quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

POLÍTICA E ECONOMIA NA REAL

Atualização da crise I

A crise internacional ainda não tem novidades positivas a serem alinhadas por aqueles que desejam fazer análises prospectivas. No que diz respeito ao sistema de crédito, embora as negociações para implementação de um (novo) plano de resgate da ordem de US$ 850 bilhões esteja andando no Congresso norte-americano, há que se considerar um aspecto relevante : o sistema financeiro dos EUA e das principais economias mundiais necessitam de medidas salvadoras, mas dificilmente serão um fator de alavancagem do crescimento no curto e (talvez) no médio prazo. Portanto, estamos a torcer por um "resgate" necessário, mas não suficiente para forjar o crescimento econômico.

Atualização da crise II

Há uma crise de confiança geral originada no sistema financeiro, mas alastrada de modo geral. O desemprego galopante, o cancelamento generalizado de investimentos e a retração sistemática do consumo e crédito criam uma espiral que precisaria ser rompida pelos investimentos do setor público. Todavia, isto não é possível ser feito com a rapidez necessária por muitos motivos, mas vale destacar três : (i) há os naturais obstáculos políticos para implementar novos gastos públicos, vide o caso dos EUA onde Obama, apesar da popularidade, tem algumas barreiras substantivas ; (ii) os recursos do setor público são demandados por todos os lados, mas os setores mais organizados (empresas, bancos, etc.) têm maior poder de pressão e devem ser os mais beneficiados. Todavia, são estes os setores menos propensos a gastar e fazer a economia crescer e (iii) o sistema capitalista por definição é não-cooperativo, o que dificulta um "concerto" entre empresas, empregados, governo e países que dê rapidez à solução da crise. Cada um tenta salvar o seu.

O fato novo é o protecionismo

Gordon Brown, o impopular, mas competente primeiro-ministro inglês, falou no risco da "desglobalização". Ou seja, na perspectiva concreta e nefasta de que se espalhem pelo mundo medidas protecionistas que fechem mercados com o objetivo de protegê-los. Ora, isto seria muito bom se valesse para um ou outro país. Quando todos os países adotam o mesmo comportamento o resultado pode ser desastroso. Reduz-se a demanda global, surgem movimentos perigosos entre as moedas (desvalorizações competitivas), diminui-se a eficiência na alocação de recursos e por aí vai. Há muitos pensando, analisando e protestando contra esta concreta possibilidade. Note-se, por exemplo, a reunião desta semana na OMC para tentar evitar os primeiros passos protecionistas das principais economias mundiais. Isto apenas duas semanas depois da mesma organização alardear que o "protecionismo estava sob controle". O fato é : não está e o que ora vemos é apenas um pequenino aviso do que pode vir. Um novo abismo não está descartado. Infelizmente.

Primeiros passos de Obama

Sejamos muito objetivos e deixemos de lado os aspectos ideológicos em relação a Obama. É relativamente fácil fechar a prisão de Guantánamo, impor medidas disciplinadoras a Wall Street ou igualar direitos civis e econômicos entre homens e mulheres frente ao tamanho da crise mundial. Embora os aspectos ideológicos não sejam tão desprezíveis – afinal, estes tratam do que as sociedades desejam em relação ao futuro – o fato é que quase todos concordam que sem o músculo vigoroso do Estado não há solução mínima para a crise. Os primeiros passos de Obama nos parecem óbvios, mas no momento nada melhor do que o óbvio. E diga-se : o óbvio deve ser feito logo, o impossível deve demorar pouco. Afinal, os americanos já perderam 3,6 milhões de empregos (7,6% da população ativa) desde que a crise começou e a recessão (já) é comparável àquela dos anos 70. Por fim, Obama afirmou na semana passada que os eleitores "não votaram por falsas teorias do passado". Parece certo que os eleitores desejam mudanças, mas vamos deixar claro uma coisa : mudar hoje significa voltar ao passado e adotar na prática aquilo que Keynes escreveu há mais de 70 anos.

