sábado, 12 de setembro de 2009

MENSAGEM À CLASSE ADVOCATÍCIA DO CEARÁ

Quando se aproxima novo embate para a escolha dos dirigentes da OAB, mais se faz notar o prestígio dessa instituição, como um dos sólidos pilares para o aperfeiçoamento da democracia brasileira.

A importância da Ordem dos Advogados do Brasil em nosso País, em face do papel de grande relevância que desempenha no cenário nacional, e, por isso, credora do respeito e admiração do nosso povo, chega a ser um patrimônio da República brasileira, estando muito acima do restrito papel de órgão representativo de uma classe profissional.

Aos que fizeram opção pela tão bela quanto difícil arte de advogar, atuando em campo e horizonte tão vastos, devem cuidar de fortalecer a nossa entidade, contribuindo para a realização de um pleito limpo, transparente, democrático, onde prevaleça a vontade da maioria, com o respeito a todos, eleitores e candidatos, não fazendo de injúrias, ofensas, indignidades e insinuações malévolas, o seu instrumento de pretenso convencimento em busca de voto. A eleição da OAB, como entidade paradigma da sociedade, mais do que nunca deve representar um memorável acontecimento, ordeiro e festivo.

A nós, signatários desta mensagem, intransigentemente fiéis ao ideário da gloriosa Ordem dos Advogados do Brasil, calejados no cumprimento do honroso ofício da advocacia e partícipes com muito orgulho da história da OAB, pela nossa natural maturidade, cabe não somente o dever, mas a obrigação de nos posicionar diante de tão notável evento.

E este posicionamento é de apoio à candidatura do ilustre colega VALDETÁRIO MONTEIRO, honrado, dinâmico, independente e intrépido profissional do direito, até porque no dicionário do advogado não figuram os vocábulos subserviência e covardia. Homem de origem modesta, que triunfou em sua vida profissional mercê de seu esforço e reconhecida competência, Valdetário tem emprestado sua valorosa colaboração à OAB, como ex-Presidente da Comissão de Estudos Tributários, como Secretário Geral, quando se revelou excelente administrador e, presentemente, como extraordinário Presidente da Caixa de Assistência, com realizações nunca dantes vistas em benefício da classe.

O nosso candidato tem manifestado que, se eleito, não concorrerá a um segundo mandato e nem fará da OAB trampolim para disputas político partidárias. De outra parte a experiência e vocação patentes em sua corajosa trajetória, justificam a nossa opção pelo seu nome à Presidência da Seccional da OAB, na certeza da continuidade de um incessante trabalho a favor da categoria, além da permanente vigilância na defesa das prerrogativas do advogado e dos direitos da pessoa humana.

Por tais e tantas razões, pedimos aos prezados colegas advogados e advogadas o voto em VALDETÁRIO MONTEIRO, que encabeça o Movimento OAB PRA VALER.

Fraternalmente,

Ernando Uchoa Lima, Advogado, ex-Presidente da OAB-CE por dois mandatos e ex-Presidente do Conselho Federal da OAB;

Raimundo Bezerra Falcão, Advogado, Professor de Direito da UFC e ex-Presidente da OAB-CE;

José Danilo Correia Mota, Advogado, foi Membro da Diretoria da OAB-CE, Conselheiro, por três mandatos, Presidente da Caixa de Assistência; Membro e Presidente do Tribunal de Ética da OAB-CE;

José Júlio da Ponte, Advogado, Professor de Direito da Unifor, foi Membro da Diretoria e Conselheiro da OAB-CE por três mandatos e ex-Diretor da FESAC.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

PARABÉNS, HERMANO!


Hoje celebramos a vida do Hermano, meu filho caçula. Quando ele ainda era pequenino, escrevi esse acróstico para ele:

Honra-me muito te louvar como filho
Errante garoto de espírito andarilho
Represo a água que escorre de tua fonte
Medito sob a luz que brilha em tua fronte
Adoro tua alma de precoce poeta
Nomeio-te líder dos céus, patrono dos montes
Ordeiro guerreiro da bondade secreta!

Todos sabemos da carga energética, da magia contagiante que transita no córrego de todo nome.

HERMANO – irmão em espanhol – é fruto de um lampejo que tive quando escutava “Los Hermanos” - composição do argentino Atahualpa Yupanqui, pseudônimo de Héctor Roberto Chavero - na voz fenomenal da inesquecível Elis Regina.

