quinta-feira, 18 de março de 2010

FLAVIANNA LOIOLA LIMA


Nasci em pleno embaçamento do horizonte institucional do País. Vivia a locomotiva da Pátria à mercê dos solavancos militares, conduzida sob a bitola dos trilhos da exceção. Era um tempo que provocava a indignação. Ato heróico era resistir à ordem estabelecida. Privilegiava-se a revolta, pois toda a culpa das mazelas mundanas era debitada na conta dos detentores do poder.

Vivemos outros tempos. Descobrimos, como o cronista carioca, a ‘inutilidade da cólera’. Descobrimos também – pelo menos alguns – que o olhar mais profundo é aquele que mira para o mais íntimo de nós mesmos. Pois a purgação pessoal prescinde à paz social. Para a verdadeira “concertação” do mundo ou para que germine uma civilização fraterna e justa, mais importante do que vociferar sobre os defeitos alheios, é buscar corrigir as nossas próprias imperfeições. À Buda, procuro extrair de cada ser, inclusive dos contendedores, a pérola da virtude, a flor da bondade. E assim vivo a sondar exemplos reluzentes. Daí esta página, que invariavelmente traz à ribalta contornos descritivos de pessoas que, via de regra, cruzaram a linha serena da maturidade.

Decorre que hoje falarei de gente que exala o bálsamo da juventude. Esta crônica nasceu em Crateús, na segunda-feira do Carnaval deste 2010. Fui acudir um chamado afetuoso para uma dupla comemoração. Fabiano e Socorro Marques tinham motivos de sobra para convidar familiares e amigos: Larisse e Levi, filhos do casal, tinham obtido êxito em duas distintas etapas da vida educacional. Aquela, selecionada para cursar mestrado; este, classificado no vestibular para medicina da Universidade Federal do Ceará. Ao invés de um evento Dionisíaco, próprio da atmosfera carnavalesca, optaram por um ritual transcendente: uma celebração litúrgica seguida de um banquete fraterno. Impressionou sobremaneira a madureza do depoimento do Levi, um jovem de 18 anos, que declarou: - “Embora eu saiba que meus pais poderiam custear meus estudos em uma faculdade particular, resolvi lhes dar esse presente: passar em uma Universidade Pública. Acho que eles mereciam”.

Dentre as agradáveis figuras com que me deparei ali, destacou-se a dona Zenaide, uma jovem viúva que é proprietária do mais requisitado Buffet da cidade – o Favo de Mel – que, inclusive, fora contratado para coordenar o almoço. Flávio Lima, com quem era casada, foi meu companheiro de lutas estudantis e culturais no início da década de 1980, quando o saudoso professor José Ferreira de Oliveira atiçava a mocidade crateuense para os embates democráticos. Embora amante da introspecção, Flávio se viu arrastado pelo redemoinho da militância estudantil. Depois, resolveu se dedicar aos dois amores de sua vida: o trabalho e a família. A lanchonete “Favo de Mel”, que comandava, era um indefectível ponto de encontro dos prosadores da cidade. Há exatos três anos, em março de 2007, súbita e repentinamente ele se mudou para o espaço da meditação permanente. Tal qual uma guerreira destemida e impulsionada pelo mesmo amor culinário, sua consorte fez progressos negociais e zelou pela formação da prole.

A primogênita, Flavianna Loiola Lima, nascida em 1985, iluminada pela lâmpada do exemplo familiar, resolveu cursar Engenharia de Alimentos pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Quando o pai faleceu, poderia ter se recolhido à intimidade do lar, rendendo-se à justificada dor que tomou conta de si e de seus entes queridos. Embora tenha passado um mês junto à família, em Crateús, resolveu seguir na batalha da existência e prosseguiu nos estudos. Assediada, como sói acontecer aos da sua idade, pelas tentações da facilidade hodierna, manteve-se no caminho originalmente definido.

No período de férias, ao invés de se entregar ao merecido lazer, aproveitava para fazer cursos. Um desses, ocorrido em Belo Horizonte, foi o curso de multiplicadores do PROPAN (Programa de Apoio à Panificação) que forma e seleciona consultores em nível nacional.

