terça-feira, 11 de agosto de 2009

OBSERVATÓRIO


Semana passada, encontrei Moacir Soares. Técnico de escol, boa índole, profissional dedicado, Moacir é um dos melhores quadros gerados no seio da Administração Pública de Crateús na década passada. Incompreendido pela intolerância política local, cumpriu aquela antiga assertiva bíblica: foi ser profeta fora de sua terra. Em Tauá, onde assumiu a pasta da Saúde, animou um processo revolucionário de elevação da qualidade dos serviços na área. Hoje, é o principal executivo da Secretaria de Turismo de Fortaleza, que tem à frente a ex-prefeita de Tauá, Patrícia Aguiar. Indago-lhe como estava e como está sendo tocado o setor de turismo na Capital. Ele responde:

A RECEITA

“Fortaleza é uma cidade bela. Tem 25 km de agradáveis praias, agenda cultural diversificada, noite agitada, culinária saborosa e um rico artesanato. Oferece tudo isso em meio a uma arquitetura que mescla história, modernidade e natureza. Por ter tudo isso, merece e vai ser a capital turística do nordeste brasileiro. Esse é o nosso sonho e também nosso desafio. Por isso a Dra. Patrícia formou uma equipe de alto nível, com os mais qualificados profissionais nos respectivos setores para associar a equipe já existente. Visando fomentar no grupo o espírito de coesão, alentar sonhos e fortalecer compromissos. Passamos 18 dias fazendo aquilo que na Psicologia denominamos “escuta profunda”. Fiquei esses dias ouvindo interativamente todos os servidores da SETFOR, identificando focos de problemas, expectativas, descrenças e coletando sugestões de trabalho. Ao final, estávamos com o Plano de Trabalho elaborado que serviu para subsidiar o nosso Plano Municipal de Turismo que entra em gestação a partir desse documento. Outra medida foi o mapeamento dos corredores turísticos da cidade, com delineamento de intervenções a serem realizadas a curto, médio e longo prazo. Só para que você tenha uma idéia, estamos trabalhando um projeto de S$ 50 milhões de dólares junto ao BID e o Ministério do Turismo para investimento em uma completa e eficiente infra-estrutura turística da Beira Mar, Praia de Iracema, Praia do Futuro, recuperação do patrimônio histórico, tratamento paisagístico, fortalecimento institucional dentre outros investimentos. Esse Projeto de Desenvolvimento Turístico vai promover, de forma planejada, a qualidade dos destinos e serviços turísticos da Capital. Alem disso, lançamos o projeto de Qualificação Profissional e Empresarial na área do turismo. Vamos qualificar 1.200 profissionais que compõem a cadeia produtiva do turismo para prestação de serviços turísticos no município de Fortaleza. São 18 cursos em diversas áreas, a maioria com carga horária de mais de 210 horas aulas que serão executados pelo SENAC orçados em mais de R$ 900.000,00. Vamos transformar nossa Fortaleza em um grande Pólo Turístico atendendo a preposição de Fortaleza Bela. Por fim, outro desafio assumido por essa gestão é o de ampliar a oferta turística da cidade. Para isso consta em nosso plano de trabalho fortalecer o turismo: Cultural, Gastronômico e de Base Comunitária. Caro Júnior, temos muito trabalho pela frente. Mas costumo dizer, que a cada vez que afirmamos ter uma dificuldade no fazer, existe de fato uma dificuldade no querer, que fica oculta na argumentação sobre o fazer. Se depender de vontade, iremos dar o melhor de nossos conhecimentos e de nossos tempos para respondermos ao novo desafio”.

A REINCIDÊNCIA

Ao final, após lamentarmos a ausência de uma evolução qualitativa na condução da gestão pública em Crateús, concordamos que um dos maiores empecilhos ao progresso é essa crônica histórica de intrigas provincianas e futricas rasteiras impregnada na atmosfera política da urbe. Invariavelmente, as pessoas que militam na política só se aproximam umas das outras com o fito de desgastar um terceiro. É sempre uma liderança defenestrando outra, um aliado destilando veneno sobre o outro. Essa rotina de defesa e agressão (defendo-me agredindo outrem e vice-versa) estanca o curso normal do córrego da prosperidade, sangra a veia vital do desenvolvimento. Quanto tempo perdem os líderes nos estratagemas da destruição? Quanta energia é desperdiçada nas contendas?