Segue, abaixo, uma tradução livre que fiz:

Yo tengo tantos hermanos / Eu tenho tantos irmãos
Que no los puedo contar / Que não os posso contar
En el valle en la montaña / No vale, na montanha
En la pampa y en el mar / No pampa e no mar
Cada cual con sus trabajos / Cada qual com seus trabalhos
Con sus sueños cada cual / Com seus sonhos cada qual
Con la esperanza delante / Com a esperança adiante
Con los recuerdos detrás / E as lembranças atrás
Yo tengo tantos hermanos / Eu tenho tantos irmãos
Que no los puedo contar / Que não os posso contar

Gente de mano caliente / Gente de mãos calejadas
Por eso de la amistad / Por isso, da amizade
Con um lloro para llorarlo / Com lágrimas para chorar
Con un rezo para rezar / Com oração prá rezar
Con un horizonte abierto / Com um horizonte aberto
Que siempre esta más allá / Que sempre está mais prá lá
Y esa fuerza pa buscarlo / E essa força prá buscá-lo
Con tezón y voluntad / Com muito tezão e vontade
Cuando parece más cerca / Quando parece mais perto
Es cuando se aleja más / É quando se distancia mais
Yo tengo tantos hermanos / Eu tenho tantos irmãos
Que no los puedo contar / Que não os posso contar

Y asi seguimos andando / E assim seguimos andando
Curtidos de soledad / Curtidos de solidão
Nos perdemos por el mundo / Nos perdemos pelo mundo
Nos volvemos a encontrar / Voltamos a nos encontrar
Y asi nos reconocemos / E assim nos reconhecemos
Por el lejano mirar / Pelo distante olhar
Por las coplas que mordemos / Pelos versos que mordemos
Semillas de imensidad / Sementes de imensidade
Y así seguimos andando / E assim seguimos andando
Curtidos de soledad / Curtidos de solidão
Y en nosotros nuestros muertos / E em nós os nossos mortos
Pa que nadie quede atrás / Prá que ninguém fique atrás
Yo tengo tantos hermanos / Eu tenho tantos irmãos
Que no los puedo contar / Que não os posso contar
Y una hermana muy hermosa / E uma irmã muito formosa
Que se llama libertad / Que se chama LIBERDADE.

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Olá Júnior,

Junto-me a você para parabenizar, seu filho. Que Deus ilumine os caminhos do Hermano e que a felicidade seja uma parceira presente agora e sempre.

É muito bonito ver você, Júnior, valorizando seu lado familia nesse blog.

Um abraço,
Dalinha

A FELICIDADE É POSSÍVEL!


A luta pela sobrevivência está brutalizando o ser humano. As pessoas vivem extremamente pressionadas. A competição tem servido como justificativa para todos os tipos de absurdos. Milhões de anos depois do homem das cavernas, a vida continua sendo um campo de batalha. As pessoas destroem a si mesmas e aos outros para atingir suas metas. A maneira como constroem seu sucesso é agressiva, e a vitória é saboreada solitariamente, devido ao medo dos adversários.

O preço disso tudo tem sido muito alto. É impressionante o aumento do número de famílias desagregadas, do consumo de drogas e da violência insana que nos cerca. Há empresas cujos gerentes, com mais de dez anos de casa, sofreram infarto. Em muitas delas, as pessoas são consumidas como laranjas: espreme-se o suco e joga-se fora o que delas sobrou, o bagaço. Perdeu-se a dimensão do ser humano. Os Tempos Modernos de Chaplin estão cada dia mais atuais.

A sociedade transformou-se em um liquidificador de sonhos, triturando a nobreza da maioria das pessoas. Os sonhos vão sendo substituídos por destruição.

Na adolescência, queremos viver um grande amor, mas depois dominamos a pessoa amada.

Na juventude, sonhamos criar um planeta melhor, mas depois de algum tempo só pensamos em juntar o máximo possível de dinheiro.

Queremos ser amigos de nossos filhos, mas exigimos deles obediência incondicional.

No começo da vida profissional, toda pessoa quer um trabalho que a realize. Algum tempo depois, essa realização significa conseguir dinheiro suficiente para comprar tudo aquilo que se deseja ou para pagar as contas no final do mês.

Chamam a isso processo de maturidade. As pessoas substituem a ingenuidade pelo realismo. Na verdade, o que ocorre é um empobrecimento da vida. Os sonhos vão se atrofiando, diminuindo de tamanho, até se reduzir a prêmios de consolação.

