segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O RIO CONTRA O CRIME


Rio - Nos últimos dias, a região metropolitana do Rio de Janeiro e municípios adjacentes foi tomada por uma onda de episódios violentos, que trouxeram terror à população.

Os ataques, definidos, a partir da conceituação do sistema ONU, como “terroristas”, estão sendo associados às iniciativas de repressão ao tráfico de drogas e ao uso ostensivo de armamentos pesados nas favelas ocupadas pelas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).

A estratégia dos traficantes seria ambiciosa: propagar um clima de insegurança generalizada, desgastar a imagem pública do comando da polícia e desestabilizá-lo até sua queda ou até a retração das políticas de ocupação.

A suposição é o que chama a atenção. Qual o nível de apoio popular às UPPs e qual a tolerância para seus “efeitos colaterais”, como a onda de terror implantada?

Os últimos dias têm revelado uma intolerância do carioca com a violência. Os pedidos desesperados de paz e a colaboração com a polícia, medida através das ligações remetidas ao Disque Denúncia, confirmam essa tendência.

Ainda no que tange ao apoio às ocupações policiais permanentes, é importante ter a lucidez de que as UPPs gozarão de prestígio à medida em que se espraiem por outras regiões além da Zona Sul.

Se desde os anos 1990 percebia-se a relação da violência com a divisão entre morro e asfalto, a concentração das UPPs em uma dada região poderá reforçar a cisão entre Zona Norte (conflagrada) e Zona Sul (pacificada).

À medida que áreas não-nobres, ou menos valorizadas imobiliariamente, sejam pacificadas, a tendência é que o apoio às ocupações cresça e que as UPPs se consolidem como política de Estado e não só de governo.

(Por Fabiano Dias Monteiro, pesquisador do Viva Rio)

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