quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

OBSERVATÓRIO


Escrevo esta coluna após participar, no Parlamento Mirim da Capital, da solenidade de outorga do Título de Cidadão Fortalezense a José Alencar Gomes da Silva. Evento imperdível, porque emocionante. O mineiro de Muriaé, que hoje ocupa a Vice Presidência da República, é detentor de uma fantástica história de vida. Aos quatorze anos, saiu de casa para assumir o primeiro emprego: balconista. Levava apenas uma maleta com três peças de roupa. Aos 18 anos, emancipado pelo pai, estabeleceu-se como comerciante, com a lojinha “A Queimadeira”, cujo nome foi sugerido por um viajante português, o senhor Lopes, sob o curioso argumento de que “se fosse um bar, seria Bar Cristal; mas não é um bar, então é “A Queimadeira”, porque vai vender barato...” Depois de “A Queimadeira”, foi viajante comercial, cerealista, dono de fábrica de macarrão, atacadista de tecidos e industrial do ramo de confecções. Em seguida, fundou em Montes Claros a Companhia de Tecidos Norte de Minas – Coteminas, hoje um dos maiores grupos industriais têxteis do país. No entanto, muitos só se deram conta de sua força espiritual e grandeza interior quando o viram enfrentando, com altivez singular, uma luta contra o câncer, que o submeteu a uma seqüência de quinze cirurgias.

DEZEMBRO

Estamos em dezembro. Mês cuja rajada de energia fraterna nos arrebata. Rebenta do mais recôndito de nós mesmos um impulso à transcendência, um giro à imanência, um desejo de sublimar, uma vontade de olhar para o que é superior. Além dos cristãos, esse fluxo de suave vitalidade na direção dos valores elevados perpassa praticamente todas as crenças humanas. No caso dos que crêem na mensagem revolucionária do Jovem de Nazaré, é hora de reavivar os principais indicativos da sua boa nova. O caminho da felicidade é o do amor: ao Ser Superior sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

A COLUNA

Sempre escrevo esta moldura com o binóculo focado na paisagem política. Porque a considero a mais nobre das atividades humanas. Como que imerso na atmosfera natalina, renovo as baterias da luta quando miro a trajetória ilustrada de homens como José Alencar. Consignam que a política pode ser um nobre instrumento a serviço do conserto do mundo. Provam que, diversamente do que pensam muitos, nem tudo está perdido. Porém, se a política é o lugar por excelência onde o homem pode materializar o bem comum, ele jamais pode ser considerado o único. Por isso, ao invés de hoje laborar sob a diretriz da criticidade analítica, prefiro dedicar estas linhas a bons exemplos, reveladores de que, mesmo à margem dos gabinetes oficiais, podem fluir ações altruístas em prol da coletividade.

ACADEMIA

Quando, há cerca de dois anos, escrevi uma pequena crônica sobre o sonho de fundarmos, em Crateús, uma Academia de Letras, vislumbrava essa possibilidade. Hoje, instalado o Sodalício e em pleno funcionamento, temos uma incubadora de talentos literários em plena atividade. Alguns se sentiram estimulados a colocar no papel um pouco da própria capacidade inventiva. Livros estão saindo do forno, outros se encontram em pleno processo de fermentação.

FLÁVIO

Um desses acadêmicos, cuja linha histórica há de ser ressaltada, é Flávio Machado e Silva. Esse sexagenário cidadão toca a vida com a vitalidade laboral de um adolescente e a tranqüilidade de quem saboreou a fruta da maturidade. Desde março de 2006, quando foi convidado por nosso editor César Vale para escrever crônicas que passeiam pelas veredas históricas da terra do Senhor do Bonfim, tem provado que podemos, a qualquer tempo, nos reinventar. No próximo sábado à noite, dia 05 de dezembro, Flávio estará lançando seu primeiro livro, “Crateús, lembranças que aquecem o coração”. O filho de Izauro Machado Portela e de dona Antonia Machado e Silva merece ser prestigiado por todos. Seu livro é um manancial de gostosas reminiscências, uma viagem lúdica às nossas raízes, prosa leve e agradável, obra prima de singeleza.

JOSÉ MARIA

Outro talentoso crateuense que está disponibilizando uma obra de fôlego é o doutor José Maria Bonfim de Morais. Conceituado médico cardiologista e escritor fulgurante, lançará livro sobre o seu genitor, Felipe Ferreira de Morais, um íntegro ser que apagou a vela centenária e dignificou a família a que pertenceu. O evento ocorrerá às 19:00 hs do próximo dia 08 de dezembro, no Ideal Clube de Fortaleza. A apresentação será feita pelo doutor Carlos Felipe, prefeito de Crateús.

DESEMBARGADORES

Outro bom exemplo vem das pilastras judiciárias. Além do doutor Byron Frota, Crateús conta agora com outro conterrâneo ocupando uma cadeira no Tribunal de Justiça do Ceará: é o doutor Emanuel Leite Albuquerque, escolhido para integrar a mais Corte de Justiça Cearense por critério de merecimento (vide crônica da cidade, ao lado), cuja posse ocorreu na tarde do dia 26 de novembro. O doutor Emanuel, que exerceu a magistratura em sua terra natal na década de 1990 – e presidiu as eleições municipais de 1992 em Crateús - era também integrante do pleno do Tribunal Regional Eleitoral. Parabéns ao profícuo julgador, cuja trajetória se constitui modelo para a mocidade! Outros magistrados com vinculação aos sertões de Crateús também obtiveram êxito na recente lista de novos julgadores de segundo grau: Paulo Timbó, de Tamboril, e Clécio Aguiar Magalhães, que foi juiz em Crateús por muitos anos.

PARA REFLETIR

“Se eu pudesse deixar algum presente a você, deixaria aceso o sentimento de amor à vida dos seres humanos. A consciência de aprender tudo o que nos foi ensinado pelo tempo afora. Lembraria os erros que foram cometidos, como sinais para que não mais se repetissem a capacidade de escolher novos rumos. Deixaria para você, se pudesse, o respeito, aquilo que é indispensável: além do pão, o trabalho e a ação. E, quando tudo mais faltasse, para você eu deixaria, se pudesse, um segredo: o de buscar no interior de sí mesmo a resposta para encontrar a saída”. (Gandhi)


(Por Júnior Bonfim, publicado na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste)

Um comentário:

Dalinha Catunda disse...

Olá Júnior,

DE JOSÉ ALENCAR:
José Alencar é um homem que tem uma bonita trajetória e dignifica o País.
Sua história de vida é um exemplo a ser seguido. A garra com que ele enfrenta sua enfermidade é impressionante. Em minha peneira de peneirar político ele fica na parte seleta.

DA ACADEMIA DE CRATEÚS
Júnior, eu que vi você semeando cultura, hoje fico feliz em saber que a Academia de Letras de Crateús já começa a colher seus frutos. Nessa colheita teremos Flávio Machado, José Maria e certamente novas safras abastecerão este armazém cultural fundado em Crateús.

DE JÚNIOR BONFIM
Júnior você cita os bons exemplos. Divulga sua cidade e habitantes e ainda abre as portas de seu blog para divulgar os que batem a sua porta, pedindo licença ou não.
Eu gostaria de agradecê-lo, de parabenizá-lo pela nobreza de sentimentos.
Acho que nós que fazemos parte de seu blog, de alguma forma, o mínimo que podemos fazer é prestigiar suas postagens, como você nos prestigia.
Eu tiro o chapéu para você.
Dalinha Catunda