Como uma loteria, a sociedade cria prêmios. Todos apostam suas vidas, mas poucos efetivamente conseguem sua realização pessoal. É triste ver tanta gente correndo atrás de ilusões.

Basta! Está na hora de colocarmos um ponto final nessa mentalidade pobre em que, para alguém ganhar, outro tem de perder. Mentalidade miserável como essa só pode criar um mundo miserável. A exploração começa na empresa, passa por marido ou esposa, chega aos filhos e, no final, você descobre que o maior prejudicado foi você mesmo. A lei da selva precisa acabar, e, para que isso aconteça, deve primeiro desaparecer dentro de nós.

É perfeitamente possível ganhar muito dinheiro e construir uma família feliz. Ter uma empresa lucrativa, na qual todos se sintam felizes de trabalhar. Ter um casamento feliz e criar uma vida profissional gratificante. Tudo isso é possível quando se tem fé na existência.

(Por Roberto Shinyashiki)

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

CONJUNTURA NACIONAL

CÔMPUTO E COMPUTO

Pachequinho e Chico Fulô eram muito populares e vereadores do PTB em Belo Horizonte. Disputavam as mesmas áreas e viviam brigando. Na tribuna, Waldomiro falava de tuberculose e tuberculosos, seu assunto predileto:

- A cidade está cheia de tuberculosos. Não sei ao certo quantos são, mas eu computo...

Pachequinho aparteou:

- Não é computo não, ilustre vereador. É cômputo.

- Eu sei que é cômputo. Mas, falando com Vossa Excelência, eu falo computo.

Foram às vias de fato. Quem conta é o impagável amigo Sebastião Nery.

PEIXE FORA D’ÁGUA

Vejamos, agora, esta historinha, ocorrida em 24 de junho de 1986, noite de São João, em Fortaleza, Ceará. Tasso Jereissati, convidado por Barros Pinho, deputado estadual do MDB, dirige-se a um clube de um grande bairro popular de Fortaleza. É a sua primeira experiência no meio do povo. Candidato a governador do Ceará, sua missão é presidir um júri que vai julgar fantasias juninas. Está completamente deslocado, um peixe fora d’água. Chega ao ambiente e sob conselho deste escriba, vai, de mesa em mesa, fazendo rápida apresentação. Começa a presidir o evento. Encabulado, não sabe o que fazer. Enrola-se. Só era conhecido no bairro de classe média alta, Aldeota. Tinha menos de 2% de intenção de voto.

SE POLÍTICA FOR ISSO...

Depois do evento junino, angustiado, ele, Sérgio Machado, na época seu braço direito e este escriba dirigem-se a um restaurante na praia para degustar uma lagosta. Sob o efeito do uísque tranquilizante, Tasso desabafa: "desisto, amigos; se política for isso, assistir a batizado, casamento, velório, festa junina, não contem comigo". O iniciante estava transtornado. Insatisfeito com sua performance. No Hotel Esplanada, numa máquina Lettera 22, esbocei o planejamento de sua campanha. O moderno contra o arcaico. Tasso deu um banho nos três coronéis que comandavam a política cearense: Virgílio Távora, César Cals e Adauto Bezerra. Com 600 mil votos de diferença.

LULA CAI

Luiz Inácio, também conhecido como efeito teflon (nada gruda nele), caiu quatro pontos na pesquisa Sensus desta primeira semana de setembro. O clima conturbado – defesa de Sarney e outros pontos de tensão na esfera federal – baixaram um pouco a bola de Lula. Que, imediatamente, puxou a alavanca da imagem, elevando o tom a respeito do Pré-Sal e sua importância para a elevação do país à condição de potência do petróleo. A propaganda governamental – intensa e com foco na auto-estima dos brasileiros – poderá resgatar os pontos perdidos por Lula.

SARKOZY E O COFRE CHEIO

O Brasil vai às compras. E começa a desfraldar a bandeira de Nação mais forte da região nas frentes naval e aeronáutica. O pacote comprado da França – submarino, helicópteros e os aviões de caça Rafale – deverá chegar aos R$ 31,1 bilhões. Os recursos serão financiados por bancos franceses e espanhóis. Lula fechou posição em torno do avião francês, que é o mais caro. Os americanos e os suecos ficarão – literalmente – a ver navios. Dizem que os EUA não ganharam a parada porque poderiam vetar a transferência de tecnologia. E o avião sueco ainda está no desenho. Pode ser. Argumento central: o Brasil quer usar a França como parceira estratégica.

