terça-feira, 24 de março de 2009

PLANETA ÁGUA


“Água que nasce na fonte/
Serena do mundo/
E que abre um/
Profundo grotão/
Água que faz inocente/
Riacho e deságua/
Na corrente do ribeirão...

Águas escuras dos rios/
Que levam/
A fertilidade ao sertão/
Águas que banham aldeias/
E matam a sede da população...

Terra! Planeta Água/
Terra! Planeta Água/
Terra! Planeta Água...”
(Guilherme Arantes)


Celebramos, no último dia 22 de março, o Dia Mundial da Água! O objetivo da ONU (Organização das Nações Unidas), ao instituir a data, foi despertar a humanidade para a premência de uma meditação mais acurada sobre o tema. Além de ser o principal constituinte do corpo humano, o “líquido incolor e inodoro, composto de hidrogênio e oxigênio” é responsável pela vida de quase todas as espécies da Terra, além de atuar na regulação da temperatura da mesma.

A água, por sua relevância e grandeza, nos induz aos mais diversos tipos de elucubrações.

A primeira é aquela que o cantor Guilherme Arantes levantou: o nosso planeta, ao invés de Terra, deveria se chamar Planeta Água. Em verdade, a água cobre cerca de 70% da superfície do planeta. Cerca de 97% da água do mundo está presente nos oceanos e mares, 2% está armazenada nas geleiras e apenas 1% está disponível para o uso, armazenada nos lençóis subterrâneos, lagos, rios e na atmosfera.

Em várias partes do mundo, as pessoas estão sem acesso adequado à água. E o quadro só tem piorado com o passar dos anos. Segundo dados da Unesco, a África é o continente onde o problema é maior. São 340 milhões de pessoas sem acesso a água potável e 500 milhões sem saneamento básico adequado. Isto sem contar que essa situação pode se agravar ainda mais com os problemas ambientais enfrentados pelo planeta, como a poluição e o aquecimento global.

Segundo o Greenpeace e as Nações Unidas, existe uma necessidade iminente de se proteger os oceanos. Atualmente, apenas 1% das áreas oceânicas do planeta está protegido nas chamadas AMPs (Áreas Marinhas Protegidas). A ONU defende que este número tem de subir para 30% a longo prazo. O Greenpeace vai mais longe, declarando a necessidade de se proteger 40% das áreas marinhas do planeta. Dados bem altos para uma humanidade que parece não ter noção da dimensão do problema.

– Posso dizer que a situação da água no mundo é extremamente preocupante. Já há várias áreas do planeta onde a água está escassa, devido à poluição e ao esgotamento das fontes naturais – alerta o diretor/presidente do Instituto Brasil PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), Haroldo Lemos. – Segundo dados da ONU, em 2023 já teremos cerca de 23 países sem água.

Tão importante quanto à necessidade de se debater essa questão técnica da vinculação da sobrevivência do planeta à preservação desse insubstituível bem, é a reflexão de natureza humanística: Por que o homem atual é tão agressivo e predatório, a ponto de olvidar que, ao destruir inconseqüentemente o meio ambiente, destrói a si próprio?!

Talvez a resposta esteja na própria água, ou na mais potente e imponente figura que ela desenha: o mar!

Você sabe por que o mar é tão grande, tão expressivo e poderoso?

É porque ele, em vez de assumir uma posição arrogante de superioridade, teve a humildade de se colocar alguns centímetros abaixo de todos os rios do mundo.

Em sabendo receber todos os rios do mundo, tornou-se grande e poderoso.


“Gotas de água da chuva/
Alegre arco-íris/
Sobre a plantação/
Gotas de água da chuva/
Tão tristes, são lágrimas/
Na inundação...

Águas que movem moinhos/
São as mesmas águas/
Que encharcam o chão/
E sempre voltam humildes/
Pro fundo da terra/
Pro fundo da terra...

Terra! Planeta Água/
Terra! Planeta Água/
Terra! Planeta Água...”



(Publicado na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste)

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