sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

ENFIM, UMA PÁTRIA CHAMADA “BONFIM”


A primeira tratativa sobre o assunto me veio do Joatan Bonfim. Efusivo e camarada, corpulento e generoso, brindou-me com sua dilatada fraternidade e me fez seu hóspede por uns dias. Em seu habitat, uma ampla cabine na asa norte do avião brasiliense, ele me falou sobre uma faina de pesquisa a respeito da nossa oiticica familiar, uma caudalosa árvore que se ergueu na ribeira do Poty e espargiu frutos por todo o mundo.

Disse que havia colocado esse trabalho nas delicadas mãos de Maria Olívia Beserra Macedo.

Aparentemente frágil, Olivia se revelou prodigiosa nesse lavor. Aliás, nenhuma surpresa foi para aqueles que conhecem sua saga pessoal. Filha de Ester e Josué Beserra Bonfim e nascida na Vitória, pequena localidade à margem do rio Serrote, interior de Crateús, Ceará, tornou-se cidadã do mundo e irmã das condutas exitosas.

Com apenas sete janeiros de existência, atraída pela ternura da tia Nanana, sua avó materna, migrou para Codó, no Maranhão, onde viveu até os vinte e oito anos. Concluiu o ensino fundamental e médio. Tornou-se funcionária do Banco da Amazônia. Em 1973, lá estava ela cursando a Faculdade de Ciências Contábeis na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Data desse período, também, a união por amor com Milton Rêgo Macedo, de quem havia se enamorado em Codó.

Em 1977, por razões profissionais, o casal fixou morada na metrópole da Amazônia, a morena cidade de Belém do Pará. Foi de lá que Maria Olivia comandou esse extraordinário movimento bandeirante, varando fronteiras reais e virtuais, agregando informações dispersas e recompondo a unidade essencial da parentada. Doou-se nessa empreitada com afeto maternal. Com extrema dedicação, singular desprendimento e indizível sacrifício, gestou um rebento coletivo. Com humildade marítima, foi abrindo espaço para fluir cada leito sanguíneo até constituir esse sedutor oceano familiar.

Como Ruy Barbosa, descobriu que, “multiplicando a família, chegamos à Pátria”. Ou que “a Pátria é a família amplificada”. Parabéns, Olívia. Como judeus errantes, vivíamos dispersos pelo continente. Temos agora um espaço único. Teu livro é o nosso território comum: uma Pátria chamada “Bonfim”!


(Júnior Bonfim, na contracapa do livro)

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