SERRA, O DOBRO DE DILMA

José Serra tem, hoje, um índice de intenção de voto que é o dobro do conseguido por Dilma Rousseff: 39% a 19%, segundo a pesquisa Sensus. Mas Dilma poderá chegar aos 30%. Serra poderá oscilar, na campanha, entre 40% a 45%. Com os votos de Marina Silva e Ciro Gomes, teremos um segundo turno mais que agitado. O voto de decisão será influenciado por: fatores econômicos, episódios pontuais – circunstâncias – e um inesperado golpe de sorte de algum candidato, sendo este fator bastante imprevisível.

PAC CONTINUA EMPACADO

O Programa de Aceleração do Crescimento é um slogan que acabará se transformando em bumerangue. Vejam só: em São Paulo, apenas 6% das obras previstas pelo PAC estão dentro do calendário. Ou seja, mais de 90% não entraram nos eixos. Por isso mesmo, Lula já não fala muito desse empacado PAC. A recorrência, agora, é pré-sal, pré-sal, pré-sal... Que, como se sabe, vai mostrar petróleo rentável apenas entre 2020/2025.

CUIDADO, CANDIDATOS

Importar modelos é uma prática lastimável. Na campanha presidencial da Argentina de 1999, uma peça produzida por um marqueteiro brasileiro mostrava o candidato governista, Eduardo Duhalde, cabisbaixo, e um locutor dizendo: "Você acha justo o que estão fazendo com ele?" Para a machista sociedade argentina, um candidato que se apresenta como perdedor é o retrato de uma tragédia. A peça provocou a ira implacável da mulher do candidato, Hilda. A cultura argentina não cultiva tanto a emoção quanto a brasileira. O trabalho, considerado amador, provocou a queda de Duhalde nas pesquisas. Foram torrados US$ 25 milhões em dois meses.

SER OU NÃO SER

Antônio Palocci continua tomado por dúvidas; ser ou não ser candidato ao governo de São Paulo? Em não sendo, cederá o lugar a Emídio de Souza, o prefeito de Osasco. Ciro Gomes, com medo de perder, já se retira do páreo paulista. Apesar de eventual decisão para fincar, aqui, raízes eleitorais. Tem apartamento pronto e vago para morar e basta mudar o título eleitoral. Prazo: final deste mês.

ALOYSIO E ALCKMIN

Vamos às últimas a respeito de Aloysio Nunes Ferreira, o chefe da Casa Civil de José Serra, e Geraldo Alckmin, secretário do Desenvolvimento. O quadro não mudou. Aloysio continua sendo o candidato do governador Serra e do prefeito Kassab para o governo. Ostenta, hoje, algo como 4% dos votos. Alckmin tem, hoje, cerca de 45% de intenção de voto. Mas não conta com a preferência do governador e do prefeito. Que acreditam ser possível, mais adiante, alavancar a candidatura do chefe da Casa Civil. Para Geraldo, restaria uma vaga para o Senado. A conferir.

RISCO? COMIGO NÃO, VIOLÃO

Mas José Serra, ao que se sabe, não é muito disposto a enfrentar riscos. Principalmente quando o risco é mais alto que o sonho de chegar ao Palácio do Planalto. Se perceber que uma derrota em São Paulo poderia ameaçar seu voo, Serra colocará outra pessoa no lugar de Aloysio. E essa pessoa, só em última análise, seria Alckmin. Há mais chances, por exemplo, de ser o próprio prefeito Kassab. E mais: se Serra perceber que a vitória no pleito presidencial é algo tão distante que escapa à vista, desistirá. Convocará Aécio Neves. Que também já se movimenta pelo país. Ambos – Serra e Aécio – estão combinados.

QUERELAS SALGADAS

Nas próximas semanas, o país mergulhará em águas salgadas. Os quatro projetos em torno do Pré-Sal deverão acirrar os debates na Câmara e no Senado. O mais polêmico dirá respeito à partilha dos royalties, cuja Comissão terá como relator, o deputado Henrique Alves (PMDB-RN), líder do PMDB na Câmara, e como presidente, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Os canhões para disparo de sal começam a ser fabricados.

BOMBA ATÔMICA?

