terça-feira, 19 de abril de 2011

OBSERVATÓRIO


Em 1996, todas as principais forças políticas de Crateús sentaram à mesa e, pondo fim a divergências históricas, resolveram se unir em torno de um nome comum: Paulo Nazareno. Seria, na prática, uma aclamação, pois a única força que não iria compor a aliança era o PT, que na época não possuía musculatura para alterar o quadro. Porém, no calor da empolgação, os líderes dessa costura olvidaram de combinar com o povo. E um clima de descontentamento tomou conta do ar. Por ocasião da convenção que homologaria a participação do PMDB na ampla coligação, provocaram o líder Zé Maria Pedreiro: - Zé, será que essa cidade não tem um homem que tenha coragem de enfrentar esse “Acórdão”? Duas horas depois Zé Maria era anunciado candidato. Para a vice, arrasta João Aguiar, do PP. E protagonizam uma das mais empolgantes campanhas eleitorais da história do município. Durante vários dias, o Pedreiro esteve à frente de Nazareno. Foi necessário um hercúleo esforço para reverter a onda pró Zé Maria. Paulo ganhou, mas ficou a lição: o povo de Crateús adora uma campanha disputada.


NOMES I



Começaram as especulações em torno de nomes que poderão enfeitar a disputa do ano que vem. O Prefeito Carlos Felipe espalhou que não é candidato, revelando-se propenso a apoiar Elder Leitão ou Mauro Soares. Sucede que pouca gente acredita nessa possibilidade. Domingos Filho diz que “palavras mentem; gestos, não”. Os gestos do alcaide indicam que o candidato de Carlos Felipe é... Carlos Felipe. Um candidato se conhece pela agenda que ele cumpre. A agenda pública de Felipe confirma sua pretensão oculta. Resta saber quem será o escolhido para enfrentá-lo.


NOMES II

No campo da oposição, vários nomes estão sendo estudados. Certo, porque independe de qualquer negociação, é o nome do advogado Alexandre Maia, candidato do PSOL. Desenvolto nos debates, Alexandre ganhou terreno na eleição passada. Quer ampliar espaços. Os três últimos ex-prefeitos são sempre possibilidades postas pelos aliados. Nas enquetes internas oposicionistas quem detém o maior “recall” (recordação) é Paulo Nazareno. O ex-prefeito, que até bem pouco tempo descartava a idéia, começa a cogitar a possibilidade, pois seu nome provoca impacto. Paulo, no entanto, ainda se recupera das bordoadas do seu segundo mandato. Os problemas que enfrentou após deixar a Prefeitura causaram marcas profundas. Ficaram como uma trava na alma. Alguns o aconselham a deixar de lado essa aventura. Outros dizem que poderia ser venturosa, pois uma nova candidatura serviria como um antídoto na tentativa de purgar todo esse passado.


NOMES III

Outros nomes vêem sendo sondados. Um deles esteve recentemente na cidade. Manteve conversas reservadas com meio mundo de gente. Técnico habilidoso, discurso contemporâneo, estudioso da máquina pública municipal, seu nome ecoa bem por vários setores. Foi gerente do Banco do Brasil e militante de proa do PMDB no período áureo da redemocratização. Em 1992, compôs chapa com Marcelo Machado na mais acirrada disputa municipal das três últimas décadas. Em 2001, comandou a Secretaria Municipal de Saúde. Hoje é graduado servidor público federal, com destacada atuação na Controladoria Geral da União. Ivan Monte Claudino é seu nome.


SINDICATO


Enquanto não chega a eleição municipal, outras disputas colocam-se como prévias daquela. O embate pela presidência do Sindicato dos Servidores soou preocupante para vários estrategistas do governo municipal. Nunca antes na história a máquina da Prefeitura se envolveu tão intensamente em uma refrega sindical. E, o que é mais grave, amargou uma derrota acachapante. Embora alguns continuem deitados em berço esplêndido, o cenário é de pedra no caminho.


LOGOMARCA



Há equívocos primários que poderiam ser evitados. A escolha da logomarca do centenário é um exemplo. As propostas se resumem, quase todas, à reprodução de edifícios e monumentos. Nenhuma lembrou o Rio Poty, que beija a cidade e é seu ícone natural. Demais disso, como é possível se divulgar que, sob tempo recorde, registrou-se uma quantidade de acessos superior à população do município em um site que realizava a enquete para escolha da logomarca oficial?


BODAS DE OURO



Vivemos uma era em que rareiam as relações estáveis, sólidas, duradouras. A intolerância, tentação que orienta a maioria dos consórcios afetivos, tende a querer incutir em nossas cabeças a idéia de que uniões passageiras são melhores. Fazer de um casamento uma construção permanente exige muito despojamento, compreensão e zelo. José Vanlor e Vânia reunirão familiares e amigos, no próximo sábado, para celebrar cinqüenta anos de matrimônio. Registro meus parabéns ao casal!


PARA REFLETIR


"O casamento é como uma longa viagem em um pequeno barco a remo: se um passageiro começar a balançar o barco, o outro terá que estabilizá-lo; caso contrário, os dois afundarão juntos." (Dr. David Reuben)

"O casamento feliz é e continuará a ser a viagem de descoberta mais importante que o homem jamais poderá empreender." (Soren Kierkegaard)


(Por Júnior Bonfim, na edição de hoje do jornal Gazeta do Centro Oeste, Crateús, Ceará)

Um comentário:

Francis Vale disse...

Júnior,

Muito pertinente sua observação sobre a omissão do nosso rio Poti entre os ícones da cidade.
Vou lhe contar uma pequena história a esse respeito. Certamente, você já sabe uma parte dela. Em 1949, quando meu pai ( Raimundo Nonato do Vale) voltou a morar em Crateús, adquiriu do Sr. Edgar Albuquerque ( pai do ex-senador Zélins) o seu Cine Luz. Mandou fazer uma reforma no prédio, dotando-o de um pequeno palco, e mudou o nome para Cine Teatro Poti. E ficou assim por muitos donos e anos. Até que mudaram para Cine Sertanejo, antes de fechá-lo e demolirem o prédio. Parece que tem gente que não gosta do velho Poti, a salvação do povo dessa região...