Mas não sabe produzir um poeta, um músico, um pintor. Se fosse assim, as escolas de Tóquio, dos Estados Unidos, da Alemanha e até de São Paulo e da Coréia estariam produzindo Homeros, Shakespeares, Dantes, Rembrandts, Bachs e Picassos. E não estão, não é? (...) Os filósofos, os poetas, os artistas, como a própria arte, não são fruto da civilização industrial. São mesmo, de um modo geral, os marginais dessa civilização e desse tipo de progresso, desse poder de produção de riqueza. Honro-me de ser um marginal desse processo, como o foram Homero e Dante, Holderlin e Van Gogh, Rimbaud e Baudelaire, os grandes filósofos e os grandes reitores do saber e do espírito”.

Nossa terra, sacudida por gigantescas adversidades, estonteada por tantas frustrações políticas, castigada por intempéries, na contramão das opressões econômicas, à margem do fulgor capitalista também assiste florescer talentos de toda sorte, humildes e valorosos atletas da criatividade, que correm as pistas olímpicas das artes com as tochas da inteligência e do saber.

Estamos hoje aqui, no espaço central desse tradicional e cultuado Clube da nossa Capital, o Náutico Atlético Cearense, para festejar a oferta de mais uma obra da lavra conjunta de dois fulgurantes nomes das artes Alencarinas que comprovam a profecia de Gerardo: um nascido às margens do Rio Acaraú e outro, talhado na mata ciliar da ribeira do Poty: Audifax Rios e Dideus Sales, Dideus Sales e Audifax Rios.

O livro que entregam ao nosso deleite nesta noite, por belo e primoroso, queima a sensibilidade da nossa pele, penetra o recôndito da nossa alma, esparrama-se pelo córrego do nosso coração e nos arrebata em um passeio pelo jardim biográfico do maior compositor que Iguatu entregou ao mundo: Humberto Teixeira.

Despiciendo falar sobre o compositor e parceiro mais destacado de Luiz Gonzaga. O cearense Humberto Teixeira já está com seu nome inscrito nas doiradas partituras populares da música mais genuína da nossa Pátria. A vulcanidade telúrica de sua obra é algo indescritível. A capacidade de perceber as sensações da natureza, a aptidão para captar as manifestações da nossa fauna e da nossa flora, a qualidade de traduzir com finesse o espetáculo dos seres vivos do nosso sertão são marcas de Humberto Teixeira que o elevam ao sacro platô dos nossos mais sublimes compositores.

Um homem capaz de nos alertar para as grandezas que só são perceptíveis aos que acionam aquele órgão que, segundo Rui Barbosa, é mais que um “assombro fisiológico: um prodígio moral. É o órgão da fé, o órgão da esperança, o órgão do ideal. Vê, por isso, com os olhos d’alma o que não veem os do corpo. Vê ao longe, vê em ausência, vê no invisível, e até no infinito vê. Onde pára o cérebro de ver, outorgou−lhe o Senhor que ainda veja; e não se sabe até onde. Até onde chegam as vibrações do sentimento, até onde se perdem os surtos da poesia, até onde se somem os voos da crença: até Deus mesmo, inviso como os panoramas íntimos do coração, mas presente ao céu e à terra, a todos nós presente, enquanto nos palpite, incorrupto, no seio, o músculo da vida e da nobreza e da bondade humana”.

Resumindo: um homem capaz de ver na estrada “o orvalho beijando a flor, ver de perto o galo campina, que quando canta muda de cor” é alguém que foi iniciado na mística essencial.

Cerro os lábios neste momento e vos convido ao silêncio germinal. Sintam o olor do mufumbo, a sombra das nossas ontológicas oiticicas, a melodia dos riachos, a generosidade dos alpendres, o vigor de uma terra mágica que, ao simples toque dos fios delicados das primeiras chuvas, transmuta a desértica paisagem e faz rebentar a fartura e a alegria.

Folheiem este esmerado álbum, costurado com os hoje raros fios de algodão branco e alisado com a legítima cera de carnaúba. Tudo nele é brilho e talento, genialidade e fulgor.

Viva a musical poesia do novo livro de Dideus Sales!

(Júnior Bonfim, na apresentação do livro “Humberto Teixeira – muito mais que um letrista!”, dia 27.03.2015, no Náutico Atlético Cearense, Fortaleza, Ceará).

quinta-feira, 9 de abril de 2015

A FELICIDADE QUE VEM DE FORA É EFÊMERA

O jovem monge tibetano Yongey Mingyur Rinpoche ensina que a felicidade só é completa quando brota de dentro de nós mesmos

por Liane Alves

Ao medir a atividade da área relacionada à felicidade, que fica no córtex frontal do cérebro, os cientistas da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, levaram um susto. Quando submeteram o jovem mestre tibetano Yongey Mingyur Rinpoche aos seus testes, descobriram que ele mostrava uma atividade de 700% a 1 000% maior do que uma pessoa normal nessa área cerebral.

Isso mesmo: Yongey, um dos oito monges meditadores indicados pelo Dalai Lama para participar do estudo, era quase dez vezes mais feliz que qualquer pessoa do planeta enquanto estava meditando. Em termos já mensuráveis, ele poderia ser considerado o homem mais feliz do mundo.

O resultado foi tão surpreendente que as revistas Time e National Geographic se uniram para divulgar, no fim do ano passado, as descobertas das pesquisas que relacionavam a meditação à capacidade de ser feliz. Mingyur Rinpoche, por sua vez, escreveu um livro sobre felicidade, neurociência e budismo a ser lançado em março no Brasil. Aos 30 anos, o monge é tido como a reencarnação de dois mestres tibetanos que teriam se reunido em uma só pessoa para ensinar o caminho da iluminação.

Em visita a São Paulo para fundar o Yongey Buddhist Center do Brasil, Yongey Mingyur Rinpoche falou à VIDA SIMPLES.

Por que as pessoas querem ser felizes?

Nossa natureza mais essencial pode ser descrita como felicidade em estado puro. No budismo, esse estado é chamado de natureza búdica, nossa natureza iluminada, desperta, tanto quanto a de um Buda. Todos os seres, em essência, são essa felicidade que não depende de nenhuma condição externa.

E queremos ser felizes porque temos saudade desse estado primordial. Por isso é que toda pessoa, não importa o país ou a sociedade em que viva, quer ser feliz – ela simplesmente quer voltar a ser o que ela já é, em sua essência.

Porém, essa realidade última é obscurecida pelo efeito de nossas ações, o carma. Não reconhecemos nossa verdadeira natureza. Mas um diamante não deixa de ser um diamante só porque está coberto de terra. Se retirarmos a terra, vamos encontrar novamente seu brilho e esplendor. Esse é o caminho da iluminação: retirar o que nos separa da natureza búdica.

E como se faz isso?

A meditação é o caminho básico. Nossa mente, em seu estado habitual, é como um macaquinho louco que não pára de pular. Pulamos de um pensamento para outro, de uma emoção para outra. Essa é uma das atividades naturais da mente: os pensamentos fazem parte dela como os raios de sol fazem parte do sol.

Mas a mente não é só isso, como o sol não é apenas seus raios. Podemos nos separar dos pensamentos, das emoções, ver como eles surgem, observar que há um espaço entre eles, testemunhar que eles não são nossa verdadeira essência.

Podemos também nos separar das emoções negativas, raiva, medo, inveja e outras, e olhar para elas, ver como elas nascem e nos dominam, e igualmente constatar que elas não são nossa natureza mais essencial. Tudo isso acontece quando meditamos. Podemos usar qualquer um desses objetos para meditar: pensamentos, emoções, sensações e até a própria dor. Mas pode-se começar com os pensamentos.

Qual o efeito desse distanciamento?

Os pensamentos não vão parar de surgir, mas veremos que podemos deixar de segui-los. Eles vão passar como nuvens. E, entre eles, vamos perceber que há momentos, que duram milésimos de segundo, em que nada acontece.