Será que o Brasil tem condições tecnológicas para fabricar a bomba atômica? Tem, sim, garante o general Alberto Mendes Cardoso, ex-chefe da Casa Militar e do Gabinete de Segurança Institucional no governo FHC. Se um general que ostenta cargos como o que exerceu Alberto Cardoso afirma, categoricamente, essa possibilidade, não se pode por dúvida. Este escriba não duvida de opiniões com este calibre. Mas, e daí? Uma coisa é saber fabricar, outra é decidir fazer. Entre ambas, um oceano de distância. Até porque o Brasil não se sente ameaçado nem mesmo motivado a entrar no arsenal de guerra mundial.

E A POTÊNCIA NAVAL?

E, por que o país quer ser potência naval e aeronáutica, a mais forte da região, com a compra dos armamentos franceses? Será que o nosso petróleo poderá ser surrupiado? Piratas da Somália poderão fugir com os nossos cargueiros de óleo? Sei não. Essa justificativa – proteção de nossas costas e do nosso óleo – mais parece conversa mole para boi dormir ou, como diria o senador Marco Maciel, prosopopéia flácida para acalentar bovinos.

E A VACINA CONTRA A SUÍNA, HEIN?

Quando essa gripe suína estiver nos estertores, chegará ao Brasil um carregamento de vacinas da França: um milhão de vacinas. Os franceses ainda mandarão material para fabricação de 17 milhões de doses. É muita dose atrasada para muita gripe anterior.

AGRONEGÓCIO NO CODEFAT

O deputado Moreira Mendes (PPS-RO) defendeu a inclusão do agronegócio no CODEFAT. Como é sabido, a presidência do órgão caberia, por sistema de rodízio, a uma entidade patronal. Havia consenso que a CNA, presidida pela senadora Kátia Abreu, ocuparia a vaga. Contrariando expectativas e consensos, o comando do órgão foi direcionado ao improvisado CNS – Conselho Nacional de Serviços. Moreira Mendes conhece o setor de agronegócios e sabe melhor do que muitos o quanto aquele trade já rendeu em benefícios para o país.

TURISMÓLOGO

Aliás, Moreira Mendes também é autor do Projeto de lei 6906/02 (que estatui a profissão de turismólogo), que apresentou quando exercia o mandato de Senador. A proposta recebeu, semana passada, parecer favorável da relatora, deputada Maria Lúcia Cardoso (PMDB-MG), que acatou emendas ampliando sua abrangência. A seguir, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania aprovou o reconhecimento da profissão. Entre as atribuições desse profissional estão a organização de eventos, o planejamento e a divulgação de produtos turísticos, a formulação de políticas para o setor, a criação de roteiros turísticos e de planos de marketing, assim como o ensino na área. Para o exercício da atividade na área de turismo, o texto aprovado estabelece que o profissional deverá obter o registro em órgão federal da categoria, cuja criação ficará a cargo do Poder Executivo. Tramitando em caráter conclusivo, o projeto poderá ser remetido diretamente à sanção presidencial. Ele só será votado pelo Plenário se, no prazo de cinco sessões, houver recurso assinado por no mínimo 52 deputados.

7 DE SETEMBRO

Cada vez mais os desfiles de 7 de setembro são cada vez menos deslumbrantes. Tornaram-se frios e burocráticos. A taxa cívica, se ainda existe, não toca mais de perto os corações. Qual a razão?

LULA, DESTRAMBELHADO?

Essa foto de Lula segurando o presidente da França, Nicolas Sarkozy, por trás parece brincadeira de mau gosto. Se o presidente queria fazer gracinha com Sarkozy – buscando uma imagem engraçada no espelho – conseguiu efeito contrário.

TEMER AGRACIADO

Michel Temer, presidente da Câmara, será agraciado com a Medalha Cavaleiro na Ordem da Legião de Honra, que receberá, dia 15, em Paris. Agraciados foram também Sérgio Cabral, Ivo Pitangui e Paulo Coelho.

NORDESTE QUER VOLTAR À AGENDA

O senador César Borges (PR-BA) pretende promover um ciclo de debates sobre o Nordeste na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado, onde é vice-presidente. Em sintonia fina com a sugestão de Tasso Jereissati (PSDB-CE), o senador baiano, sempre com sua bússola calibrada para questões importantes, vai coordenar uma agenda visando avaliar a atuação de instituições como a SUDENE, o Banco do Nordeste e BNDES. Tasso deu a abordagem: o Nordeste e os gargalos de desenvolvimento saíram da agenda do Senado, da agenda nacional e da própria agenda do governo federal. O senador cearense tem suas razões.

