quarta-feira, 8 de agosto de 2012

OBSERVATÓRIO

Em 1982 concorriam à Prefeitura de Crateús Leandro Martins e doutor Torres, pelo PDS; Zé Maria Pedreiro e doutor Fernandes, pelo PMDB e Manoel Balbino, pelo PT. Alguém pode estranhar a existência de dois candidatos por um único partido, mas é explicável. Àquela época vigorava o instituto da sublegenda. (Sublegenda foi um instituto da lei eleitoral brasileira, criado no período do regime militar, que permitia o lançamento de mais de um candidato às eleições majoritárias pelo mesmo partido, somando-se os seus votos). A Rádio Educadora resolveu promover um debate entre os postulantes. Foi grande a audiência. Os candidatos se esmeravam nas respostas às perguntas, procurando demonstrar grande conhecimento dos temas levantados. Em certo bloco, Manoel Balbino foi o último a fazer uso da palavra. Após todas as loquazes respostas, disparou: - Veja, meu povo, como é difícil a gente ser candidato contra esses “grandes”. Os homens falam demais. Disseram tudo. Se isso aqui fosse um banquete, eu podia dizer que comeram toda a carne e só deixaram os ossos prá eu roer...

O CLIMA

A campanha eleitoral em Crateús está morna, modorrenta, maçante. As pessoas reclamam. Para muitos, campanha não combina com calmaria. A atmosfera ideal para as refregas eleitorais não é a das baixas temperaturas. Assim, todos querem disputa, contenda, confronto de idéias. E o melhor, o mais qualificado espaço para esse combate é o debate. Na mesa do debate, na exploração das contradições, na análise da história de cada postulante, na exposição dos programas, projetos e metas é que o eleitor passa a firmar um juízo.

O CLIMA II

Nada disso aconteceu ainda. Os levantamentos feitos até agora são consensuais sobre alguns itens: 1. O Prefeito é, por razões óbvias, o favorito deste momento. Partiu na frente, dispõe da máquina e tem um exército previamente mobilizado. Isso é natural. É ele que tem a obrigação de ganhar. 2. Ao lado de tudo isso, o Chefe do Executivo enfrenta, também, altos índices de rejeição. O Carlos Felipe de hoje difere muito do candidato de quatro anos antes. Acumulou defecções (muita gente que votou nele na eleição passada diz que não vota este ano), atraiu decepções (o cidadão que apostou em uma gestão séria e irrepreensível lamenta a enorme lista de notícias desairosas e equívocos cometidos). 3. O seu principal concorrente (aquele que congrega o maior número de partidos apoiando), Ivan Monte Claudino, ainda possui uma alta taxa de desconhecimento. Mais da metade da população não liga o nome à pessoa. (Isso, a rigor, não pode ser visto como algo negativo). Desconhecer não é igual a rejeitar. Quem não conhece, pode votar. Principalmente se, ao conhecer, o candidato cair no seu gosto. É diferente de quem rejeita. Neste caso, o eleitor conhece o candidato e, mesmo assim, afirma votar contra. 4. De Eduardo Machado ainda não existe sinal nenhum de campanha. 5. João Coelho Soriano, o Maçaroca, tem se queixado da falta apoio logístico e estrutura para a luta. 6. No PSOL, a ausência de recursos financeiros não constitui motivo para qualquer lamúria. Pelo contrário. O Partido da candidata Adriana Calaça mira o sol do idealismo e exibe, na camisa, os dizeres: “Não recebo um Real, tô na rua por ideal”.

OS DEBATES

O fato é que a pública opinião sente falta dos debates. Urge que os segmentos organizados da população deflagrem uma sequencia de debates com os postulantes à Prefeitura. Está na hora da imprensa, da Igreja, da Universidade, dos sindicatos, das associações de classe, dos empresários, das organizações sociais – enfim, da inteligência da cidade movimentar esse processo. Em Fortaleza já ocorreram vários encontros entre os prefeituráveis. Crateús precisa fazer o mesmo.

HORÁRIO ELEITORAL

Segundo o artigo 47 da Lei Eleitoral (9.504/1997), somente dentro de quinze dias, mais precisamente no dia 21 de agosto, teremos o início do período da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão. É óbvio que a realização dos programas de rádio também aquecerá a corrida sucessória.

CURIOSIDADE

Alguém sabe a qual partido pertence o candidato a vereador teoricamente mais rico da atual campanha? Ou seja, aquele que apresentou a mais valiosa declaração de bens à Justiça Eleitoral? Pois bem, é do PMN (Partido da Mobilização Nacional). Seu nome é Juraci Melo Nunes, popularmente conhecido como Louro da Cruz.

RECURSO

Dentre os que tiveram seus pedidos de registro de candidaturas a Vereador questionados, causou preocupação na Coligação que integram os nomes de Lourenço Torres e Eudes Oliveira, ambos indeferidos em primeira instância. Os dois compunham as listas de prováveis eleitos. Por isso, resolveram recorrer da sentença de indeferimento e continuar praticando todos os atos de campanha. Até amanhã (08 de agosto) os partidos poderão realizar a substituição de candidatos às eleições proporcionais. Daí em diante, quem tiver com o registro sub judice corre todos os riscos: se conseguir reverter a situação nas instâncias superiores (TRE/TSE) terá os votos validados. Se não obtiver provimento do recurso, os votos não serão contados nem para a Coligação. Isso tem repercussão direta na distribuição das vagas para a Câmara Municipal.

PARA REFLETIR

"Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou." (Magalhães Pinto)

(Júnior Bonfim, na edição de ontem do Jornal Gazeta do Centro Oeste, Crateús, Ceará)

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