Começamos assim a entrar em contato com a totalidade de nossa mente e vemos que ela é muito maior do que os pensamentos e as emoções causadas por eles.

Com a prática constante, a mente vai se tornando cada vez mais clara até mesmo para o que temos de fazer no dia-a-dia. Quando não somos mais tão dominados por pensamentos e pelas emoções negativas causadas por eles, nos tornamos mais felizes.

Qual a diferença entre felicidade e satisfação de desejos?

Na verdade, existem duas visões sobre a felicidade. Para a maioria das pessoas, a felicidade vem de fora. Fico feliz porque tenho uma boa casa, carros ou se ganho na loteria. Pelo menos, por algum tempo, vou me sentir feliz por ter alguns dos meus desejos satisfeitos.

Mas isso, é claro, não dura. Os cientistas fizeram uma pesquisa muito curiosa: descobriram que os ganhadores de loteria, nos dois primeiros anos, ficavam realmente muito felizes. Porém, depois desse período, essa sensação de felicidade começava a declinar rapidamente até atingir os mesmos índices de quem nunca havia ganhado na loteria, se não índices piores.

Isso significa que vão surgir outros desejos que não posso satisfazer e vou ficar infeliz de novo. Ou vou ficar com medo de perder o que tenho e tentar me agarrar desesperadamente a isso, condição que, novamente, vai me trazer muita infelicidade. Segundo o budismo, esse tipo de felicidade, que depende de um objeto externo e do apego, é ligado à infelicidade, pois elas são interdependentes. A felicidade que vem de fora é condicionada, instável e de pouca duração. Existe, é bom tê-la, mas é efêmera e impura, pois traz junto a infelicidade.

E qual a outra felicidade?

A que vem de dentro e que não depende de nenhum objeto externo. Ela está mais associada à calma, à pacificação interna, ao relaxamento. Essa felicidade é mais clara, serena, perene. E a alegria, o bem-estar, surge naturalmente quando você tem essa paz interna fortalecida. É uma felicidade sem apego, muito ligada ao momento presente. Ela não está baseada nem no medo (de não ter mais felicidade) nem na esperança (de continuar a tê-la).

Esse tipo de felicidade imutável surge da meditação e da compreensão da natureza ilusória da realidade. E pode ser desenvolvida por meio do amor, da compaixão e da devoção espiritual.

Qual o elo entre meditação, amor e felicidade?

A infelicidade nasce de pensamentos tensos, de uma mente tensa: tenho de vencer, tenho de conseguir, ninguém vai me atrapalhar. Dessa maneira, tudo o que contraria esses objetivos se torna um obstáculo ou um inimigo. Nesse estado opressivo, a mente se torna presa fácil para a irritação, a ansiedade, a angústia, a depressão. Ela percebe o mundo com muita tensão, rigidez, dureza. Você enxerga apenas suas metas, sofre muito se não consegue alcançá-las ou fica infeliz com aquilo que possa dificultá-las.

A felicidade interna, ao contrário, surge de uma mente relaxada, maleável. Tudo o que acontece, recebe um olhar mais positivo e aquela visão estreita e sufocante ganha uma ampla abertura. Também há mais espaço interno para o outro, para o que ele está sentindo ou passando. Você naturalmente se torna menos egoísta e mais amoroso. O que, na realidade, vai ser ótimo para você: as pessoas gostarão de ficar em sua companhia, você terá mais amigos, mais vida e alegria.

Se você desenvolver amor ou compaixão pelos outros certamente será muito mais feliz. ■

(Enviado por Boaventura Bonfim)

sexta-feira, 3 de abril de 2015

CONJUNTURA NACIONAL

I.N.R.I. - Iesus Nazarenus Rex Iudaeorum

Conta Leonardo Mota que o mestre Henrique era reputado marceneiro nos sertões de Sergipe. Sua especialidade estava nas "camas francesas a Luís Quinze". Quando o freguês achava que o leito era baixo, recebia a explicação de que a cama era francesa, mas era a "Luís Quatorze" ; se a queixa era contra a excessiva altura, ficava sabendo que aquilo era "cama francesa a Luís Dezesseis..." O mestre Henrique pôs toda a sua ciência no Cruzeiro do patamar da igreja de Aquidabã. No topo do sagrado madeiro, o vigário da freguesia fizera o mestre Henrique colocar uma tabuinha com as letras I.N.R.I., iniciais em latim de Jesus Nazareno Rei dos Judeus, a irônica inscrição latina de que a ruindade de Pilatos se lembrara na ignominiosa sentença de morte do filho de Deus. Decorrido algum tempo, um sertanejo sergipano, intrigado com a significação daquelas quatro letras, perguntou a um seu conhecido:

- Que é que quererá dizer aquele negócio de INRI, que tem escrito em riba do Cruzeiro?

- Você não sabe não? Ali falta é o Q-U-E. Esse QUE não cabeu na tabuinha: aquilo é a assinatura de quem fez, que foi o mestre INRIque...

Ufa, Semana Santa

A Semana Santa surge como um lenitivo para as dores de cabeça dos atores governativos. A partir da presidente Dilma, que poderá descansar das agruras e pressões a que vem se submetendo nos últimos dias. Nomeação de ministros, divisão de espaços, desmentidos do que foi dito, articulação com o Congresso Nacional, MPs polêmicas - o acervo de questões que mexem com a cabeça presidencial é denso. A Semana Santa é bem-vinda.

Turismo

Dilma deverá nomear esta semana o novo ministro do Turismo. A questão é: onde colocar o bom ministro Vinicius Lajes? Vinícius tem sido um dos melhores ministros do governo. Afável, simples, técnico, rápido no gatilho. Sem burocracia. Se sair da Pasta do Turismo, será bem aproveitado em outra área. Henrique Alves ocupará seu lugar.

PL 4.330

Felizmente, o país vislumbra um avanço no caminho das relações capital-trabalho: a votação do PL 4.330, que trata da Terceirização de Serviços. O tema tem sido debatido nos últimos 20 anos. As Centrais Sindicais fazem objeção ao projeto. Mas, como se sabe, tudo se resume a uma questão de dinheiro. A tese da Força Sindical é a de que as contribuições sindicais deveriam ser canalizadas junto ao sindicato preponderante, no caso, os sindicatos das empresas tomadoras de serviços. O que faria de uma copeira numa empresa siderúrgica trabalhadora siderúrgica. Claro, reivindicaria a condição e, assim, veria seu salário no teto dos trabalhadores do setor. As Centrais encheriam seus cofres. E a Terceirização iria para o buraco. Deixaria de existir. Essa maluquice tem a objeção dos sindicatos que fazem terceirização e das empresas tomadoras de serviços.

Dia de abril

Dia 12 será mais um Dia D. As redes sociais estão convocando o povo às ruas. Ouço: veremos o dobro do número de pessoas que compareceram às ruas dia 15 de março. Mais uma vez, tenho duvidas. A banalização desses eventos de massa acaba esmaecendo sua força. Com possibilidade de vermos menos gente nas ruas. Mas o ânimo social exacerbado funciona como contraponto. Portanto, este consultor permanece na dúvida.

A prisão de Moro

Não. O juiz Sérgio Moro, que aparece como herói nacional, não corre perigo de ser preso. O título acima quer significar a prisão que o juiz defende para os condenados na primeira instância. Ora, a presunção de inocência é um dos pilares básicos do nosso Estado de Direito. Ninguém será condenado até o trânsito em julgado da sentença. O que exige recurso de indiciados até a última instância. E se a Justiça inocentar o indiciado ao final do processo, depois do próprio ter passado bom tempo no xilindró ? O juiz Sérgio Moro abriu grande polêmica com sua tese exposta em artigo em O Estado de São Paulo, de 29 de março.

