
Quem também se apresenta hoje na Bienal do Livro é o nosso estimado amigo e poeta Dideus Sales. Certa vez, escrevi sobre ele o seguinte:
“No inicio da década de 1980, ao raiar do dia e ao cair da tarde, o jovem Dideus usava o microfone da Rádio Educadora de Crateús para recitar estrofes primorosas, rimas que sempre brotaram espontaneamente do canteiro de sua alma sertaneja.
Depois, ganhou o mundo. Já perambulou por este país inteiro desenvolvendo uma de suas mais destacadas habilidades, que é a de tecer amizades. O que mais admiro nesse Poeta Popular é a sua liberdade. Sim, é um homem livre. Não está preso aos grilhões da rotina, às algemas da disciplina. Por isso, aprecia uma qualidade essencial quase esquecida pelos humanos: a gratuidade!
Este é Dideus, o poeta do encontro! Promoter de almas, descobre e exalta as virtudes secretas de cada ser. Faz do magnetismo da sua lira um ímã de atração de pessoas aparentemente antagônicas.
Nascido e criado nos cafundós do sertão, Dideus Sales fixou morada definitiva no litoral, irmanado à grandeza do mar. A mística aspereza do sertão e a insondável ternura do oceano bailam, como ondas de luz, sobre a praia dos seus versos. Talentoso improvisador, une no mesmo altar solene majestades distintas e celebra a energia vital que emerge de todos os poros.
Rui Barbosa proclamou em certa ocasião que “o sertão não conhece o mar. O mar não conhece o sertão. Não se tocam. Não se vêem. Não se buscam” – embora ambos possuam a mesma imponência e superioridade.
Já fizeste muito, Dideus. Cumpriste tua missão, cantor dos sonhos de justiça e dos delírios da paixão. Com os fios rimados que saltam do teu coração, conseguiste o maior feito que alguém já concebeu em nosso chão: uniste o mar e o sertão!”
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