A base da pirâmide

O fato político mais relevante e inegável é que Lula tem mais de 80% de apoio da população, mesmo depois da crise. O que será do futuro, deixamos para analisar em outras notas. Todavia, não é nada ruim que um presidente esteja forte quando o país precisa dele – gostemos do presidente ou não. Como sabemos, o diabo mora nos detalhes. É neste ponto que residem as nossas maiores preocupações. Se em países ricos, os setores mais organizados da sociedade conseguem mais apoio do governo neste momento de crise, no Brasil este ponto é ainda mais notório. Certos setores e grupos econômicos estão recebendo muito apoio governamental para seguir em frente. A título de ilustração citamos a liberação de US$ 36 bilhões das reservas para apoiar empresas com dívidas no exterior e os milionários aportes de recursos do BNDES. Mas cabe perguntar sem nenhum populismo : e o povão que está com medo do desemprego, que vive o subemprego ou que já está desempregado ? Não seria esta vasta multidão que deveria receber estímulo ao consumo e a tomada de iniciativas que reduzam o risco da recessão ? O sistema financeiro brasileiro está muito sadio frente ao mundo. Isto é fato. E as empresas estão carecendo de consumo. O governo deveria adotar medidas da base da pirâmide para cima. Não é isto que vemos. Ou é ?

Uma oportunidade histórica para o Brasil

Dentre muitas características a Política, com "p" maiúsculo, depende muito da percepção do momento histórico do Político. Isto mesmo! Com "p" maiúsculo. Veja a atual crise. Imensa, séria e importante. De outro lado, analisado o cenário dos emergentes... Vejamos. Nenhum deles tem a oportunidade histórica que o Brasil tem. Somos um país relativamente fechado o que não nos deve remeter a necessidades de medidas protecionistas adicionais. Não quebramos em nenhum setor, sobretudo o financeiro no qual a saúde de nossos bancos deveria ser motivo de orgulho nacional quando retratado o que ocorreu no mundo. Não temos uma população excessivamente endividada e nem uma dependência externa premente. Não somos uma ditadura. Nem a China, nem a Rússia e nem a Índia têm a oportunidade de alavancar investimentos no curto prazo. Para isto, basta que o Brasil cresça, mesmo que a taxas bem mais baixas e de forma equilibrada em termos de inflação, finanças públicas e regulação. Falta-nos um plano arrojado para alcançar isto e liderança que perceba o momento e arregimente as forças para torná-lo realidade. Note-se que arrojo não é irresponsabilidade. É coragem para mudar. Sem valentias.

Procura-se

Quem tiver notícias da oposição brasileira, de suas idéias e propostas para ajudar a combater a "marolinha", por favor, avise a esta coluna em particular e aos brasileiros de um modo geral. Dela se sabe mesmo é que Serra deu um golpe de mestre em Aécio Neves nomeando Alckmin como secretário do Desenvolvimento de SP. E que Aécio deu um golpe de mestre em Serra ajudando a eleger o candidato a candidato ao governo de SP, José Aníbal líder do PSDB na Câmara. Todo o resto é um mistério.

Procura-se – 2

Rogam-se também informações a respeito do maior partido político do Brasil e de seu receituário para combater a crise econômica e financeira. Quem souber qualquer coisa sobre as posições do PMDB ganha fotografias autografadas dos principais líderes da legenda na Câmara e no Senado – José Sarney, Renan Calheiros, Jader Barbalho e Michel Temer. Dispensa-se o "Bolsa-Geladeira", criação do luminar ministro peemedebista das Minas e Energia Edison Lobão.

Procura-se - 3

Talvez já tenha passado da hora de aparecer nos portões do Palácio do Planalto uma placa de "Procura-se um coordenador". Antes que episódios como o do controle das importações e a eterna discussão sobre o pacote imobiliário se tornem rotina. Afinal, o primeiro-coordenador necessita manter o auditório animado. E a coordenadora-adjunta, a ministra Dilma Roussef, está carregada de compromissos eleitorais e estéticos e não tem tempo para se dedicar as estas questões menos transcendentes em Brasília.