O pacote de Levy

Joaquim Levy tem sido um vendedor ambulante de seu pacote fiscal. Ouve as queixas dos setores, algumas com muita zanga, e se mantém em estado fleumático. Fala duro e com convicção. Tem credibilidade. Mas seu pacote deverá receber remendos aqui e ali. Não de modo a desfigurar a embalagem nem de modo a ferir de morte os nichos da produção. In médium virtus. A virtude está no meio. Mas o que será esse tipo de virtude?

A esfera política

A esfera política continua olhando de soslaio o Palácio do Planalto. Enquanto a presidente padecer em seu gabinete, as casas congressuais não a enxergarão com simpatia. A economia, como locomotiva do trem, não deve melhorar no curto prazo. Nesse caso, a má vontade dos parlamentares se fará ver em decisões que contrariarão o Planalto. Nem a mudança da articulação política será suficiente para melhorar o clima com o Congresso. Que agirá com independência do Executivo.

Enxugamento

Sabe-se que a presidente encomendou um estudo sobre o enxugamento da estrutura ministerial. De 39 ministérios, sobrarão quantos? Uns 25? 20? Ou continuaremos na casa dos 30%? Este consultor não acredita que esta hipótese seja adotada em curto prazo. Seria uma baita confusão na Esplanada.

O PT reage

O PT vive a maior crise desde sua fundação. A sigla é demonizada. Embalada no manto da corrupção. Está no fundo do lamaçal. E decidiu reagir, sob argumentos de Lula, Rui Falcão e outros comandantes reunidos em São Paulo. Tomaram a decisão: vamos reagir; vamos às ruas; vamos ao ataque. Porque o ataque é a melhor defesa. Este consultor acredita que a estratégia petista pode se transformar em bumerangue: acirrará os ânimos. Aumentará a tensão nas redes sociais e nas ruas. O PT não pode e não deve aparecer como vestal. Seu traje ético está sujo. Iguala-se a de outros atores políticos. Com a diferença de que, nesse momento, enxerga-se um corpo que queima no meio da fogueira.

O despiste

Lula deu a ideia para o PT despistar o nome e buscar uma expressão que possa condizer com o discurso das ruas: uma Frente Ampla, como a que foi liderada no Uruguai pelo ex-presidente José Mujica; ou o modelo chileno de la concertacion. Ou seja, ele quer embalar o PT com uma designação simbólica capaz de traduzir a indignação social, na esteira das ruas. Lula quer ser oposição ao status quo; ao governo da presidente Dilma, maneira de disfarçar o governismo encarnado pelo PT. Lula é um craque. Quando presidente, subia aos palanques para desancar... seu próprio governo. As massas o aplaudiam nesse papel.

Nome para o STF

A presidente Dilma se fechou em copas na especulação sobre o nome para ocupar a vaga do ex-ministro Joaquim Barbosa no STF. Faz bem. A decisão é dela. E quanto mais fazem pressão, mais ela fecha os ouvidos.

Nalini no Roda Viva

Segunda-feira, o presidente do TJ/SP, José Renato Nalini, será o entrevistado do programa Roda Viva, da TV Cultura, um dois mais prestigiados programas da TV brasileira. Estarei na bancada dos entrevistadores.

Haitianos

O Brasil abriu as portas para o mundo. Cerca de 50.000 haitianos encontraram a rota do Acre para entrar no país. Foram bem acolhidos, receberem documentação e moradia. Mas o governo acreano livra-se da massa haitiana, incentivando sua peregrinação para São Paulo e outras regiões do país. O gesto do governo brasileiro pode, até, parecer digno. Urge lembrar, porém, que temos os nossos desvalidos. Milhões. Chega aos meus ouvidos a pergunta: haitianos e cubanos integrarão os exércitos de Stédile ? Este consultor não acredita. Seria uma afronta.

Maioridade penal

A CCJ da Câmara dos Deputados aprovou proposta que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos de idade. A Câmara vai criar comissão especial para analisar a PEC. Depois de votada duas vezes no Plenário da Câmara e passar pelo Senado, também em dois turnos, a proposta poderá virar lei. A tramitação da PEC ainda pode ser questionada no STF. Tema causará intensa discussão na sociedade. A conferir!

Quebradeira

O Grupo OAS pede recuperação judicial. Uma pedrinha no dominó?

Desemprego

Ouvi a pergunta de um grande empresário, semana passada, numa palestra sobre a Conjuntura proferida no Rio de Janeiro: "o desemprego está à vista. Empreiteiras, desempregando cerca de 200 mil; setor construção civil, parado; setor automobilístico, começando a desempregar; outros, em início de processo; desemprego na Grande São Paulo, chegando aos 10,5%. Alguém do governo está vendo isso?" Lembrei o poema de Manuel Bandeira, o poema do Beco:

"Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte?

- O que eu vejo é o beco."

Complementei: mas o beco tem saída. Não sei se à esquerda, à direita ou ao centro.

O Brasil banca

Recebo uma lista com empréstimos do Brasil, por meio do BNDES, a países amigos :

1 - MOÇAMBIQUE BARRAGEM USD 350.000.000,00

2 - MOÇAMBIQUE CORREDOR DE ONIBUS USD 180.000.000,00

3 - NICARAGUA HIDROELETRICA USD 343.000.000,00

4 - BOLIVIA ESTRADA DA COCA USD 199.000.000,00

5 - VENEZUELA PONTE USD 300.000.000,00

6 - VENEZUELA METRO USD 732.000.000,00

7 - ARGENTINA SOTERRAMENTO USD 1.500.000.000,00

8 - ARGENTINA AQUEDUTO USD 180.000.000,00

9 - PANAMA AUTO PISTA USD 152.800.000,00

10 - PANAMA METRO USD 1.000.000.000,00

11 - PERU HIDROELETRICA USD 320.000.000,00

12 - EQUADOR HIDROELETRICA USD 243.000.000,00

13 - EQUADOR HIDROELETRICA USD 90.000.000,00

14 - CUBA PORTO MARIEL USD 68.200.000,00

15 - MOÇAMBIQUE AEROPORTO USD 125.000.000,00

16 - PERU ABASTECIMENTO DE AGUA NI

17 - URUGUAI GAZEODUTO NI

18 - LUANDA LINHA EXPRESSA NI

Total .............................USD 5.783.000.000,00

(Gaudêncio Torquato)

quarta-feira, 25 de março de 2015

CONJUNTURA NACIONAL

Não sabe que não sabe

Abro a coluna com um pequeno conto. Sobre pessoas que desconhecem o que se passa a seu redor. Como é o caso de ilustres figuras da nossa política. Conto uma parábola: "há pessoas que não conseguem perceber o que se passa ao seu redor. Não veem que não veem, não sabem que não sabem". Pequeno relato. Zé caiu em um poço e está a 10 metros de profundidade. Olhava para os céus e não viu o buraco. Desesperado, começou a escalar as paredes. Sobe um centímetro e escorrega. Passou o dia fazendo tentativas. As energias começaram a faltar. No dia seguinte, alguém que passava pelo lugar ouviu um barulho. Olhou para o fundo do poço. Enxergou o vulto de Zé. Correu e pegou uma corda. Lançou-a no buraco. Concentrado em seu trabalho, esbaforido, cansado, Zé não ouve o grito da pessoa : "pegue a corda, pegue a corda". Surdo, sem perceber a realidade, Zé continua a tarefa de escalar, sem sucesso, as paredes. O homem na beira do poço joga uma pedra. Zé sente a dor e olha para cima, irritado, sem compreender nada. Grita furioso:

- O que você quer? Não vê que estou ocupado?

O desconhecido se surpreende e volta a aconselhar:

- Aí tem a corda, pegue-a, que eu puxo.

Zé, mais irritado ainda, responde sem olhar para cima:

- Não vê que estou ocupado, ó cara. Não tenho tempo para me preocupar com sua corda.

E recomeça seu trabalho.

Parábola: "Zé não vê que não vê, não sabe que não sabe".

