terça-feira, 7 de dezembro de 2010

OBSERVATÓRIO

O ano era 1990. Um grupo de vereadores de Crateús havia sido convidado para um jantar com o proprietário da fazenda Pocinhos, no distrito de Irapuá. Lá estavam este escriba, Edi Pinto, Chico Barros, Osvaldo Oliveira, Tobias das Flores, Lisboa do Vale, dentre outros. À época, a fazenda Pocinhos – depois transformada em Assentamento – vivia o seu auge. Da varanda do amplo casarão principal mirávamos a lua se esparramando pelas águas do açude e desenhando um quadro paisagístico deslumbrante. Inspirado por esse cenário lúdico, o anfitrião nos brindou com flashes de sua longeva trajetória política. Lembrou, por exemplo, um encontro com o ex-presidente Juscelino Kubistchek em um restaurante de Paris. Exilados e saudosos, compartilharam um desejo comum: possuir tapetes mágicos que os transportassem para os rincões de origem. Expedito Machado era o nosso anfitrião. Em 1990 representava o Ceará no Congresso Nacional. Como Deputado Federal havia se sobressaído no processo constituinte por liderar um numeroso grupo de deputados que se reuniu em torno de um projeto chamado Centro Democrático, popularmente conhecido como “Centrão”. Antes, havia protagonizado outras cenas de destaque no palco da vida política nacional.

EXPEDITO MACHADO I

Expedito Machado de Ponte nasceu em nossa Crateús no dia 15 de junho de 1919. O engenheiro e empresário adentrou no oceano da política segurando o remo do barco que por muitos anos pertenceu ao seu cunhado Walter de Sá Cavalcante. Elegeu-se deputado estadual em outubro de 1954 e deputado federal em outubro de 1958. Reeleito em 1962, foi nomeado para o Ministério da Viação e Obras Públicas em junho de 1963. Licenciou-se então da Câmara dos Deputados para integrar o segundo gabinete ministerial presidencialista do governo João Goulart, ocasião em que viabilizou importantes obras e benefícios para sua terra. Após o golpe militar de 31 de março de 1964, que depôs o presidente, foi afastado da pasta, retornando à Câmara. Em 13 de junho teve o mandato parlamentar cassado e seus direitos políticos suspensos por dez anos.

EXPEDITO MACHADO II

Exilou-se em Paris. Nesse período estreitou laços com o político mais popular do Brasil: Juscelino Kubistchek. Com a extinção do bipartidarismo, já anistiado, foi um dos fundadores do Partido Popular (PP), no Ceará, que, em fevereiro de 1982, incorporou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro. Na eleição de 1986 disputou vaga de deputado federal constituinte pela legenda do PMDB. Com a promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988, deu continuidade ao seu mandato ordinário na Câmara dos Deputados, onde permaneceu até o final da legislatura, em janeiro de 1991, sem ter concorrido à reeleição. Em seguida, retornou à seara empresarial. Tombou na noite de 25 de novembro de 2010. Dos filhos vivos de Crateús, era um dos poucos homens de destaque.

MANOEL VERAS I

Outro que tem construído com zelo e dedicação a cartilha curricular é Manoel Bezerra Veras. Após exercer vários mandatos na Assembléia Legislativa, foi eleito Conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios – TCM. Na última quinta-feira, dia 02 de dezembro, foi guindado por unanimidade à Presidência daquela Corte de Contas. Com a experiência de quem já foi professor, diretor e proprietário de colégio, Secretário de Estado e Deputado Estadual, Veras assume agora a posição de maior visibilidade de sua carreira e, fiel ao próprio estilo, dará o melhor de si para desenvolver uma gestão profícua e operosa.

MANOEL VERAS II


A trolha do tempo construiu um consenso em Crateús: Manoel Veras, como homem público, deu mais em favor de sua terra natal do que recebeu em termos de tradução eleitoral. As votações que Manoel recebeu sempre foram inversamente proporcionais ao grau de dedicação que despendeu. Porém, ainda há tempo para se reparar esse equívoco. A sua ascensão ao comando do Tribunal de Contas dos Municípios pode ser o mote para que os diversos segmentos da cidade promovam uma justa e merecida homenagem a um dos mais ilustres filhos da terra do Senhor do Bonfim.

CONEGUNDES


Conegundes Soares é o Presidente eleito da Câmara Municipal de Crateús. Venceu o arsenal situacionista. O empate, como havíamos anunciado, contava a seu favor. Um imbróglio surgiu em seguida: se houve empate, como ficariam os demais cargos? É óbvio que, pelo princípio da unicidade da chapa, quem está na cabeça puxa os demais integrantes. Diferentemente do atual Presidente, que é do círculo íntimo do Prefeito, Conegundes sempre manteve postura de eqüidistância. Levantou bandeira oposicionista. Por força do cargo, deverá dialogar institucionalmente com o Chefe do Executivo. Ninguém espere, no entanto, que o novo Presidente da Câmara se dobre aos caprichos prefeiturais. Conegundes tem o pescoço grosso e a língua afiada. É firme e independente. Deveremos ter, literalmente, “vida nova” na relação do Legislativo com o Executivo.

UM LIVRO E TANTO


A crateuense Maria Olivia Beserra Macedo, que fez a vida em outras paragens, notadamente em Belém do Pará, voltou à beira do rio em que nasceu para pontificar estrelada estréia na literatura. Lançou um belo livro capa dura onde desenha detalhadamente toda a imensa árvore dos Bezerra e Bonfim, que no inicio constituíam uma só família.

PARA REFLETIR

“Cultive o hábito da preferência pelas pessoas que são gratas pelo fato dos espinhos conterem rosas, mais do que pelas pessoas que vivem se queixando de que as rosas têm espinhos.” (Thelma Guttyerre)

(Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal GAZETA DO CENTRO OESTE, Crateús, Ceará)

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