A política monetária do Brasil e o (desconhecido) Spread

Como afirmamos em colunas passadas o maior risco atual é a redução da atividade econômica cuja magnitude está sendo definida nos países ricos do norte. Há muito a ser feito por aqui, inclusive reduzir a taxa de juros básica e o spread bancário para amainar a recessão. Esta coluna mantém a sua posição pró-redução da taxa de juros básica de forma que o BC brasileiro nos parece atrasado neste processo em função da forte redução da demanda (atual e prospectiva). Uma nova redução de 1% na taxa básica é provável na próxima reunião do COPOM. Já na questão do spread bancário a discussão parece mais um quadro de Marcel Duchamp : oscila entre altas doses dadaístas e manifestos surrealistas. Expliquemos : o lado dadaísta se deve à defesa apaixonada do tema com variações de irracionalidade consideráveis. Afinal, todos reclamam ou justificam, mas não explicam. O lado surrealista diz respeito ao resultado das defesas de ponto de vista : a realidade passa a ser conhecida mais pela sua distorção (o fato do spread ser alto mesmo) do que pela sua justificativa racional (o porquê do spread ser alto). Destaque-se que, neste cenário, setores governamentais ao atacar o spread elevado acabam por tropeçar nas próprias palavras ao verificar que os bancos oficiais têm spreads tão ou mais elevados que os seus pares privados. A verdade – onde estará? – acaba obscurecida.

Sem rumo

Há algum tempo o governo ameaça o céu, a terra e o inferno por causa dos spreads cobrados pelos bancos de seus clientes, pelos bancos oficiais e pelos bancos privados, sem muita distinção. Pelo que diziam as autoridades, parecia uma questão de vontade, por isso o BC passou divulgar as taxas bancárias para forçar as instituições a competirem entre si. Não é bem isso, descobre-se. Em entrevista ao jornal "Folha de S.Paulo", o ministro da Fazenda Guido Mantega informou que "o plano antispread apenas ficará pronto depois que a Fazenda e o BC terminarem os estudos sobre as causas das altas de juros no país", segundo os jornalistas Guilherme Barros e Vinicius Torres Freire. Então, o governo não sabe as razões dos juros altos e ainda assim andou prometendo que eles cairão ? É grave, gravíssimo.


E o superávit primário?

Na mesma entrevista, outra revelação preocupante do ministro da Fazenda : na realidade, o governo ainda não tem meta para o superávit primário de 2009. Somente terá "uma dimensão" desse número em meados do ano, depois de uma definição do cenário mundial. Ora, o superávit de 3,8% inscrito no Orçamento sancionado pelo presidente da República é apenas uma ficção ? Pelo que se pode depreender dessa declaração, o governo não vai fazer força para cortar despesas correntes e de custeio para economizar e diminuir a conta dos juros.


Sonhadores e perdidos

O índice que mensura os preços do setor imobiliário inglês (o Halifax House Price Índex) subiu 1,9% em janeiro comparativamente a dezembro em meio a toda a crise mundial. Surpresa total. Alguns analistas do mercado inglês, um dos mais assolados pela recessão, vêem sinais de estabilização. Outros, apenas um "ruído" estatístico. De nossa parte, aos primeiros chamamos de sonhadores. Quanto aos outros, chamamos de perdidos. Vale dizer que tal índice caiu 17,2% em comparação ao mesmo período do ano passado.

O FMI seria engraçado...

...se não fosse trágico. Diz o FMI : "Ações políticas para solucionar a crise financeira têm sido abrangentes, mas não alcançaram um reinício." Pois bem : o organismo multilateral divulgou na semana passada um extenso relatório sobre a crise, um longo blablablá que não aponta nada de novo no cenário, nem o que seria necessário e nem uma visão sobre o que seria um "reinício". É desta forma que o FMI continua a ser o organismo mais inútil para prevenir e solucionar crises. Quando admoestavam os países mais pobres os burocratas da instituição se comportavam como profetas. A derrocada dos países centrais nunca foi prenunciada por aqueles profetas.

