terça-feira, 4 de setembro de 2012

OBSERVATÓRIO

Jean Jacques Rousseau ensinou que “a juventude é a época de se estudar a sabedoria; a velhice é a época de a praticar”. O filósofo Sêneca consignou: “Quando a velhice chegar, aceita-a, ama-a. Ela é abundante em prazeres se souberes amá-la. Os anos que vão gradualmente declinando estão entre os mais doces da vida de um homem. Mesmo quando tenhas alcançado o limite extremo dos anos, estes ainda reservam prazeres”. Semana passada o Brasil assistiu o juiz Cesar Peluso, obrigado a se aposentar em virtude da idade, anunciar: <b>“Nenhum juiz condena ninguém por ódio. Magistrado condena em primeiro por uma exigência de justiça. Em segundo, porque reverencia a lei, que é a salvaguarda da própria sociedade. É com amor e em respeito aos próprios réus, que a condenação é um chamado para que se reconciliem com a sociedade”. Desta forma, e com a voz embargada, Peluso proferiu seu último voto no STF. Após sua fala, ele se emocionou e foi homenageado no plenário. Os discursos eram de elogios à maturidade.

VELHOS TRONCOS

Os mais vividos, aqueles a quem a vida beneficiou com uma bagagem maior de astres e desastres, têm sido pouco reconhecidos. Ou melhor, na proporção em que merecem. Cresci vendo homens que construíram belíssimos acervos – seja material, seja moral. Em Crateús, o senhor João Freire, do exíguo espaço de sua barbearia, erigiu um invisível obelisco de respeito e admiração. No dia 18 de agosto deste 2012, abriu as portas do seu lar para receber os amigos e celebrar noventa anos de existência. Parabéns para ele!

VELHOS TRONCOS II

Também como um velho tronco, da árvore genealógica dos Sales, era o médico e empresário Francisco Sales de Macedo. Faleceu no último dia 31 de agosto de 2012. Em sociedade com José Fernandes da Silva, que também já partiu para outra dimensão, fundou o maior equipamento médico-hospitalar privado da região.

A CAMPANHA

No inicio do mês passado anotamos que a campanha política em Crateús estava morna, modorrenta, maçante. O clima agora está diferente. Começou a esquentar. Uma pesquisa, legalmente registrada, indicou que Carlos Felipe lidera com 51%, seguido de Ivan com 31%. Os demais (Maçaroca, Adriana Calaça e Eduardo Machado) ainda não atingiram a marca de dois dígitos. Surge, então, a pergunta: a eleição está ganha para Carlos Felipe? A resposta: Não! A pesquisa é o retrato do momento em que foi realizada. Para fazer uma avaliação mais precisa, há que se fazer o cotejamento dessa pesquisa com outras – anteriores e posteriores. Assim que se passaram as convenções circulou oficiosamente uma pesquisa em que Felipe exibia uma diferença bem maior. A partir da próxima pesquisa – quando se realizar a comparação com esta última – é que se poderá traçar um indicativo mais abalizado.

TENDÊNCIA

Por exemplo: se na próxima pesquisa ficar confirmada a tendência de queda de Felipe e subida de Ivan, há uma forte indicação de que os dois caminham para uma polarização acirrada, cujo desdobramento é imprevisível. O pior cenário para quem está na frente é perder pontos; em sentido contrário, é por demais otimista a situação de quem está atrás e crescendo. Vejamos as últimas eleições. O exemplo mais eloquente foi o de Tasso Jereissati, que partiu na frente, com larguíssima folga. Todos o diziam eleito. Na reta final, caiu e foi ultrapassado por Eunicio e Pimentel. Portanto, ninguém pode cantar vitória neste momento. Mesmo sem estarmos no inverno há muita água para rolar por debaixo da ponte da Ilha.

COMÍCIOS

Por falar em Ilha, o bairro Cidade Nova foi o escolhido para o primeiro grande comício de Ivan e Antonio Luiz, sábado passado. A divulgação de um vídeo revelando o uso da máquina por um secretário para fins ilícitos agitou a multidão. No mesmo horário, na sede do distrito de Curral Velho, Felipe e Mauro realizavam também uma grande concentração.

IMPUGNAÇÕES

O TRE julgou os recursos às impugnações das candidaturas de Carlos Felipe, Lourenço Torres e Eudes Oliveira. Os dois primeiros tiveram os registros deferidos; o último, foi definitivamente indeferido. Em relação a Carlos Felipe pesam sérias denúncias a respeito de má gestão de recursos públicos. Porém, como ainda não existe condenação definitiva, teve a candidatura liberada. Deve ficar alerta quanto ao futuro. Lourenço Torres teve a candidatura impugnada por ter contas desaprovadas no TCM. Porém, conseguiu demonstrar que as irregularidades apontadas no Acórdão eram sanáveis. (Em verdade, não existem provas de que Lourenço seja desonesto. Merece ser candidato). O caso de Eudes Oliveira difere dos demais. Não se trata de contas públicas. Diz respeito a uma questão de natureza judicial, cujo processo já transitou em julgado desde 2011. Porém, como os efeitos perduram para o futuro, acabaram alcançando-o neste momento.

PARA REFLETIR

“A velhice é um estado de repouso e de liberdade no que respeita aos sentidos. Quando a violência das paixões se relaxa e o seu ardor arrefece, ficamos libertos de uma multidão de furiosos tiranos.” (Platão)


(Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste, Crateús, Ceará)

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