sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

NELSON MANDELA MORREU

No ano de 2010, a Copa do Mundo, o maior espetáculo futebolístico da terra, nos familiarizou com a África do Sul. Acendeu-nos a lamparina da emoção ver, em especial, o mais espiritualizado líder político do planeta, Nelson Mandela, saudar a sua gente no encerramento do evento. Mandela pisa, agora, a grama do estádio celeste!

Ao liderar um extraordinário movimento que libertou sua pátria dos grilhões do preconceito, Mandela inscreveu seu nome na lápide sagrada da história.

Ricardo Stengel, repórter americano, conviveu durante anos com o líder sul-africano na consecução de um projeto biográfico. Escreveu “Os Caminhos de Mandela – lições de vida, amor e coragem”, um livro encantador que elenca as principais lições existenciais extraídas da trajetória heróica do homem que exterminou a apartação entre negros e branco sul-africanos.

Em determinado trecho livro, Stengel registra: “Alguns chamam de cegueira, outros de ingenuidade, mas Mandela considera quase todo mundo virtuoso, até prova em contrário. Ele começa com a suposição de que você está lidando com ele de boa-fé. Acredita nisso – assim como fingir que ser corajoso pode levar a atos de coragem real – julgando que o que há de bom nas outras pessoas melhora as chances de que revelarão o melhor de si. É extraordinário que um homem que foi maltratado a maior parte da sua vida possa tanto ver o que há de bom nos outros”.

Veja o que há de bom nos outros. Esse é o título do capítulo onde se lê a reflexão acima.

Vivemos uma quadra delicada da existência humana. Como um veio vulcânico latejando nos subterrâneos da alma, o ser humano se debate sobre os fundamentos da vida e a colaboração última do conhecimento. Não raro as massas populares, na imperiosa ânsia de corrigir distorções, se rendem a movimentos passionais e apelos ideológicos.

Imagino que deveríamos ser mais comedidos na emissão de juízos de valor sobre as pessoas. Na seara do direito, especialmente, nos deparamos com situações delicadas, que reclamam um filtro de serenidade. Nem todo mundo que está na fogueira de uma acusação é satanás; nem todo mundo que está fora é santo. Há pessoas virtuosas nesse meio. Que foram vítimas e não algozes. Talvez devêssemos evitar o dedo em riste, a opinião implacável, o julgamento impiedoso. Até porque o mundo não se divide entre bons e maus, limpos e sujos. Em cada um de nós há estilhaços defeituosos e substâncias de estrelas. Melhor é fazermos como Mandela: Ver o que há de bom nos outros.

(Por Júnior Bonfim)





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