segunda-feira, 26 de setembro de 2011

VALMIR CAMPELO É O SEGUNDO CRATEUENSE A RECEBER O TROFÉU "SEREIA DE OURO"


Com uma rica trajetória no serviço público, o cearense Valmir Campelo, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), será agraciado na próxima sexta-feira com o Troféu Sereia de Ouro. Na ocasião, também serão homenageados o artista plástico Luiz Hermano, o empresário Everardo Telles e o jornalista Fernando César Mesquita

A realidade do sertão conspirava contra o menino Antônio Valmir Campelo Bezerra. Ele nasceu em 1944, em Crateús, em uma família de 11 filhos. Os pais, o comerciante João Amaro Bezerra e a professora Raimunda Campelo Bezerra, criaram os filhos com amor, dedicação e muito esforço. Ainda assim, Valmir foi marcado pelo que presenciava em sua cidade. "Acompanhávamos o sofrimento dos mais pobres no período de seca. Eu via aquelas pessoas sobrevivendo à falta de água e de comida. Isso sempre mexeu comigo", relembra.

A preocupação com o próximo despertou em Valmir Campelo a vocação pelo trabalho social. A vida difícil de seu povo, abatido pelas severas estiagens, ele viu estampada em outros lugares, por causas diversas. Estava escrito: o menino de Crateús dedicar-se-ia, por toda a vida, ao serviço público, sempre disposto a assumir novas funções e encarar desafios necessários. Subiria degrau por degrau no poder público e, mais tarde, seu esforço seria recompensado com o cargo de ministro do Tribunal de Contas da União.

As oportunidades para desenvolver o talento de homem público lhe aguardavam em Brasília. Em 1962, suas irmã Maria Valdira foi aprovada em um concurso na Câmara dos Deputados. O pai condicionou a mudança da filha para a recém-criada capital federal à companhia de um de seus irmãos. Valmir a acompanhou e logo descobriu que, na cidade, abundavam as dificuldades e as oportunidades. Terminou os estudos em escola pública, prestou vestibular e foi aprovado, para o curso de Comunicação Social, na conceituada Universidade de Brasília (UnB).

"Sou jornalista por formação, mas, como já estava adiantado no serviço público, e precisava trabalhar, optei por não seguir a profissão", explica o ministro. Ele e a irmã acalentavam o sonho de levar para a capital federal os pais e os irmãos. "Trouxemos todos, um a um. E por fim, meus pais, em 1968", relembra Valmir Campelo.

Tão logo chegou na cidade, o jovem de Crateús ingressou no governo. "Entrei no serviço público em 1963. Exerci todas as funções que se possa imaginar dentro do governo. Trilhei cada degrau. Fui escriturário, encarregado de seção, chefe de seção, chefe de divisão, diretor administrativo, subsecretário e secretário do Distrito Federal, fui prefeito de três cidades próximas de Brasília, Braslândia, Gama e Taguatinga", enumera o ministro Valmir Campelo.

O cearense ocupou os cargos de administrador municipal, nessas três cidades, entre 1971 e 1985. O sucesso como gestor público foi reconhecido nas urnas: foi o deputado federal mais votado na história de Brasília, exercendo o cargo entre 1987 e 1991; na sequência, foi eleito senador, venceu outros seis candidatos na disputa por uma única vaga. "Quando estava no Senado Federal, fui indicado para o Tribunal de Contas da União, uma instituição respeitada, com mais de 120 anos de história".

A dedicação foi total. No TCU, foi ministro-corregedor, vice-presidente e presidente. "É uma vida muito agitada e muito intensa. A minha preocupação maior é com o julgamento. Antes de decidir, penso muito. Não se pode julgar só pelo que está na Lei, é preciso entender os contextos. Você tem que educar, fazer um trabalho pedagógico. O juiz faz o papel muito parecido com o dos pais. O bom pai não precisa bater para educar seu filho. A punição só pode ser dada na última instância", ensina o ministro.

O esporte e os livros

Para um ministro do TCU, encontrar tempo livre não é tarefa fácil. "Com estes sistemas da internet, posso acessar os processos de qualquer lugar. Então, estou sempre trabalhando. Sempre fui assim. Quando era deputado, atendia até 100 pessoas por dia. Tinha fila na porta do gabinete. E, no fim do dia, eu saía de lá inteiro, porque amo o que faço", conta Valmir Campelo.

Campelo, ainda assim, faz mágica com seu tempo. Afinal, apaixonado pela família como é, não a deixa de lado. "Sou casado, desde 1968, com Marizalva Ximenes Maia Bezerra, também nascida em Crateús. Temos três filhos excelentes, todos independentes e concursados, casados com três mulheres maravilhosas. Eles me deram quatro netos que amo muito", conta o pai e avô dedicado.

O ministro é também um apaixonado pelo futebol. É um torcedor alvinegro - acompanha os lances do Ceará, do Vasco da Gama e do Santos. "Gosto muito do preto e branco. O único time que difere é o Gama, um alviverde, que ajudei a criar. Tanto que, na cidade, me homenagearam, dando o meu nome ao seu estádio de futebol. Em Braslândia, quando estava à frente da prefeitura, eu jogava no time da cidade. Sempre fui um apaixonado pelo esporte", revela, recordando seus feitos de atleta e administrador.

De sua formação em Comunicação Social, o ministro Valmir Campelo manteve intacto o gosto por manter-se bem informado. Ele é um leitor voraz das notícias. Lê, diariamente, jornais, revistas, sites e blogs. Lamenta que o trabalho não lhe deixe tempo para conviver mais com os livros, uma de suas paixões desde a juventude. Tanto que, apesar dos muitos afazeres, ele nunca deixou a escrita de lado. É autor das obras "Deputado Valmir Campelo na Constituinte", "Opinião - Política, Governo e Desenvolvimento Econômico", "Plebiscito: Considerações de um Democrata", "Homens, Feras e Prisões", "Atividades Parlamentares - 1º Semestre de 1995", "As Safenas da Economia" e "O Novo Tribunal de Contas - Órgão Protetor dos Direitos Fundamentais".

Atualmente, ele trabalha em um novo projeto. É um livro em que suas memórias servem de fio condutor para retratar diferentes realidades sociais, econômicas e políticas que testemunhou. A obra ainda não tem data de lançamento.

Homenagem

Valmir Campelo ficou entusiasmado quando recebeu a notícia de que seria um dos agraciados com o Troféu Sereia de Ouro deste ano. "Receber a Sereia de Ouro é um marco na minha vida. Trata-se de uma das maiores homenagens do Ceará. Graças a Deus, recebi comendas nos postos mais altos do País, mas faltava esta. O troféu vem coroar minha carreira, o esforço da minha trajetória política, administrativa e pessoal. Sou muito grato à lembrança do Grupo Edson Queiroz e me sinto ainda mais feliz porque serei o orador dos homenageados deste ano".



"O Troféu Sereia de Ouro vem coroar minha carreira, o esforço da minha trajetória"
Valmir Campelo
Ministro do Tribunal de Contas das União

(Jornal Diário do Nordeste)

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