Ao término da faculdade, in continenti remeteu o currículo para a empresa. Também em uma resposta relâmpago, teve seu nome aprovado para fazer parte do grupo de consultores do PROPAN. Vinte minutos depois da sua aceitação, foi-lhe emitido um bilhete de passagem aérea e, hoje, através de uma empresa de consultoria que montou, vive nas asas de um avião pelo país afora, prestando serviços de consultoria e treinamentos para o setor de panificação e alimentação em geral.

Atuando majoritariamente no Sul e Sudeste, com ênfase em São Paulo, faz parte de um grupo de 80 consultores, onde detém respeito referencial: obteve o 2º lugar (dentre todos os consultores), ocasião em que foi premiada com um netbook.

Flavianna protagoniza uma dessas sagas difíceis de aclarar pelos estreitos caminhos de raciocínio que as nossas mentes estão acostumadas a percorrer. Deepak Chopra nomeou de Sincrodestino essa capacidade de decifrar o significado oculto nas coincidências da vida e que é capaz de operar milagres. Na obra “O andar do bêbado: como o acaso determina nossas vidas”, Leonard Mlodinow batizou de “teoria da aleatoriedade”, mostrando como os processos aleatórios são fundamentais na natureza e onipresentes em nossa vida cotidiana. Na linguagem religiosa, os santos verbalizam que é “o sopro do Espírito”.

Coincidência do destino, processo aleatório ou sopro do Espírito são formas diferentes de dizer a mesma coisa: quando, como lembra Valter Franco, se mantém “a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranqüilo”, ou seja, em sintonia com a energia superior que rege o universo, milagres acontecem. E quem se transforma em instrumento do prodígio adquire uma luz especial. Vira Gente que Brilha!


(Por Júnior Bonfim - na Revista Gente de Ação - março/2010)

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Olá Júnior,

Você sempre nos brinda com histórias de vida bem marcantes.

Certamente estas histórias servirão como exemplo para pessoas que pensam em seguir em frente mas esperam um empurrão, quando na realidade, cabe a cada um de nós correr em busca de nosso futuro.

Parabéns a Flavianna pela determinação, pelo sucesso alcançado e pelo exemplo de mulher que sabe o que quer.

Um abraço,

Dalinha

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Parabéns pela matéria. Essa minha sobrinha é uma nordestina de coragem, como todos nós somos, sem medo de enfretar os desafios.

Parabéns.


Martonia

4 comentários:

Unknown disse...

Parabéns pela matéria. Essa minha sobrinha é uma nordestina de coragem, como todos nós somos, sem medo de infretar os desafios.
Parabéns.
Martonia

Dalinha Catunda disse...

Olá Júnior,

Você sempre nos brinda com histórias de vida bem marcantes.

Certamente estas histórias servirão como exemplo para pessoas que pensam em seguir em frente mas esperam um empurrão, quando na realidade, cabe a cada um de nós correr em busca de nosso futuro.

Parabéns a Flavianna pela determinação, pelo sucesso alcançado e pelo exemplo de mulher que sabe o que quer.

Um abraço,
Dalinha

Unknown disse...

Parabéns pela matéria! Essa minha prima, é mesmo uma mulher de garra e coragem...
Bela matéria,continue assim 'Iana':)

bjo
Thávila Monniz

Unknown disse...

Olá Júnior,

Gostaria nesse primeiro momento, de manifestar os meus emocionados e sinceros agradecimentos pela homenagem e pelo admirável relato que simboliza uma parte da história da família LOIOLA LIMA.

Já para você, minha irmã, gostaria de aproveitar o espaço para parabenizá-la pela determinação, pela sabedoria, pela humildade, e antes de tudo, pelo SER iluminado que você é.

Fica com as bençãos de DEUS, com a presença de nosso PAI que nos acompanha e nos ilumina, e com o apoio de nossa FAMÍLIA e AMIGOS.

"CONTINUA... O CÉU É O LIMITE"

Amo, MAXMILLER.