CONSELHO AO PRESIDENTE LULA

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na edição passada, o espaço foi destinado ao corpo parlamentar. Hoje, volta sua atenção ao presidente Lula:

1. Tente dar ao Pré-Sal a identidade que ele carrega, sem diminuir nem acrescentar.

2. Mostre que os resultados do programa só serão alcançados dentro de 10 a 15 anos, evitando, dessa forma, exageros que ameaçam contaminar o palanque eleitoral de 2010.

3. Procure uma base mínima de consenso, pela via da congregação de interesses de Estados produtores e Estados consumidores.


(Por Gaudêncio Torquato)

terça-feira, 8 de setembro de 2009

ENTREVISTA


(Por Dideus Sales)

Na contracapa do seu livro “Amores e Clamores da Cidade”, escrevi que Júnior Bonfim é orador insigne, político habilidoso, poeta iluminado e cronista maiúsculo.

Conheci-o ainda muito jovem, no alvorecer da década de oitenta, e fiquei impressionado com tamanha desenvoltura, ocasião em que discursava para platéia superior a cinco mil pessoas que, como eu, acompanhava enlevada a cachoeira de frases muito bem metaforizadas e ricas em sintaxe.

O seminário fora a roça onde colhera os frutos que alimentaram e solidificaram sua prática humanística. Inebriado, sorvera na fonte do mensageiro da dignidade D. Fragoso, gota a gota, sábias lições de justiça social e de amor ao próximo.
Elegante ator dos palcos da política, não aplica revanchismo, usa a verve com competência para transitar nos íngremes e ínvios terrenos antagônicos, apregoando a conjugação do verbo contemporizar.

Sua nova obra é uma miscelânea tecida com fios da alma. Uma cascata que se derrama no Saara cultural da nossa terra e nos chega com toda graça, oferenda deste fulgurante escritor que se consolida como o melhor cronista da pátria dos Caratiús.

Integrante da GENTE AÇÃO, Júnior assina a Coluna “Gente Que Brilha”, onde apresenta perfis de crateuenses que se destacam nas suas áreas de atuação.

Hoje, recebemos o JB para um bate-papo.

GENTE DE AÇÃO – Como foi o lançamento do seu livro em Fortaleza?


JÚNIOR BONFIM – Para mim, um evento memorável. Primeiro, porque se transformou em um fraterno e emocionante encontro da colônia crateuense, que compareceu em grande número à festa. Segundo, porque agregou outros segmentos com os quais temos contato permanente: imortais da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza – AMLEF, à qual pertencemos; colegas operadores do direito; irmãos de militância maçônica; figuras expressivas do mundo político que atuam nas mais variadas agremiações partidárias; amantes das letras de todos os matizes e, por fim, amigos e amigas com os quais tecemos o linho da amizade. Obviamente, o fato do grande poeta e acadêmico Juarez Leitão, cuja eloqüência é festejada nas mais altas rodas literárias da Capital, haver se colocado à disposição para fazer a fala de apresentação foi um grande chamariz. Comoveu-nos especialmente o comparecimento de uma caravana de Aracati e a chegada surpreendente do estimado Senador José Neri, que nos brindou com um caloroso depoimento.

GENTE DE AÇÃO – Como está sua vida atualmente?


JÚNIOR BONFIM – Vivo hoje dedicado a um tripé que pode ser sintetizado em três efes:

- forense –
que compreende o exercício da atividade jurídica nos fóruns aquecidos pelo sol do nosso sertão e nos Tribunais bafejados pela brisa do litoral, onde milito na advocacia com paixão e alegria;

- filantrópico-literário –
abarca a necessidade que sempre alimentei de estar desenvolvendo algum trabalho suscitador da alegria de outras pessoas, da felicitação dos demais, visto ser algo que sempre retorna prá gente mesmo. É isso que eu procuro passar na Coluna que lapido nesta Revista. E também na página que assino no Jornal Gazeta do Centro-Oeste, de Crateús. Aliás, está na dedicatória do meu último livro que o escrevi fruto das provocações que você, amigo Dideus, e o jornalista César Vale me fizeram. Eis a razão de a obra ser dedicada a vocês dois.

GENTE DE AÇÃO – Você também possui uma página pessoal na internet?

JÚNIOR BONFIM – Ah! É verdade. Alimento um blog cujo acesso é pelo endereço http://juniorbonfim.blogspot.com/. Digo lá que é um espaço que se quer simples: um altar à deusa Themis, um forno que libere pão para o espírito, uma mesa para erguer um brinde à ética, uma calçada onde se partilhe sonho e poesia!