A maior crise

O Brasil vive a maior crise de sua contemporaneidade. Quais os fatores que justificam tal hipótese ? Uma confluência de crises : a crise econômica, a crise política e do sistema partidário, a crise do petrolão, a crise social, a crise hídrica, a crise energética e a crise de gestão, com impacto sério na governabilidade. Analisemos cada uma.

A economia

A economia é a locomotiva do trem. Se faltar nela combustível, o trem fica parado. Se tiver pouco combustível, o trem dá solavancos e pode descarrilar. A locomotiva é quem puxa o trem Brasil, composto por seus carros : o PIB, a inflação, o emprego/desemprego, a política, a avaliação positiva/negativa dos governantes, o Produto Nacional Bruto da Felicidade/Infelicidade. Pois bem : começa a faltar óleo na locomotiva. As contas públicas estão desconjuntadas. O Estado gasta mais que arrecada.

Trem descarrilando

A ameaça de o trem descarrilar é real, abrindo espaço para corpos jogados fora dos carros : desemprego em massa, inflação chegando aos dois dígitos, recessão econômica, bolso mais vazio fazendo roncar o estômago das massas, cofres secos, setores produtivos em retração a partir da indústria com queda prevista de 5% para o ano e assim por diante. Um carro vai levando de roldão o outro.

A política

O primeiro carro a sofrer abalos é o da política, nesse caso, impulsionado para fora dos trilhos por causa do petrolão, que produz a lista de Janot, uma relação de nomes que deverá ser ampliada nas próximas semanas. O rebuliço na frente política dará ao Congresso um gigantesco escudo corporativista. Os presidentes das duas casas congressuais, na esteira de seus poderes, estabelecem uma pauta de grandes temas para votação. E exibem certa independência diante do Executivo, mudando o curso das tradicionais relações, quando o Congresso se postava como poder convalidador.

Réus políticos

O STF vai aprofundar as investigações sobre os políticos indiciados, enquanto o juiz Sérgio Moro começa a inserir empresários na lista de réus, tirando-os da faixa de indiciados. As novas delações premiadas - que são previstas, sob a pressão das famílias que não querem ver seus chefes purgando anos e anos na prisão - tendem a adensar as provas e a expandir a relação de réus. A expectativa é que nomes mais poderosos que os atuais envolvidos possam ser relacionados. A CPI da Petrobras na Câmara, por sua vez, funcionará como palco da espetacularização política, com tendência a contemporizar com os quadros políticos.

Sociedade de costas

A sociedade está de costas para a mandatária-mor e também para os políticos. As pesquisas mostram que 65% desaprovam a presidente Dilma e nunca foi tão evidente a distância entre a representação política e os grupamentos sociais. Portanto, a esfera da governança e da política vive dias de aperto. Formidável pressão social é exercida sobre os Poderes Executivo e Legislativo. O Poder Judiciário sai com imagem melhor.

Esgotamento de um ciclo

A crise política aponta para o esgotamento do modelo de presidencialismo de coalizão. A partilha dos cargos e espaços na administração pública gera fortes arestas junto aos partidos e estiola a força do Executivo. Portanto, o ciclo da partilha do poder está a exigir novos condicionamentos, abordagens mais avançadas. A estrutura governativa é lerda e paquidérmica, a mostrar que seu modelo é ultrapassado. Daí a sugestão de enxugamento da máquina. Que conta até com o apoio do PMDB, o maior partido da base, a pregar a redução de 39 para 20 ministérios.

Centros de comando

Multiplicam-se os centros de comando político, o que dificulta a tarefa de repartição de espaço, a cargo da presidente Dilma. O esgarçamento da base situacionista causa dores de cabeça, não havendo mais a tradicional fidelidade dos conjuntos parlamentares. E, sob uma economia que ameaça estrangular as veias produtivas da nação, os políticos também se afastam da arena governativa. Tentam se afastar da contaminação que impregna o corpo do Executivo.

A frente das ruas

A animosidade toma conta dos grupamentos sociais. Os movimentos se adensam e se espalham, com tendência a pontuar sobre matérias específicas. Os ânimos acirrados ocupam as redes sociais para uma guerrilha expressiva, observando-se maiores quantidades de falas contrárias ao governo. O rechaço à política toma conta de todos os setores. O repúdio à presidente e ao governo que comanda atinge os píncaros. A movimentação social mostra-se mais madura, crítica e consciente do que a grande mobilização de junho de 2003. Naquela ocasião, acendeu-se a faísca. De lá para cá, tonéis de gasolina com a "graxa" do propinoduto da Petrobras esticaram o tamanho das fogueiras.

A água e a energia

Apesar de chuvas intermitentes em grande parte do país, a partir do Sudeste, os reservatórios continuam muito abaixo de suas potencialidades. O racionamento não está fora das probabilidades e, na sequência, os apagões de energia também constituem ameaça. O aumento no preço da energia - em torno de 40% - podendo, ainda, ser mais alto, em julho, é outro elo da corrente da indignação.

Bo+ba+co+ca ameaçada

A equação que uso - Bolso, Barriga, Coração, Cabeça - começa a ser desfeita. As margens sociais já dão pulos de raiva quando constatam a carestia de vida. A feirinha de rua aumenta preços de hortifrutigranjeiros, crise alimentada pela greve dos caminhoneiros. As barrigas, então, começam a roncar e a enfurecer os corações. As cabeças decidem ir ruas para se manifestar. Pais e mães levando seus filhos. Portanto, não apenas as elites afluem às avenidas das grandes e médias cidades. O povo das classes mais necessitadas está também de olho aceso.

A governabilidade

Não por acaso, o país parece ingovernável. Os serviços públicos são precários, a violência ganha as ruas das grandes cidades e se espraia pelos fundões, amedrontando as populações. O Bolsa Família já deu tudo o que tinha de dar em matéria de lucro eleitoral. As famílias pobres já o incorporaram ao seu orçamento. E a inflação corrói sua força. Daí a exigência por serviços públicos mais qualificados. Os partidos estão sem rumo. Não sabem o que e como aprovar as medidas de ajuste econômico propostas pelo ministro Joaquim Levy. Os setores produtivos gritam contra mais impostos. Exigem que o governo corte profundamente suas gorduras.

O que fazer?

O governo, por sua vez, está entre a cruz e a caldeirinha. Se cortar benefícios de trabalhadores, como prevêem as MPs 664 e 665, terá de enfrentar os tratores das centrais sindicais. Se cortar as desonerações concedidas a setores produtivos, ouvirá o clamor de frentes de produção que já padecem sob a falta de competitividade da indústria brasileira. O que fazer? Negociar, negociar, chegar a um mínimo de consenso.

O outono da matriarca

Estamos no outono. Época de folhas caindo. Tempo de descenso. Seria também o outono da matriarca? O termo, aqui, não tem sentido pejorativo. Apenas é utilizado como expressão para destacar sua índole autoritária, dura, fechada em torno de si mesma? Este analista da política não tem resposta. Por enquanto. Vamos esperar pelo andar da carruagem ou, em outros termos, pela continuidade das investigações do petrolão.

Poema do beco

Fecho esta Leitura com o Poema do Beco, do imortal Manuel Bandeira:

Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte?

- O que eu vejo é o beco.

____________
(Gaudêncio Torquato)

quinta-feira, 19 de março de 2015

HOJE É O DIA DE SÃO JOSÉ – MODELO DE HOMEM DO BEM, CARPINTEIRO DO ANONIMATO, ARTESÃO DO SILÊNCIO!

Por razões óbvias, uma das palavras cuja musical sonoridade mais sensibiliza as cordas da minha alma é, indubitavelmente, JOSÉ – em hebraico“Yoseph”, aquele que acrescenta - significa Deus acrescenta e indica uma pessoa sensível, confiante e generosa, que sofre com os problemas alheios. É muito conciliador e conserva o autocontrole mesmo nas piores situações.

