terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

OBSERVATÓRIO


Invictus – em português, Invicto - este é o nome do filme que está circulando pelas salas de exibição do País. Narra a luta do líder sul-africano Nelson Mandela em favor da unificação de sua pátria, sacrificada pelo ‘apartheid’, política de segregação onde aos brancos estava reservado o poder e aos negros, a servidão. Líder do movimento de libertação, Mandela foi preso. Cumprindo pena de trabalhos forçados na cadeia de Robben Island, onde vivia num cubículo sem qualquer conforto, de lá saiu para ser eleito Presidente da República. A obra cinematográfica narra, em especial, o esforço desse lendário pacifista em prol da unificação da África do Sul. O que há de chamativo nessa película? Que lições emergem da história de Mandela?


AS LIÇÕES


O filme revela parte da trajetória de uma liderança cimentada em uma grande força espiritual. Dalai Lama leciona que o homem público é o que mais necessita do substrato de fé que alimenta o espírito. Mandela cultivou isso. Nos momentos de mais amargura e dificuldade que enfrentou na masmorra, recorria a um poema do poeta inglês William Ernst Henley cujo título é o mesmo do filme, Invictus: "Agradeço a todos os deuses por meu espírito invencível. Não importa o quão estreito seja o portão e quão repleta de castigos seja a sentença, eu sou o senhor do meu destino, eu sou o capitão da minha alma". Um século depois de escrito, o poema "Invictus" foi o que manteve acesa em Mandela a brasa da esperança. Capitão da própria alma, empunhou a bandeira da liberdade e, à frente do mais alto cargo de seu País, perdoou os que tinham lhe colocado atrás das grades.


AS LIÇÕES II


Outra lição indelével: o líder é um inspirador, alguém capaz de suscitar nos demais os poderes que dormitam no mais íntimo de cada um. A certa altura, num diálogo com o capitão do time sul-africano, Mandela pergunta: “Como você inspira seus jogadores? Como os faz crer que eles são melhores do que realmente são?”. Uma última e marcante característica: além de ser um guerreiro que manuseia com habilidade a arma superior do perdão, Mandela busca vencer com honestidade, sem recorrer a métodos escusos ou se render à máxima de que o fim justifica os meios. Na final da Copa do Mundo de Rúgbi em 1995, a África do Sul ia enfrentar a Nova Zelândia, que era indiscutivelmente a favorita. Mandela raciocina: “Não quero perturbar o inimigo, mas quero ganhar. Como ganhar?” E assim, sem fazer uso de subterfúgios, encara o problema, motiva os jogadores do seu time e galga a vitória.


AS LIÇÕES III

A indagação é: - há alguma relação entre as lições que esse filme nos coloca e a política tupiniquim? Vivemos em um País, em um estado e em um município onde as pessoas que são guindadas a postos de liderança, via de regra, buscam tripudiar sobre os antecessores, desqualificando possíveis virtudes e desconhecendo os méritos dos adversários. Em que pese ter escalado o pico da montanha da popularidade, o atual Presidente da República – detentor de uma história pessoal digna de reconhecimento – invariavelmente é traído por arroubos de vindita. De quando em vez, fala como se o Brasil tivesse sido descoberto por ele. Na mesma esteira, seguem governadores e Prefeitos. Esse, definitivamente, é um caminho equivocado.


O CARNAVAL

Há que se registrar que, lamentavelmente, o Carnaval de Crateús há perdido terreno. A escolha da própria passarela (Avenida Sargento Hermínio) deu-se equivocadamente. A Avenida Edilberto Frota seria mais indicada, pois além de ser mais espaçosa, dispõe de mais alternativas de manobra, o que facilitaria o fluxo de entrada e saída da cidade.

O CARNAVAL II


Um ponto extremamente positivo foi a homenagem que o bloco Mandacarú prestou aos portadores de deficiência física. O desfile em cadeiras de rodas exibindo os deficientes foi um instante comovente da festa. O investimento em temáticas que despertem a sensibilidade popular pode ser um caminho para o revigoramento da festa momina em Crateús.

NENEN


Sempre às vésperas de uma eleição, surgem boatos a respeito do projeto eleitoral de Nenen Coelho. No pleito passado, comentava-se que o ex-prefeito de Novo Oriente jamais seria eleito. Foi. E bem votado. Agora, espalham que deverá desistir. Todos sabem que a situação atual lhe é bem mais favorável do que há quatro anos. Além de mais conhecido, detém apoios expressivos, possui margem de manobra eleitoral e sabe incursionar com facilidade no meio do povão. Desponta na dianteira de todas as sondagens até agora realizadas em municípios da região de Crateús, além de ter conquistado novos espaços onde antes era totalmente desconhecido.

EDITAL

Aviso aos amantes da escrita: romancistas, poetas, cronistas, contistas etc. A Secretaria da Cultura do Estado do Ceará torna público o edital do I Prêmio Literário para Autor(a) Cearense que contemplará de 60 a 120 livros inéditos. Este edital é a maior premiação para a literatura na história do Estado do Ceará com recursos do Tesouro do Estado da ordem de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais). O Edital completo com todas as especificações está aberto a inscrições no site da Secult (www.secult.ce.gov.br). As inscrições são gratuitas e seguem até 31 de março de 2010. O edital visa preservar nosso patrimônio literário e incrementar a produção editorial cearense. Serão 14 (quatorze) categorias, o que garantirá a distribuição de cerca de 24 mil livros para as bibliotecas públicas do Ceará. Isso porque cada autor contemplado ganha uma premiação em dinheiro (que varia entre R$ 2.857,14 a R$ 4.285,71) e a publicação de 1.000 exemplares de sua obra inédita, sendo 400 destes destinados às bibliotecas públicas do Estado. Os outros 600 exemplares serão do autor para vendagem e distribuição pelo País.


PARA REFLETIR


"A cultura é a busca da nossa perfeição total mediante a tentativa de conhecer o melhor possível o que foi dito ou pensado no mundo, em todas as questões que nos dizem respeito." (Matthew Arnold)


(Júnior Bonfim, no Jornal Gazeta do Centro-Oeste - Crateús - Ceará)

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