quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

OBSERVATÓRIO



Na atividade política, mais do que em qualquer outra, somos diuturnamente tentados a nos deixar levar pelas paixões. No turbilhão das refregas partidárias, é difícil subjugá-las. Embalados pela bandeira da agremiação a que pertencemos, só enxergamos virtudes nos nossos correligionários. Em contrapartida, só identificamos defeitos nos adversários. Isso contamina as relações, embaça a visão correta das pessoas e termina por conduzir a posturas irracionais. Em que pese o risco da incompreensão, é hora de reformularmos posicionamentos e agirmos de maneira diferente. Embora saiba, como assentou Rui Barbosa, que “a política é uma ciência, e, como toda ciência, é crítica: engrandece-se pela negação”, entendo ser atitude nobre o reconhecimento de qualquer feito digno de nota, independente da sua origem. Esta coluna sempre teve nítida caracterização assentada no binômio produção crítica e postura propositiva. Por isso, hoje, vamos fazer um reconhecimento.

NATAL I

Em passagem pela nossa terra na semana passada, identificamos uma ação louvável em relação ao período natalino: a cidade enfeitada e iluminada para a celebração da data magna da cristandade. Através de uma ação coordenada pela Secretaria de Assistência Social e pelo setor de cultura da Prefeitura, foi desenvolvido um projeto intitulado “A Magia do Natal”. Com patrocínio do Banco do Nordeste, e com a colaboração efetiva da CAGECE (que juntou mais de vinte mil garrafas pet) e da CFN (que cedeu o prédio da estação ferroviária), uma equipe liderada por Silvio Werta, Smith e Cecy, realizou a ornamentação dos principais pontos da urbe, com destaque às pontes de acesso à cidade e ao tradicional “corredor cultural” (praça dos pirulitos, prédio da estação e Teatro Rosa Morais). A antiga sede da RFFSA foi reformada e transformada na ‘casa do Papai Noel’, com toda a mise-en-scène característica.

NATAL II

Em verdade, grande parte dessas pessoas que hoje brilha e tem talento reconhecido nessa área foi revelada naquela arejada ação desencadeada em 1997 por Paulo Nazareno no sentido de revitalizar o carnaval crateuense. Havia toda uma gama de jovens que exalava extrema capacidade inventiva e exuberante criatividade que, no entanto, carecia de espaço para exibir o próprio potencial. E o período momino foi a feliz oportunidade em que esses talentos floresceram e vieram à ribalta. O grupo que manejou a atual ação elogiável teve origem nesse movimento. É prata da casa.

NATAL III

Esse esplêndido resultado - transformar a decoração natalina em obra de arte – merece ser ressaltado. Parabéns aos idealizadores! Louvores aos executores! Que daí também se extraia o imprescindível exemplo. E que o restante da Administração aprenda e apreenda a lição: abrindo espaço para idéias simples, correndo atrás dos recursos, mobilizando as melhores energias, priorizando o talento local, é possível ver florescer empreendimentos geniais! Que essa alvissareira atitude inovadora contagie outros setores da Administração.

TCM

No próximo dia 10 de janeiro Manoel Veras será empossado Presidente do Tribunal de Contas dos Municípios. É o primeiro crateuense a ocupar tal cargo. Um grande contingente de amigos do ex-deputado na região de Crateús se mobiliza para prestigiar a solenidade de posse. Na sequencia, em data a ser divulgada, Veras será homenageado na sua terra natal.

PREMIO RAQUEL DE QUEIROZ

Enche-nos de júbilo saber da caminhada evolutiva de Raimundo Cândido Filho, o Raimundinho, o filho da D. Delite que se destaca no assoalho da literatura. É um testemunho vivo da brisa criativa espargida pela nossa Academia de Letras de Crateús - ALC. Conterrâneos: mirem-se no exemplo desse Raimundo, Cândido no esmero do trato com os fonemas da fecundação. Ele encerra o ano sendo agraciado com o prêmio Ideal, que celebra uma das mais poderosas fêmeas da literatura nacional: Raquel de Queiroz! Parabéns, poeta! De um canto da "goela" do Rio Poty fazes o conto, brinda-nos com o canto e revelas o encanto do telurismo sertanejo!

PARA REFLETIR

O poeta é um abismo insondável\ num vôo insano e estéril ao nada\ e a tudo, condensando quimeras. (...) Seu clamor é um pronunciar ambíguo\ de louvor, entoando um cântico à vida\ mas lambendo os frios pés da morte.\ E quando geme num insolente gozo,\ é pois a primorosa evidência do verso\ que fervilha em sanguínea esperança.
(Raimundo Cândido)


(Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste, Crateús, Ceará)

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