Este espaço se quer simples: um altar à deusa Themis, um forno que libere pão para o espírito, uma mesa para erguer um brinde à ética, uma calçada onde se partilhe sonho e poesia!
segunda-feira, 16 de abril de 2012
A CHUVA E O MEU CANTO
O Serrote está branquinho,
Já começou a trovejar,
- Menino vai trazer lenha!
Ouvia mamãe gritar.
- Tira a roupa do varal
Lá se vem um temporal
E corre pra não molhar!
*
Era a fartura das águas
Um festival de alegria,
Menino enchendo pote,
Lata de vinte e bacia,
Era grande a animação
Alagando meu sertão
Que encharcado sorria.
*
E a meninada corria
Pra se banhar nas biqueiras.
Nos quintais e nas calçadas,
Choviam as brincadeiras.
Eita gostosa lembrança,
Dos meus tempos de criança
Na cidade de Ipueiras.
*
O barquinho de papel
Sumia na correnteza,
Diante do meu olhar
Que em tudo via beleza
“Cai chuva de lá do céu”
“Cai chuva no meu chapéu”
Eu cantava a natureza.
*
Só sei que viro menina,
Quando volto ao meu recanto.
Pois minha alma nordestina
Vai se vestindo de encanto.
Lá tudo me contagia,
Vou aspirando magia
E transformando-a em canto.
*
Texto e foto de Dalinha Catunda
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