sábado, 12 de agosto de 2017

DATAS GALAXIAIS


Há datas que são galaxiais. Embora únicas, circulam pela via leitosa e constituem uma aglomeração de estrelas, um conjunto imorredouro de fulgurâncias.
A data de nascimento é uma delas.

Talvez seja porque a relembrança da data em que nascemos nos remeta ao mais íntimo e profundo de nós mesmos, refazendo o itinerário fantástico que nos fez romper com a cápsula de ternura, com a nave de conforto protetivo, com a bolsa de afeto do útero materno e permitiu que abríssemos os olhos marejados para o espasmo do universo, para o espetáculo da existência, para o êxtase da vida!

É por isso que, movidos por uma manivela invisível, somos estimulados a celebrar natalícios.

Hoje nos reunimos ao redor de uma dessas atrativas molduras de tempo.

É a festa de aniversário do nosso nascimento coletivo em uma instituição em que sobranceia a bela insígnia do serviço à humanidade. Nosso edifício constitutivo está assentado sob as colunas entrelaçadas do companheirismo e nosso átrio convida ao exercício do auto conserto e da renovação por uma prova quádrupla que nos impulsiona a relações lastreadas no respeito, na compreensão e na tolerância.

Quis o Acaso, aquela protetora Força Superior, que nascêssemos para o companheirismo rotário em um 18 de maio, o mesmo dia em que, no ano de 1920, nasceu Karol Józef Wojtyła, o São João Paulo Segundo, coincidentemente o patrono na Academia Brasileira de Hagiologia do nosso querido e estimado fundador Seridião Correia Montenegro.

A mim me coube falar sobre esta Medalha que, desde 2015, a cada festa de aniversário é outorgada.

A “Medalha José Freire de Sena” é destinada a laurear rotarianos com postura destacada em favor do desenvolvimento e progresso do companheirismo e da fraternidade.

O Companheiro José Freire de Sena, que passou para o platô espiritual dia 29 de dezembro de 2014, foi um dos maiores estimuladores dos postulados de fraternidade e companheirismo no âmbito do nosso Clube.

Nas veias do cidadão de fulgurante álbum curricular - Advogado, Professor Universitário, Consultor de estratégia e gestão de negócios e investimentos privados internacionais – corria o sangue azul da nobreza feita companheirismo.

O poliglota Freire – que falava e escrevia com fluência e proficiência o Espanhol, o Francês, o Inglês, o Alemão e com extenso conhecimento do Latim, dominava, em especial, a linguagem simples do amor e da amizade.

O executivo de projeção e com vasta experiência internacional era um entusiasta do Rotary porque era nesta Instituição que vislumbrava o maior tesouro: dar de si antes de pensar em si.

A sólida formação religiosa cristalizou na alma do cristão Freire de Sena os altos princípios que devem nortear a existência de um bom varão: o ardor profético, o labor ético, o pendor estético!

A “Medalha José Freire de Sena” tem o objetivo de manter acesa, entre nós, a centelha memorável de um companheiro exemplar!

Por isso, nesta noite de memorável fulgurância, estremeço de emoção para anunciar que neste ano da graça de 2017 o agraciado, por deveres de consciência e razões do coração, é Seridião Correia Montenegro.

Foi Seridião o responsável pela tarefa delicada de arregimentar pessoas, escriturar papéis, realizar contatos e remeter para o banco de sêmen do Rotary Internacional o embrião do Rotary Clube de Fortaleza Dunas. Como o cantor Ednardo, ele carrega musicalmente nas veias o espírito original do nosso Clube: veio das dunas brancas, tem a mão que aperreia, tem o sol e a areia e é da América. Ou pela nata do lixo ou pelo luxo da aldeia, é do Ceará. Na aldeia ou na aldeota, está sempre batendo na porta, pra nos aperrear, pra nos aperrear... Sempre de olho à frente, ou na praia do futuro, onde para o velho e o novo, são os olhos do mar. Olhando a vida espalhou que, na praia, luzindo na madrugada, os braços e corpos, devem estar falando amor.

Por reverência ao altar da história, por amor à janela do anúncio, por impulso de gratidão, devemos consignar que Seridião era para ter sido o primeiro a receber as honras desta Medalha. Se isso não ocorreu, foi por culpa dele mesmo, que na sua extensa generosidade sempre teve a iniciativa de sugerir outros nomes. Este ano nós o driblamos. Omitimos a submissão do nome do agraciado à sua apreciação.

Seridião, responsável pelo alicerce fundacional e pela pedra filosofal desta Confraria do Servir, conseguiu desbancar a máxima de Nelson Rodrigues e provar que é possível – e de maneira decente – a construção de uma unanimidade inteligente. Não vou fazer referência ao álbum de ações, não vou mencionar a extensa trilha de serviços prestados por Seridião a este lar de companheiros. Em outra oportunidade já disse que nos cômodos das palavras jamais caberão os latifúndios afetivos que ele logrou matricular no cartório sagrado do nosso coração.

Aniversariante individual de antes de ontem, aniversariante coletivo de hoje, afilhado de São João Paulo Segundo, Companheiro e Irmão, Parabéns, Seridião!


(Júnior Bonfim - discurso proferido por ocasião da entrega da Medalha Freire de Sena para Seridião Correia Montenegro, na festa de aniversário do RCF DUNAS, em 18.05.2017)

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