quarta-feira, 11 de maio de 2011

OBSERVATÓRIO

Vamos iniciar nossa coluna hoje passeando pela fonte dos bons ensinamentos: os filósofos. Platão concluiu que os males do homem só chegariam ao fim quando fôssemos governados por filósofos. O filósofo é o amigo do saber. Saber – que tem a mesma raiz latina de sabor – tem menos a ver com cultura dos livros e mais com a cultura das luzes. Sabedoria é saber sentir e saborear a vida verdadeira. É deixar-se banhar pela luminosidade do bem. É ter sensibilidade para experimentar um tempero diferente. É ousar. Aristóteles, discorrendo sobre a virtude, afirmou que virtuoso era quem mantinha eqüidistância entre dois vícios, um por excesso e outro por falta. Em A Tranqüilidade da Alma, Sêneca mostra a importância do equilíbrio do humor na vida das pessoas. Indagado por um amigo (Aneu Sereno) a respeito de uma questão existencial, uma espécie de inconstância da alma que o incomodava, responde: “o objeto de tuas aspirações é, aliás, uma grande e nobre coisa, e bem próxima de ser divina, pois que é a ausência da inquietação”. Em seguida, Sêneca diz o que entende por tranqüilidade: “Vamos, pois, procurar como é possível à alma caminhar numa conduta sempre igual e firme, sorrindo para si mesma e comprazendo-se com seu próprio espetáculo e prolongando indefinidamente esta agradável sensação, sem se afastar jamais de sua calma, sem se exaltar, nem se deprimir. Isto será tranqüilidade”.


O FOCO

Nas últimas edições temos rabiscado cenários para a eleição municipal vindoura, inclusive mencionando possíveis postulantes. De pronto, alguns reagem aos nomes como se qualquer cidadão que, em tese, preenche as condições de elegibilidade não pudesse lançar o seu nome. Porém, hoje quero redirecionar a discussão. O que é essencial, estratégico e relevante se colocar a respeito do assunto? Normalmente a campanha é um momento culminante da realização de um debate que deveria ser permanente: a cidade e o campo, a vida e sonhos das pessoas. Para onde caminhamos? O que queremos? Pensar sobre a nossa existência, o conserto dos problemas e os contornos do futuro – eis o que importa. No entanto, ao invés desse debate maiúsculo, via de regra nos perdemos em questões menores. No lugar de projetos, discutimos pessoas, fulanizando uma conferência que deveria ser impessoal. É aí que se insere a lição dos filósofos: precisamos dos eflúvios da sabedoria, do equilíbrio sensato e da tranqüilidade da alma para conduzir esse processo pelos trilhos da sensatez. Libertar-se das altas temperaturas verbais, do discurso contaminado pela grosseira rivalidade, da cegueira tóxica que nos impede de enxergar méritos nos contendores.


OS POLOS

Invariavelmente, temos assentado as disputas no binômio presente versus passado. A próxima refrega eleitoral precisa ser feita com esteio em outra polarização: o presente e o futuro. Avaliar o presente projetando um futuro melhor. Traduzindo: a oposição precisa analisar a atual gestão sem os arroubos da inconseqüência, sem disseminar o ódio contra o atual gestor. Carlos Felipe teve algum merecimento – reconheçamos. É trabalhador – aplaudamos. A controvérsia não repousa sobre a pessoa dele, mas sobre o projeto de governo que implantou. O que se contesta, então? Dentre outras coisas, um modelo administrativo que priorizou a partidarização ao invés da profissionalização da Administração Pública. Profissionalizar significa priorizar a competência técnica e não a afinidade eleitoral/partidária. (É inadmissível, nos dias atuais, que uma Prefeitura do porte da nossa funcione sem um quadro de advogados-procuradores concursados. O Procurador Geral pode até ser nomeado sem concurso, porém o corpo técnico não). Outro ponto: Como se admitir que um governo que se reivindica de esquerda tenha uma relação de intolerância, desrespeito e, à vezes, até de truculência com os servidores, em especial os professores?... Enfim, se nos detivéssemos a elencar a pauta de debate, com certeza o espaço seria pequeno. O importante é que se olhe a Educação, a Saúde, a Cultura, a Instituição, a Infra-estrutura etc. sobre os olhos da realidade atual e com vistas aos avanços que almejamos. Só depois de pontuarmos corretamente essa primeira etapa do processo, é que se pode passar para a segunda: a definição de nomes.


NOMES

Nomes é que não faltam. E quando os mencionamos queremos apenas mostrar que esse interesse das pessoas em oferecer sua contribuição é salutar para o município. O nome de Paulo Nazareno repercutiu rapidamente. O ex-vereador Antonio Luiz Mourão externou que toparia ser o vice de Nazareno. Sustenta que comporiam uma dupla imbatível. Márcio Cavalcante ligou protestando o fato de seu nome não ter sido divulgado. Diz que é candidato a Prefeito. Argumenta que está bem posicionado nas pesquisas e que realizou um grande trabalho à frente do legislativo municipal. Até amigos do ex-Deputado Federal Antonio Cambraia exibem a avaliação de que Crateús está necessitando de um gestor equilibrado e experiente, com boas relações internas e externas. Cambraia, escolhido o melhor Prefeito do Brasil quando governou Fortaleza, poderia ser convidado a dar sua contribuição a Crateús. Enfim, essa fartura de postulantes é positiva.


À MODA TWITTER


O doutor José Arteiro apresentou, sexta-feira (06.05), o livro Jitiranas de Luz, do poeta Dideus Sales. Notada a ausência do alto escalão da Prefeitura. Vanderlei inaugurou moderno salão de eventos, altos do Restaurante... Os ‘camilianos’ (representantes da Instituição São Camilo) assumiram o Hospital São Lucas. Que essa intervenção cirúrgica na saúde local seja bem sucedida... Zé Vanlor e Vânia, por ocasião da festa de bodas de ouro, conseguiram congregar uma legião de amigos e, principalmente, a confraria familiar, liderada por Estênio e Valmir Campelo... Este último, o decano da mais alta Corte de Contas do País, agradeceu efusivamente a Crônica de sua vida aqui publicada...



PARA REFLETIR


“O importante é viver bem, não viver por muito tempo; e muitas vezes vive bem quem não vive muito. Ninguém se preocupa em ter uma vida virtuosa, mas apenas com quanto tempo poderá viver. Todos podem viver bem, ninguém tem o poder de viver muito. Apressa-te a viver bem e pensa que cada dia é, por si só, uma vida”. (Sêneca)


(Júnior Bonfim, na edição de ontem do Jornal Gazeta do Centro-Oeste, Crateús, Ceará)

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