quarta-feira, 2 de novembro de 2011

OBSERVATÓRIO


O livro “As Mil e Uma Noites” é um compêndio de histórias e contos populares do Oriente e do sul da Ásia. Em suas variadas versões há, porém, um fio lógico: os contos estão organizados como uma série de histórias em cadeia narrados por Xerazade, esposa do rei Xariar. Este rei, vítima da infidelidade de sua primeira esposa, desposa uma noiva diferente todas as noites, mandando matá-las na manhã seguinte. Xerazade, filha de um alto funcionário nos reinos muçulmanos, foi a escolhida do sultão em certa ocasião e conseguiu a façanha de escapar do destino das suas antecessoras. Como? Usando uma sábia e inteligente estratégia de contar histórias maravilhosas sobre diversos temas que captam a curiosidade do rei. Ao amanhecer, Xerazade interrompia cada conto para continuá-lo na noite seguinte, o que a mantinha viva ao longo de várias noites - as mil e uma do título - ao fim das quais o rei já se arrependeu de seu comportamento e desistiu de executá-la.


FIDELIDADE

A fidelidade, ou seu antônimo, a infidelidade, é tema relevante na literatura porque sempre alimentou as mais diversas facetas da atividade humana, principalmente a intimidade do amor e a luta política. Neste último campo, as batalhas se renovam. A fidelidade partidária foi tema recorrente no período que startou a contagem regressiva de um ano para a eleição de 2012. Vários políticos mudaram de sigla partidária nos primeiros dias do mês de outubro. Quem não é detentor de mandato, nenhum reproche pode sofrer. No entanto, aqueles que exercem delegação popular por força do voto do povo, podem ser alcançados pela legislação. A regra é clara no sentido de que o ocupante de vaga do partido somente poderá se desfiliar levando consigo o mandato se houver justa causa. A Resolução nº 22.610/07 conceitua o que é justa causa. Vejamos: Art. 1º – O partido político interessado pode pedir, perante a Justiça Eleitoral, a decretação da perda de cargo eletivo em decorrência de desfiliação partidária sem justa causa. § 1º – Considera-se justa causa:
I) incorporação ou fusão do partido;
II) criação de novo partido;
III) mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário;
IV) grave discriminação pessoal.


FIDELIDADE II


Isso significa, que para justificar a sua desfiliação sem perder o mandato, o político terá que enquadrar-se em um dos incisos acima. Quem não participou da incorporação ou fusão de partido, subscreveu a criação de novo partido, provou mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário, bem como ter sofrido grave discriminação pessoal, em tese corre o risco de perder o mandato. Sucede que, para que haja declaração de perda de mandato, a justiça eleitoral há que ser provocada. Quem pode fazer essa provocação? O partido interessado. E se este não o fizer? Diz a Resolução: Quando o partido político não formular o pedido dentro de 30 (trinta) dias da desfiliação, pode fazê-lo, em nome próprio, nos 30 (trinta) subseqüentes, quem tenha interesse jurídico ou o Ministério Público Eleitoral. Em Crateús, pelo menos até o fechamento desta edição, nenhum partido requereu vaga. O prazo se expira esta semana. E, possivelmente, nada acontecerá, porque houve entendimento prévio no sentido das vagas não serem requeridas. A política da boa convivência, ou a popular conveniência, é a explicação.


CANDIDATURAS


É óbvio que, com o início do período de defeso para mudança de partido, começam as especulações em torno dos prováveis cenários com os quais nos defrontaremos na eleição do ano que vem. Há uma possibilidade de termos quatro candidaturas: a do atual Prefeito, Carlos Felipe, do PCdoB, candidato a reeleição; a do PSOL, que poderá repetir Alexandre Maia ou experimentar um outro nome, como Paulo Giovani ou Adriana Calaça; a do PV, que já lançou João Coelho Soriano, o Maçaroca; e a do blocão das oposições, ainda indefinido. O Prefeito deve sair com o bordão da continuidade, suscitando um discurso de comparação com gestões anteriores. Deve fixar como eixo do debate o binômio presente/passado. O desafio das oposições é alterar esse eixo, inserindo o dístico presente/futuro. Há que se mudar o foco e qualificar a discussão eleitoral. Ao invés de justificar os equívocos do presente apontando os erros do passado, urge se mostrar quem melhor pode liderar o povo, sob o farol da excelência, rumo ao futuro. Esse é o desafio. Demais disso, é preciso que nos libertemos do discurso tóxico que se tonifica na grosseria, na agressão pessoal, na covardia do anonimato e na baixaria. A luta política deve ser travada com grandeza e pautada no combate de idéias. Este seria o melhor presente que a cidade poderia receber na sua primeira eleição municipal pós-centenário.


CENTENÁRIO


Os crateuenses que residem fora das fronteiras do município preparam-se para participar dos eventos comemorativos do centenário da cidade. Soube que a rede hoteleira da cidade estará lotada no período magno.


FILME SOBRE DOM FRAGOSO

O cineasta Francis Vale, que tem raízes em Crateús, lançou um documentário sobre o Dom Antonio Batista Fragoso. “Nosso objetivo é retratar Dom Fragoso e seu exemplo. O filme é uma síntese de sua história. Só de conversa com ele tínhamos um material de mais de duas horas de gravação. O documentário começa e termina com depoimentos dele, além de intervenção de várias pessoas que com ele conviveram”, informa. Além dos depoimentos, o filme exibe ainda fotos, documentos, jornais e imagens do religioso que revolucionou a nossa Diocese.


PARA REFLETIR


“Vi neste grande homem uma lição de vida. Um homem, filho de camponeses, que lavrou a terra e plantou. Que mostrou na prática as ideias de organização popular. Ele ensinou que para conquistar a terra, é preciso cuidar dela e não fugir dos desafios”. (Francis Vale, sobre Dom Fragoso)


(Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste, Crateús, Ceará)

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