terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

DOM JACINTO FURTADO DE BRITO SOBRINHO



A Catedral do Senhor do Bonfim, em Crateús, está leve como uma garça que se prepara para alçar vôo, acolhedora como uma matriarca generosa e sensível, dotada de delicadas saliências arquitetônicas e revestida da imponência silenciosa de um monólito do sertão central. A Cúria Diocesana e a Casa Paroquial também passaram por cirurgias plásticas que as fizeram rejuvenescer. O Cemitério São João Batista, pela beleza da fachada, está digno de ser chamado de mansão dos mortos. O Centro de Treinamento Diocesano experimenta uma inflação floral. Uma nova residência foi erigida na Rua Poty. Como os antigos fortes protetores das urbes, novos templos irrompem estrategicamente dispostos em bairros diferentes como Planalto, COHAB Ipase e Cidade Nova. Toda a infra-estrutura predial da Igreja Católica acusa o palpitar da renovação.

Esse impulso motivador há contagiado também os fiéis, que se revelam estimulados e atendem prontamente a todas as convocações do Pastor, inclusive para o exercício de longas peregrinações.

Estas consideráveis alterações se produziram graças ao Sopro do Espírito através de um dos seus discípulos, o bispo Jacinto Furtado de Brito Sobrinho. No ímpeto empreendedor, lembra D. José Tupinambá da Frota, o sobralense que elevou às estrelas a auto-estima da Princesa do Norte.

Na concordância de Juarez Leitão, D. José fundou uma escola “segundo a qual o padre deveria assumir o papel principal de sua comunidade. Prefeitos, juízes e delegados de polícia teriam que se conformar com a função coadjuvante. O vigário tinha de ser o líder maior e o puxador do progresso, onde quer que se encontrasse. Ele próprio, o bispo-conde, fora o maior construtor de Sobral. E, certamente, o homem mais virtuoso”.

Do Maranhão veio o atual prelado de Crateús. O anterior, D. Antonio Batista Fragoso, também, assim como o primeiro bispo a pisar o solo crateuense, Dom Antonio de Alvarenga. Há entre os crateuenses e os maranhenses um fio de união religiosa que atravessa as eras, pois de lá advieram missionários com prédicas peculiares na condução do estandarte da fé.

Hoje, costumamos identificar pessoas que tentam rivalizar ou fazer uma comparação excludente entre D. Fragoso e D. Jacinto. Acho impróprio. Aquele marcou época, inscreveu seu nome na lápide da história com a tinta do sangue profético; este se firma pelo pendor à edificação, pela inclinação à mobilização pastoreia, pela disposição gerencial.

Quando a Pátria agonizava sob o cativeiro da ditadura e as Instituições estavam amordaçadas, Dom Fragoso percorreu a íngreme vereda do combate, revelando ao povo com o aço cortante da sua verve que era possível atravessar o mar vermelho do regime de exceção.

Dom Jacinto é um carpinteiro da fé, que talha a madeira bruta do sonho realizador coletivo e estimula o rebanho religioso a desenvolver os talentos, que são dádivas celestiais. São caminhos distintos, mas não antagônicos.

Ambas as trilhas conduzem ao mesmo Jovem Galileu, que ora expulsou com ira santa os vendilhões do templo e ora coordenou a operação milagrosa da multiplicação dos pães.

O importante é que cada um de nós deve saber usar corretamente o dote que Deus lhe deu. Como bem leciona a música, “se um dom especial é dado para alguém, é pra ajudar o bem na luta contra o mal”.

(Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste, Crateús, Ceará)

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