terça-feira, 13 de agosto de 2013

OBSERVATÓRIO

Antonio Osvaldo Oliveira foi vereador em Crateús nas décadas de 1980 e 1990. Comerciante e agropecuarista oriundo do distrito de Poty, se popularizou sob o apelido de Osvaldo Panelada. Bigode estilo José Sarney, voz potente, dado a análises da conjuntura política e arroubos eloqüentes, se elegia mais pelas amizades do que por esquemas políticos que viesse a montar. Forjado no combativo MDB, era um político sem papas na língua. Estava em campanha no bairro Altamira quando, ao descer do palanque, foi cercado por um grupo de malandros. Um deles foi direto: - Vereador, me arranja um trocado para eu comprar um litro de cachaça. Osvaldo respondeu laconicamente: - Não. O malandro retrucou: - Ô vereador fraco esse... Panelada fulminou: - Fraco é você, que está me pedindo. Eu não estou lhe pedindo nada!

LÍDER

Osvaldo encarnou um tipo de liderança tradicional que hoje rareia: a do representante destemido, que não titubeia em repartir com os representados a fruta aberta da sinceridade. Uma de suas frases preferidas: - Líder é o que lidera e não o que é liderado! Hoje, a maioria dos políticos prefere seguir ao sabor da pressão dos aliados, o que representa um grande perigo para o futuro. Vivemos uma quadra em que a conivência enlameia a boa convivência. A saudável política da relação transparente cede lugar às práticas indecentes. A ação mercantilista, eleitoreira e imediatista se sobrepõe à visão republicana, de estado. Há uma inversão de valores!

LÍDER II

O Prefeito de Crateús, Carlos Felipe, vive um momento delicado. No primeiro ano do seu segundo mandato, é vítima de um modelo que combateu e ao qual se rendeu: a troca de apoio político por cargos e vantagens na gestão. Sofre os efeitos do chamado “fogo amigo”, bombardeio oriundo das próprias forças internas. Normalmente explosões dessa natureza só tendem a ocorrer em final de mandato. A base situacionista na Câmara Municipal exala desencanto. Há um movimento no seio do seu grupo político para que Felipe renuncie à Prefeitura e pleiteie uma vaga à Assembléia Legislativa. Aparentemente, seria um salto à frente, algo positivo. Porém, a essência dessa articulação é outra: querem vê-lo longe da Prefeitura, pois não atende com solicitude aos apelos da base fisiológica. Inegável que esse apoiamento amparado no ‘toma-lá-dá-cá’ constitui prática comum em quase todos os municípios. É a regra. Em Crateús sempre ocorreu isso. A questão é que o atual alcaide prometeu quebrar essa regra perpetrada pela velha política. E ainda não o fez.

RUMO

Aliados governistas dizem abertamente que a gestão perdeu o rumo. Adiantam que falta moral à Administração para criticar os pedidos de emprego que os Vereadores fazem, pois o erro é patrocinado pelo alto escalão: ‘em setores comandados pela família do gestor há uma verdadeira farra de empreguismo’ - dizem. Em síntese, é preciso repensar o modelo.

ELEIÇÃO

Para o ano que vem, segundo as mesmas fontes, há três cenários: 1. O prefeito renuncia e sai candidato (todos, em tese, votariam nele); 2. Seria escolhido um terceiro nome para o grupo inteiro apoiar (hipótese pouco provável) e 3. As três alas que compõem a base governista apoiariam candidatos diferentes: Prefeito apoiaria um nome do PCdoB; o PT (Mauro Soares à frente) apresentaria candidato do partido e o PR (sob a liderança de Elder Leitão) pediria votos para um estadual da agremiação republicana. Ao final poderia se mensurar a força de cada um.

OPOSIÇÃO

A oposição também vive suas contradições e seus dilemas internos. Há insatisfações pontuais. Ninguém sabe como ficará a composição de apoios para a eleição proporcional (deputados estaduais e federais). Oportunamente dissecaremos esse tema.

COMEMORAÇÕES

Domingo passado, 11 de agosto, houve uma coincidência de comemorações relevantes: Dia dos Pais e Dia do Advogado. O Presidente da OAB nacional, Marcus Vinicius Coelho, concedeu importante entrevista à Revista Veja desta semana sobre os desafios do Direito no Brasil. “Em vinte anos, o Brasil saiu de cerca de 200 faculdades de direito para 1.300. A qualidade, por óbvio, não acompanhou a quantidade. É preciso coibir a abertura de novos cursos e fechar aqueles que não têm qualidade”- asseverou. Marcus Vinicius ressaltou, também, a defasagem da grade curricular, baseada apenas em doutrina e alheia ao estudo de caso, bem como claramente divorciada de temas atuais como mediação, arbitragem e processo judicial eletrônico. Sugeriu, ademais, a ampliação do período de estágio e a valorização dos professores, a fim de sairmos dessa roda viva em que a faculdade finge que paga, o professor finge que dá aula e o aluno finge que aprende.
Sobre a comemoração do Dia dos Pais, vide crônica acima.

PARA REFLETIR

"Quer, então, arrumar um amigo? Que eduque seu filho para sê-lo; estará dispensado de procurá-lo alhures, e a natureza já fez metade do trabalho". (Jean-Jacques Rousseau)
"Não eduque seu filho para ser rico, eduque-o para ser feliz, assim ele saberá o valor das coisas e não o seu preço". (Max Gehringer)

(Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste)

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