O culto a São José, aniversariante de hoje, começou provavelmente no Egito, passando mais tarde para o Ocidente, onde alcança grande popularidade. Em 1870, o papa Pio IX o proclamou "O Patrono da Igreja Universal" e, a partir de então, passou a ser cultuado no dia 19 de março.

Em 1955 o Papa Pio XII fixou o dia 1º de maio para "São José Operário, o trabalhador".

José, o pai de Jesus na Terra, tinha como profissão a carpintaria. Em seu livro "São José, a personificação do Pai", Leonardo Boff conta que o artesão, descendente de David, tinha a oficina no pátio da casa. E que ali, entre pregos, martelos, rolos de barbante e cunha, Jesus teria iniciado na vida profissional. “É dentro desse universo de trabalho, de mãos calosas, do suor no rosto, das canseiras cotidianas e do silêncio, que se desenrolou a vida anônima de José. Ele era um homem justo, como disse minha mãe”, diz o teólogo. E silencioso. São José não deixou uma palavra. “O silêncio é a essência de José e a de quem ele personifica: o Pai celeste”, diz Boff.

Na festa de hoje, celebremos São José meditando sobre as duas principais facetas da sua rica personalidade: o amor ao trabalho e o culto ao silêncio!

(Júnior Bonfim)

quarta-feira, 18 de março de 2015

A POESIA TAMBÉM ANIVERSARIA!

A poesia ganhou um dia – específico, honorífico – em homenagem ao maior poeta brasileiro de todas as luas: Antônio Frederico de Castro Alves (1847-1871). No dia de seu nascimento, 14 de março. Nada mais justo, merecido e feliz. Castro Alves reluz com destaque naquele monumento arquitetônico suspenso e invisível em que vislumbramos os nossos pássaros de asas mais formosas. É a nossa mais excelsa ave, o luminar e principal condor, a vanguardista águia imperial, a voz indelével dos trópicos.

Foi Castro Alves o autor do édito que determinou ser a praça um altar do povo; foi ele o sonoro surfista das espumas flutuantes; o alfaiate da Bandeira içada contra a infâmia e a covardia; o ensolarado capitão do navio negreiro; o ousado compositor da solene partitura da Liberdade. Os versos do vate baiano são sementes selecionadas em constante germinação nos mais diversos solos da nossa fértil Pátria. Sua poesia é uma coroa de esmeraldas construída com os louros do povo.

Nesses últimos tempos tenho me interrogado a respeito da aura que circunda a poesia. Fica difícil circunscrevê-la à régua e ao compasso dos conceitos.

Federico Garcia Lorca, convidado para falar sobre poesia, limitou-se a estender as duas mãos abertas e dizer: “Eu não posso, eu não sei falar sobre poesia. Eu a tenho aqui em minhas mãos. Sei que está queimando minha pele. Porém, não sei o que é”.

Depois, certamente em um lampejo de racionalidade, ponderou que “a poesia é a união de duas palavras que ninguém poderia supor que se juntariam, e que formam algo como um mistério”.

O que vem a ser esse cantante, encantado e encantador fenômeno? Opino que a poesia é uma flor perfumada de amanhãs; é um vento que sabe ser brisa, ventania, furacão ou tempestade no momento adequado; é pássaro que tem por missão cantar e por dever, a liberdade; é o horizonte misterioso que o homem busca beber; é a raiz colossal da profundidade humana.

Parece-me que Poesia é tudo aquilo que nos torna essencialmente mais humanos, nos aprofunda no humanismo ao ponto de nos aproximar do divino. A poesia é a divinização do humano.

Nessa esteira, o primeiro e maior poeta é Deus, que com seu sopro mágico desenhou o universo, a magnitude da natureza, a comunidade dos seres vivos. Nessa trilha, todos somos ou podemos ser poetas. Os que desenvolvem a arte de concatenar os fonemas musicais, as obras arquitetônicas das estrofes arrebatadoras nada mais são do que sonoros instrumentos que o Poeta original distinguiu com a missão de apontar, como guias abençoados, as trilhas de Orfeu. Por isso que o amazônico Thiago de Mello proclamou: “Não somos melhores nem piores. Somos iguais. Melhor é a nossa causa”.

Poeta é, pois, todo aquele que se dispõe a romper os grilhões dos formalismos estéreis, das convenções descabidas, dos debates inúteis, do cotidiano infrutífero, da pusilanimidade dominante.

Poeta é aquele que, em qualquer barco de sonho, ultrapassa as ondas da superfície e alcança o espaço tranqüilo das águas profundas do oceano da vida.

Gerardo Mello Mourão resumiu tudo: “É para preencher o vazio do espírito humano que serve um poeta com sua poesia.” Salve, pois, a poesia, pão d’alma de todo dia!

(Júnior Bonfim, crônica publicada na Gazeta do Centro Oeste e Revista Gente de Ação)


domingo, 15 de março de 2015

ORAÇÃO ROTÁRIA NO DIA DA POESIA


Senhor,  

Celebramos hoje o Dia Nacional da Poesia, em homenagem a Antônio Frederico de Castro Alves, nascido na cidade de Curralinho (hoje Castro Alves), em 14 de março de 1847.   ]

Castro Alves foi indiscutivelmente um dos nossos mais alados condoreiros, brilhante poeta romântico, responsável por uma nova concepção de amor na Literatura, além de um notável entusiasmo pelos grandes temas sociais.  

Castro Alves cantou a Liberdade, a abolição da escravatura, o domínio do povo sobre a praça, a Bandeira como símbolo e emblema de luta contra a infâmia e a covardia.  

O amor à humanidade e a defesa entusiasmada das grandes causas humanas unem Castro Alves e o Rotary. E esses ideais superiores nada mais são do que a mensagem da bem-aventurança evangélica.  


Ajuda-nos, Senhor, a incorporar esse legado superior, relevar as fraquezas e focar a nossa ação na construção de grandezas.   Faz de cada um de nós cavaleiros dos bons propósitos, transmissores de uma cultura de paz e construtores da civilização do amor!

domingo, 8 de março de 2015

UMA MULHER CHAMADA TERESA!

Muitos são os que afirmam que “por trás de um grande homem existe sempre uma grande mulher”. Outros, no afã de externar generosidade, fizeram um reparo e asseveraram que é “ao lado do homem que encontramos a grande mulher”.

Perdoem-me, mas penso diferente. Mulheres há que, sem fixação, indiferença ou rejeição ao companheiro, constroem marca própria!

Nunca desfraldei bandeiras feministas, mas sempre admirei as mulheres talentosas que, conservando a ímpar doçura maternal, exibem a fortaleza das descendentes de Eva. O útero da História é pródigo em exemplos: Cleópatra - uma das mulheres mais festejadas da história da humanidade – além de deslumbrante, era inteligente e culta, e sua notória esperteza manteve as fronteiras do seu reino; Joana D’Arc, jovem camponesa que vestiu a farda militar e foi protagonista de uma guerra que restabeleceu a dignidade francesa, além de ser queimada pela mesma Igreja que, séculos depois, reconheceu sua santidade; a catarinense Anita Garibaldi, combatente da Revolução Farroupilha, mulher muito à frente de seu tempo... A lista é, pois, numerosa...

Antes de rabiscar estas linhas, pensei em homenagear uma mulher de forma singular.

Imaginei, primeiramente, que poderia ser aquela que me gerou, cujo convívio me foi subtraído prematuramente.

Depois, pensei que poderia ser a minha esposa, a quem prefiro chamar de consorte, porque compartilha comigo o sonho, a sesta, a saudade, o silêncio, a sonoridade, a soledade, os surtos, os sustos... enfim, a sorte de viver.

Mas há uma que, pela colossal história de vida, galgou um tipo tão superior de destaque que merece um registro todo especial.

Antes do mais, foi considerada pelo então Secretário Geral das Nações Unidas, Pérez de Cuéllar, como “a mulher mais poderosa do mundo”.

Sem ter gerado um único filho, transformou-se, pela esplendorosa fé e pelo oceânico amor, na mãe mais fecunda do planeta.

