terça-feira, 18 de outubro de 2011

OBSERVATÓRIO

Na solenidade de lançamento da Cordelteca Lucas Evangelista, na sede da Academia de Letras de Crateús, comentei com o vice-prefeito, doutor Mauro Soares, e com o ex-vereador Cleber Bonfim sobre a ausência de uma agenda diferente – que animasse um debate qualificado - para a próxima eleição municipal. Aquele me ponderou que, analisando os municípios da nossa região, Crateús ainda estava na frente dos demais. Penso, no entanto, que essa angústia quanto à qualidade do que vai ser inserido na pauta da campanha vindoura perpassa o coração de muita gente: afinal, para onde estamos indo? Qual o pensar estratégico que há sobre os principais desafios que inquietam o nosso povo? Ouviremos, mais uma vez, a surrada melodia da mistificação? Na falta de um norte claro, continuamos reféns dos ardis, das manobras e dos lances de astúcia. E eles já começaram.

O PMDB

Conforme anunciamos aqui na edição passada, o PMDB de Crateús saiu das dunas da situação e migrou de vez para as ondas tempestuosas da oposição. Qual, então, o desacerto cometido pelos estrategistas da situação que culminou com a perda do PMDB? Apostaram em uma cisão irreversível entre Eunício Oliveira e Domingos Filho. Acreditaram em demasia na suposta força de um neófito, o Deputado Estadual André Oliveira. Eunício conhece bem o potencial de Domingos. Embora saiba que ambos almejam o mesmo objetivo, sabe também que a relação histórica que construíram consolidou a certeza de que um é útil ao outro. Celebraram um pacto de boa convivência. E Eunício entregou o PMDB de Crateús para os amigos de Domingos. Sucede que essa situação episódica apenas trouxe à baila uma velha querela: a resistência de alguns políticos crateuenses, hoje abrigados nos gabinetes do poder local, ao nome de Domingos Filho. Por quê?

DOMINGOS FILHO

O que mais se argumenta como motivo para dissentir do vice-governador é que “Domingos Filho é de Tauá e vai levar tudo que conseguir para lá”. Ninguém diz que João Ananias é de Santana do Acaraú, que Gorete Pereira é de Juazeiro do Norte, que Guimarães é de Quixeramobim e que outros políticos votados e festejados em Crateús são oriundos de outras paragens... Esse argumento é apenas contra Domingos. Por isso é injusto. Ele luta por Tauá, sim. E deveria ser censurado se agisse de modo diferente. Porém, sempre se dispôs a dar o melhor de si por Crateús. Empenhou-se na viabilização das principais obras hoje em andamento no município. Mostrando ser um político desprovido de queixas ou rancores, convidou o Prefeito e seu staff para uma ida a Tauá, ocasião em que disponibilizou sua expertise tecnológica para que Crateús implementasse o Projeto Cidade Digital. Enfim, são inconsistentes as razões levantadas para que se alimente qualquer clima de hostilidade em relação ao ex-presidente da Assembléia. Aliás, isso é apenas uma manifestação de infantilidade política.

DOMINGOS FILHO II

Hoje, Domingos Filho não é apenas um dos mais expressivos nomes do universo público estadual. Ele é, pela posição que ocupa, o próprio curinga. A sucessão Alencarina passará pelo seu crivo. Primeiro da linha sucessória constitucional, com a desincompatibilização do governador para disputar outro mandato, Domingos terá nas mãos as principais pedras do xadrez político cearense. Por que, então, alimentar gratuitamente em Crateús uma atmosfera xenófoba em torno dele? Nossa terra sempre foi conhecida pela sua larga, às vezes ingênua e excessiva, hospitalidade. Se até aqueles que nunca fizeram por merecer experimentam nossa acolhida calorosa, qual a razão para denegá-la a um companheiro de lutas?

CANDIDATO

O cenário eleitoral crateuense para o próximo ano está marcado pela imprevisibilidade. Enquanto a situação já tem um nome definido – o Prefeito – e luta para resgatar a credibilidade arranhada pelos passos equivocados da gestão, a oposição se debate em torno de três desafios: construção da unidade, inovador plano de governo e candidato de visibilidade. O primeiro desafio deverá ser vencido brevemente. Um encontro de todas as forças de oposição deverá selar a unidade sonhada. Nessa esteira, se constrói o consenso em torno de um Programa de Governo, a partir da colaboração efetiva da inteligência local. A definição do nome é que complica. Historicamente, nos últimos anos as candidaturas surgiram sempre por definição de cúpula. O próprio Prefeito atual, Carlos Felipe, foi lançado pela primeira vez, em 2004, nessa mesma lógica: de cima para baixo. O PSDB, que sempre protagonizou essa postura, está fazendo uma auto-avaliação e propondo a inversão dessa lógica. Sugere que todos os que se propõem ser candidato sentem à mesma mesa, definam uma agenda de debates com a população e, ao final, como resultado da soma das mais diversas possibilidades discutidas, se chegue à definição do candidato. Para esse nome oriundo das bases é que seria solicitado o apoio da cúpula.

CENTENÁRIO

No próximo mês a cidade comemorará o seu centenário. Muitos conterrâneos estão se preparando para prestigiar o evento. A Academia de Letras de Crateús prepara, através de seus acadêmicos, um livro substantivo e rico em conteúdo que será lançado como o contributo da Arcádia para a efeméride.

PARA REFLETIR

“O seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém. Não fique preso pelos dogmas, que é viver com os resultados da vida de outras pessoas. Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior. E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário”. (Steve Jobs)

(Por Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste)

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