Mercado financeiro: cinco razões para não aumentar o risco

Continuamos recomendando cautela em relação à aquisição de ativos de risco, sobretudo ações. De maneira sucinta e didática esta recomendação se deve aos seguintes fatores :

1) Os informes financeiros anuais e do último trimestre do ano das empresas aqui e lá fora mostraram que os riscos financeiros (condições de financiamento) devem continuar aumentando ainda neste semestre e os resultados ainda devem ser cadentes;

2) Considerando o item acima, os preços dos ativos devem continuar caindo e, nesta conjuntura, os investidores continuam nervosos (mercado volátil) quando os ativos possuídos se depreciam;

3) Uma estratégia de "compra contínua", ou seja, aumenta-se a posição na medida em que os preços caem, é muito incerta, pois o processo de queda (ou a percepção dele) ainda pode ser substancial;

4) Os investidores, além das preocupações com o mercado, têm outra maior : a estabilidade da própria renda. Pode-se ter prejuízo no próprio negócio ou perder o emprego. Como definir um padrão de risco aceitável diante de uma dúvida tão grande ?

5) Considerando o item acima, um conselho : não torne a redução de sua liquidez uma arma. A vítima pode ser você.

O coração do PMDB

O governo, a oposição e os próprios PMDBs (aqueles dois, com suas inúmeras facções) estão pondo a imaginação para funcionar para tentar descobrir o que vai no coração do partido agora que a legenda tornou-se, sem sombra de dúvida, a maior força política da micropolítica nacional. Quem sabe das coisas nesse universo da política dos políticos (não necessariamente a política dos brasileiros) define os dois anos de amores peemedebistas com o verso de um samba de Paulinho da Viola, que começa, sintomaticamente, com "Trama em segredo teus planos" e fecha com: "... coração leviano, que nunca será de ninguém." Desculpem, será sim, em 2011 ! Daquele que subir a rampa do Palácio do Planalto. Até lá, o PMDB desfila seu "charme" em várias direções, sem trocar alianças de noivado com ninguém :1) Tem pendores lulistas e dilmistas ; 2) Tem olhares serristas ; 3) Tem acenos aecistas, com um Aécio (eventualmente) convertido ao peemedebismo. E para não deixar alguém acreditando que secretamente já é dono do seu coração, o PMDB também tem amores pelo PMDB com um peemedebista a encabeçar a chapa de 2010.

As recompensas

Tanto o governo quanto a oposição acham que poderão conquistar o PMDB oferecendo ao partido, além da maior probabilidade de vitória, a vice-presidência da República. Não comovem. O vice é um cargo honorífico, no jogo que interessa ao PMDB, vale menos que uma gerência estratégica do BB. A vitória eleitoral não tem significado. As raposas - quase escrevemos no lugar o nome de um peixe que não pode ver sangue - peemedebistas sabem que qualquer que venha a ser o vencedor em 2010 eles serão chamados para compartilhar prioritariamente o condomínio do poder em 2011. Eles querem é espaço que lhes permita fazer "política" e manter suas estruturas nos legislativos, nas prefeituras e nos governos estaduais. E com cargos e verbas que o PMDB elege deputados, governadores, vereadores e prefeitos e exerce a influência que tem exercido nos últimos 20 anos na política nacional. E o partido já começou a dar os seus recados. Matéria da bem informada repórter Christiane Samarco no "Estadão" de domingo informava, por exemplo, que o partido quer de seu parceiro presidencial nada menos que o compromisso de entregar-lhe a chefia da Casa Civil, o ministério dos ministérios, o gerente da máquina federal. Não quer pouco.


As recompensas – 2

O PMDB vai exigir também apoio a seus candidatos a governador nos Estados em que o partido já governa e naqueles em que, a seu juízo, têm candidatos com chances reais de ir para o segundo turno e de vitória. São as chapas estaduais, mais do que as chapas federais, que puxam votos para deputados federais, deputados estaduais e senadores. E os governadores têm os empregos úteis na hora das disputas municipais. Quem souber dividir mais pode ter mais simpatias do PMDB. E, nesse caso, Lula vai ter de cobrar alguns tributos a mais do sacrificado PT. Ninguém se iluda, porém, nem um nem outro levarão o PMDB inteiro. O PMDB sabe como poucos pegar o melhor de cada lado.