Sobre ela, a diretora de uma revista feminina escreveu um chamativo artigo intitulado “UMA MULHER QUE NUNCA PASSARÁ DE MODA”. De início, afirmava: “Não é Cindy Crawford nem Cláudia Schiffer. Provavelmente, nunca entrou numa boutique, mas é uma das mulheres que marcam o passo à Humanidade e que deixarão um rasto indelével no século que termina. É muito possível que a preocupação pelo seu look não passe da água e do sabão, mas o seu olhar irradia uma força especial”.

A passarela por onde desfilou e exibiu seu glamour e sua beleza extraordinária foi o espaço onde reluzia a dor e a miséria mais comoventes, nos corredores desprezados dos aidéticos, nos esgotos onde se escondiam os vitimados pela lepra. Ruanda e Angola, Ulster e Biafra, a Etiópia e a Somália, o Harlem e o Bronx, o Tondo de Manila e o Líbano estão entre os palcos de sua vida. Diuturnamente, comendo de maneira frugal e dormindo apenas três horas diárias, em solene e incansável vigília de amor, operou sua missão sob o pálio do ‘ora et labora’.

Nascida em 26 de agosto de 1910, em Skoplje, um lugar entre a Albânia e a antiga Iugoslávia, atual República da Macedônia, construiu um verdadeiro império de amor e caridade. Hoje, são mais de 450 centros de assistência em mais de cem nações de todo o mundo, inclusive no Brasil, e quase cinco mil religiosas e duzentos missionários, espalhados em albergues para adolescentes grávidas, cozinhas gratuitas para famintos e refúgios para pessoas sem lar.

No dia 5 de setembro de 1997, o coração dessa mulher iluminada parou de palpitar. Seu nome: Inês (Agnes) Gonscha Bojaxhiu, eternizada como Madre Teresa de Calcutá, a missionária do século XX.

Sua mensagem, estrela flamejante em defesa da vida, continua contundente:

- “O mundo que Deus nos deu é mais do que suficiente, segundo os cientistas e pesquisadores, para todos; existe riqueza mais que de sobra para todos. Só é questão de reparti-la bem, sem egoísmo. O aborto pode ser combatido mediante a adoção. Quem não quiser as crianças que vão nascer, que as dê a mim. Não rejeitarei uma só delas. Encontrarei uns pais para elas. Ninguém tem o direito de matar um ser humano que vai nascer: nem o pai, nem a mãe, nem o Estado, nem o médico. Ninguém. Nunca, jamais, em nenhum caso. Se todo o dinheiro que se gasta para matar fosse gasto em fazer que as pessoas vivessem, todos os seres humanos vivos e os que vêm ao mundo viveriam muito bem e muito felizes. Um país que permite o aborto é um país muito pobre, porque tem medo de uma criança, e o medo é sempre uma grande pobreza”.

Mulheres desse naipe nos instigam a celebrar, com o incenso da profundidade, o Dia Internacional da Mulher!

(Júnior Bonfim)

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

OBSERVATÓRIO


Charlie Hebdo. O nome do Jornal Francês, livre piada interna a partir de uma sutil combinação entre os personagens de Charlie Brown e Charles de Gaulle, simboliza a natureza do periódico: a sátira, a irreverência! O jornal se notabilizou pela postura ousada e pelos arroubos corajosos na suas empreitadas pelas vias do humor vanguardista. Segundo João Batista Natali, “implicava com o catolicismo conservador, com o Partido Comunista, com a hierarquia judaica, com a extrema direita e com o terrorismo islâmico”. Na quarta-feira da semana passada, dia 7 de janeiro de 2015, em Paris, o semanário foi alvo do mais virulento ataque de sua história. Terroristas fundamentalistas invadiram a sede do Charlie Hebdo, no XI distrito de Paris. Em tese, seria uma forma de protesto mais uma vez contra a edição de charge satirizando a religião islâmica. Sucede que o atentado resultou em doze pessoas mortas, entre as quais Charb, Cabu, Honoré, Tignous, e Wolinski (cartunistas do jornal) e mais outras feridas gravemente.Das doze vítimas, onze morreram dentro da sede da editora e um do lado de fora. Duas vítimas eram policiais que faziam a guarda do local (incluindo a que foi vitimada do lado de fora da sede). O violento episódio chocou a opinião pública mundial e conclama a uma profunda reflexão: por que, depois de tantos avanços, a humanidade ainda exibe explosões de intolerância que lembram um retorno à barbárie?

TOLERÂNCIA

A intolerância, na visão de Sergio Paulo Rouanet, é “uma atitude de ódio sistemático e de agressividade irracional com relação a indivíduos e grupos específicos, à sua maneira de ser, a seu estilo de vida e às suas crenças e convicções”. De todas as dificuldades que o ser humano possui para dialogar com o diferente, a que tem mais contundência e, sem embargo, causado maiores estragos à harmonia civilizatória é a denominada “intolerância religiosa”. José Saramago (2001) denominou este ódio recíproco fundado em valores religiosos como “O Fator Deus”: “De algo sempre haveremos de morrer, mas já se perdeu a conta aos seres humanos mortos das piores maneiras que seres humanos foram capazes de inventar. Uma delas, a mais criminosa, a mais absurda, a que mais ofende a simples razão, é aquela que, desde o princípio dos tempos e das civilizações, tem mandado matar em nome de Deus”.

TOLERÂNCIA II

O certo é que o reprovável fato ocorrido em Paris convoca o mundo inteiro a meditar sobre a necessidade do culto permanente à tolerância. Se sou católico e venero Maria, Mãe de Jesus, não posso obrigar os outros a ter a mesma atitude. Noutro giro, se alguém repudia essa minha crença, não pode também desrespeitá-la. O combate àintolerância e o fortalecimento das relações sociais com esteio no respeito aos contrários – a convivência respeitosa com o pensamento divergente – é um dos desafios mais robustos da atual quadra humana.

A TOLERÂNCIA NA POLÍTICA

O corpo das palavras pode ser coberto pelo manto da dissimulação ou da inverdade. Os gestos, no entanto, dispensam adornos, falam por si mesmos. Analisemos dois gestos. Governo Cid Gomes. O irmão do governador, Ciro, não escondia a postura irascível em relação ao líder policial Capitão Vagner, lançando sobre ele as referências mais pesadas. Governo Camilo. O novo Secretário de Segurança Pública, Delci Teixeira, com o aval de Camilo, em suas primeiras declarações disse que Vagner merecia respeito: primeiro, porque era um Capitão e, segundo, porque era o Deputado mais votado, tinha o apoio da sociedade. Em seguida, o próprio Governador recebe o Capitão Deputado em longa audiência no Palácio. Após um leve desarmamento de espírito e permuta de gentilezas, aquele que se prenunciava como um grande gargalo de gestão foi parcialmente contornado com um simples gesto de tolerância e boa vontade. Ponto para a maturidade exibida pelos dois lados. Uma simples atitude de humildade e abertura pode ser a solução de problemas aparentemente insolúveis. Lição para todos nós, em especial para os políticos.

CRATEUENSES

Por falar em Governo Camilo, há muita gente de Crateús e região que, mesmo sem exercer mandato, possui laços fortes com a nova gestão. Só a título exemplificativo: a crateuense Janaína Farias é assessora especial do Governador. Moacir Soares é amigo-irmão do doutor Carlile Lavor, Secretário de Saúde.