GENTE DE AÇÃO – E o terceiro efe, qual é?


- é o familiar –
as ondas tempestuosas da militância social, onde sempre estive imerso, via de regra nos impõem, dentre outros, um sacrifício íntimo: o distanciamento do universo familiar. Tenho buscado, ultimamente, reparar um pouco esse contratempo.

GENTE DE AÇÃO – Você tem algum projeto literário futuro? Pensa em escrever outra obra?

JÚNIOR BONFIM – Sim. Acho extremamente fascinante o manejo da escrita ou a arte de renomear as coisas. Meu primeiro livro foi de poesias; o segundo, de crônicas. Penso em desenvolver outra modalidade. Mas, antes de tudo, procuro cuidar do principal: regar o jardim dos bons pensamentos. Os franceses ensinaram que “bem escreve aquele que bem pensa”. E, ademais de pensar correto, procurar alimentar o laço matrimonial entre prédica e prática, entre a palavra gerada (seja ela escrita ou falada) e a ação desencadeada. Escrever ou falar nos coloca no palco da observação coletiva. Somos analisados por quem nos lê ou escuta. Por isso, temos que estabelecer uma vigília permanente sobre o nosso interior, ficar em sintonia freqüente com a voz íntima, a da consciência, que indica a trilha correta.

GENTE DE AÇÃO – Como surgiu a idéia de fundar a Academia de Letras de Crateús?

JÚNIOR BONFIM – Em 2007, quando ingressei na Academia de Letras Municipalista do Ceará – AMLECE – hoje, Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza – AMLEF, fiquei laborando mentalmente a idéia de fundarmos um Sodalício de Letras em Crateús. A semente germinou, a Academia foi oficialmente fundada em junho passado e os primeiros frutos estão surgindo, inclusive com o lançamento de obras novas de alguns acadêmicos.

GENTE DE AÇÃO – E o trabalho na área jurídica?


JÚNIOR BONFIM – Como ressaltei, é outra das minhas paixões. A pugna advocatícia é, a um só tempo, árdua e empolgante, desafiadora e envolvente. Associei-me a um grupo de colegas que atuam na área que tenho mais identificação, que é o Direito Público, e estou no pleno exercício desse múnus, que exige dedicação permanente.

GENTE DE AÇÃO – Qual o seu pensamento sobre a próxima eleição da OAB no Ceará?

JÚNIOR BONFIM – O processo eleitoral é um momento privilegiado para estimularmos o calor do debate, o aprofundamento das discussões. Tenho uma posição que, desvinculada de qualquer questão pessoal, é de natureza eminentemente conceitual: acho que é mais de uma reeleição, ou o chamado “terceiro mandato” – em qualquer esfera – é pouco republicano. No entanto, pondero que o debate jamais há que se quedar somente a esse item. Precisamos realizar uma reflexão abrangente, com caráter de totalidade, a fim de redesenharmos o papel de uma instituição que sempre esteve presente nos mais altos momentos da vida nacional.

GENTE DE AÇÃO – Que mensagem você quer deixar aos leitores da Gente de Ação?

JÚNIOR BONFIM – Faço minhas as palavras de Chaplin: “Nosso cérebro é o melhor brinquedo já criado: nele se encontram todos os segredos, inclusive o da felicidade.”

(Publicada na Revista GENTE DE AÇÃO)

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

OS SEGREDOS DE LULA


OS “SEGREDOS” DE LULA


RIO – Tancredo Neves, no fim de 1984, tinha um segredo sagrado: o vice-presidente. Depois de um ano costurando, com todo o seu talento, os receios militares e as alianças políticas, decidiu: o vice-presidente seria Antonio Ermírio de Moraes.

Por três razões. Era um nordestino empresário em São Paulo. Tinha dinheiro para a campanha. E o pai tinha sido senador do PTB, amigo de Getúlio, de João Goulart e dele.

Mas a Frente Liberal, saída do PDS, queria um pefelista do Nordeste. Quando Franco Montoro, governador de São Paulo, fez a reunião de governadores no palácio dos Bandeirantes para pedirem a Tancredo que deixasse o governo de Minas e saísse candidato a presidente, Tancredo lhe prometeu que o primeiro a saber o vice seria ele.

TANCREDO

Uma noite, em São Paulo, Tancredo disse a Montoro que ia convidar Antonio Ermírio. Montoro achou ótimo. E Tancredo pediu segredo absoluto, inclusive para Antonio Ermírio, porque a Frente Liberal estava reivindicando e a escolha tinha que ser anunciada no momento certo.

