terça-feira, 8 de abril de 2014

OBSERVATÓRIO

Há alguns dias fomos convidados pela direção estadual do PEN (Partido Ecológico Nacional) para proferirmos uma palestra sobre Eleições 2014, destinada aos pré-candidatos a deputado da legenda. Iniciamos dizendo que o objetivo de todo candidato é a vitória nas urnas, o êxito eleitoral. Só que, para ganhar, tem que considerar a teoria dos cinco “Gês”: o primeiro é a garra – ninguém vence uma batalha sem disposição. Portanto, o primeiro item a ser considerado é a disposição interior do postulante. O segundo é grana – a eleição tem custos. Para montar e manter uma estrutura mínima – comitês, militantes, transportes para deslocamentos, realização de eventos etc – o candidato tem que levantar recursos. O terceiro é gente – inimaginável uma campanha sem gente. Para trabalhar, ir à cata dos votos, multiplicar o lastro de adeptos, o candidato precisa de gente. O quarto é gogó – para seduzir o eleitorado, o candidato precisa dizer a que veio, quais são os seus planos, idéias, metas de trabalho. Expor-se. Falar. E o quinto é a grade legal. Toda a ação de campanha, obrigatoriamente, tem que se desenvolver dentro das normas legais.

RENÚNCIA

O Prefeito Carlos Felipe renunciou. Após cumprir um ano e três meses do seu segundo mandato, deixa o comando do município. A justificativa oficial é que vai pleitear uma vaga de deputado estadual. Será que, nessa decisão, ponderou sobre os cinco “Gês”? Garra é indiscutível que tem. Jovem na idade, conta com grande disposição para o trabalho. Mas... e a grana, ou seja, a estrutura de campanha? E a gente? Onde estão seus colégios eleitorais? Nos demais municípios da região, os líderes petistas estão comprometidos com outras candidaturas. Novo Oriente, por exemplo, o bloco de oposição – que estreitou laços de afinidade com Felipe na eleição passada, optou por apoiar a esposa do Deputado Federal Genecias Noronha. A eleição para a Assembleia é uma incógnita. Até porque, no PCdoB, há vários nomes que estão mais bem posicionados. A abdicação tem outros motivos.

RENÚNCIA II

A verdadeira razão da renúncia de Carlos Felipe parece ter sido outra. O médico eleito para o Executivo Municipal crateuense cansou da rotina de prefeito. Saturou-se com o dia a dia das cobranças feitas pelos correligionários e aliados. Não suportava mais a carga de pressão. Dispôs-se a sair. Independente dos desdobramentos e do resultado do próximo prélio eleitoral. Felipe não é criança. Sabe que campanha de Deputado é muito diferente de disputa para Prefeito. Esta polariza; aquela pulveriza. A própria base aliada do Executivo Municipal estará rachada. Em razão de compromissos anteriores, há vereadores do bloco de sustentação ao Prefeito que estão trabalhando para outras candidaturas.

RENÚNCIA III

Mauro Soares assumiu a Prefeitura. Seu primeiro ato administrativo foi mostrar que era leal a Carlos Felipe: manteve toda a equipe do ex-prefeito rigorosamente no mesmo lugar, inclusive a ex-primeira-dama. Foi um gesto de fidelidade. Porém, isso terá que ser alterado em algum momento. Se ele ficar o restante do mandato apenas imitando e como sombra do antecessor passará à História sem mostrar seus próprios ideais. Isso definitivamente não combina com ele. Assim, pouco a pouco, terá que enfrentar a contradição que o persegue. Aliás, já saltou à vista: no discurso de posse, convidou todos os vereadores de oposição para o diálogo, algo que o predecessor nunca cogitou.

RENÚNCIA IV

Por falar em renúncia, a mais comentada foi aquela que não se concretizou: a do governador Cid Gomes. São as chamadas ‘varáveis políticas’ que os políticos não controlam. A princípio, Cid não cogitava sair. Depois, premido pela possibilidade de tornar o irmão elegível, passou a considerar. Em seguida, o séquito que o cerca exigiu que o vice-governador também renunciasse. Domingos reagiu. Disse que acolhia qualquer sugestão política; no entanto, considerava renúncia um ato de vontade, pessoal, de caráter íntimo e, portanto, inegociável. Com esteio nisso, manteve-se firme e não abriu do seu legítimo e constitucional direito. Agiu como um estadista e saiu maior do que quando entrou. O deputado Carlomano Marques disse-lhe: “todo prejuízo financeiro, por maior que seja, é pequeno; todo prejuízo à honra, por menor que seja, é grande; mas o prejuízo à falta de coragem é irrecuperável. Você sai grande desse processo e entra para as páginas da História”.

LIONS

A XV Convenção Estadual do Distrito LA-4 do Lions Clube, no salão de eventos do Hotel Cavalcante Park, reuniu centenas de cearenses de todas as regiões do estado e foi um evento exitoso. Agradeço aos amigos e organizadores – em especial Manoel Carmo, Edmilson Providência e Raimundo Cândido – pela deferência do convite para que abordasse o tema “Cultura de Crateús e o papel da Academia nas mudanças sociais”.

PARA REFLETIR

“A razão de ser do escritor – e dos seus coletivos organizados, que são as academias – é a de contribuir para que as galinhas se transformem em águias, é fomentar a proliferação de vaga-lumes nos obscuros túneis do tempo, é ser fresta de luz na caverna platônica”.

(Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste, Crateús, Ceará)

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