sábado, 3 de abril de 2010

OBSERVATÓRIO

Semana Santa. Tempo de sublimação. Recolhimento. Período de meditação, mergulho introspectivo... No entanto, o calendário político é implacável. Atropela, inclusive, os ramos eclesiais, as flores sacras, o jardim religioso. Ao invés da compatibilidade teológica, discute-se a lógica da desincompatibilização. Os dias grandes da Semana Santa transformam-se nos grandes dias das definições eleitorais futuras.


NACIONAL

No mundo cênico da política nacional, muitos ministros, governadores e secretários de estado se afastam para concorrer às eleições vindouras. José Serra e Dilma Roussef, que pontificam nas primeiras posições da corrida presidencial, concentram os holofotes. Em que pese o Presidente, sob o impulso do tufão da popularidade, ter desencadeado a mais ousada campanha antecipada, sua candidata deixa o governo em segundo lugar nas intenções de voto. Será um duelo imprevisível. Lula, com todo o carisma popular e desenvoltura midiática, nunca ganhou uma eleição em primeiro turno. Sua candidata precisa superar enormes entraves de natureza pessoal. José Serra, que lidera as pesquisas há três anos, é um dos mais experientes políticos do País. Conta com o apoio dos três maiores orçamentos da federação: o Governo de São Paulo, a Prefeitura paulistana e o Governo de Minas Gerais. É um reforço estratégico gigantesco.

ESTADUAL

O Governador Cid Gomes caminha sem pressa para uma reeleição tranqüila... Colhe os frutos de ter encetado uma costura política onde engessou as principais forças que poderiam lhe fazer oposição. Mas, é óbvio que a sucessão estadual passa por uma definição nacional. Se Ciro Gomes for candidato a Presidente, o PT ameaça ter candidato próprio. Porém, aliado e principal beneficiário, com que cartucho moral poderá acionar a metralhadora oposicionista? Nenhum. A mesma coisa, embora em menor escala, se pode dizer em relação ao PSDB. Roberto Pessoa, que se imaginava general do exército da contestação, virou uma incógnita. Até o fechamento desta edição trabalhava-se com uma certeza: seu futuro era incerto. Garantida, apenas a heróica candidatura do PSOL, com muita garra e pouco tempo de TV.

LOCAL I

A grande novidade na política local foi a confirmação da desistência da pré-candidata ao Legislativo Estadual Luciene Bezerra, consorte do Prefeito Carlos Felipe. Sua postulação atendia mais a um interesse do esposo do que a um desejo íntimo da primeira-dama. Depois de sondar algumas outras pessoas – dentre elas o médico e Presidente da Unimed Nonato Melo, que declinou do convite – o alcaide se detém agora sob o nome do doutor Pierre, dirigente do Hospital São Lucas.

LOCAL II


Fragilizado pela seqüência de eventos desairosos no curso do mandato, o melhor caminho para o Prefeito Carlos Felipe seria, a esta altura do campeonato, reforçar a candidatura de Hermínio Rezende. Caracterizaria uma forma de gratidão, gesto agradável ao gosto popular. Hermínio apoiou ostensivamente e votou declaradamente no atual Prefeito. Além disso, na lógica maquiavélica da política, faria a popular ‘mistura de votos’: se Hermínio fosse bem votado, dividiria os loiros da vitória; caso contrário, debitaria na conta do pouco carisma do candidato. Entretanto, no meio desse caminho há uma pedra, que também começa com um P: a agremiação de Felipe, o PCdoB. Assim, Lula, que não é da Silva, porém Morais é o nome que será votado pelo Chefe do Executivo para a Assembléia Legislativa.

LOCAL III

Enquanto isso, no outro extremo, a dupla Domingos Neto e Nenen Coelho corre lépida e fagueira. Na solenidade de posse do vereador Arnaldo Minelvino, ocorrida na localidade de Lagoa das Pedras, Domingos Neto dominou a cena. Com um discurso envolvente, o filho do Presidente da Assembléia encantou os presentes. Se confirmada a tendência histórica das últimas eleições, as candidaturas proporcionais de oposição obterão posição majoritária no sufrágio popular.

LOCAL IV

Por falar em Arnaldo Minelvino, seu desempenho tem surpreendido. Filiado ao Democratas, assumiu na vaga de Conegundes Soares. Demarcou posição na trincheira oposicionista. Quando a maioria acha que só é possível fazer política agarrado no guarda-chuva do poder, Arnaldo mostra que é muito melhor seguir de mãos dadas com o povo. Ou seja, livre e independente.


FLÁVIO MACHADO

Recebi um telefonema de Flávio Machado na véspera da solenidade em que a Câmara Municipal o concedia o título de cidadão crateuense. Externava sua alegria e ao mesmo tempo creditava o reconhecimento à provocação que fizemos numa Crônica que assim principiava: “Primeiro, um apelo aos representantes do povo no Legislativo da minha terra: aprovem, com aclamação e louvamento, à unanimidade de votos, um título de Cidadão Crateuense para Flávio Machado e Silva. Ele apenas nasceu na bíblica Palestina (hoje distrito de Novo Oriente), que pertencia à antiga freguesia de “Pelo Sinal”, atual Independência; porém toda a sua caminhada histórica foi trilhada em Crateús. Todos os registros da sua memória primária se concentram na terra do Senhor do Bonfim, onde passou a residir desde os três primeiros setembros de vida”. Parabéns!


PARA REFLETIR

“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”.
(Chico Xavier)

(Por Júnior Bonfim, no Jornal Gazeta do Centro Oeste - Crateús, Ceará)

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