Uma tarde, em São Paulo, Montoro chamou ao palácio o jornalista Mauro Santayana, assessor de confiança de Tancredo. Na entrada, Mauro passou por Antonio Ermírio, que saía.

Montoro, que não confiava nos telefones do governo Figueiredo, como nenhum político sensato confia nos telefones de governo nenhum, pediu a Mauro que fosse a Minas dar um recado a Tancredo.

MONTORO

Depois de conversarem sobre as chamadas amenidades,Montoro falou:

- Diga ao Tancredo que o Antonio Ermírio aceitou.

Tancredo também não acreditava em telefone nem nas paredes do seu Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte. Quando Mauro chegou ao Palácio, Tancredo não quis conversa:

- Vamos para as Goiabeiras.

“Goiabeiras” é como Tancredo chamava o Palácio das Mangabeiras, residência do governador de Minas, no alto da serra. Entrou lá, em cujas salas e varandas também não acreditava, foi para a beira da piscina, serviu um uísque para os dois. Mauro sentou-se ao lado, esperou a conversa.

- Mauro, qual é o recado do Montoro?

- Mandou dizer que o Antonio Ermírio aceitou.

ERMIRIO

Tancredo pôs as mãos na cabeça e esfregou angustiadamente:

- Queimaram nosso candidato.

Mauro tentou aliviar a decepção de Tancredo:

- Mas isso só vai ficar entre Montoro e o Antonio Ermírio.

- Você não conhece a alma humana, Mauro? Hoje Ermírio conta à mulher e pede segredo absoluto. Amanhã, a mulher do Ermírio conta à melhor amiga e pede segredo absoluto. Depois de amanhã, já vamos ler numa coluna de jornal. A Frente Liberal exige o Sarney. E o vice vai ser o Sarney, que eles indicaram, e não o Antonio Ermírio, que eu queria.

E foi exatamente o que aconteceu. Um jornalista furou a noticia. Antonio Ermirio não guardou o segredo. Era o José Alencar de Tancredo que morreu pela boca. Sarney foi presidente por um segredo não guardado.

LULA

Lula não é Tancredo, não é Montoro, não é Antonio Ermirio, não é Sarney. Mas tem o complexo do “segredo”. Ele acha que antes dele no Brasil não houve nada e por isso vai desovando um a um seus “segredos” para o pais, numa paranóica megalomania que nem Freud explica,

Um dia anunciou o Fome Zero como se fosse criação dele e nem teve a delicadeza de dizer que o Fundo Contra a Pobreza já estava aprovado na Constituição, proposto por seu novo aliado Antonio Carlos Magalhães

Outro dia empacotou o Bolsa Família sem também ter a gentileza de confessar que seu ministro da Educação Cristovam Buarque já havia criado antes, ali em Brasília, o Bolsa Escola, e que Fernando Henrique também havia implantado outras “bolsas”, todas incorporados ao Bolsa Família.

JUSCELINO

Achava pouco. Precisava de um “segredão”. E jogou no colo da sua candidata Dilma Roussef o novo filho eleitoral, o PAC, que não passa de uma fraude orçamentária : um balaio de verbas já aprovadas, com nomes novos e destinos rebalanceados. E continuam mais verbas do que obras.

Agora, foi buscar em 60 anos de lutas nacionais seu ultimo “segredo” : a Petrobrás e o Pre-Sal, como se fossem descobertas e criações dele. Já que ele não lê, manda o Franklin Matins ler a pagina 4134 do “DHBB, Dicionário Historico-Biografico Brasileiro”, da Fundação Getulio Vargas:

- “Deixando o Executivo do Amapá, em 1° de fevereiro de 1956, um dia depois da posse de Juscelino na presidência da Republica o coronel do Exercito Janary Nunes assumiu a presidencia da Petrobrás (criada em 1953). Juscelino dedicou especial atenção ao petróleo, tendo por meta elevar a produção de 6.800 barris para 100 mil, até o fim do seu governo”.

PETROBRÁS

Cumpriu e a Petrobrás disparou. Depois de Janary, veio o coronel Sardenberg em 1959. De 62 a 64, Francisco Mangabeira. Com dirigentes, tecnologia, técnicos e recursos nacionais, a Petrobrás chegou ao Pré-Sal. Já que não respeita o pais, Lula precisa ao menos respeitar a historia.


(Por Sebastiao Nery)