terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

OBSERVATÓRIO



Estive em Crateús no final de semana passado. No início da Praça localizada no entorno da Estação divisei um chamativo outdoor em cor vermelha – que provavelmente está ali desde o final do ano passado - com a seguinte mensagem: “Boas festas!... FÉ PAZ AMOR SAÚDE VIDA NOVA FELICIDADE PROSPERIDADE! ...um novo ano de muitas realizações. Carlos Felipe – Prefeito de Crateús”.

IMPESSOALIDADE

A Constituição Federal estabelece que a propaganda custeada com o dinheiro público ter que obedecer a determinadas regras. No parágrafo primeiro do artigo 37 está dito claramente: “A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos”. É induvidoso que o outdoor acima mencionado foi confeccionado com a mesma cor do partido do Prefeito, o vermelho do PCdoB. É incontestável que ali está, em destaque, o nome do Chefe do Executivo Municipal, caracterizando promoção pessoal da autoridade. Talvez sem se dar conta a gestão municipal afixou um outdoor que atenta contra princípio constitucional. Pelo artigo 11 da Lei Federal 8.429, de 02 de junho de 1992, isso constitui em tese ato de improbidade administrativa. Melhor seria substituí-lo imediatamente por outro.

OPOSIÇÃO

Parece-me que esse outdoor é emblemático da situação política da cidade: a ausência de oposição. Afora as queixas espontâneas da população e a manifestação isolada de algumas lideranças e segmentos, o fato é que o senhor Prefeito não enfrentou uma oposição contundente nesses três anos de mandato. Pelo menos nos moldes formais e tradicionais como a enfrentaram os dois ex-prefeitos imediatamente anteriores, Paulo Nazareno e Zé Almir. Contra Paulo existia uma atuante e implacável oposição política, entrincheirada na Câmara Municipal. Os Vereadores de oposição se reuniam semanalmente, avaliavam o quadro político, definiam uma agenda de combate e a implementavam. Inúmeras denúncias, ações judiciais e pronunciamentos nos meios de comunicação. Ainda hoje Paulo responde, juntamente com alguns ex-auxiliares, um enorme passivo judicial. As intimações têm freqüência quase semanal. Contra Zé Almir se consolidou uma forte oposição judiciária, provocada pela vigilância severa do Ministério Público e que culminou, inclusive, com seu afastamento temporário da Prefeitura.

OPOSIÇÃO II

No último fim de semana houve intensa movimentação nos bastidores políticos. Uma reunião ocorrida no sábado à tarde reuniu lideranças insatisfeitas com essa letargia na política local. Na mesma mesa estavam Nenzé Bezerra, Marcelo Machado e Luizinho Sales, ex-eleitores de alto coturno do atual alcaide. Este ano subirão em palanque adverso ao do Prefeito. Comenta-se que poderão somar em uma ampla articulação oposicionista. Há um consenso naqueles que estão fora do poder: é preciso construir uma unidade. Os entendimentos estão se amiudando. O PSDB se reuniu no sábado pela manhã e definiu que vai trabalhar por essa unificação oposicionista. Convidou os empresários José Vagno Mota e Luizinho Sales para se colocarem como opções do partido na mesa de negociação. Além disso, definiu uma dezena de candidatos a vereador. Há nomes expressivos e de grande densidade eleitoral.

OPOSIÇÃO III

A população está sedenta por nomes, opções, caminhos indicativos. O importante é que haja uma campanha qualificada. Um programa de governo que mobilize o povo para debater os grandes desafios do município. Que se discuta o futuro. Com grandeza e equilíbrio. Sem exibir baixarias nem resvalar para ressentimentos pessoais.

NENEN FRANCELINO

O ex-vereador Nenen Francelino completou oito décadas. A confraternização de seu aniversário reuniu uma multidão. Na festa, prestigiada por várias lideranças populares, ocuparam o microfone Neto Francelino, filho caçula do aniversariante, o Deputado Nenen Coelho, Lourival Rodrigues e Ivan Monte Claudino. Nossa saudação ao velho guerreiro do pé da serra.

HARLEY

Causou comoção generalizada o assassinato do Harley. Conheci-o. E daqui externo solidariedade à família. Uma de suas filhas escreveu que ele era um menino de 53 anos. Era um palhaço por vocação, amor e paixão. Poderia ter seguido uma carreira que o cobrisse com os tesouros deste mundo. Optou por seguir a vereda da alma, a trilha do coração, o pedregoso porém florido caminho do convite interior. Viveu feliz com a felicidade dos outros. Distribui sorriso. Amou o despojamento. Erguia a cada dia, com lona antiga e novos cacarecos, um templo à alegria de viver, que ele chamava de circo.

PARA REFLETIR

“O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódios... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido”. (Charles Chaplin)

(Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste, Crateús, Ceará)

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