segunda-feira, 20 de maio de 2013

SE ANIVERSARIO, POESIO!



Quando um véu de escuridão
Cobria o céu da ampla pátria,
Um ano após a militar martelada
Que toscou a fecundação cidadã
E cortou asas de sonhos libertários,
Numa costela oeste do Ceará
Dois primos da mesma teimosa estirpe
Desafiavam as tolas imposições
Das familiares convenções
E se deixavam consumir
Pela sombra do cajueiro da paixão.

Rebentei de um lampejo de desobediência.

Fui gerado ao lado de uma oiticica de raízes colossais
No tapete de úmida areia da grota da Baé.

Jesomar e Rosária, Rosária e Jesomar
Meu pai e minha mãe, minha mãe e meu pai:
Muito aprendi com o esquadro e o compasso
Abertos sobre o Livro da Lei dos vossos salmos existenciais.

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Volto aos barrancos de minha infância,
Às gitiranas doiradas que me abençoaram,
Às veredas escuras que me deram a luz,
Aos frondosos mufumbos que me perfumaram,
Ao estrume azul do velho Curral,
Ao piso vermelho do amendoim original
E retomo as essenciais interrogações
Que só a mim me interessam:

- De qual argila fui moldado?

- Qual o húmus que sustenta minha canafistula pessoal?

- Onde aportarei em minha errante caminhada?

Se ainda estou sem resposta,
Pelo menos um alento de carnaúba carrego,
Do drama que minha tia Dalva nunca escreveu
Do alforje curado no couro dos Vieiras
Do som do pífano do compadre Pedro Cabloco:

Dos três que passaram e do derradeiro que ficou
Uma lição recolhi, uma tocha se acendeu,
Uma lamparina permanece me alumiando a alma:

Hoje sou outro!

(Júnior Bonfim)

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Somente um dia grandioso poderia dar à luz um grandioso ser humano.

Feliz Aniversário, amigo Júnior Bonfim.

Que Deus o mantenha sempre o mesmo. Isso basta.

Parabéns.

Com efusivo abraço,

Boaventura Bonfim e família.

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