SECRETARIADO

O Prefeito Mauro Soares anunciou uma mudança no Secretariado. Os novos nomes merecem aquilo que a todo principiante é ofertado: um período de carência para o desdobramento do chamado voto de confiança. Alguns sinais emergiram: o ex-Prefeito Carlos Felipe mostrou que possui força tutelar sobre o atual: emplacou quem lhe era caro (como a própria consorte) e vetou desafetos(como José Humberto e Adriano das Flores). Aparentemente Mauro Soares se compôs com Elder Leitão, entregando-lhe uma das pastas estratégicas: a Saúde. Esta, no entanto, é a mais delicada área da gestão, onde a demanda é sempre superior à capacidade de atendimento. Pode ser uma faca de dois gumes. Robusto abacaxi, caieira de problemas, a Saúde constitui a principal empreitada que Elder enfrentará depois que passou a ocupar assento na máquina municipal. Seu espaço e destino na sucessão municipal estão diretamente vinculados ao resultado da cirurgia que necessariamente terá que realizar na Saúde local.

PARA REFLETIR

“O que é a intolerância?” E, respondia: É o apanágio da humanidade. Estamos todos empedernidos de debilidades e erros; perdoemo-nos reciprocamente nossas tolices, é a primeira lei da natureza”. (Voltaire)

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

CONJUNTURA NACIONAL

Dinheiro e não pronomes

Abro a primeira coluna do ano com a matreirice mineira.

Benedito Valadares chegou a Curvelo/MG, para visitar a exposição de gado do município. Na hora do discurso, atrapalhou-se:

- Quero dizer aos fazendeiros aqui reunidos que já determinei à Caixa Econômica e aos bancos do Estado a concessão de empréstimos agrícolas a prazos curtos e juros longos.

Lá do povo, alguém corrigiu:

- É o contrário, governador! Empréstimo a prazo longo e juro curto.

- Desde que o dinheiro venha, os pronomes não têm importância.

Precisamos trabalhar

O brigadeiro Eduardo Gomes fazia, no largo da Carioca (Rio de Janeiro), seu primeiro comício da campanha presidencial de 1945. A multidão o ouvia em silêncio:

- Brasileiros, precisamos trabalhar!

Do meio do povo, uma voz poderosa gritou:

- Já começou a perseguição!

Bagunça geral. O comício quase acabou.

O espírito do ano: dureza

2015, como se sabe, será um ano de ajustes. Um ano duro. Dureza, nesse caso, quer significar aperto nas contas, corte de gastos supérfluos (e até comendo as beiradas de gastos necessários), contenção de despesas, eliminação de milhares de cargos comissionados nas administrações estaduais e municipais, cofres mais vazios. Essa é metade da aura de 2015: a outra metade atingirá o bolso. Inflação alta, superando o teto da meta, alimentos, gasolina, energia, transportes mais altos, enfim, a planilha de bens e serviços mais caros baterá forte no bolso do consumidor. A alma consumista entrará em confronto com o espírito do ano. Teremos turbulência.

Movimentos nas ruas

É mais que previsível a reocupação das ruas - a partir do principal polo difusor de ideias do país, São Paulo - pelos movimentos organizados. Há um grupo de jovens líderes que quer aparecer na onda. Vão dar duro para liderar correntes sociais, a partir de Guilherme Boulos, um sujeito que aprecia visibilidade, principalmente a fosforescente. As centrais sindicais vão se agitar para evitar perdas em um ano de muitos sacrifícios. Baterão bumbo. Pretendem alertar à presidente sobre compromissos por ela assumidos na campanha. Categorias profissionais também afinarão suas tubas.

O puxão de orelhas em Barbosa

Nelson Barbosa é pessoa recatada, séria, um técnico muito comedido nas palavras. Um sujeito pacato. Disse apenas o que já se sabia em uma fala apressada com jornalistas. Que uma nova regra iria ser apresentada para correção do salário mínimo, a partir de 2016. De acordo, aliás, com o discurso de ajuste alinhado com a nova equipe econômica. As centrais não gostaram, enxergando na fala de Barbosa perda residual no mínimo. Dilma recebeu comunicação de Mercadante, que também faz o papel de parlador-mor. E ligou para o novo ministro do Planejamento mandando que ele se desmentisse. O que foi feito com uma nota. Barbosa, o comedido, não deve ter gostado. Passará um tempo de bico calado. Para não ter de suportar um segundo puxão de orelhas.

Levy, sob observação

Há quem diga que Joaquim Levy, caso tivesse de se desdizer em menos de 24 horas, sob ordens da presidente, não teria cumprido a ordem. Daria um adeus ao governo. Dono de vastos conhecimentos econômicos, o doutor pela renomada Escola de Chicago com experiência em ajuste de contas de governos, tem plena consciência de sua autoridade, não se dobrando a conceitos com os quais não concorda. Por isso, não são poucos os que acham que, em caso de confronto temático-conceitual com a presidente, não terá receio de pedir o chapéu. O mais provável é que continue por um bom tempo, até as camadas tectônicas da economia se acomodarem.

A índole presidencial

Já se conhece a índole mandona da presidente, seu jeito autoritário de ser. Os políticos, porém, sabem que a presidente terá de se curvar à real politik, que é a maneira brasileira de fazer política, com um agrado aqui, um benefício acolá, um adjutório ao corpo parlamentar. O voto, eles têm. E se negarão a ceder os votos em todas as votações. Por isso, esperam que Dilma seja mais acessível ao clamor da política. A conferir.

Lula no entorno

As alas dilmista e lulista estão em litígio. A presidente escolhe perfis mais próximos a ela, quadros do Rio Grande do Sul, como Pepe Vargas e Miguel Rossetto, afastando a turma de Lula. Mercadante, mesmo fazendo parte da CNB, há tempos se distancia do ex-presidente. É natural que Dilma escolha quadros com os quais mantém afinidade. Mas é visível a querela entre lulistas e dilmistas. A presidente sabe que a tendência Construindo um Novo Brasil, que reúne outras facções do PT, é amplamente majoritária. Lula, por sua vez, se esforça para resgatar a alma do petismo histórico e começa a se preparar para 2018. Apesar da rixa entre os grupos, ela e Lula procuram preservar a boa relação. De irmã para irmão mais velho.

Lula doente?

Balela. Corre pelas redes sociais a informação de que Luiz Inácio estaria às voltas com a recidiva de câncer. Fofoca. Intrigas. Ele está bem de saúde, segundo pessoas que estão no seu entorno. Idas e vindas do ex-presidente para muitos cantos e recantos demonstram vitalidade.

Mercadante

Aloizio Mercadante encarna mesmo o papel de primeiro-ministro. É centralizador, preparado, um técnico de alta competência e um parlamentar com formidável experiência. Em um ministério de figuras apagadas - com exceção de uns poucos - tende a ganhar mais força e visibilidade. Teria sido dele a ideia da presidente exigir o desmentido de Barbosa sobre a nova regra para o salário mínimo entre 2016/19.

Insatisfações

O PMDB começa a ser chamado de partido de secretarias : da Pesca, da Aviação Civil e dos Portos. O fato é que, apesar de adicionar uma Pasta a mais às cinco que detinha no primeiro mandato, o maior aliado do governo foi contemplado com ministérios de menor importância. Quer compensar as perdas com cargos de segundo escalão. Ameaça tornar-se independente no Senado. Se o rebuliço ocorrer na Câmara Alta, imagine-se o que pode ocorrer na Câmara.

Estratégia de Dilma

A presidente distribuiu a estrutura ministerial de forma a contemplar as seguintes estratégias : diminuir força do PMDB ; fortalecer forças dos partidos médios - PDT, PTB, PSD, PROS, PC do B etc. ; tirar mais peso do PT lulista e reforçar a ala dilmista. Nessa linha, o novo ministro das Cidades, Gilberto Kassab, foi motivado a refundar o antigo PL e, depois de criado, fazer a fusão com seu PSD. Surgiria, então, um partido maior que o atual PMDB, a segunda bancada da Câmara. A conferir.

Maré brava

O novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, acenou com alta de impostos. Os preços represados de bens e serviços abrirão porteiras. As ações da Petrobras caem no fundo do poço, a ponto de ameaçar a viabilidade do pré-sal. A inflação tende a estourar o teto da meta, de 6,5%. As categorias profissionais exigirão aumentos acima da inflação. O arrocho será inevitável.

