quarta-feira, 12 de maio de 2010

DE ALMEIDA BRILHA


O artista cearense Francisco de Almeida inaugura, hoje, a exposição "20 aos pedaços". A individual é composta por dez gravuras inéditas e conta, ainda, com a presença do famoso painel "Os quatro elementos" de 20 metros de comprimento, que participou da VII Bienal do Mercosul, realizada em 2009

Tão suave e pequenino, ele voa leve e ligeiro como um passarinho. Por ziguezagues altos e certeiros, fura nuvens, serpenteia estrelas e dá "loops" alegres pela lua. Num mundo idílico e mágico, habitado por sereias, anjos, musas, seres alados, mitológicos, santos, guerreiros e reis, Francisco de Almeida mergulha em êxtase artístico.

É dai que todos os dias, segundo me contou em tom confessional, "arranca um trabalho da alma". Desse desarraigar denso marcado pelo dualismo da dor e do prazer, movido às asas da imaginação, que o artista concebe sua poética de luz.

Em "20 aos pedaços", exposição que abre hoje, às 19h, no anexo do Espaço Cultural da Universidade de Fortaleza (Unifor), Francisco de Almeida nos mostra mais uma vez a genialidade de sua arte. Uma xilogravura que impressiona pela beleza, singularidade e alegoria de suas formas e figuras.

Na individual, estão presentes dez gravuras, feitas especialmente para a ocasião, e mais o aclamado painel "Os quatro elementos" de 20 metros de comprimento, que marcou sua presença na VII Bienal do Mercosul, realizada em Porto Alegre, no ano passado. "Na exposição, as gravuras menores foram produzidas com as mesmas matrizes da gravura mãe, aquela que levei para a Bienal do Mercosul, mas em contexto diferente, com outras combinações. É somente no painel grande que o público poderá encontrar todas as figuras juntas", explica.

Segundo Francisco o convite para expor no Espaço Cultural Unifor foi motivo de felicidade, mas também de preocupação. "Fiquei muito contente com o convite, mas depois fiquei temeroso pelo fato de ter que produzir dez obras em apenas cinco meses, quero sempre dá o meu melhor e sei que o público merece isso. Teve um dia que eu estava sentado perto da janela, um vazio grande me consumia, quase liguei para a minha...Ai fui ver o pôr- do-sol com a Maria Eugênia, minha esposa, tudo melhorou...Daí pensei: puxa, se fiz uma obra de 20 metros em pouco tempo, posso superar qualquer obstáculo...Então, as coisas floresceram".

Para o artista, a produção das gravuras aconteceu em meio a um processo intenso e doloroso como um parto. "Parir é difícil, acho que sei como é a dor que uma mãe sente na hora do parto", diz entre risos.

Técnica inovadora

A preferência pelos grandes formatos e pelos meios rudimentares de impressão potencializa a dramaticidade e a grandeza de seu trabalho. O artista está constantemente reinventando as próprias ferramentas, linguagens, pigmentação e métodos de gravação.

Desde 2004, dedica-se à pesquisa de uma xilogravura fragmentada, que impede a repetição de uma mesma combinação, permitindo, portanto, infinitas formas de fazer um dado trabalho com uma única matriz. Prática que se opõe à produção mais tradicional. Sobre o assunto, ele justifica: "tudo na vida parte de uma necessidade. No meu caso, por exemplo, surgiram muitas: como imprimir? Como gravar e colorir em grandes dimensões uma gravura? Estou sempre aprendendo com todas as etapas de produção do meu trabalho, é como um diálogo constante entre criador e criatura", conclui. Assim, frágil e pequenino, leve e veloz como um passarinho, Francisco voa, tão longe e tão alto, perdendo-se na imensidão branca perolada de nuvens fofinhas e desalinhadas...Voa, voa Francisco, segue teu caminho de luz e emoção.

Arte de Francisco

O mago das gravuras


O xilogravador Francisco de Almeida nasceu na cidade de Crateús, interior do Ceará, em 7 de agosto de 1962. De pai ourives, mãe bordadeira e avó rendeira, ele herdou o dom de fazer arte com as mãos. Aos 15 anos, o artista veio morar em Fortaleza e teve a oportunidade de estudar xilogravura com o gravador Sebastião de Paula. Pouco a pouco, seu talento foi sendo reconhecido pelo público e pela crítica.

Hoje, portanto, suas obras estão guardadas em acervos importantes do País, como o da Pinacoteca, em São Paulo, e o Museu de Arte Contemporânea do Centro Dragão do Mar, aqui em Fortaleza. Francisco de Almeida já participou de várias exposições, entre individuais e coletivas, no Brasil, Argentina e Espanha. Em suas investigações, o artista criou uma espécie de equipamento feito com canos de PVC, madeira, corrente e coroa de bicicleta, do qual é possível produzir grandes gravuras. Através dele, elaborou o painel "Os quatro elementos" de 20 metros de comprimento. O trabalho participou da VII Bienal do Mercosul, ocorrida entre os dias 16 de outubro e 29 de novembro, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Não há notícias de outra gravura com essas dimensões no País.
O artista plástico confecciona um feito inédito. No painel, é tratada a temática religiosa nordestina, enfatizando elementos da natureza, como a chuva, o sol, o vento, a terra e o ouro. Parte da obra, inclusive, é colorida e contém a utilização de imagens com grafite.

MAIS INFORMAÇÕES:

Exposição "20 aos pedaços", de Francisco de Almeida, abertura hoje, às 19h, para convidados. Visitas a partir do dia 13 de maio a 13 de junho, no Anexo do Espaço Cultural Unifor. Gratuita. De terça a sexta, das 10h às 20h, e aos sábados e domingos, das 10h às 18h. O público também pode agendar exposições guiadas pelo , através do Projeto Arte-Educação.

ANA CECÍLIA SOARES
REPÓRTER


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Almeidinha merece todas as homenagens devidas a um grande e autêntico artista universal.

Sua obra tem a característica singular de nos encher da esperança de que coisas boas são possíveis. E é sempre gratificante vê-lo em evidência.

Indo a Fortaleza nesse período, com certeza irei visitá-lo.


Lourival

Um comentário:

Lourival disse...

Almeidinha merece todas as homenagens devidas a um grande e autêntico artista universal. Sua obra tem a característica singular de nos encher da esperança de que coisas boas são possíveis. E é sempre gratificante vê-lo em evidência. Indo a Fortaleza nesse período, com certeza irei visitá-lo.