terça-feira, 26 de julho de 2011

OBSERVATÓRIO


Escrevo esta coluna sob o olhar grave e pleno de autoridade do Padre Cícero Romão Batista. Estou em Juazeiro do Norte. Aqui, como cantou Luiz Gonzaga, olhando para o horto, a gente sente que ele está vivo, o Padre não está morto. Juazeiro, cidade que lidera o arranjo urbanístico, o conglomerado de urbes oficializado como Região Metropolitana do Cariri, conclui efusivamente a celebração do centenário. Em 22 de julho de 1911 nascia a cidade de Juazeiro.

ORIGEM

À margem direita do rio Batateira, na estrada real que ligava Crato a Missão Velha, no local denominado Tabuleiro Grande, havia um imponente e frondoso Juazeiro. Marca de todo pé de juazeiro, aquele também se mantinha verdejante mesmo sob o rigor das maiores secas. (Juazeiro é palavra tupi-portuguêsa: jua ou iu-à significa "fruto de espinho” - em virtude da grande quantidade de espinhos que defendem os ramos da árvore). Defronte a esse imenso Juazeiro, o Padre Pedro Ribeiro de Carvalho erigiu uma capelinha em homenagem a Nossa Senhora das Dores. Em seu entorno, havia um pequeno núcleo de casas. O povoado não teve grande desenvolvimento até o dia em que o Padre Cícero ali fincou seu cajado, há cerca de 130 anos. A fama do vigário se espalhou por todo o Nordeste e, junto com ela, veio o surto progressista do lugar. O resto da história todos conhecem.

A COINCIDÊNCIA

Coincidentemente Crateús também celebra, este ano, o seu centenário. Outra coincidência: a metrópole do Cariri vive um momento de inquietude política. Malgrado a cidade ter sido bafejada com um número significativo de obras (Hospital Regional, Metrô, Universidades, revitalização urbana, praças etc), há um visível processo de desconforto em relação ao Prefeito Municipal, eleito em 2008 com a mais expressiva maioria já registrada no município. É como se exalasse, de cada poro da urbe, um sentimento de decepção. Nada disso, entretanto, evitou que os movimentos organizados da sociedade civil e a população como um todo se empenhassem na realização das comemorações: atos cívicos, debates sociais, eventos religiosos (shows católicos e evangélicos em praça pública), homenagens memoriais, desfiles de rua, apresentações artísticas, competições esportivas, festivais etc.

O MOMENTO

Ambas as cidades se debatem com um momento de angústia em cima de fios extremados: Juazeiro em razão de um vultoso e incontrolável crescimento desacompanhado de uma orientação de planejamento; Crateús em busca de um rumo efetivo e substantivo de crescimento. Com o advento da globalização, esse fenômeno planetário de encurtamento das distâncias, inexiste obstáculos, fronteiras, muros ou limites ao progresso de um povo. Aquela velha argumentação – Crateús é fim de linha - que servia de escudo para justificar nossa acomodação, foi à lona. O interiorano jovem crateuense tem, hoje, acesso às mesmas informações do mais urbanizado europeu simplesmente teclando um computador. Podemos nos libertar de quaisquer amarras. Desenvolvamos sentimentos progressistas. Sonhemos alto.

ACL

A Academia de Letras de Crateús abre suas portas para receber uma nova leva de acadêmicos. Tomarão posse no sodalício crateuense Ana Cristina do Vale Gomes, Cheyla Mota, José Maria Bonfim de Morais, José Rodrigues Neto, Juarez Leitão, Karla Gomes, Paulo Nazareno e Silas Falcão. O evento, aberto à população de modo geral, ocorrerá no próximo sábado, dia 30 de julho, às 19:00 hs, no Teatro Rosa Morais.

LIVRO

A ALC prepara um livro relativo ao centenário de Crateús. A edição da obra contará com o apoio do causídico e empresário Estênio Campelo, atuando como um patrono das letras.

DIDEUS

Por falar em livro, Dideus Sales lança hoje, no Centro Cultural OBOÉ da Rua Maria Tomásia, 531, em Fortaleza, o livro de poemas “Jitiranas de Luz”. Como bem lembra Juarez Leitão, “este livro é uma inspirada e sonorosa viagem pelas coisas sublimes e espontâneas do Ceará. Um abraço generoso às raízes. Uma cuia de água fresca das nascentes telúricas do sertão. O Ceará original”.

PARA REFLETIR

“Em cada sala, um altar; em cada quintal, uma oficina”. (Padre Cícero)

(Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste, Crateús, Ceará)


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