Falta de credibilidade

Prioridade das prioridades, definida no discurso de posse da presidente : fazer do país uma Pátria Educadora. Ora, mas boas intenções e slogans não são capazes de sustentar um bom programa. Urge credibilidade a quem cabe a responsabilidade de executá-lo. O novo ministro da Educação, Cid Gomes, não está no rol de pessoas críveis. Já chegou a dizer que professor de ensino público deve ensinar por prazer, não para ganhar dinheiro. Se for o caso, deve mudar para o ensino privado. O ex-governador do Ceará é aquele que pegou a família, sogra junto, e levou-a para um passeio pela Europa. Com recursos públicos.

Embate

A ministra da Agricultura, Katia Abreu, afirma que não há mais latifúndios no Brasil. O MST diz que eles ainda existem. E o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, entra na dança ao dizer que "não basta derrubar cerca do latinfúndio", mas fazer a reforma agrária. Ministros com armas em plena arena. Do mesmo governo.

Demissões

Mais de 800 trabalhadores demitidos na Volks. Metalúrgicos ameaçam com greve. Demissões na imprensa. Grupo Abril em refluxo. Metade do prédio de Veja entregue à Previ, que alugará os espaços desocupados a novos clientes. Crise começa chegar nas frentes do Emprego.

E as chuvas, hein?

Quanto mais pé d'água em São Paulo, com queda de árvores e destruição de imóveis, menos água no sistema Cantareira. O nível está deixando os 7%. Como será a vida daqui a uns três, quatro meses, se não chover bastante até lá ? Não ouvi ainda explicação satisfatória.

Fecho a Coluna com mais essa deliciosa historinha.

Tu não vais, não é?

Luís Simões Lopes era um miniditador. Diretor do DASP, fazia o que queria, com apoio de Getúlio. Mandou ofício aos ministros com uma série de determinações. Enquadrava todo mundo. Osvaldo Aranha, ministro da Fazenda, recebeu, leu, devolveu:

"Ao remetente: vá à merda."

Entregou ao chefe de gabinete. O chefe de gabinete ficou em pânico:

- Devolver pelo protocolo reservado, não é, senhor ministro?

- Não, pelo protocolo comum.

Era um escândalo. De mão em mão. Luís Simões Lopes recebeu, ficou furioso, foi a Getúlio pedir demissão. Getúlio puxou uma baforada do charuto:

- Ora, Luís, para que demissão? Tu não vais, não é? Não indo, tu desmoralizas o Osvaldo. Ele vai ficar uma fera. Tu sabes. Tu sabes.

Luís Simões Lopes foi. Mas foi de volta para seu gabinete no DASP.

(Gaudêncio Torquato)

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

7 DICAS PARA UM ANO NOVO MELHOR!

Não importa como tenha sido o seu ano, nós sempre queremos que o próximo seja melhor. Pensando nisso eu vou dar 7 dicas infalíveis que, se forem seguidas a risca, certamente vão tornar o ano vindouro muito melhor que o anterior.

São coisas simples, possíveis para qualquer pessoa que esteja disposta a crescer, desenvolver-se como pessoa e ter mais paz e sucesso.

Dica 1: Perdoar. Isso significa abrir mão de sentimentos de mágoa, raiva, decepção e qualquer tipo de ressentimento que você tenha acumulado durante esse ano contra qualquer pessoa, governo, instituição ou situação. Quando você guarda qualquer tipo de ressentimento você entra inconscientemente em um estado de vitimização. Um lado seu não está assumindo a plena responsabilidade pela sua felicidade pois está culpando outras pessoas e situações por sentimentos que você guarda. Uma parte da sua energia está presa no passado a algo que não vai mudar. A sua criatividade fica comprometida. Processos inconscientes de autossabotagem começam a acontecer, pois a vítima não nos permite crescer. Vitimização atrai mais vitimização.

Você precisa assumir 100% da responsabilidade pelo seu bem estar. O que outras pessoas fizeram contra você é responsabilidade delas. Mas, os seus sentimentos, a sua reação emocional, é de sua total responsabilidade. E eu sei que, muitas vezes, perdoar não é tão fácil quanto gostaríamos.

E, pra se aprofundar nesse tema, você pode também perdoar fatos anteriores do seu passado. Outra coisa importante… você deve também perdoar a si mesmo por qualquer erro, arrependimento, culpa, fracasso e etc. pra que você não se torne uma vitima de si mesmo que se pune e autossabota.

Dica 2: Limpeza. A limpeza deve ser feita em dois níveis: emocional e material. O nível emocional envolve o perdão que falei anteriormente, mas não só isso. Você pode e deve limpar também todo e qualquer tipo de emoção negativa que ficou acumulada do ano (e também do passado mais antigo): sentimentos de medo, tristeza, fracasso, frustração, perdas e etc. Livre desse peso negativo você vai se tornar uma pessoa muito mais criativa, em paz, e produtiva.

Já a limpeza no nível material envolve separar tudo o que você não utiliza mais e doar, vender ou jogar fora em um exercício de desapego. Isso inclui roupas, sapatos, eletrônicos, cabos, papeis e tudo mais que fica entulhado na sua casa contribuindo pra desorganização e bloqueio do fluxo de energia. A maioria das pessoas tem grande dificuldade de descartar o que não usa mais por causa de sentimentos de escassez, de que poderá precisar depois. Mas a maioria dessas coisas já está a anos sem uso e nunca serão reutilizadas. Faça essa limpeza e sinta o alivio que isso traz.

Dica 3: Agradecer. O estado da gratidão é o mais poderoso que existe para gerar abundância e atrair mais situações positivas. Enquanto que o estado da lamúria e reclamação atrai e ajuda a repetir situações desagradáveis. Por isso a recomendação é simples. Pare de reclamar e comece a agradecer. Faça uma lista de pelo menos 50 coisas que aconteceram no ano que são reais motivos pra você agradecer, e agradeça todos os dias por isso. Quem agradece sempre, cria uma estrada que leva a mais gratidão.

Dica 4: Clarear. A maioria das pessoas sabem apenas o que elas Não querem. Basta ver a lista de coisas que elas reclamam. Tudo aquilo que você dá atenção, cresce. Você precisa começar a se perguntar o que é que você deseja no lugar daquilo que você não quer. É importante ter clareza daquilo que você deseja para poder dar atenção e fazer crescer.

Dica 5: Visualizar. Depois de ter a clareza do que você realmente quer, é importante que você visualize essa nova realidade em detalhes como se ela já estivesse acontecendo agora. Além de visualizar, sinta durante esse exercício todas as emoções boas que essa realidade desejada traz pra você. Quanto mais você conseguir visualizar e sentir, mais você conseguirá ativar vários mecanismos inconscientes de criação da realidade e a lei da atração que vão ajudar a manifestar o que você deseja. Dedique alguns minutos por dia a esse exercício. Três minutinhos já vão fazer diferença.

Dica 6: Eliminar os sabotadores. Eu chamo de sabotadores os sentimentos e pensamentos negativos que atrapalham a sua chegada nos seus objetivos. Quando você pensa em atingir seus objetivos, vão surgir crenças limitantes, medo de não dar certo, medo de julgamento, sensação de incapacidade e etc… Imagine se você conseguisse simplesmente eliminar esses pensamentos e sentimentos? Seria muito mais fácil atingir o que você deseja. É possível sim eliminar os sabotadores.

Dica 7: Agir! As pessoas ficam paralisadas e não dão o primeiro passo. Talvez por que sintam que é tudo muito complicado ou por não terem a clareza exata de todos os passos que tem que dar pra conseguir o que desejam. Só que a clareza vai surgindo a medida que você entra em ação. Ao dar o primeiro passo você vai começar a enxergar qual é o segundo passo e depois o terceiro… Colocar-se em ação dando o primeiro passo dissolve o medo e lança uma luz que vai clarear mais alguns metros da sua caminhada.

Tenha um ano novo incrível!

André Lima