quinta-feira, 6 de maio de 2010

CONJUNTURA NACIONAL

Moreninho jeitoso

Paulo Guerra era governador de Pernambuco e Joaquim Guerra, o filho, candidato a deputado. Elegeu-se pela Arena. Houve festa da padroeira em Bom Conselho, Joaquim Guerra foi lá. Depois das festas religiosas, Joaquim Guerra foi ao baile. Tirou para dançar a filha do prefeito. Joaquim Guerra era bem moreno, queimado de sol. O prefeito o enxerga no meio do salão. Chama a mulher:

- Quem é aquele negrinho que está dançando com a menina?

- Não tem nenhum negrinho aqui.

- Aquele ali, dançando com a nossa filha.

- Fale baixo, homem, não diga besteira. É o filho do governador.

- Moreninho bonito e jeitoso!

Historinha contada pelo amigo Sebastião Nery

Os aviões decolam


Os aviões de José Serra e Dilma Rousseff começam a decolar. As turbinas foram ligadas. E o primeiro trajeto na pista começa a ser visto. Serra respira ares no nordeste, no sul, dando sua paradinha no meio, em Minas Gerais. Dilma não fica atrás. Corre solta, em alguns momentos, e noutros, na companhia de Lula, como se viu no 1º de maio. O que se pode dizer dos primeiros movimentos?

Vertical e horizontal

Serra está mais solto. Parece mais tranquilo. E está até sorridente. Expressa mais segurança e equilíbrio do que na campanha presidencial de 2002. Dilma denota certa falta de traquejo nesse início. Possivelmente, seja efeito do puxa-puxa: um puxa de lado, outro puxa de outro. Sua campanha se reparte em muitos núcleos. Tem comandos vários. Muitos chefes. Quando isso ocorre, a linha decisória torna-se tênue. Campanha de comando horizontal é aquela em que todos mandam e ninguém obedece. A campanha de Serra sinaliza mais enxugamento, mais verticalidade. Ele é o centro que comanda as decisões. Obtém-se maior eficácia.

"Se A é o sucesso, então A é igual a X mais Y mais Z. O trabalho é X; Y é o lazer; e Z é manter a boca fechada." (Albert Einstein)

Quando mudar é perigoso


Dilma é aconselhada a mudar. Coisa complicada. A pessoa poderá melhorar posturas e habilidades comunicativas. Mudar, porém, de comportamento, saindo de um modelo A para um modelo Z é muito perigoso. A identidade é o caráter, a personalidade, a essência, a coluna vertebral de um candidato. Quando você muda essa coluna, o corpo se quebra, verga, entorta. E isso é um risco. Mais adiante, a pessoa vai querer repor a antiga identidade. E acaba dando com os burros n’água. Comete gafes, tropeços, exalta-se, perde as estribeiras. Não é o que ocorre com Dilma. Mas poderá vir a ocorrer.

O discurso político

Muita gente se engana com a eficácia do discurso político. Pois bem, o discurso político é uma composição entre a semântica e a estética. O que muitos não sabem é que a eficácia do discurso depende 7% do conteúdo da expressão e 93% da comunicação não verbal. Esse é o resultado de pesquisas que se fazem sobre o tema desde 1960. E das comunicações não verbais, 55% provêm de expressões faciais e 38% derivam de elementos paralinguísticos – voz, entonação, gestos, postura etc. Ou seja, do que se diz, apenas pequena parcela é levada em consideração. O que não se diz, mas se vê tem muito maior importância.

Clinton e Mônica

O presidente Clinton foi objeto de estudos nessa área. Sua entrevista negando ter tido relações sexuais com Mônica Lewinsky é uma peça antológica. Mãos nervosas, que ele não sabia onde colocar, olhos que se desviavam para o alto – em sinal de fuga – o ex-presidente dos EUA atingiu o pico da mentira quando se referiu à Mônica na terceira pessoa: "afirmo de maneira categórica que nunca tive relações sexuais com aquela mulher". Ao usar a terceira pessoa, aquela mulher, Clinton desejava dar ideia de afastamento, desconhecimento. Mas as fotos mostravam intimidade. Caiu na dissonância. Fala e expressão não combinavam.

