sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

OBSERVATÓRIO

Há poucos, uma emissora de rádio local me pediu uma avaliação sobre o primeiro ano de gestão do doutor Carlos Felipe à frente do Executivo Municipal. Compartilho aqui algumas das opiniões que externei.

O SIGNIFICADO DA ELEIÇÃO

A eleição de Carlos Felipe foi emblemática. Embora tenha votado em candidato concorrente, reconheço que Carlos Felipe catalisou as esperanças da população. Teve a imensa capacidade de estabelecer uma sintonia com os anseios da massa popular. O povo votou nele sob o forte desejo de que ele promovesse uma profunda alteração nos costumes políticos e na condução administrativa.

A OPORTUNIDADE PERDIDA

Infelizmente faltou-lhe aquilatar a real dimensão e o alcance histórico do seu papel. Ao invés de iniciar o seu governo conclamando a inteligência da cidade, pela mediação dos segmentos organizados, e as lideranças indistintamente para a construção de uma agenda de transformações sustentáveis, preferiu repetir os velhos modelos e as práticas que contestara: cooptação de vereadores, ações revanchistas, discurso discriminatório. Perdeu a oportunidade inicial da inovação.

O CHOQUE NECESSÁRIO

Além de uma mudança relacional, era imperiosa a promoção de um choque de gestão: corte nas gorduras, enxugamento da máquina, racionalização de procedimentos e constituição de uma robusta poupança. Na ânsia imediatista de mostrar resultado, iniciou obras sem folga de contrapartida e começa a enfrentar problemas (a reforma da Praça da Estação, por exemplo, está prestes a completar um ano e ainda longe de terminar). No lugar de um programa eficaz de desenvolvimento sustentável, temos uma série atabalhoada de ações desconexas ao sabor da conjuntura externa.

OS PROBLEMAS

Por conta desses desencontros entre o que foi prometido e o que está sendo efetivado, surgem problemas na própria base de sustentação do Prefeito. Na semana passada, o Vereador Nego do Bento subiu à tribuna da Câmara Municipal para dar publicidade do destino do dinheiro público crateuense. Obviamente, o edil apenas relatou o que qualquer pessoa que acesse a internet pode conferir, pois estas informações estão disponibilizadas no site http://www.tcm.ce.gov.br/transparencia/. O inusitado é que isso repercutiu. Imediatamente, surgiu uma saraivada de críticas em cima do ex-aliado. Ora, ele é um Vereador, eleito pelo povo. Tem legitimidade para falar. Independente de ter interesse contrariado, a crítica sobre a vida pública pode ser feita por qualquer pessoa. E o homem público verdadeiro, ao invés de procurar desqualificar quem a formula, deve observar o seu conteúdo. Se tiver fundamento, acolher e reformular. Mas é exatamente aí que reside outra faceta a ser considerada: o relacionamento com os opositores.

A OPOSIÇÃO
Onde se exercita a salutar prática da convivência democrática, a oposição é vista como benfazeja, freio e contrapeso a evitar os excessos e desleixos que a sujeição provoca. O prefeito nunca fez qualquer sinal de querer uma relação saudável e elevada com os setores que lhe fazem oposição. Nesse quesito, repete a velha e anacrônica política pendular de transitar sobre os dois extremos: ou as pessoas, por cooptação, o acompanham submissamente ou procura esmagar quem insiste em lhe fazer contraponto. Como se fosse impossível seguir outro caminho.

O SINDICATO DOS PROFESSORES

Um dos espaços onde se refuta, com conteúdo, essa obsessão hegemônica da Prefeitura é no Sindicato dos Professores Municipais. Nessa entidade que agrega os profissionais do magistério se pratica, além da defesa das prerrogativas dos trabalhadores em educação, uma intensa atividade cultural. Vale a pena se participar dos eventos promovidos no Quintal com Arte do Sindicato. Na manhã da última segunda-feira, foi realizada a solenidade de posse da atual diretoria, que tem à frente, em seu segundo mandato como presidente, Edilson Alves Pinto; Socorro Malveira como vice; Adriana Calaça como secretária e Socorro Marques como tesoureira. Marcaram presença representantes do Instituto de Desenvolvimento Social Dom Antonio Batista Fragoso - IDSAF, do Sindicato dos Professores do Estado, Academia de Letras de Crateús, Sindicato dos Servidores de Tamboril, MST, Cáritas, Associação do bairro Nova Terra, além é claro de professores e professoras do município, com filhos e outros familiares.


BLOG DA SABi

A Sociedade Amigos da Biblioteca Municipal Norberto Ferreira Filho – SABi, organização não-governamental fundada em 2004, com atuação na área cultural, atendendo prioritariamente crianças e adolescentes do município de Crateús, acaba de lançar um blog: http://sabicrateus.blogspot.com/. Dê uma espiada nele. Desde 2007, a SABi é Ponto de Cultura do Ministério da Cultura (MINC), desenvolvendo atividades de formação artístico-cultural na modalidade de Oficinas de Artes, sendo elas: oficina de teatro, grafite, sapateado, xilogravura, teatro de bonecos, contação de histórias, artes plásticas, violão, edição de vídeo, além da produção de documentários sobre personalidades e expressões culturais do nosso município. A SABi está funcionando na Casa de Arte e Cultura João Batista, situada à rua Francisco Sá, 148 - ao lado do Colégio Estadual Regina Pacis - oferecendo, além das oficinas de arte, internet grátis para toda a população.

PARA REFLETIR

"Sem a cultura, e a liberdade relativa que ela pressupõe, a sociedade, por mais perfeita que seja, não passa de uma selva. É por isso que toda a criação autêntica é um dom para o futuro." (Albert Camus)


(Por Júnior Bonfim, na edição de hoje da Gazeta do Centro Oeste)

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