terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

OBSERVATÓRIO

Começou o segundo tempo da Administração Municipal de Crateús. É chegado o momento de uma imersão reflexiva sobre o primeiro tempo e colocar na prancheta as estratégias para a reta final da partida. Qual o sentimento que permeia o coração das pessoas mais esclarecidas, aquelas que cultivam a liberdade de pensamento e a nobreza dos ideais? Qual a avaliação essencial? O que se vislumbra para o futuro?


DESILUSÃO


É a palavra que resume o atual estágio analítico que a mais expressiva parcela da população – a que constrói a opinião crítica – faz da atual gestão. É inegável que o Prefeito, um homem disposto e trabalhador, fez várias obras. Foi além do que estava posto; porém, está muito aquém da expectativa que gerou. A desilusão decorre menos da insatisfação que domina o presente e mais da angústia que se descortina para o futuro. Carlos Felipe foi um sedutor extraordinário. Com um discurso inovador, praticamente hipnotizou a quase totalidade do eleitorado crateuense na última eleição municipal. Propôs aquilo que todos almejavam depois de um processo de saturação: Vida Nova. No entanto, após assumir o comando da municipalidade, renovou a maioria das portarias que caracterizaram a vida velha.


A CGU -

Controladoria Geral da União – divulgou recentemente um relatório sobre a aplicação dos recursos federais repassados ao Município de Crateús onde se configura o quadro de dificuldades operacionais que a gestão municipal enfrenta. A análise detalhada e pontual das ações e programas está no site http://www.cgu.gov.br/, ícone Fiscalização (Programa de Fiscalização a partir de sorteios públicos) em Relatório de 110 páginas. Nada muito diferente daquilo que se viu em gestões pretéritas. No entanto, algo que deve sacudir a consciência de quem prometeu e se comprometeu nas praças populares a promover uma revolução na forma e no conteúdo da condução da coisa pública.


A INQUIETAÇÃO


Com o futuro reside no fato que praticamente inexiste uma liderança catalisadora da esperança. Esperança de uma alternância de poder para melhor. Os quadros mais qualificados do Município estão fortemente desestimulados. A atividade política virou um redemoinho em que dificilmente alguém, por mais bem intencionado que seja, consegue sair ileso. A futrica substitui o bom debate. O vil metal substitui o brilho do ideal. Está rareando os que topam se arriscar. Porque esse risco inclui, inclusive, a possibilidade de lançar ao relento uma reputação profissional construída à custa de muito sangue, suor e lágrimas. Em um cenário desses, mesmo com todos os reveses, a despeito de frustrações ou decepções, o Prefeito Carlos Felipe poderá ser reeleito. As oposições precisam se sentar e redirecionar o rumo.


HOUVE

Um tempo, e ele não está muito distante da nossa memória, em que Crateús tinha, na mesma legislatura, sete Deputados Federais e três Senadores. A pujança da nossa representação era motivo de saudável orgulho. Hoje, nenhum filho da terra tem assento no Congresso Nacional. Vivemos um momento de crise de representatividade. Dizem os orientais que crise é, também, sinônimo de oportunidade. É hora de levantar desse estado de letargia, sacudir a poeira das desilusões e dar volta por cima das dificuldades. Sempre há um candeeiro a ser posto na mesa das proposições. Como ensinavam os romanos, Fiat Lux! Faça-se a Luz!


ILUMINADA


Foi a idéia do grupo Mandacaru Beleza ao escolher como homenageado, no Carnaval deste ano, o historiador Norberto Ferreira Filho, o Ferreirinha. Fotógrafo de mentes, caricaturista de almas, pintor de corações - o Sr. Ferreirinha sempre nos brindou com uma galeria de quadros com suas pinturas prediletas: homens e mulheres que fizeram e/ou fazem a história dos sertões de Crateús. Até bem pouco tempo, quando a saúde o favorecia, expunha os dotes de memorialista admirável: sacudia-nos com a abundância de informações, a precisão de detalhes, o manancial de dados armazenados. É uma torre histórica da nossa terra!


ESTUPEFATO


Fiquei quando soube que o Rodrigues Vale havia deixado a trincheira da sua vida, a tribuna do rádio. No microfone, nunca abriu mão da liberdade jornalística. Mesmo vinculado a um esquema político específico, nunca descurou de exercitar a fortuna crítica que caracteriza os grandes homens de imprensa. Como uma peixeira afiada, sua palavra cortante ia direto ao coração dos problemas e desconcertava a alma dos criticados. Quem desfruta da sua intimidade, sabe que é, no mais recôndito de si mesmo, uma figura do bem, que se embevece com as coisas simples da vida porque estas são, de fato, as mais profundas: a ambiência do lar, o papo desinteressado, um brinde no bar do “beiju”, o convívio com os amigos, as especulações de imprensa e o amor da família. Crateuenses: o nosso conterrâneo Rodrigues Vale, por tudo o que encarnou na imprensa local, merece um preito de reconhecimento, um ato público de gratidão. Será um gol da cidade em homenagem ao nosso eterno “goleiro”.


PARA REFLETIR

“A gratidão desbloqueia a abundância da vida. Ela torna o que temos em suficiente, e mais. Ela torna a negação em aceitação, caos em ordem, confusão em claridade. Ela pode transformar uma refeição em um banquete, uma casa em um lar, um estranho em um amigo. A gratidão dá sentido ao nosso passado, traz paz para o hoje, e cria uma visão para o amanhã.” (Melody Beattie)



(Por Júnior Bonfim – publicado na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste, Crateús, Ceará)

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