Pacote de macarrão

Esse é o calcanhar de Aquiles dos candidatos. Evitar ser flagrados em dissonância. E isso ocorre geralmente quando um candidato é instado a mudar de identidade. O eleitor percebe quando a pessoa torna-se artificial, um mero produto de marketing. E candidato não pode ser trabalhado como se trabalha um sabonete, um pacote de macarrão.

Mercado de trabalho

Mais do que uma oportunidade para adquirir experiência, o trabalho temporário aumenta a chance de empregabilidade, segundo o estudo da International Confederation of Private Employment Agencies (CIETT). Realizado em âmbito mundial, a pesquisa revela que, após uma contratação temporária, o risco de permanecer desempregado diminui em média 66%. O levantamento completo será apresentado durante o Congresso Mundial de Terceirização e Trabalho Temporário, evento promovido pelo Sindeprestem nos dias 27 e 28 de maio, no WTC Convention Center, em São Paulo.

A Copa e a lição de casa

O Brasil não está fazendo a lição de casa para a Copa de 2014, segundo a Fifa. Aliás, nem começou. Embora alguns digam que a entidade máxima do futebol faz excessivas exigências ao país, o fato é que o Brasil não tem o direito de fingir que o assunto não é com ele. Quem chama o evento para si, tem que fazer. O Brasil quis trazer a Copa, conseguiu. Vários setores vem se movimentando, tanto que os principais hotéis nas cidades sedes já aceitam reservas, mas ficam muitas dúvidas. Nos estádios, as obras nem começaram. No setor de hospedagem não se sabe se haverá acomodação para todos os turistas. Construir novos hotéis é bobagem, pois passado o evento não terão ocupação suficiente. Os navios seriam boa solução como hospedagem alternativa, mas, será que virão? Não temos terminais turísticos e são raras as boas ligações rodoviárias entre portos e cidades. Em termos de infraestrutura estamos indo muito mal.

A fábula do fogo


O fogo ficou ofendido porque a água, na panela, foi colocada acima dele. Logo ele que se considera um "elemento superior". Não aceita a provocação. Começa a erguer cada vez mais alto as suas chamas até provocar a ebulição da água. E esta, transbordando da panela, extingue o fogo. Moral da história : meça sempre as conseqüências de seus atos. Nem sempre o ímpeto consegue ser eficaz.

Zé Anibal chateado

Zé Aníbal renunciou à sua candidatura ao Senado. Teve de ceder à pressão da máquina. Que trabalhava para Aloysio Nunes Ferreira. Aníbal ainda não decidiu se vai para a reeleição de deputado. Foi convidado para coordenar o programa de governo de Geraldo Alckmin. Em conversa com este consultor, demonstrou muita indignação.

Senado em SP

A moldura eleitoral para o Senado, em SP, mostra Marta Suplicy, pelo PT, em situação confortável. Aloysio, do PSDB, é um perfil para dentro. Vai ter de fazer grande esforço para ganhar simpatia do eleitorado. Quércia, do PMDB, em aliança com os tucanos, sofre desgaste de imagem. Tuma tem um bom índice de intenção de voto, mas falta-lhe uma coligação de porte, que lhe garanta boa visibilidade. Netinho de Paula, do PCdoB, terá pouca mídia eleitoral, mas é um artista midiático. E Gabriel Chalita, com votos fechados no colégio católico, tem boa apresentação. Mas não terá visibilidade. A não ser que PSB faça coligação com PT, queimando a pretensão de Paulo Skaf, o neosocialista.

"Escolha um trabalho que você ame e não terá de trabalhar um único dia em sua vida." (Confúcio)

3 X 4 em Natal


Pesquisa apenas em Natal, capital do RN : Presidência : José Serra, 39%; Dilma, 27%; Governo do Estado : Rosalba Ciarlini, 42%. Carlos Eduardo, 25%; Iberê Ferreira, 10% e Fernando Bezerra, 10%. Senado: Garibaldi Alves, 57%; José Agripino, 55%; Vilma Faria, 42%.

Balzaquianas

As balzaquianas - consagradas por Honoré de Balzac no livro a Mulher de 30 anos -, somam mais de 30% do eleitorado brasileiro. Segundo estudos do prof. José Eustáquio Alves, da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE, o grupo em torno de 35 anos vai decidir o destino dos candidatos. O estudo mostra que Lula e o PT sempre tiveram mais dificuldades junto ao eleitorado feminino, que, aliás, supera o eleitorado masculino em 5 milhões de votos: 68 milhões de eleitoras e 63 milhões de eleitores.