Bicadas tucanas

Lula tem tido lá suas agruras com o PT. Mas não tem tanto do que se queixar: Serra e Aécio têm feito de tudo para trucidar o PSDB e a aliança com o DEM. Vaidade e ambição demais podem matar. Se a carruagem tucana for nesse ritmo, Dilma Roussef já pode encomendar o terninho e a maquiagem da posse.

Começou tudo errado

Os presidentes - ia escrever também "novos", mas, seguramente, não é o caso, nem em tempo de política, nem em conceitos - da Câmara, Michel Temer, e do Senado, José Sarney, em sua primeira visita oficial ao Palácio do Planalto queixaram-se ao presidente da República do excesso de MPs com que Lula atulha o Congresso e acaba determinando a agenda legislativa. O discurso de Sarney e Temer é o de retomar a autonomia do Legislativo, hoje um poder de segunda categoria em relação ao Executivo e ao Judiciário. Por esse lado, começaram muito mal. Não têm de fazer queixas, comunicados ou alertas. Devem agir como determina a Constituição. No caso das MPs, o "livrinho" determina que estas só podem ser editadas em caso de urgência e relevância. Bastava analisar se elas têm estes requisitos e, caso contrário, recusá-las. Simples, não ? Quando se precisa fazer jogo de cena, fazer discursos pomposos, dar declarações bombásticas e, depois, ir buscar a anuência do presidente, não é para valer. O pior, segundo as notícias dos encontros, é que o presidente concorda com tudo. Concorda – como sempre concordou, principalmente quando era oposição – mas continua editando MPs a respeito de tudo e de nada. Mais de nada.

Troca de guarda

Foi isso que ocorreu na Câmara e no Senado na semana passada (troca de guarda). Simplesmente e nada mais. Classificar as mudanças nas duas casas de "renovação" chamar suas mesas diretoras de "novas" é licença poética apenas. Não há risco de melhorar. Já de piorar...


Reforma tributária

Frase do deputado Darcísio Perondi, do PMDB/RS, ou seja, de um PMDB que ainda guarda algumas fumaças do velho MDB, sobre a reforma tributária : "Eles não estão preocupados com as pessoas. Estão trabalhando para os Tesouros".

Sadia: saída via mercado?

O presidente executivo da Sadia, o ex-ministro Luiz Fernando Furlan, informou que o "controle acionário da Sadia não está à venda, mas que, se esta for a saída, não há nenhuma 'restrição cultural' a tal transferência". Ou seja, intrinsecamente admite que a Sadia pode não ficar com o controle atual. Tudo isto se deve à necessidade de injeção de capital após os prejuízos que implicarão em algo ao redor de R$ 1,7 bilhão de recursos ao longo deste ano para cobrir os prejuízos financeiros com as operações cambiais contratadas antes da crise. O BNDES deve participar da operação de saneamento juntamente com outros fundos de Private Equity. Resta saber se o exato papel que o banco de fomento do Brasil terá em tudo isto. Será que podemos ter outra operação semelhante a do Grupo Votorantim na qual recursos públicos são utilizados para que "as coisas mudem para que tudo continue igual" ? Ou será que as condições serão mais duras e condicionadas ?

Renault e PSA Peugeot Citröen : as exigências

O governo francês emprestará 3 bilhões de Euros (US$ 3,9 bilhões) para as montadoras francesas. Trata-se de uma parte da ajuda governamental para o setor automotivo que pode alcançar algo em torno de 6 bilhões de Euros. Para receber os recursos as montadoras não poderão dispensar trabalhadores e nem fechar fábricas no país. Além disso, as empresas terão de cortar bônus dos principais executivos e os dividendos para os acionistas. Dois aspectos a observar : (1) o governo francês subordina a concessão de recursos públicos a compromissos públicos das empresas privadas envolvendo empregos e fábricas. (2) Trata-se de um sinal inequívoco de protecionismo : pode fechar fábricas ao redor do mundo, mas não na França. E no Brasil ? As exigências requeridas pelo governo nas suas operações com o setor privado atendem aos interesses públicos ?

(Por José Marcio Mendonça e Francisco Petros)

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