sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A INVASÃO NO ALEMÃO

1

Foi notícia nos jornais,

Mostrou a televisão

A desordem na cidade

A tamanha confusão

O ataque de bandidos

E o terror no Alemão.

2

Ó meu São Sebastião,

Mártir Santo Padroeiro,

Proteja a população

Deste Rio de Janeiro

Que sofre com a violência,

Dum grupo de bandoleiro.

3

É polícia pra todo lado

É bandido e caveirão.

Com essa violência toda

Quem sofre é a população

Que fica presa em casa

Com medo da situação.

4

É todo mundo botando

Em suas portas tramelas.

É bala comendo solto,

No asfalto e nas favelas.

Sofre pobre, sofre rico,

Fugindo destas Mazelas.

5

Por falta de segurança.

Escolas foram fechadas.

O terror é bem visível

Nas imagens propagadas.

Com tanta barbaridade,

Só com as forças armadas!

6

Até a igreja da Penha

Recinto de oração

Nesta guerrilha urbana

Foi vítima de invasão

Pelo espaço sagrado

Faltou consideração

7

Ônibus incendiados,

Motos, carros, também.

Com a revolta do povo,

A resposta logo vem.

Autoridades unidas,

Traçam planos que convem

8

Sofreu a Vila Cruzeiro,

E tremeu o Alemão.

Ao ver as autoridades

Tomando a decisão

De invadir a favela...

E houve a invasão!

9

Exército compareceu

Com seu verde esperança.

E mostrando sua força

A todos deu e confiança

Anunciando enfim

Que chegaria a bonança.

10

Bandido foi transferido,

Pra outra jurisdição.

Alguns foram mortos,

Com a polícia em ação.

E outros se entregaram

Indo parar na prisão.

11

O reboliço foi feio,

O bicho de fato pegou.

Teve até mãe de bandido

Que seu filho entregou

Querendo salvar a cria

Que um dia ela gerou.

12

Policiais e políticos,

E toda sociedade,

O povo todo unido,

Teve, sim, autoridade

Para colocar um fim

Na cruel barbaridade.

13

Eu não sei se realmente,

Mudará a situação,

E todo esse processo

Sem a continuação

Não ajudará em nada

O morro do Alemão.

14

Que essa comunidade,

Seja então pacificada.

Que crianças corram livres

Sem temer sua estrada.

E que os trabalhadores

Voltem a sua jornada.

15

Espero que os políticos

Cumpram a obrigação

De dar estudo, trabalho

A carente população,

Das pobres comunidades

Sedentas de solução.

16

Na favela tem bandido,

Isso é uma verdade.

Mas também tem gente boa,

Com sua dignidade.

Que merece nova vida

Com menos dificuldade.

17

Aonde o poder público,

Firme, não se manifesta,

E a tropa do mal chega

Fazendo a sua festa

No comando do lugar

Aparece sempre um testa.

18

Tanto pode ser bandido

Como algum miliciano.

Que lá na comunidade

Acaba então mandando.

E quem mora na favela

Sofre com este comando.

19

Mais uma vez eu convoco

Ao meu Santo padroeiro,

Que proteja a cidade

Que é o Rio de Janeiro.

Ó meu São Sebastião,

Livrai-nos deste salseiro.

20

Neste cordel eu registro.

Um caso que se passou

No fim de dois mil e dez.

E a todos apavorou,

Mas o Rio de Janeiro

Bem alegre ressuscitou.


(Dalinha Catunda)

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