Guerra em Pernambuco


Jarbas Vasconcelos está em vias de aceitar a candidatura ao governo de Pernambuco. O senador tucano tem poucas chances. Mas poderá ser importante na estratégia de extensão do palanque de Serra no nordeste. Já o senador Sérgio Guerra hesita em postular a reeleição ao Senado. Mais se inclina por uma candidatura à Câmara Federal.

Sergipe

João Alves deverá ser candidato ao governo de Sergipe. Enfrentará o governador Marcelo Deda, que lidera as pesquisas. Mas João é um forte candidato. Tem chances.

Alagoas

A novidade em Alagoas é a candidatura de Fernando Collor. O senador decidiu se candidatar após examinar pesquisas. Estaria liderando o páreo. O jogo vai ser duro. O tucano Teotônio Vilela enfrentaria pela oposição o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT), que teria o apoio de um chapão, composto pelo PDT, PTB, PMDB (de Renan Calheiros), PR, PT, PC do B, PRB, PV. Collor, embolando o jogo, gostaria de tirar Lessa da jogada.

Rio Grande do Sul

Os tucanos gaúchos fecharam aliança com o PP de Dornelles para as eleições estaduais. Significa que, no plano nacional, esse é um passo na direção de José Serra. Com o próprio senador Dornelles como vice. Primo de Aécio, o senador carioca abriria espaços no Rio e em Minas para o ex-governador paulista. Mas o PP pode optar pela neutralidade.

Rio de Janeiro

No Rio, Fernando Gabeira, do PV, fecha aliança com DEM-PPS-PSDB e ancorará uma vaga para César Maia no Senado. Gabeira poderá crescer bastante. E até vir a ameaçar Sérgio Cabral. Abre palanque para Serra, no segundo turno. No primeiro, claro, o verde fechará com Marina também verde.

Ceará

No Ceará, o samba do crioulo doido tocará nesta campanha. Ciro deverá comandar a campanha do irmão Cid. E este, que é do PSB, deverá ajudar o amigo Tasso Jereissati, do PSDB. Que comandará a campanha de Serra no Estado. Ciro é adversário de Serra. Mas é irmão político de Tasso. Os opostos de unirão? SDS. Só Deus Sabe.

Paraná

PT poderá até vir a apoiar a candidatura do governador Orlando Pessuti, do PMDB, que se esforça para alavancar seu nome ao governo.

Minas Gerais

Em Minas Gerais, Fernando Pimentel venceu as prévias do PT. Para quê ? Para ser candidato a senador, porque o candidato que o PT apoiará ao governo será Hélio Costa, do PMDB. Mas Hélio levará a melhor? Está na frente, mas Aécio Neves tem condições de emplacar no assento seu vice e atual governador, Antônio Anastasia.

Primórdios do marketing político

"Rastreie, vá ao encalço de homens de toda e qualquer região, passe a conhecê-los, cultive e fortaleça a amizade, cuide para que em suas respectivas localidades eles cabalem votos para você e defendam sua causa como se fossem eles os candidatos". (Quinto Túlio Cícero aconselhando o irmão Marco Cícero, o grande tribuno, em 64. A . C, quando este fazia campanha o Consulado de Roma)

Conselho a Dilma e a Serra

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado às assessorias de Dilma e Serra. Hoje, volta sua atenção aos candidatos à presidência Dilma e Serra:

1. Minas Gerais será a principal balança da campanha. Poderá ser surpresa. Apesar de Aécio Neves ser tucano, o voto mineiro foi e será muito escondido. Mineiro é desconfiado.

2. Pode haver um mutirão de votos para Serra, se Aécio conseguir verdadeiramente comandar a campanha tucana. E mais : mobilizar e motivar as massas.

3. Mas os mineiros podem misturar o voto. Há, sim, uma tendência para o voto Anastadilma ou Dilmasia. Minas tem 14,2 milhões de eleitores. A vitória de Serra ou de Dilma está muito na dependência do voto mineiro.

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* Gaudêncio Torquato

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