A REINVENÇÃO I

Tempo há de se inaugurar uma agenda diferente. Impende que alguém tome a iniciativa. E esta cabe a quem obteve a delegação popular para promover o governo de todos: o Prefeito. Ao Chefe do Executivo foi outorgada, pelo sufrágio popular, a magnânima missão de promover o governo do progresso. Para tanto, urge que se recrie, se reveja, se reinvente. Liberte-se das concepções sectárias que o tornam refém de interesses menores, de desejos de grupelhos, da ganância de minorias. Na comunicação, acione mais o órgão receptor do que o emissor. Faça a escuta profunda do que pensa aquele que toca a máquina: o servidor público. E, em especial, daquele que está ao largo de tudo: o sentimento popular.

A REINVENÇÃO II

Se tivesse parado para ouvir, escutar profundamente o pensamento externo, certamente o Prefeito teria evitado o desgaste com os Professores (alguns chegaram a passar fome no período da greve!), a insatisfação dos comerciantes, a contrariedade de colegas da saúde e o olhar de decepção de outros expressivos segmentos. Portanto, mãos à obra! É hora de correr atrás do tempo perdido, recuperar o passo, reparar arestas e redirecionar o rumo. Tempo há.

MEMÓRIA I

O doutor Alexandre Maia nos informa que, sob a coordenação do Instituto de Desenvolvimento Social Dom Fragoso, esta semana crateuenses cumprem uma programação que envolve debates e celebrações rememorando o trabalho desenvolvido pelo primeiro prelado da terra do Senhor do Bonfim. Bispo cujo nome está inscrito na lista dos libertadores sociais, Dom Fragoso confessou, em seu ‘Testamento Espiritual’ - escrito por ele mesmo, em João Pessoa, dia 15 de setembro de 1998 - as fontes onde bebia a água influenciadora:
- “Eu fui muito motivado por homens como Gandhi, pelo "movimento Internacional de Reconciliação" (Jean Goas e Hildegard Gon Mayer), pela "irmandade do servo sofredor" (do Pe. Alfredinho Kunz), pela "pressão Libertadora" (D. Hélder Câmara) e pela "Firmeza Permanente" (Mário Carvalho de Jesus)”.

MEMÓRIA II


Soube que foi doado à Câmara Municipal de Crateús o acervo bibliográfico do meu parente Nonato Bonfim. Autodidata fantástico, jornalista militante, operador do direito, agradável polemista, político atuante, Nonato compilou uma das maiores e mais ricas bibliotecas da cidade. O Presidente Márcio Cavalcante vai disponibilizar esse patrimônio à consulta pública. Aplauso à iniciativa.

AGRADECIMENTO

Mais uma vez, agradeço de coração a todos os que compareceram ao lançamento do meu livro AMORES E CLAMORES DA CIDADE, no Centro Cultural Oboé, em Fortaleza, na noite do último dia 23 de julho. Agradável confraternização, memorável e leve, contagiada pela espontaneidade dos presentes, virou uma festa de amigos, com predominância da colônia crateuense. Por razões de espaço, é impossível listar aqui todos os presentes. Porém, indistintamente recebam todos minha expressa gratidão.

PARA REFLETIR

“A ética é ponto de partida para qualquer debate mais profundo sobre o nosso futuro. Ética – no grego, ‘ethos’ – quer dizer costume, regra, como também caráter, modo de ser; capacidade de interiorizar, refletir. Ou seja, ser ético significa primeiro olhar para si antes de apontar defeitos nos outros. O filósofo Sócrates foi quem primeiro acendeu essa chama quando lançou a máxima “Conhece-te a ti mesmo”. Noutras palavras: para alterarmos uma cidade, uma comunidade, precisamos – primeiramente – estarmos dispostos a modificarmos nós mesmos. Antes de dirigirmos o dedo acusatório para os outros, impende indagar: Se eu estiver lá, faço diferente? A metamorfose tem que permear, pois, governantes e governados”. (Júnior Bonfim, in Amores e Clamores da Cidade).



(Por Júnior Bonfim, publicado na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro-Oeste)

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